Militares
das forças governamentais moçambicanas ficaram esta sexta-feira feridos em
confrontos com homens armados da Renamo em Honde, distrito de Barue, província
de Manica, disseram à Lusa vários moradores.
Um
contingente das forças estatais foi metralhado quando tentava aproximar-se de
uma posição dos homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)
aquartelados próximo da N7, a estrada que liga, no centro de Moçambique, os
países interiores ao oceano indico.
"Eram
quase 09:00 [menos duas em Portugal] quando os militares dos Governo entraram
em Honde, e foram até onde estão os militares da Renamo e começou a haver
disparos. Muitos militares do governo saíram feridos e foram em direcção a
Chimoio", contou à Lusa por telefone um morador na região, sem precisar a
quantidade de feridos ou a existência de baixas entre os guardas da oposição.
A
Lusa testemunhou ao princípio da tarde a chegada de vários militares feridos ao
hospital 1.º de Maio, na cidade de Chimoio, capital provincial de Manica, numa viatura
da Unidade de Intervenção Rápida (UIR).
A
Polícia em Manica não confirmou nem desmentiu à Lusa estes confrontos.
As
forças estatais, contou um habitante local, enfrentaram os homens armados da
Renamo, que têm estado a realizar revistas nocturnas na N7, exigindo aos
automobilistas que não circulem depois das três da madrugada.
"Os
militares da Renamo fizeram-me parar, deviam ser 21:00 de quarta-feira, depois
da ponte de Pungue sul, quando regressava de Catandica [Barue]. Vínhamos três
pessoas, revistaram todo o carro, apalparam-nos os bolsos e depois disseram
para seguir. Não levaram nada, só partiram o aparelho de som com uma
coronhada", contou hoje à Lusa um taxista.
A
ala militar da Renamo anunciou no princípio de Fevereiro a pretensão de montar
postos de controlo junto à N7 e N1, a principal estrada do país e onde foram
montadas entretanto escoltas militares obrigatórias para viaturas civis, nos
troços, Muxúnguè-Save e Nhamapadza-Caia.
Supostos
homens armados da Renamo voltaram a metralhar as colunas escoltadas pelo
exército nos últimos dois dias em ambos os troços, depois de quatro dias de
pausa, contaram hoje à Lusa testemunhas e moradores.
"A
coluna de quinta-feira de Nhamapadza-Caia sofreu uma baixa. Uma viatura foi
incendiada e a coluna demorou muito a chegar a Caia" contou por telefone
um motorista de um semi-colectivo de passageiros, dando conta da possibilidade
da ocorrência de mortos neste ataque.
Em
declarações à imprensa, Daniel Macuacua, porta-voz da Polícia de Sofala, disse
que não tinha conhecimento de ataques nos últimos três dias.
Moçambique
vive uma das crises políticas e militares mais graves desde o Acordo Geral de
Paz, assinado pelo Governo e Renamo em 1992 e que pôs termo a 16 anos de guerra
civil, havendo registos de novos confrontos entre os mesmos protagonistas, num
quadro de instabilidade agravado nas últimas semanas por ataques atribuídos à
oposição na principal estrada do país.
A
Renamo ameaça tomar pela força, a partir de Março, as seis província no centro
e norte de Moçambique onde reclama vitória nas últimas eleições gerais e cujos
resultados não reconhece.
Apesar
de o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, reiterarem a sua disponibilidade para o diálogo, o processo negocial
entre o Governo e o principal partido de oposição continua bloqueado há vários
meses.
AYAC
// PJA - Lusa
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