sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Cabo Verde. LANCHA VOADORA VOLTA À RIBALTA



Condenados intentam queixa-crime contra Conselheiro de Segurança Nacional Carlos Reis

Uma entrevista do conselheiro da Segurança Nacional ao A Semana caiu mal a cinco dos condenados do processo Lancha Voadora. Não gostaram de ver Carlos Reis ligar as suas pessoas ao assassinato da mãe da inspectora Cátia Tavares e ao atentado contra o filho do primeiro-ministro e pretendem agora “pegar” o ex-director central da PJ.

Cinco condenados do processo “Lancha Voadora” – Paulo Pereira, Quirino “Naiss” dos Santos, Ivone Semedo, Carlos Gil Silva e Ernestina Pereira – deram entrada de uma queixa-crime na Procuradoria da República da Praia contra o conselheiro de Segurança e juiz de direito Carlos Reis a quem acusam de ter proferido “conteúdos e expressões incriminatórios e caluniosas” na entrevista concedida ao A Semana (edição nº1214, de 22 de Janeiro). Segundo dizem, Reis imputou-lhes a “autoria de crimes graves, como o homicídio da mãe da inspectora Cátia Tavares, e ainda o atentado contra a pessoa do filho do primeiro-ministro”.

Na queixa apresentada no dia 3 de Fevereiro à Procuradoria da Praia, os arguidos apontam quer o segredo de Justiça, quer a inexistência de um processo contra eles. “E caso existisse, deveria encaminhar as suspeitas ao Ministério Público e não acusar pessoas na praça pública. Por ser juiz, Carlos Reis deveria ter prudência na linguagem quanto mais não seja (porque) está abrangido pelo sigilo e reserva”, referem. O grupo de queixosos, condenados no processo “Lancha Voadora” e a cumprir pena, sustentam a sua exposição com trechos da entrevista que, na perspectiva deles, lesam a sua imagem pública.

Um dos exemplos é quando, ao abordar a questão da reacção violenta do narcotráfico sobre aqueles que, nas instituições judiciais e policiais cabo-verdianas, fazem o seu trabalho no combate ao crime, se pergunta se o assassinato da mãe de Cátia Tavares, inspectora da PJ que investigou o caso Lancha Voadora, e o atentado perpetrado contra o filho do primeiro-ministro de Cabo Verde, se inscreveram nessa lógica.

O conselheiro de Segurança Nacional, sem entretanto apontar nomes, respondeu: “Eu não tenho dúvidas, e julgo que a sociedade cabo-verdiana tampouco as tenha, de que tanto o homicídio da mãe da inspectora da PJ, Cátia Tavares, como a tentativa de assassinato do filho do primeiro-ministro tenham sido uma resposta do narcotráfico à acção das autoridades cabo-verdianas”. Acrescentou ainda que “a PJ impediu, entre a ocorrência que envolveu a mãe da inspectora e o ataque ao filho do chefe do Governo, um outro atentado que estava iminente e cuja neutralização resultou na morte do indivíduo que na altura veio a Cabo Verde com esse propósito”.

Outras passagens da entrevista também foram consideradas “graves” pelos agora queixosos, por exemplo quando Reis referiu que: “além de informações resultantes das nossas investigações, mensagens, até mais expressas do que subliminares, de que a organização – cujos cabecilhas tinham sido presos, julgados e condenados no âmbito da operação Lancha Voadora por tráfico de drogas, lavagem de capitais, associação criminosa e outros crimes – estava decidida a encetar uma acção de vingança, levando as coisas para o campo do ataque pessoal”.

Declarações que os arguidos consideram ser de natureza caluniosa, por isso apresentaram uma queixa-crime contra o conselheiro de Segurança Nacional.

A Semana

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