Morte
de Nzita Tiago pode ser "oportundiade para congregação de todas as forças
de Cabinda"
Voz
da América, em Angola Fala Só
A
guerrilha em Cabinda é uma resistência à “invasão de tropas angolanas e
cubanas”, mas não é pela guerra que se deve resolver o problema do enclave,
disse o activista e professor universitário Raúl Tati.
“O
conflito deve ser resolvido no diálogo”, disse o activista no programa “Angola
Fala Só”.
O
facto de prosseguirem manobras militares em Cabinda e actividades dos serviços
secretos angolanos na Republica Democrática do Congo e na Republica do Congo,
disse Tati, é um indicativo que ao contrário do que diz o governo as
actividades militares não estão controladas.
Para
Tati, “o facto de a água do lago estar calma não indica que não haja crocodilo
no fundo”.
Tati
rejeitou a declaração de um ouvinte de que se não houvesse petróleo em Cabinda
não haveria um movimento a favor da autonomia.
“É
um mito que o problema de Cabinda se deva ao petróleo”, disse o activista, que
recordou que as actividades pela autonomia do território iniciaram muito antes
da primeira extracção de petróleo.
Tati
disse que actualmente a situação económica em Cabinda “não é diferente daquela
de outras partes de Angola”.
Contudo,
tendo sido Cabinda “a vaca leiteira de Angola” mais atenção se deveria dar ao
território.
Isso,
sugeriu, “passa necessariamente por escutar o que os cabindas pretendem”.
A
actual crise financeira em Angola é “o colapso do sistema económico de Angola
(...) os que provocaram a crise não podem ser os que vão resolver a crise”,
disse.
Interrogado
sobre se defendia a independência total de Angola ou uma forma de autonomia dentro
de Angola, Tati respondeu que “o que os Cabindas querem é o reconhecimento do
seu direito á autodeterminação”.
A
modalidade de associação à Angola é algo que deve ser discutido pelas partes.
Na
óptica de Tati, “o MPLA tem no seu ADN os genes da violência estrutural”, pelo
que “dificilmente consegue comportar-se sem essa violência”.
O
activista reconheceu que uma das questões mais graves dos cabindas “é o
problema das divisões” e disse que o falecido dirigente da Flec Nzita Tiago
“foi tido muitas vezes como aquele que representava uma espécie de travão” a um
processo de unificação, afirmando contudo não partilhar totalmente desta
opinião.
“Todavia
a sua morte pode certamente significar uma oportunidade para a congregação de
todas as forças vivas de Cabinda numa só que possa eventualmente assumir de uma
vez por todas o caminho para a solução do problema de Cabinda”, disse.
Tati
criticou o anúncio de que o filho de Nzita Tiago tinha assumido a liderança da
FLEC e também a declaração de Alexandre Tati que teria recebido a confiança de
Nzita Tiago para continuar a liderar o movimento.
Face
a isso é preciso “encontrar o meio-termo para que isso não possa agravar mais
divisões”, disse.
Tati
é de opinião de que “a FLEC devia encontrar um fórum próprio" para indicar
um novo líder.
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