O
ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que as declarações do ministro
alemão das Finanças sobre a eventual necessidade de Portugal recorrer a um
segundo resgate são "injustificadas e inamistosas" mas disse que
"o incidente está encerrado".
O
ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou na quarta-feira que
Portugal está a pedir "um segundo programa" e que "vai
consegui-lo", mas depois suavizou o tom e disse que o país pode precisar
de novo resgate "se não cumprir as regras europeias".
Em
declarações à Lusa, hoje à margem de uma conferência em Lisboa organizada pela
Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Augusto Santos Silva disse que
"o Governo português considera essas declarações injustificadas e
inamistosas".
O
governante disse ainda que o seu ministério "já fez saber pelo canal
diplomático apropriado" que Portugal considera essas declarações de
Schäuble "injustificadas e inamistosas", sublinhando, no entanto, que
"o incidente está encerrado".
"Portugal
e a Alemanha são países muito amigos, o canal diplomático funciona em ambos os
sentidos e consideramos que a resposta alemã é muito satisfatória", disse
ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros, garantindo que "não há nada na
situação económica e orçamental portuguesa que possa justificar essas
declarações".
De
acordo com a agência Bloomberg, depois de Wolfgang Schäuble ter dito, numa
conferência em Berlim, que Portugal está a pedir "um novo programa" e
que "vai consegui-lo", o ministro alemão veio corrigir as suas
declarações para afirmar que "os portugueses não o querem e não vão
precisar [de um segundo resgate] se cumprirem as regras europeias".
No
mesmo dia, o Ministério das Finanças garantiu que não está a ser considerado
qualquer novo resgate: "Tendo em conta as declarações do ministro alemão
das finanças, Wolfgang Schäuble, e ainda que tendo sido imediatamente
corrigidas pelo próprio, o Ministério das Finanças esclarece que não está em
consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal, ao contrário
do que o governante alemão inicialmente terá dito", lê-se no comunicado
divulgado na quarta-feira à tarde.
O
gabinete liderado por Mário Centeno referiu que o Governo "continua e
continuará focado no cumprimento das metas estabelecidas para retirar Portugal
do Procedimento por Défices Excessivos" e que um sinal disso mesmo são
"os dados da execução orçamental conhecidos até ao momento".
O
ministro dos Negócios Estrangeiros, que participou no almoço-debate da
conferência organizada pela CIP sobre "O futuro da indústria na
Europa", afirmou ainda, durante a sua intervenção, que as prioridades da
Europa devem ser "a economia, a segurança e as liberdades, incluindo as
liberdades de circulação de pessoas".
O
governante disse ainda que a orientação da política do Governo português passa
por três compromissos: "o compromisso total com a união económica e
monetária", o "compromisso absoluto com a Constituição da República
Portuguesa" e o "compromisso com o diálogo social".
Sublinhando
que "é necessário prosseguir e consolidar alguns resultados" que
Portugal já obteve", como as exportações, as contas externas e as
projeções económicas "relativamente confortáveis" do Banco de
Portugal, Santos Silva afirmou, no entanto, que há "alguns riscos e alguns
sinais de alarme que não podem ser ignorados".
Entre
os riscos apontados estão os associados às "incertezas do ambiente
internacional", à "desaceleração do crescimento das exportações"
e também "os sinais relativos à dinâmica do investimento".
O
ministro dos Negócios Estrangeiros concluiu o seu discurso sublinhando as
principais orientações económicas do executivo para a internacionalização:
"consolidar a centralidade europeia da economia portuguesa",
"diversificar os mercados extraeuropeus", "modernizar o contexto
em que atuam as empresas", "valorizar o papel económico da
geopolítica", "atrair investimento estrangeiro" e
"valorizar a marca Portugal".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário