Guiné-Bissau
está prestes a ter o seu quinto Governo em dois anos. Até aqui, 4
primeiros-ministros foram empossados e demitidos pelo atual Presidente da
República, José Mário Vaz.
No
sábado (10.09), no âmbito da visita dos presidentes da Guiné-Conacri, Alpha
Condé, e da Libéria, Ernest Koroma, enviados da Comunidade Económica de Estados
da África Ocidental (CEDEAO) foi assinado um princípio de acordo político para
a formação de um novo Governo. A questão central que divide a classe política
guineense é quem vai liderar esse Governo.
O
documento assinado pelo PAIGC, pelos seus deputados dissidentes e restantes
formações políticas representadas no Parlamento (PRS,UM, PND e PCD) não foi
divulgado, apenas o comunicado final que aponta para o diálogo e formação de um
novo Governo Inclusivo e de Consenso para proceder a várias reformas, entre
elas a revisão da Constituição.
Esta
foi parte do resultado da visita de uma delegação dos dois chefes de Estado
membros da CEDEAO que estiveram em Bissau para mediar a crise. Alpha Condé, da
Guiné-Conacri e Ernest Bai Koroma da Serra-Leoa.
O
que está em jogo?
Com
assinatura do documento, há varias questões pertinentes que os analistas estão
a colocar: com a formação desse novo Governo o grupo dos quinze deputados
dissidentes do PAIGC serão admitidos no Parlamento pelo partido vencedor das
eleições legislativas? O Parlamento será desbloqueado e o acórdão do Supremo
Tribunal de Justiça, que ordena a reintegração dos quinze deputados expulsos ao
plenário, será respeitado?
O
presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, deixa entender que o partido não
aceitará participar em nenhum Governo que não vai liderar enquanto partido
vencedor das eleições legislativas com maioria absoluta. "Nós aceitamos o
princípio de Inclusividade a partir do momento em que se reconhece ao PAIGC o
direito de governar enquanto força vencedora das eleições legislativas com
maioria absoluta atribuída pelo povo".
Busca
de consensos
A
segunda força política mais votada (Partido da Renovação Social-PRS) e que
suporta no Parlamento o atual Governo de Baciro Djá, prefere um profundo
diálogo em busca de consensos políticos. Florentino Mendes Pereira, secretário
nacional do PRS, pactua com propostas da CEDEAO, mas avisa que o novo Governo
não é solução. "Para nós a formação de um novo Governo não é solução para
a crise na Guiné-Bissau. O país precisa de um diálogo profundo entre as partes.
E nós sempre defendemos esse caminho do diálogo desde as eleições".
Pelo
mesmo diapasão alinhou também o primeiro-ministro Baciro Djá, que incentivou um
diálogo sério e franco para acabar com a crise. "Qualquer que seja a
solução que permita os filhos da Guiné reecontrarem-se nós estamos disponíveis
para colaborar. Sempre participamos no processo do diálogo para a estabilização
da Guiné-Bissau".
Negociações
marcarão os próximos dias
Nos
próximos dias as partes desavindas deverão iniciar uma série de negociações com
vista a acabar com a crise e, sobretudo, discutir o processo dos quinze
deputados dissidentes do PAIGC.
O presidente da comissão da CEDEAO, Marcel de Souza, irá liderar as negociações entre as partes, no sentido de ser encontrado o mecanismo para entrada em função do novo Governo.
Será no âmbito dessas negociações entre os partidos representados no Parlamento, o grupo dos 15 dissidentes do PAIGC, a sociedade civil, líderes religiosos e tradicionais, que será encontrada a figura que irá liderar o novo executivo.
O presidente da comissão da CEDEAO, Marcel de Souza, irá liderar as negociações entre as partes, no sentido de ser encontrado o mecanismo para entrada em função do novo Governo.
Será no âmbito dessas negociações entre os partidos representados no Parlamento, o grupo dos 15 dissidentes do PAIGC, a sociedade civil, líderes religiosos e tradicionais, que será encontrada a figura que irá liderar o novo executivo.
Braima
Darame (Bissau) – Deutsche Welle
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