Condenados
intentam queixa-crime contra Conselheiro de Segurança Nacional Carlos Reis
Uma
entrevista do conselheiro da Segurança Nacional ao A Semana caiu mal a cinco
dos condenados do processo Lancha Voadora. Não gostaram de ver Carlos Reis
ligar as suas pessoas ao assassinato da mãe da inspectora Cátia Tavares e ao
atentado contra o filho do primeiro-ministro e pretendem agora “pegar” o
ex-director central da PJ.
Cinco
condenados do processo “Lancha Voadora” – Paulo Pereira, Quirino “Naiss” dos
Santos, Ivone Semedo, Carlos Gil Silva e Ernestina Pereira – deram entrada de
uma queixa-crime na Procuradoria da República da Praia contra o conselheiro de
Segurança e juiz de direito Carlos Reis a quem acusam de ter proferido
“conteúdos e expressões incriminatórios e caluniosas” na entrevista concedida
ao A Semana (edição nº1214, de 22 de Janeiro). Segundo dizem, Reis imputou-lhes
a “autoria de crimes graves, como o homicídio da mãe da inspectora Cátia
Tavares, e ainda o atentado contra a pessoa do filho do primeiro-ministro”.
Na
queixa apresentada no dia 3 de Fevereiro à Procuradoria da Praia, os arguidos
apontam quer o segredo de Justiça, quer a inexistência de um processo contra
eles. “E caso existisse, deveria encaminhar as suspeitas ao Ministério Público
e não acusar pessoas na praça pública. Por ser juiz, Carlos Reis deveria ter
prudência na linguagem quanto mais não seja (porque) está abrangido pelo sigilo
e reserva”, referem. O grupo de queixosos, condenados no processo “Lancha
Voadora” e a cumprir pena, sustentam a sua exposição com trechos da entrevista
que, na perspectiva deles, lesam a sua imagem pública.
Um
dos exemplos é quando, ao abordar a questão da reacção violenta do narcotráfico
sobre aqueles que, nas instituições judiciais e policiais cabo-verdianas, fazem
o seu trabalho no combate ao crime, se pergunta se o assassinato da mãe de
Cátia Tavares, inspectora da PJ que investigou o caso Lancha Voadora, e o atentado
perpetrado contra o filho do primeiro-ministro de Cabo Verde, se inscreveram
nessa lógica.
O
conselheiro de Segurança Nacional, sem entretanto apontar nomes, respondeu: “Eu
não tenho dúvidas, e julgo que a sociedade cabo-verdiana tampouco as tenha, de
que tanto o homicídio da mãe da inspectora da PJ, Cátia Tavares, como a
tentativa de assassinato do filho do primeiro-ministro tenham sido uma resposta
do narcotráfico à acção das autoridades cabo-verdianas”. Acrescentou ainda que
“a PJ impediu, entre a ocorrência que envolveu a mãe da inspectora e o ataque
ao filho do chefe do Governo, um outro atentado que estava iminente e cuja
neutralização resultou na morte do indivíduo que na altura veio a Cabo Verde
com esse propósito”.
Outras
passagens da entrevista também foram consideradas “graves” pelos agora
queixosos, por exemplo quando Reis referiu que: “além de informações
resultantes das nossas investigações, mensagens, até mais expressas do que
subliminares, de que a organização – cujos cabecilhas tinham sido presos,
julgados e condenados no âmbito da operação Lancha Voadora por tráfico de
drogas, lavagem de capitais, associação criminosa e outros crimes – estava
decidida a encetar uma acção de vingança, levando as coisas para o campo do
ataque pessoal”.
Declarações
que os arguidos consideram ser de natureza caluniosa, por isso apresentaram uma
queixa-crime contra o conselheiro de Segurança Nacional.
A
Semana
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