Jornalista
detido por sugerir canibalismo de líder africano
O diretor de um jornal liberiano foi esta quinta-feira detido durante várias horas depois de ter republicado um artigo do site do diário britânico "Daily Mail" que alega que o Presidente da Guiné Equatorial é canibal.
O
tabloide britânico publicou no domingo um artigo sobre o Presidente
"vitalício" da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no
qual se afirma que o chefe de Estado escalpou opositores vivos e lhes comeu os
testículos, cérebros e fígados.
O
jornal liberiano "New Democrat" reproduziu alguns elementos da peça
do jornalista Thomas Burrows na sua primeira página de quarta-feira, o que
desencadeou a ira do ministro da Informação.
Festus
Poquie, diretor do New Democrat, foi detido por polícias à paisana e fechado
numa cela durante várias horas antes de ser libertado hoje à tarde.
"A
Polícia Nacional da Libéria pode confirmar que a sua Divisão de Crime está a
ter uma conversa com o diretor do New Democrat, Festus Poquie", lê-se numa
nota da polícia citada pela agência de notícias francesa, AFP.
O
ministro da Informação da Libéria, Eugene Nagbe, já tinha contactado o
sindicato da imprensa do país para se queixar do artigo e exigir que fossem
tomadas medidas contra o New Democrat.
"Considerando
que a conduta do diretor do New Democrat ostenta um perigoso afastamento dos
princípios do jornalismo profissional, exigimos e insistimos que o jornal seja
penalizado", escreveu o ministro numa carta.
O
Sindicato da Imprensa liberiano descreveu a detenção do jornalista como
"um ato de intimidação contra a liberdade de imprensa na Libéria",
num momento de elevada tensão entre os 'media' e o Governo.
No
princípio deste mês, a jornalista Jallah Grayfield apresentou uma queixa à
polícia dizendo ter recebido mensagens intimidatórias de um ministro.
Este
verão, o Governo encerrou duas estações de rádio conhecidas pelas suas posições
críticas sobre a Presidente, Ellen Johnson Sirleaf.
A
organização Repórteres Sem Fronteiras sustentou que o público tem "o
direito de ouvir todas as opiniões, mesmo aquelas que são críticas e irritam o
atual Governo", na sequência do caso do ministro.
Obiang,
que preside ao terceiro maior produtor de petróleo da África subsaariana, é o
dirigente há mais tempo em exercício no continente, depois de ter tomado o
poder na sequência de um golpe de Estado em 1979.
A
Guiné Equatorial é regularmente apontada como um dos Estados mais corruptos e
autoritários de África.
Jornal
de Notícias – Foto: Thomas Mukoya/REUTERS – Título PG
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