domingo, 10 de abril de 2016

Angola. SOBRELOTAÇÃO DAS CADEIAS DE LUANDA ULTRAPASSA OS 21 POR CENTO



Estão a ser construídas 11 novas prisões em todo o país, com expectativas de alargamento da implementação de planos de reintegração.

A sobrelotação das cadeias nacionais chega aos oito por cento e só em Luanda ultrapassa os 21 por cento, problema que os Serviços Penitenciários contam ultrapassar com a construção de 11 novos estabelecimentos prisionais, quatro com abertura prevista para este ano.

A informação foi transmitida pelo diretor-geral dos Serviços Penitenciários de Angola, António Fortunato, admitindo que a sobrelotação das 40 actuais cadeias, com mais de 24.000 reclusos, dos quais 13.000 condenados e a cumprir pena, é o principal problema do sistema nacional.

“Este nível de sobrelotação é muito grave porque não permite a permanência do indivíduo de modo normal, há sempre ajuntamentos, quer durante o dia, quer durante a noite. É prejudicial”, admitiu António Fortunato.

Nos últimos meses têm sido conhecidos casos de rixas, com vítimas mortais e feridos, além de várias fugas.

O caso de sobrelotação em Luanda é o mais preocupante, tratando-se de uma província com cerca de 6,9 milhões de habitantes e que também concentra o maior número de cadeias e de reclusos. Aqui com os detidos – que aguardam julgamento – em número superior aos que já cumprem pena.

Para suprir as necessidades, o Governo lançou um programa para construção de 11 novos estabelecimentos prisionais, um pouco por todo o país, e que em média já está a 75% da execução.

Destes, dois são centros para jovens, construídos nos arredores de Luanda e no Huambo, acrescidos de duas cadeias nas províncias do Bié e de Malange, que dentro de “três a quatro meses podem entrar em exploração”.

“Ainda este ano, essa é expectativa. Também contávamos já ter os outros em funcionamento, mas o problema da crise veio atrasar”, admitiu o diretor-geral dos Serviços Penitenciários.

Com uma rede de cadeias antigas, genericamente herdadas do tempo colonial, só em Luanda grande parte nem acesso à rede pública de água tem, como é o caso da de Viana, uma das maiores do país. Necessita do fornecimento diário de 100.000 litros de água potável, para todas as necessidades.

“Mas se garantirmos 50.000 já é um grande exercício”, admitiu o responsável máximo dos serviços prisionais, apontando ainda o “apoio dos familiares” dos reclusos, a partir do exterior e sempre que possível, para uma “alimentação melhor” no interior das cadeias.

“De resto, não é como se um hotel se tratasse, mas é razoável”, garantiu.

Fora das novas cadeias já em construção está ainda o projecto para o primeiro estabelecimento prisional de alta segurança em Angola. Actualmente, os reclusos mais perigosos são confinados a algumas alas reforçadas das restantes cadeias.

“Mas queremos construir um estabelecimento de alta segurança no país, já definimos uma localização, na província do Cuando Cubango. Estamos a trabalhar nisso e a aguardar orientações superiores”, concluiu António Fortunato.

Lusa, em Rede Angola – Foto: Francisco Lopes / JÁ imagens

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