O
Bloco de Esquerda anunciou hoje a marcação para quarta-feira, no parlamento, de
um debate de atualidade sobre as consequências dos paraísos fiscais, durante o
qual, no plano nacional, insistirá no fim da praça financeira da Madeira.
Esta
posição foi anunciada em conferência de imprensa pelo líder parlamentar do
Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, que caraterizou a divulgação pública do
recente caso resultante da operação "Papéis do Panamá" como mais uma
demonstração do "gangsterismo" financeiro a nível mundial.
"Somos
frontalmente contra os 'offshore', incluindo o nosso, e temos a obrigação de
evoluir muito mais na legislação, mesmo nacionalmente, em relação àquilo que
internacionalmente existe. Particularmente nas instâncias europeias, há uma
pressão internacional que podemos e devemos fazer para acabar com os
'offshore', mas podemos e devemos encerrar a praça financeira da Madeira - é
uma escolha nossa", declarou Pedro Filipe Soares.
Segundo
o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Portugal deve adotar legislação para
obrigar que se defina o último beneficiário e para obrigar ao registo das
transferências financeiras para paraísos fiscais.
"O
debate de quarta-feira não será legislativo, mas o Bloco de Esquerda chamará a
atenção para a necessidade de não se lavar as mãos como Pilatos face a este
problema, porque a pior posição possível é aquela que nos diz que Portugal é um
país pequeno e, por isso, toda a decisão é feita lá fora", apontou.
Para
Pedro Filipe Soares, pelo contrário, Portugal "tem uma 'offshore' a operar
e, embora não seja tão perniciosa como outras, tem também muitos dos problemas
que outras têm".
"Há
dados que indicam a existência de empresas todas sediadas na mesma caixa postal
num edifício da Madeira, o que prova bem como aquilo serve para fuga de
impostos. E há indícios de organização em cascata de empresas para fugir a
todas as responsabilidades", alegou ainda o líder da bancada bloquista.
A
posição do Bloco de Esquerda surge na sequência da maior investigação
jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio
Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede
em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles
12 antigos e atuais líderes mundiais.
A
investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões
de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana
Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com
informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200
países e territórios.
A
partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos,
a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em
"offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem
o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do
Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã
do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
O
semanário Expresso e o canal de televisão TVI estão a participar nesta
investigação em Portugal.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário