Custa-me
escrever isto: Alberto João Jardim dificilmente faria, numa situação desta
gravidade, esta figura.
Ana
Sá Lopes – jornal i, opinião
Não
é normal que um presidente de governo regional venha declarar, às 16 horas de
terça-feira, que a situação dos incêndios na Madeira está sob controlo para,
passadas umas horas, o centro do Funchal estar transformado num cenário
apocalíptico. Ou Miguel Albuquerque estava mal informado – um desastre para
quem ocupa aquele cargo – ou, na ânsia de acalmar a população, subvalorizou os
sinais. Ou, afinal, é completamente inexperiente, logo, incapaz de ocupar o
cargo para o qual foi eleito.
É
evidente que o presidente do Governo Regional da Madeira não é responsável pelo
atear dos incêndios. Mas a demora em pedir ajuda é da sua responsabilidade.
Quando, a meio da tarde de terça-feira, Miguel Albuquerque fez a conferência de
imprensa a agradecer as ofertas de ajuda e a recusar porque, disse, “neste
momento, a região tem os meios necessários”, cometeu o primeiro gigantesco erro
de avaliação – que, num político, é sempre um erro político – do seu mandato.
Como
é possível que Albuquerque tenha agradecido o telefonema que recebeu da
ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, “disponibilizando
todos os meios caso a situação se agrave”, e tenha, do alto de uma arrogância
que ainda está para se entender, recusado o que o governo central ofereceu,
dizendo que “a situação está perfeitamente controlada” e “relativamente
consolidada”? Só uma enorme ignorância, arrogância e autossuficiência –
habitualmente, as três coisas andam ligadas – permitem a Miguel Albuquerque dar
aquela conferência de imprensa quando a Madeira já está às portas do
inferno.
Mais
grave que um erro de avaliação é persistir no erro depois das consequências.
Depois de ver a Madeira devastada, Miguel Albuquerque continua a insistir que
não existiu qualquer atraso nos pedidos de ajuda para combater os incêndios.
Isto vai para além do erro – é incapacidade completa e dissociação da realidade.
Custa-me
escrever isto: Alberto João Jardim dificilmente faria, numa situação desta
gravidade, esta figura.
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