A
acusação contra Lula confirma que o Brasil viveu um golpe de Estado e o que se
segue é a etapa de perseguição aos derrotados.
Editorial
do La Jornada*, do México
O
ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi acusado nesta
quarta-feira (14/9) pelo Ministério Público Federal do seu país, em meio ao
processo que investiga os subornos na estatal Petrobras. A denúncia apresenta o
líder petista como “o comandante máximo do esquema de corrupção” que operava
dentro da empresa, e afirma que ele recebeu comissões ilegais da construtora
OAS. O passo seguinte pode ser dado pelo juiz Sérgio Moro, que decidirá se a
denúncia é procedente, coisa que pode acontecer, visto que o mesmo é um inimigo
declarado de Lula.
Embora a investigações em torno das operações ilegais, a chamada Operação Lava-Jato, vem apontando como principais acusados a vários políticos do PMDB, partido que agora governa o Brasil, o PMDB – como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, responsável por iniciar e promover a manobra de destituição de Dilma Rousseff –, não se deve ignorar o fato de que dirigentes históricos do PT, e particularmente o ex-mandatário agora acusado, são o objetivo prioritário dos promotores.
O contexto é significativo: a acusação ocorre dias depois de que Lula anunciasse sua intenção de se apresentar como candidato às eleições presidenciais de 2018, o que outorga à causa contra ele um matiz político inocultável. Também se deve considerar a pouca verossimilidade da versão apresentar, que contrasta com o nível de vida do velho dirigente operário, que se distancia muito de alguém que percebeu algum enriquecimento súbito – em contraste com os numerosos integrantes da classe política tradicional envolvidos em casos da Lava-Jato, que ostentam fortunas dificilmente explicáveis se não for pelos esquemas de corrupção, e o de Cunha é exemplo mais grotesco.
Em tais circunstâncias, a crise política que o Brasil vive talvez deva ser vista como uma operação de duas fases: uma legislativa, que concluiu com a destituição de Dilma Rousseff, e uma judiciária, que está voltada agora contra o seu mentor e antecessor no cargo. Seria esta, portanto, a reação de uma oligarquia que mal tolerou conjunturalmente o exercício da presidência por parte de um líder sindicalista metalúrgico e uma lutadora social que militou em um grupo guerrilheiro contra a ditadura militar nos Anos 60 do século passado. Além dessas evidentes antipatias, também está presente o afã de destruir o PT e o que representou o seu governo, que obedecia ao desígnio de mudar o rumo do poder público e da realidade socioeconômica da maior nação da América Latina, suprimir a política de soberania diplomática e as políticas populares de sua administração, para operar uma regressão ao neoliberalismo, tarefa que Michel Temer, o presidente imposto após a queda de Dilma, já vem realizando.
Embora a investigações em torno das operações ilegais, a chamada Operação Lava-Jato, vem apontando como principais acusados a vários políticos do PMDB, partido que agora governa o Brasil, o PMDB – como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, responsável por iniciar e promover a manobra de destituição de Dilma Rousseff –, não se deve ignorar o fato de que dirigentes históricos do PT, e particularmente o ex-mandatário agora acusado, são o objetivo prioritário dos promotores.
O contexto é significativo: a acusação ocorre dias depois de que Lula anunciasse sua intenção de se apresentar como candidato às eleições presidenciais de 2018, o que outorga à causa contra ele um matiz político inocultável. Também se deve considerar a pouca verossimilidade da versão apresentar, que contrasta com o nível de vida do velho dirigente operário, que se distancia muito de alguém que percebeu algum enriquecimento súbito – em contraste com os numerosos integrantes da classe política tradicional envolvidos em casos da Lava-Jato, que ostentam fortunas dificilmente explicáveis se não for pelos esquemas de corrupção, e o de Cunha é exemplo mais grotesco.
Em tais circunstâncias, a crise política que o Brasil vive talvez deva ser vista como uma operação de duas fases: uma legislativa, que concluiu com a destituição de Dilma Rousseff, e uma judiciária, que está voltada agora contra o seu mentor e antecessor no cargo. Seria esta, portanto, a reação de uma oligarquia que mal tolerou conjunturalmente o exercício da presidência por parte de um líder sindicalista metalúrgico e uma lutadora social que militou em um grupo guerrilheiro contra a ditadura militar nos Anos 60 do século passado. Além dessas evidentes antipatias, também está presente o afã de destruir o PT e o que representou o seu governo, que obedecia ao desígnio de mudar o rumo do poder público e da realidade socioeconômica da maior nação da América Latina, suprimir a política de soberania diplomática e as políticas populares de sua administração, para operar uma regressão ao neoliberalismo, tarefa que Michel Temer, o presidente imposto após a queda de Dilma, já vem realizando.
Assim,
a acusação contra Lula parece confirmar o fato de que o Brasil viveu um golpe
de Estado de colarinho branco, e que, como ocorria após as quarteladas
militares de outrora, o que se segue é a etapa de perseguição aos derrotados.
*Tradução: Victor Farinelli, em Carta Maior
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