O
presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e
Legalidade do parlamento moçambicano considerou hoje que os confrontos
militares no centro do país "ensombram" as investigações em torno de
uma alegada vala comum com mais de cem corpos.
"A
localização geográfica e o contexto de tensão político-militar que acontece
constitui sem dúvida uma limitante que tem vindo a ensombrar todas as
investigações", afirmou Edson Macuácua, presidente da comissão, em
declarações aos jornalistas, referindo-se às denúncias de camponeses de uma
vala comum com mais de uma centena de corpos.
Falando
no final de uma audição parlamentar ao delegado da Lusa em Maputo, na sequência
de notícias da agência em torno de denúncias dos camponeses e da descoberta
confirmada de corpos abandonados nas proximidades da alegada vala comum,
Macuácua disse que a comissão que dirige está ciente das dificuldades que
encontrará no terreno e que fará o melhor para apurar a veracidade dos factos.
Uma
equipa da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de
Legalidade vai deslocar-se na próxima semana ao centro do país para realizar um
inquérito em torno da denúncia de existência de uma vala comum na região.
Na
segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique disse que ainda
não encontrou a vala comum denunciada em abril por camponeses no centro do
país, assegurando que vai continuar a averiguar o caso.
Em
relação à descoberta de corpos abandonados entre os distritos de Macossa e
Gorongosa, o porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Taíbo Mucobora,
afirmou que uma equipa enviada ao local identificou a existência de 11 corpos e
instaurou um processo visando o apuramento das circunstâncias das mortes.
"A
procuradoria foi ao local para ver o que estava a acontecer, acompanhada de
outras entidades que são chamadas ao caso e com destaque para um técnico de
medicina, que fez a vez de um médico legal. Já se instaurou um processo que
está a correr seus termos, e os corpos encontrados foram em número de 11",
disse Taíbo Mucobora
A
30 de abril, jornalistas de vários órgãos de comunicação social, incluindo a
Lusa, testemunharam e fotografaram 15 corpos espalhados no mato em dois locais
entre Macossa e Gorongosa, no centro do país.
Uma
semana mais tarde, o canal televisivo moçambicano STV mostrou 13 corpos no
mesmo local.
As
zonas apontadas quer pela Lusa quer posteriormente pela STV ficam muito
próximas, no limite das fronteiras entre os distritos de Gorongosa e Macossa e
também entre as províncias de Sofala e Manica, e os corpos devem ser os mesmos.
Os
corpos foram abandonados nas proximidades do local onde camponeses alegam ter
observado uma vala comum com mais de cem cadáveres, até ao momento desmentida
pelas autoridades, e sem confirmação dos jornalistas, numa zona de forte
presença militar, no quadro do conflito que se vive no centro do país.
Apesar
de vários desmentidos, a descoberta de corpos abandonados e as denúncias dos
camponeses levaram a Comissão Nacional de Direitos Humanos de Moçambique,
instituição estatal, a pedir o "acesso incondicional" de entidades
nacionais ou internacionais aos locais.
O
Escritório do Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos afirmou estar em
contacto com as autoridades moçambicanas para aceder à zona dos corpos
abandonados.
PMA
(HB/AYAC/EYAC) // EL – Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário