Um
ex-responsável do banco australiano ANZ em Díli confirmou hoje que a
ex-ministra das Finanças timorense não era titular da conta do marido em que
foi depositado o dinheiro da compra de camas hospitalares pelo Governo.
Mathen
Tybell, responsável do ANZ em Timor-Leste entre 2011 e 2013, confirmou no
Tribunal de Díli que Emília Pires e o seu marido, Warren Macleod, tinham ambos
contas individuais naquela entidade bancária, e que nunca tiveram qualquer
conta conjunta.
Instado
pela defesa, Ministério Público e Tribunal, Tybell confirmou ainda que nenhum
dos dois movimentou, em qualquer ocasião, a conta do outro e que todo o
dinheiro correspondente ao pagamento do contrato, depositado na conta de Warren
Macleod em Díli, foi transferido para a conta da sua empresa, a Mac's
Metalcraft, na Austrália.
A
testemunha foi ouvida durante a sessão da tarde de hoje do julgamento de duas
ex-ministras timorenses, acusadas de participação económica em negócio e
administração danosa.
A
ex-ministra das Finanças Emília Pires e a ex-vice-ministra da Saúde Madalena
Hanjam, são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas
hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da antiga responsável
pelas Finanças, com um suposto conluio entre os três para a concretização do
negócio, no valor de 800 mil dólares (cerca de 720 mil euros).
O
Ministério Público alega, no processo, que os fundos do pagamento do contrato
foram depositados numa conta conjunta de Emilia Pires e do seu marido,
baseando-se para isso num relatório do Banco Central de Timor-Leste que,
segundo confirmou Tybell hoje, analisou mal a documentação do ANZ.
Segundo
explicou cada um dos membros do casal abriu contas individuais no ANZ em 2012
tendo, como é prática comum na Austrália, explicou, nomeado o outro como agente
para movimentar e ter acesso à conta apenas em caso de morte ou invalidez.
Tybell
disse que o facto de surgirem os dois nomes na documentação levou a alguma
confusão na interpretação do Banco Central, insistindo que a conta era
individual, nunca foi coletiva e, não podia por isso ser movimentada como tal.
O
julgamento continua na terça-feira com a audição, durante a manhã, do
ex-primeiro-ministro Maria Alkatiri e do ex-ministro da Saúde, Sérgio Lobo.
Para
a parte da tarde está marcada a audição do ex-presidente da República e
ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão.
ASP
// JPS - Lusa
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