Barbara
Wesel – Deutsche Welle, opinião
Última
cúpula da União Europeia do ano termina sem progressos e com premiê britânico
semeando mais discórdia. As perspectivas não são boas para 2016, opina Barbara
Wesel, correspondente da DW em Bruxelas.
"As
crises que temos permanecerão e novas virão", disse o presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em sua previsão para o ano que vem.
Juncker é um experiente navegador na política europeia. Ele não precisa provar
nada a ninguém.
Foi
a 12ª cúpula deste ano, e os líderes governamentais não foram capazes de reunir
muita energia. E, provavelmente, eles precisam urgentemente de um tempo de uns
dos outros. Deve ser cansativo e desmoralizante ouvir os mesmos argumentos
constantemente e notar que todo o sistema mal está se mexendo.
Como
resultado, todas as resoluções se leem como um mau certificado que os próprios
europeus se deram. "Ao menos nós fomos capazes de implementar o que nós
decidimos há muito tempo" – sem brincadeira, isso realmente está escrito.
Se
a União Europeia tivesse simplesmente aplicado as medidas que já foram
acordadas para lidar com a crise de refugiados, como realocação, registro e
patrulhamento de fronteiras, então as perspectivas para o próximo ano seriam
mais otimistas.
Mas
do jeito que as coisas estão, temos que confiar no que a chanceler federal da
Alemanha, Angela Merkel, chama de "curva exponencial" da capacidade
da Europa em aprender. Quando as coisas ficarem difíceis, Merkel poderá sempre
voltar ao seu passado como cientista de física.
Ataques
terroristas, o inquietante crescimento da organização extremista do
"Estado Islâmico" (EI), o drama na Síria, discussões sobre a crise da
dívida grega, mais de 1 milhão de refugiados na Europa, as relações tóxicas com
a Rússia – estes são os problemas que moldaram o ano na União Europeia.
Muitos
países têm respondido à pressão política excessiva se retirando aos seus
próprios quintais nacionais. A Hungria é um destes países, juntamente com
Polônia e Dinamarca. Lá, os líderes estão fechando seus olhos com força e
esperando que a crise global passe por eles enquanto eles acenam a bandeira de
seus países. Eles precisam amadurecer desesperadamente.
No
entanto, esses líderes de governo estão na verdade impedindo os sistemas que
criam consenso e levam a decisões na União Europeia. O aparato, que conseguiu
manejar a crise do euro e todos os problemas anteriores lentamente, mas de
maneira firme, praticamente está estagnado.
A
única solução parece ser a de seguir o exemplo dado por Merkel e seus aliados
no combate à crise migratória: o estabelecimento de coalizões sobre questões
específicas e proceder em grupos menores. Para a UE faltam as habilidades
necessárias: rapidez e flexibilidade. Por exemplo, a decisão sobre uma
planejada força conjunta de patrulhamento de fronteiras não poderá ser tomada
antes da metade de 2016 – exatamente no meio do pico do afluxo de refugiados!
Como
se a UE já não tivesse problemas reais suficientes para lidar, agora o premiê
britânico, David Cameron, acrescentou a sua autoinflingida comoção sobre o
referendo do "Brexit" no Reino Unido. Está desnecessariamente tomando
tempo e energia para elaborar um conjunto de contorções legais que ele possa
apresentar em Londres como uma vitória sobre a Europa.
Mas
não há maneiras de contornar, pois a questão é explosiva. Se as coisas correrem
mal, Cameron pode acabar não só isolando seu país, como até mesmo quebrando o
Reino Unido, pois a Escócia deseja permanecer na UE. Infelizmente, Não se pode
esperar que Londres seja convencida por um ataque súbito de racionalidade em
breve.
Alguns
dos desafios que se avizinham no próximo ano são familiares: a existência do
EI, a ameaça de novos ataques terroristas, guerras e crise no Oriente Médio e
Putin com seus ares de czar. E novos problemas, até então desconhecidos, também
surgirão.
Líderes
de governo serão obrigados a mobilizar o que sobrou da solidariedade europeia
para manter toda a região unida. Infelizmente, as coisas não ficarão mais
fáceis. Mas talvez a fé da chanceler federal, Angela Merkel, sobre a curva de
aprendizado seja justificada.
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