O
presidente do Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga, reforçou a sua exigência de
uma maior participação da sociedade civil nas negociações de paz em Moçambique.
As delegações do governo e da RENAMO já aceitaram.
As
delegações do Governo moçambicano e da RENAMO aceitaram a participação de
personalidades da sociedade civil nas negociações de paz em Moçambique,
informaram, nesta quinta-feira (04.08.2016) membros de organizações
não-governamentais reunidas no Painel de Monitoria do Diálogo Político.
Uma das organizações envolvida nesta plataforma civil que exige a participação nas conversações é o denominado "Parlamento Juvenil", presidido por Salomão Muchanga, e que foi entrevistado pela DW África.
DW África: O que levou a sua e outras organizações a exigirem uma maior intervenção da sociedade civil no processo de pacificação do país?
Uma das organizações envolvida nesta plataforma civil que exige a participação nas conversações é o denominado "Parlamento Juvenil", presidido por Salomão Muchanga, e que foi entrevistado pela DW África.
DW África: O que levou a sua e outras organizações a exigirem uma maior intervenção da sociedade civil no processo de pacificação do país?
Salomão
Muchanga (SM): Esta ideia é uma decisão da conferência nacional Pensar
Moçambique, organizada pelo Parlamento Junvenil, que teve lugar de julho, em
que exigimos a presença da sociedade civil como observadora na mesa do diálogo
para a paz. Estamos perante o ideal da paz, que para nós representa o sonho
mais íntimo, a aspiração mais ardente dos moçambicanos. E se nós queremos uma
paz sustentável e duradoira temos que envolver os moçambicanos. A paz não pode
ser objeto exclusivo de dois atores, nomeadamente o governo e a RENAMO, mesmo
que tenha a mediação da comunidade internacional!
DW
África: Quer isso dizer que os partidos envolvidos no conflito têm-se mostrado
incapazes de resolver esse mesmo conflito?
SM: Não
se trata de constatar a incapacidade. Estamos, sim, a dizer que não é bastante!
Precisamos de envolver todos os quadrantes da sociedade, porque a paz é a coisa
mais preciosa da humanidade e de todos os moçambicanos. E a paz não é apenas de
um ou dois atores. Tem que ser uma paz dos moçambicanos. E é aqui onde nós
queremos entrar: precisamente fazer uma distribuição criativa dessa situação,
uma partilha de poderes e responsabilidades, para que não sejam apenas dois
atores a fazer a paz. Nós somos todos moçambicanos e todos nós queremos
participar no processo: estudantes, mulheres, trabalhadores, religiosos! Juntos
iremos encontrar um paradigma social, um paradigma político, que possa
aproximar as partes e colocar o estandarte do progresso da nação com o objetivo
de uma paz duradoira.
DW
África: As delegações do Governo moçambicano e da RENAMO aceitaram nesta
quinta-feira precisamente a participação de personalidades da sociedade civil
nas negociações de paz em Moçambique, exigidas pela sua organização. Trata-se,
pois, de uma vitória para a sociedade civil moçambicana?
SM: Sim.
É uma grande vitória. E por isso saudamos a aceitação por parte de ambas as
partes. A nossa preocupação é agora de que possamos trabalhar para que as
nossas propostas, as nossas ideias, a nossa energia, sejam encaminhadas para a
resolução definitiva deste diferendo.
DW
África: E quais são as suas propostas, as suas ideias concretas para fortalecer
o diálogo?
SM: A
proposta e a ideia imediata que o Painel de Monitoria do Diálogo Político para
paz emite é que se chegue rapidamente à trégua e que se volte à mesa de
negociações num ambiente suadável e numa base ética favorável ao processo.
Esperemos que todas as ideias que temos sejam sistematizadas, para que no
decurso deste processo de diálogo possam ser apresentadas às duas delegações e
aos mediadores internacionais.
DW
África: Quais serão os passos seguintes preconizados pela sociedade civil
moçambicana?
SM: Vamos
continuar com a pressão. Vamos aumentar a pressão a nível nacional. Há um
movimento nacional de pressão! Já no dia 27 de agosto vamos realizar na capital
do país (Maputo) uma “marcha popular pela paz”. Trata-se de um aumento de
exaltação do estímulo de cidadania, para que se compreenda o valor da cultura
de paz! Será o momento certo em que todos os moçambicanos poderão gritar em
uníssono: basta!
António Cascais – Deutsche Welle
António Cascais – Deutsche Welle
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