segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

EX-RESPONSÁVEL BANCÁRIO OUVIDO EM JULGAMENTO DE EX-MINISTRAS TIMORENSES



Um ex-responsável do banco australiano ANZ em Díli confirmou hoje que a ex-ministra das Finanças timorense não era titular da conta do marido em que foi depositado o dinheiro da compra de camas hospitalares pelo Governo.

Mathen Tybell, responsável do ANZ em Timor-Leste entre 2011 e 2013, confirmou no Tribunal de Díli que Emília Pires e o seu marido, Warren Macleod, tinham ambos contas individuais naquela entidade bancária, e que nunca tiveram qualquer conta conjunta.

Instado pela defesa, Ministério Público e Tribunal, Tybell confirmou ainda que nenhum dos dois movimentou, em qualquer ocasião, a conta do outro e que todo o dinheiro correspondente ao pagamento do contrato, depositado na conta de Warren Macleod em Díli, foi transferido para a conta da sua empresa, a Mac's Metalcraft, na Austrália.

A testemunha foi ouvida durante a sessão da tarde de hoje do julgamento de duas ex-ministras timorenses, acusadas de participação económica em negócio e administração danosa.

A ex-ministra das Finanças Emília Pires e a ex-vice-ministra da Saúde Madalena Hanjam, são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da antiga responsável pelas Finanças, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares (cerca de 720 mil euros).

O Ministério Público alega, no processo, que os fundos do pagamento do contrato foram depositados numa conta conjunta de Emilia Pires e do seu marido, baseando-se para isso num relatório do Banco Central de Timor-Leste que, segundo confirmou Tybell hoje, analisou mal a documentação do ANZ.

Segundo explicou cada um dos membros do casal abriu contas individuais no ANZ em 2012 tendo, como é prática comum na Austrália, explicou, nomeado o outro como agente para movimentar e ter acesso à conta apenas em caso de morte ou invalidez.

Tybell disse que o facto de surgirem os dois nomes na documentação levou a alguma confusão na interpretação do Banco Central, insistindo que a conta era individual, nunca foi coletiva e, não podia por isso ser movimentada como tal.

O julgamento continua na terça-feira com a audição, durante a manhã, do ex-primeiro-ministro Maria Alkatiri e do ex-ministro da Saúde, Sérgio Lobo.

Para a parte da tarde está marcada a audição do ex-presidente da República e ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão.

ASP // JPS - Lusa

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