Humberto
Cardoso – Expresso das Ilhas, opinião
Depois
de várias sugestões dadas ao longo da semana de que poderá vir a ser candidato
presidencial, e de muitos tomarem isso como certo, o Dr. José Maria Neves vem
dizer que só será candidato se puder passar a sua ideia de presidência. Alavancar
e mobilizar a nação global e mobilizar os cabo-verdianos para a construção de
um Cabo Verde mais forte são os objectivos que põe em mira da sua
presidência. O
problema com esta visão da presidência é que é, de facto, a visão de um
primeiro-ministro, ou seja, de quem chefia o órgão de soberania que realmente
governa.
O
Presidente representa a República, é o garante da unidade do Estado e zela pelo
normal funcionamento das instituições. Obviamente que não tem programas para o
horizonte de 2030 como parece desejar JMN. Nesta fase do embate para as
legislativas, compreende-se que o PAICV, em pré-anunciando pela voz da sua
presidente o seu apoio a uma eventual candidatura de JMN, queira consolidar a
sua unidade interna e cicatrizar feridas recentes e antigas. Passado porém o
momento das legislativas, JMN quer ter as mãos livres para decidir.
As
condições que já antecipa para se candidatar provavelmente só poderiam
realizar-se num outro quadro constitucional que por sinal não é o que tem vindo
a preconizar até há bem pouco tempo.
Ser candidato numa perspectiva de um
sistema de pendor mais presidencialista não estará a ir contra as posições
recentes em que se mostrava mais adepto de um sistema de chanceler que em
muitos aspectos caracteriza o que alguns podiam chamar de presidencialismo do
primeiro-ministro? Será mais um caso para se dizer “Mudam os cargos, mudam as
perspectivas”.
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