Boa
tarde. Já vai além do meio-dia em Portugal, acordem. O Expresso Curto já foi
servido logo de manhã, aqui vai saber a requentado. Temos de sobreviver com
aquilo que há. Estamos tramados porque o que há é pouco para 99% dos cidadãos
do mundo. A rir e de barriga ao sol estão os tais 1% nos paraísos fiscais. Agora
por isso: quantos portugueses é que na realidade estão envolvidos na
roubalheira ao fisco e aos portugueses. Quantos? E os nomes de todos onde estão?
Estamos à espera. À espera que a “coisa” seja abafada… globalmente.
Mudar
de assunto vai dar no mesmo. João Vieira Pereira, o jornalista que serve este
Expresso Curto veio logo de manhã artilhado com um cagaço. Fez de título “Portugal
vai pedir ajuda externa”. Malandreco. Afinal não era relativo a hoje mas sim às
manchetes de há 5 anos. Atualmente bem podiam dar uma de mostrar a outra parte
da verdade e fazer manchete de que “Portugal presta ajuda externa e passa fome”.
Os juros que se pagam aos usurários dos empréstimos são essa ajuda externa. Os
milhares de milhões enterrados nos bancos foram também ajuda externa quando
banqueiros e empresários levaram esses tais milhares para… paraísos fiscais. O
carcanhol foi-se e os portugueses pagam. Portugal continua e continuará a
prestar ajuda externa. Ora toma!
E
as ajudas externas dos submarinos e dos Pandur? E… Ena! Tantos milhares de milhões
a voarem em ajuda externa!
Tudo
indica que o forrobodó vai prosseguir. Com mais algumas cautelas mas vai. O PS,
o CDS, o PSD não estão assim tão chocados com os portugueses dos panamás. Nunca
duvidemos da possibilidade de que nas tangas dos políticos e outros de cá - que
se ventilaram e ventilam – podem muito bem haver “artistas panamás” que
recorreram àquele associativismo da criminalidade global. Mas quem? Não sabemos
ainda de fio a pavio. Alguma vez saberemos?
E
o que é que isso interessa? Questionarão os portugueses que têm por deficiência
falta de coluna vertebral humana por terem optado por uma da raça ovina. Não
interessa nada! Pois.
Carlos Costa foi falar do Banif à Comissão de Inquérito da Assembleia da República? Foi falar? Falar falou, mas o que disse já se sabia. Não usou a arma do "não me lembro" como quase todos os outros. Salafrários sem memória é o que vimos abundar naquelas comissões de inquérito. Tadinhos, depois levam com a impunidade por castigo. Tadinhos.
Passem
um resto de dia do melhor. Sejam indiferentes à miséria que por aí vai. Balem
uns com os outros alegremente. Fiquem bem, neste paraíso plantado à beira-mar
poluído. A trampa é mais que muita. (PG / MM)
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
João
Vieira Pereira – Expresso
Portugal
vai pedir ajuda externa
Bom
dia,
Não se assuste. Apesar de o título deste Expresso Curto estar certo, está, afinal, errado no tempo. Faz hoje 5 anos que Portugal foi forçado a pedir ajuda externa.
Vale a pena relembrar o 6 de abril de 2011. Um marco que viria a condicionar a vida de todos até aos dias de hoje. Depois do chumbo do PEC tinham-se somado os avisos e alertas de vários bancos sobre a insustentabilidade da situação. Nesse dia de manhã Portugal colocou dívida a 12 meses no mercado a uma taxa de 5,9%. Em reação a este valor Teixeira dos Santos afirmou: “as atuais taxas de juro permitem concluir que os danos causados pela rejeição do PEC são irreparáveis”. Estava aberta a porta a medidas mais drásticas.
Ao final da tarde, numa entrevista ao Negócios, o então ministro das Finanças deixava cair a bomba: “Perante esta difícil situação, que podia ter sido evitada, entendo que é necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu em termos adequados à atual situação política.” O título da notícia, assinada por Helena Garrido, dizia tudo: “PORTUGAL VAI PEDIR AJUDA EXTERNA”.
Nesse mesmo dia, numa comunicação ao país, José Sócrates confirmava o pedido de ajuda internacional. A partir daí foi um duríssimo programa de ajustamento que levou a uma das mais fortes e prolongadas crises económicas e sociais de que há memória.
Cinco anos depois, a dívida pública está mais elevada, famílias e empresas continuam super endividadas e os bancos fragilizados, as contas públicas não estão controladas, o desemprego continua alto (e a subir), a taxa de poupança não para de descer e a economia teima em crescer muito pouco, ou nada. A grande diferença é que o BCE abriu os cofres e lançou sobre a economia europeia um programa de compra de dívida que permite manter os juros controlados. O Negócios escreve hoje que este programa do BCE só dura até ao final do ano.
Efemérides à parte, o dia continua marcado pelo Panama Papers. Eis o resumo do que precisa de saber sobre este dossiê:
- O esquema montado entre a empresa panamiana Mossack Fonseca e vários bancos permitiu criar até dezembro de 2015 mais de 15.600 empresas fachada que serviam para ocultar rendimentos.
Não se assuste. Apesar de o título deste Expresso Curto estar certo, está, afinal, errado no tempo. Faz hoje 5 anos que Portugal foi forçado a pedir ajuda externa.
Vale a pena relembrar o 6 de abril de 2011. Um marco que viria a condicionar a vida de todos até aos dias de hoje. Depois do chumbo do PEC tinham-se somado os avisos e alertas de vários bancos sobre a insustentabilidade da situação. Nesse dia de manhã Portugal colocou dívida a 12 meses no mercado a uma taxa de 5,9%. Em reação a este valor Teixeira dos Santos afirmou: “as atuais taxas de juro permitem concluir que os danos causados pela rejeição do PEC são irreparáveis”. Estava aberta a porta a medidas mais drásticas.
Ao final da tarde, numa entrevista ao Negócios, o então ministro das Finanças deixava cair a bomba: “Perante esta difícil situação, que podia ter sido evitada, entendo que é necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu em termos adequados à atual situação política.” O título da notícia, assinada por Helena Garrido, dizia tudo: “PORTUGAL VAI PEDIR AJUDA EXTERNA”.
Nesse mesmo dia, numa comunicação ao país, José Sócrates confirmava o pedido de ajuda internacional. A partir daí foi um duríssimo programa de ajustamento que levou a uma das mais fortes e prolongadas crises económicas e sociais de que há memória.
Cinco anos depois, a dívida pública está mais elevada, famílias e empresas continuam super endividadas e os bancos fragilizados, as contas públicas não estão controladas, o desemprego continua alto (e a subir), a taxa de poupança não para de descer e a economia teima em crescer muito pouco, ou nada. A grande diferença é que o BCE abriu os cofres e lançou sobre a economia europeia um programa de compra de dívida que permite manter os juros controlados. O Negócios escreve hoje que este programa do BCE só dura até ao final do ano.
Efemérides à parte, o dia continua marcado pelo Panama Papers. Eis o resumo do que precisa de saber sobre este dossiê:
- O esquema montado entre a empresa panamiana Mossack Fonseca e vários bancos permitiu criar até dezembro de 2015 mais de 15.600 empresas fachada que serviam para ocultar rendimentos.
- Na Ucrânia já se fala de impugnação do presidente Petro Poroshenko.
- No Reino Unido, David Cameron está politicamente fragilizado depois de não ter dado explicações consideradas suficientes sobre as ligações do seu pai ao escândalo.
- Infantino, recém-eleito presidente da FIfa, que substitui Blatter, que caiu por suspeitas de corrupção, aparece ligado a um negócio de direitos televisivos que usou os serviços da Mossack Fonseca.
- O governo na Islândia está prestes a cair. Isto apesar do Presidente não ter aceitado ainda o pedido de demissão do primeiro-ministro, apanhado no escândalo. Já na Rússia a acusação de envolvimento de Putin é considerada uma “Putinofobia”.
- A Mossack Fonseca era também usada pela CIA e outros serviços para encobrir negócios de vendas de armas e financiamento de guerrilhas.
- A dinastia Aliyev, que domina politicamente o Azerbeijão, usou este esquema para comprar moradias no estrangeiro e posições nas valiosas indústrias e recursos naturais do país. Entre outras coisas, a família assegurou o controlo maioritário de uma importante mina de ouro até agora desconhecida. O Guardian conta como uma firma de advogados inglesa ajudou as filhas do presidente a criar uma offshore para gerir o seu multimilionário portfólio no Reino Unido.
- Também o Guardian traça um roteiro dos bem imobiliários detidos em Londres por vários milionários, empresários, gestores e políticos através deste esquema.
-Sobre este assunto vale ainda a pena ler a opinião de Daniel Oliveira e Henrique Raposo.
- Pode ver também esta breve animação do Le Monde que explica como funcionava o esquema montado no Panamá. E já agora leia o resumo feito até ao momento pela Euronews e, acima de tudo, veja o vídeo. Vale a pena.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Carlos Costa foi à Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif afirmar que existe uma discrepância de poderes dentro da União Bancária que leva a que quem tem de garantir a estabilidade do sistema esteja condicionado pelas decisões de supervisão e concorrência a nível europeu. Ou seja, quem manda é o BCE e a DG Concorrência. Mandam, mas colocam o ónus nas autoridades locais. O governador disse ainda que teria preferido uma solução que passasse por um banco de transição (a licença para este banco acabou por não ser atribuída) e que a urgência de venda ditou que só fossem convidados a entrar no processo o Santander e o Popular. O Expresso revelou também que, no início de 2013, Carlos Costa tinha avisado Durão Barroso que as exigências de Bruxelas punham em risco o Banif.
Na próxima quinta-feira há um almoço que juntará em Belém Marcelo, António Costa, Carlos Costa e Mario Draghi. O prato forte será a situação da banca.
O Público escreve que Passos Coelho divulga hoje um programa com 35 medidas para ajudar as empresas, em resposta ao Programa Nacional de Reformas, o tal do power-point, apresentado por António Costa.
Nos EUA foi mais uma noite de primárias, com Ted Cruz a esmagar Donald Trump e Sanders a ganhar a Hillary Clinton no Wisconsin.
O banco UBS realizou um estudo para ver quais os países que estão mais bem preparados para enfrentar os próximos 20 anos. Foram avaliadas cinco fatores: flexibilidade laboral, nível de aptidões, capacidade de adaptação da educação, adequabilidade das infraestruturas e enquadramento legal. Portugal aparece em 14º lugar, à frente de países como Espanha, Coreia do Sul e Polónia.
Já há um preço para a transferência de Ronaldo. O Real Madrid terá fixado em 60 milhões de euros o valor do passe, de acordo com informações veiculadas pela Sky Sports.
O Benfica ontem mostrou como se pode ganhar perdendo um jogo. Vale a pena ler a crónica de Pedro Candeias sobre o encontro da Champions.
Prisão preventiva é a sanção aplicada a um dos suspeitos do tiroteio no bairro da Ameixoeira que feriu três polícias e dois moradores. O outro suspeito saiu em liberdade, obrigado a apresentar-se regularmente às autoridades.
A Policia Judiciária deteve ontem dois agentes da Polícia Judiciária, um reformado e outro no ativo, por suspeitas de corrupção. o Jornal de Notícias escreve que avultadas quantias em dinheiro e até casas de férias no sul de Espanha terão sido oferecida aos dois históricos da PJ.
O Tribunal Constitucional revogou a decisão do Supremo Tribunal de Justiça no caso de Liliana Melo, a mãe a quem a justiça retirou sete filhos. Esta decisão abre a porta à repetição do julgamento.
Em Toulouse, um casal português foi detido por suspeita de homicídio de uma criança de dois anos.
Quem usa o WhatsApp deve ter notado uma mensagem divulgada ontem nas mensagens enviadas e recebidas sobre a encriptação das mesmas. Este serviço anunciou ter conseguido garantir a encriptação total o que torna o WhatsApp num "líder na proteção da sua comunicação privada". Este avanço não está isento de críticas.
Espanha está no centro de uma polémica virtual por causa da “siesta”. Rajoy anunciou no domingo passado que queria mudar a hora de Espanha para a mesma do Reino Unido e Portugal. Isso faria com que a jornada de trabalho acabasse mais cedo, por volta das 18 horas. Esta ideia tem sido recebida na imprensa internacional como uma tentativa de acabar com a siesta, o que tem gerado muita controvérsia nas redes sociais. O El País explica-lhe a polémica.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
1,5 biliões de euros. É o valor da despesa militar mundial em 2015, o que representa o primeiro aumento desde 2011. Veja aqui os países que mais gastaram.
40. Era o número de anos de vida previsto para as centrais nucleares. A Comissão Europeia decidiu prolongar a vida das centrais na União Europeia em mais 10 a 20 anos, o que implica um investimento de 45 a 50 mil milhões de euros.
40,5 mil milhões de dólares. É o valor gasto por chineses em aquisições nos EUA e só no primeiro trimestre deste ano. Quer saber o que andam a comprar? Veja aqui.
60 mil. O número de sem-abrigo em Nova Iorque, tantos como na Grande Depressão e o dobro de há 10 anos.
101 milhões. A quantidade de passageiros que passou pelo mais movimentado aeroporto do mundo: Hartsfield-Jackson, Atlanta, EUA. Veja aqui porquê.
12.000. O total de garrafas do vinho Beyra BIO que serão servidas a bordo dos aviões do Grupo KML/Air France. Esta empresa provou vinhos de todo o mundo, tendo selecionado apenas dois brancos e três tintos, um dos quais é este vinho biológico português.
3.500. O número de refugiados que morreram ao tentar atravessar o Mediterrâneo em 2015.
1.634. As execuções por pena de morte durante 2015, o valor mais elevado em 25 anos. O primeiro ano da História em que a pena de morte não existe na maioria dos países do mundo (102), é também o ano em que há um aumento das execuções em 50%. Arábia Saudita, Irão e Paquistão são responsáveis por 90% destas execuções. As execuções realizadas na China não são contabilizadas neste número, pois são consideradas segredo de Estado.
O QUE ANDO A LER
Não é fácil perceber o Brasil. Para isso não basta conhecê-lo. É preciso lê-lo. E neste capítulo o Brasil tem produzido alguns dos melhores escritores contemporâneos de língua portuguesa. Deixo aqui duas sugestões bastantes diferentes em estilo e época que me acompanharam na última semana.
“—Ah, sim, o Waldemar. E como está o Waldemar?
— Não muito bem. O lixo anda cada vez menos nutritivo. Um absurdo.
— É verdade. Principalmente quando tantas pessoas dependem dele para a sua alimentação.
— Mas as damas de caridade estão fazendo uma campanha de âmbito estadual – disse a noivinha, levantado entusiasticamente o buquê — Oh, oh, oh.
— Uma campanha? — perguntou Tristão, muito interessado.
— Sim, uma meritória campanha — exclamou a noivinha, judiciosamente — A campanha de “Mais Vitamina no Seu Lixo”. Todos os que participarem dela vão para o céu. E nós comemos algo melhor. Assim ficam todos satisfeitos.”
Este excerto de um diálogo jocoso entre dois amigos recebe-nos no romance que João Ubaldo Ribeiro publicou em 1968. O seu primeiro. Não é o melhor do escritor mas para quem é fã, é leitura obrigatória. Através de duas histórias paralelas vemos o olhar de diferentes gerações sobre um dos períodos conturbados da recente política brasileira. “Setembro não tem sentido”, faz agora todo o sentido.
Dos finais da década de setenta para tempos mais modernos, “Reprodução”, de Bernardo Carvalho, é um romance algo frenético passado num pequeno espaço de uma sala de interrogatórios de um aeroporto brasileiro, onde o excesso de informação resulta numa crítica mordaz aos atuais tempos em que estamos 24 horas ligados às mais diversas fontes dessa mesma informação.
Qualquer um dos livros ajudam-nos a perceber um pouco melhor a sociedade brasileira. Num momento em que aquele país dá mais um salto para se reafirmar como a eterna esperança de potência económica.
Este Expresso Curto termina aqui. Amanhã volta, como sempre, pela mão de Valdemar Cruz. Tenha uma ótima quarta-feira.
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