quarta-feira, 24 de agosto de 2016

OS CONFLITOS CONTEMPORÂNEOS NA ÁFRICA SUB-SAHARIANA




1 – Prova do amor rigoroso que os coautores nutrem por África continente-berço da humanidade e produto de experiências próprias seguindo trajetórias distintas, assim como de anos de investigação e trabalho sem fronteiras, graças ao enorme esforço e persistência do camarada António Borges, a quem pessoalmente admiro pela sua qualidade humana, foi publicado este livro com os olhos resolutos do sul, honrando a vida e os povos oprimidos da Mãe Terra!

Sou coautor com nome próprio, embora toda a produção da minha parte tenha sido feita com o pseudónimo de Martinho Júnior…

A dívida para com África, para a qual o Comandante Fidel chamou a atenção com o empenho exemplar da revolução e do povo cubano, é algo que diz respeito a todos e a cada um de nós, sendo este livro mais uma afirmação dessa enorme responsabilidade.

A vida singular dos autores tem que ver com essa dívida, por mais tortuosos que fossem os seus caminhos, pois o Movimento de Libertação teve implicações pessoais num processo de formação que não é apenas sócio-política é acima de tudo histórica e cultural.

Desse modo ousamos ser um pouco como o Che, como Amilcar Cabral, como Eduardo Mondlane, como Samora Machel, como Agostinho Neto…
  
2 – O Presidente Agostinho Neto, lembrava por via dos seus ensinamentos de viva voz: “o mais importante é resolver os problemas do povo”, “na Namíbia, no Zimbabwe, na África do Sul está a continuação da nossa luta”…

O Presidente José Eduardo dos Santos conseguiu trazer a paz finalmente para Angola e tem lutado para a tornar extensiva a uma vasta região do continente africano, talvez a mais nevrálgica de todas elas: o nó geo estratégico fulcral das Grandes Nascentes, matriz maior da água interior e continental, com implicações na sobrevivência de muitos povos africanos, alguns dos quais obrigando-se a disputar o acesso a ela e às riquezas circundantes, em prejuízo de outros, correspondendo a estímulos reitores emanados pelos processos da hegemonia unipolar!...

A Luta Armada contra o colonialismo, o “apartheid” e suas sequelas teve de ser continuada para se fazer face ao choque neoliberal entre 1992 e 2002 e agora a terapia neoliberal procura criar impactos nocivos nos ambientes sócio-políticos, económicos e financeiros de Angola e de todo o continente africano que legitimamente tem lugar nas possibilidades dum universo multipolar!…

No caso angolano a luta contra o subdesenvolvimento tira proveito amplo da paz que foi alcançada e as realizações geo estratégicas que se conseguirem nesse âmbito, numa constante harmonia do homem para com a natureza, são garantes do rumo de Angola, em benefício de todo o seu povo e em estreita solidariedade com os povos progressistas do mundo!...

Este livro procura levar os leitores a algumas das espectativas que se ajustam às mais legítimas aspirações dos africanos precisamente nesse sentido!

Foto: capa do livro.

Nota:
Fico muito grato a três camaradas: António Borges, coautor, sem o qual este livro jamais seria publicado, Leopoldo Baio, diretor do desaparecido semanário luandense que dava pelo nome de ACTUAL, de onde foram extraídos algumas das minhas intervenções enquanto coautor e a Mário Motta que diligentemente durante anos publicou uma grande parte das minhas intervenções no Página Global Blogspot!

CRÓNICA EM MEIO À GRANDE CRISE GLOBAL - Dowbor



Saídas para evitar um colapso civilizatório são evidentes – mas nunca estiveram tão bloqueadas. A questão crucial: teremos tempo para chegar a um Plano B?

Ladislau Dowbor* - Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho - Imagem: Banksy

Difícil deixar de pensar que estamos vivendo num circo gigante. Quando sentamos no sofá depois de um dia bizarro de trabalho e horas de transporte, as novelas surreais na TV nos dão uma visão geral do jogo global: tantas bombas sobre a Síria, mais refugiados nas fronteiras, os problemas das grandes finanças, os últimos gols de Neimar. Ah sim, e quem, depois da Hungria, a Grécia, a Polônia e o Reino Unido está ameaçando deixar a União Europeia em nome de ideais nacionais superiores.

É um jogo e tanto. Relatórios do Crédit Suisse e da Oxfam mostram a grande divisão entre os donos do jogo e os espectadores: 62 bilionários têm mais riqueza do que os 50% mais pobres da população mundial. Eles produziram tudo isso? Evidentemente, tudo depende de que papel você desempenha no jogo. Em São Paulo, os muito ricos que habitam o condomínio de Alphaville estão murados em segurança, enquanto os pobres que vivem na vizinhança se autodenominam Alphavella. Alguém precisa cortar a grama e entregar as compras.

De acordo com o relatório global da WWF sobre a destruição da vida selvagem, 52% das populações de animais não-domesticados desapareceram, durante os 40 anos que vão de 1970 a 2010. Muitas fontes de água estão contaminadas ou secando. Os oceanos estão gritando por socorro, o ar condicionado prospera. As florestas estão sendo derrubadas na Indonésia, que substituiu a Amazônia como a região número um do mundo em desmatamento. A Europa precisa ter energia renovável, de carne barata e da beleza do mogno.

A Rede de Justiça Fiscal revelou que cerca de 30 trilhões de dólares – comparados a um PIB mundial de US$ 73 trilhões – eram mantidos em paraísos fiscais em 2012. O Banco de Compensações Internacionais da Basileia mostra que o mercado de derivativos, o sistema especulativo das principais commodities, alcançou 630 trilhões de dólares, gerando o efeito iôiô nos preços das matérias-primas econômicas básicas. O maior jogo do planeta envolve grãos, minerais ferrosos e não ferrosos, energia. Essas commodities estão nas mãos de 16 corporações basicamente, a maior parte delas sediadas em Genebra, como revelou Jean Ziegler em “A Suiça lava mais branco”. Não há árbitro neste jogo, estamos num ambiente vigiado. Os franceses têm uma excelente descrição para os nossos tempos: vivemos une époque formidable!

Fizemos um trabalho perfeito em 2015: a avaliação global sobre como financiar o desenvolvimento em Adis Abeba, as metas do desenvolvimento sustentável para 2030 em Nova York e a cúpula sobre mudanças climáticas em Paris. Os desafios, soluções e custos foram claramente expostos. Nossa equação global é suficientemente simples para ser executada: os trilhões em especulação financeira precisam ser redirecionados para financiar inclusão social e para promover a mudança de paradigma tecnológico que nos permitirá salvar o planeta. E a nós mesmos, claro.

Mas são os lobos de Wall Street que traçaram o código moral para este esporte: Ganância é Ótima!

Afogando em números

Estamos nos afogando em estatísticas. O Banco Mundial sugere que deveríamos fazer algo a respeito dos news four biliion – referindo-se aos quatro bilhões de seres humanos “que não têm acesso aos benefícios da globalização” – uma hábil referência aos pobres. Temos também os bilhões que vivem com menos de 1,25 dólar por dia. A FAO nos mostra em detalhes onde estão localizadas as 800 milhões de pessoas famintas do mundo. A Unicef conta aproximadamente 5 milhões de crianças que morrem anualmente em razão do acesso insuficiente a comida e água limpa. Isso significa quatro World Trade Centers por dia, mas elas morrem silenciosamente em lugares pobres, e seus pais são desvalidos.

As coisas estão melhorando, com certeza, mas o problema é que temos 80 milhões de pessoas a mais todo ano – a população do Egito, aproximadamente – e este número está crescendo. Um lembrete ajuda, pois ninguém entende de fato o que significa um bilhão: quando meu pai nasceu, em 1900, éramos 1,5 bilhão; agora somos 7,2 bilhões. Não falo da história antiga, falo do meu pai. E já que não é da nossa experiência diária entender o que é um bilionário, vai aqui uma nova imagem: se você investe um bilhão de dólares em algum fundo que paga miseráveis 5% de juros ao ano, ganha 137.000 dólares por dia. Não há como gastar isso, então você alimenta mais circuitos financeiros, tornando-se ainda mais fabulosamente rico e alimentando mais operadores financeiros.

Investir em produtos financeiros paga mais do que investir na produção de bens e serviços – como fizeram os bons, velhos e úteis capitalistas – de modo que não tem como o acesso ao dinheiro ficar estável, muito menos gotejar para baixo. O dinheiro é naturalmente atraído para onde ele mais se multiplica, é parte da sua natureza, e da natureza dos bancos. Dinheiro nas mãos da base da pirâmide gera consumo, investimento produtivo, produtos e empregos. Dinheiro no topo gera fabulosos ricos degenerados que comprarão clubes de futebol, antes de finalmente pensar na velhice e fundar uma ONG – por via das dúvidas.

Um suborno global

Muita gente percebe que as regras do jogo são manipuladas. Os tempos são de fraude global, quando pessoas fabulosamente ricas doam a políticos e promovem a aprovação de leis para acomodar suas crescentes necessidades, fazendo da especulação, da evasão fiscal e da instabilidade geral um processo estrutural e legal. Lester Brown fez suas somatórias ambientais e escreveu Plano B [“Plan B”], mostrando claramente que o atual Plano A está morto. Gus Speth, Gar Alperovitz, Jeffrey Sachs e muitos outros estão trabalhando no Próximo Sistema[“Next System”], mostrando, implicitamente, que nosso sistema foi além de seus próprios limites.

Joseph Stiglitz e um punhado de economistas lançaram Uma Agenda para a Prosperidade Compartilhada, rejeitando “os velhos modelos econômicos”. De acordo com sua visão, “igualdade e desempenho econômico constituem na realidade forças complementares, e não opostas”. A França criou seu movimento de Alternativas Econômicas; temos a Fundação da Nova Economia no Reino Unido; e estudantes da economia tradicional estão boicotando seus estudos em Harvard e outras universidades de elite. Mehr licht! [Mais luz!]

E os pobres estão claramente fartos desse jogo. Sobram muito poucos camponeses isolados e ignorantes prontos a se satisfazer com sua parte, seja ela qual for. As pessoas pobres de todo o mundo estão crescentemente conscientes de que poderiam ter uma boa escola para seus filhos e um hospital decente onde pudessem nascer. E além disso veem na TV como tudo pode funcionar: 97% das donas de casa brasileiras têm aparelho de TV, mesmo quando não têm saneamento básico decente.

Como podemos esperar ter paz em torno do lago que alguns chamam de Mediterrâneo, se 70% dos empregos são informais e o desemprego da juventude está acima de 40%? E eles estão assistindo na TV o lazer e a prosperidade existentes logo ali, cruzando o mar, em Nice? A Europa bombardeia-os com estilos de vida que estão fora do seu alcance econômico. Nada disso faz sentido e, num planeta que encolhe, é explosivo. Estamos condenados a viver juntos, o mundo é plano, os desafios estão colocados para todos nós, e a iniciativa deve vir dos mais prósperos. E, felizmente, os pobres não são mais quem eram.

Cultura e convivialidade

Sempre tive uma visão muito mais ampla de cultura do que o tradicional “Ach! disse Bach”. Penso que ela inclui desfrutar de alegria com os outros, enquanto se constrói ou se escreve alguma coisa, ou simplesmente se brinca por aí. Convivialidade. Recentemente passei algum tempo em Varsóvia. Nos fins de semana de verão, os parques e praças ficavam cheios de gente e havia atividades culturais para todo lado.

Ao ar livre, com um monte de gente sentada no chão ou em simples cadeiras de plástico, uma trupe de teatro fazia uma paródia do modo como tratamos os idosos. Pouco dinheiro, muita diversão. Logo adiante, em outras partes do parque Lazienki, vários grupos tocavam jazz ou música clássica, e as pessoas estavam sentadas na grama ou assentos improvisados, as crianças brincando por perto.

No Brasil, com Gilberto Gil no ministério da Cultura, foi criada uma nova política, os Pontos de Cultura. Isso significou que qualquer grupo de jovens que desejassem formar uma banda poderiam solicitar apoio, receber instrumentos musicais ou o que fosse necessário, e organizar shows ou produzir online. Milhares de grupos surgiram – estimular a criatividade requer não mais que um pequeno empurrão, parece que os jovens trazem isso na própria pele.

A política foi fortemente atacada pela indústria da música, sob o argumento de que estávamos tirando o pão da boca de artistas profissionais. Eles não querem cultura, querem indústria de entretenimento, e negócios. Por sorte, isso está vindo abaixo. Ou pelo menos a vida cultural está florescendo novamente. Os negócios têm uma capacidade impressionante para ser estraga-prazeres.

O carnaval de 2016 em São Paulo foi incrível. Fechando o círculo, o carnaval de rua e a criatividade improvisada estão de volta às ruas, depois de ter sido domados e disciplinados, encarecidos pela comunicação magnata da Rede Globo. As pessoas saíram improvisando centenas de eventos pela cidade, era de novo um caos popular, como nunca deixou de ser em Salvador, Recife e outras regiões mais pobres do país. O entretenimento do carnaval está lá, é claro, e os turistas pagam para sentar e assistir ao show rico e deslumbrante, mas a verdadeira brincadeira está em outro lugar, onde o direito de todo mundo dançar e cantar foi novamente conquistado.

Um caso de consumo

Eu costumava jogar futebol bastante bem, e ia com meu pai ver o Corinthians jogar no tradicional estádio do Pacaembu, em São Paulo. Momentos mágicos, memórias para a vida inteira. Mas principalmente brincávamos entre nós, onde e quando podíamos, com bolas improvisadas ou reais. Isso não é nostalgia dos velhos e bons tempos, mas um sentimento confuso de que quando o esporte foi reduzido a ver grandes caras fazendo grandes coisas na TV, enquanto a gente mastiga alguma coisa e bebe uma cerveja, não é o esporte – mas a cultura no seu sentido mais amplo – que se transformou numa questão de produção e consumo, não em alguma coisa que nós próprios criamos.

Em Toronto, fiquei pasmo ao ver tanta gente brincando em tantos lugares, crianças e gente idosa, porque espaços públicos ao ar livre podem ser encontrados em todo canto. Aparentemente, por certo nos esportes, eles sobrevivem divertindo-se juntos. Mas isso não é o mainstream, obviamente. A indústria de entretenimento penetrou em cada moradia do mundo, em todo computador, todo telefone celular, sala de espera, ônibus. Somos um terminal, um nó na extensão de uma espécie de estranho e gigante bate-papo global.

Esse bate-papo global, com evidentes exceções, é financiado pela publicidade. A enorme indústria de publicidade é por sua vez financiada por uma meia dúzia de corporações gigantes cuja estratégia de sobrevivência e expansão é baseada na transformação das pessoas em consumidores. O sistema funciona porque adotamos, docilmente, comportamentos consumistas obsessivos, ao invés de fazer música, pintar uma paisagem, cantar com um grupo de amigos, jogar futebol ou nadar numa piscina com nossas crianças.

Um punhado de otários consumistas

Que monte de idiotas consumistas nós somos, com nossos apartamentos de dois ou três quartos, sofá, TV, computador e telefone celular, assistindo o que outras pessoas fazem.

Quem precisa de uma família? No Brasil o casamento dura 14 anos e está diminuindo, nossa média é de 3,1 pessoas por moradia. A Europa está na frente de nós, 2,4 por casa. Nos EUA apenas 25% das moradias têm um casal com crianças. O mesmo na Suécia. A obesidade está prosperando, graças ao sofá, a geladeira, o aparelho de TV e as guloseimas. Prosperam também as cirurgias infantis de obesidade, um tributo ao consumismo. E você pode comprar um relógio de pulso que pode dizer quão rápido seu coração está batendo depois de andar dois quarteirões. E uma mensagem já foi enviada ao seu médico.

O que tudo isso significa? Entendo cultura como a maneira pela qual organizamos nossas vidas. Família, trabalho, esportes, música, dança, tudo o que torna minha vida digna de ser vivida. Leio livros, e tiro um cochilo depois do almoço, como todo ser humano deveria fazer. Todos os mamíferos dormem depois de comer, somos os únicos ridículos bípedes que correm para o trabalho. Claro, há esse terrível negócio do PIB. Todas as coisas prazerosas que mencionei não aumentam o PIB – muito menos minha sesta na rede. Elas apenas melhoram nossa qualidade de vida. E o PIB é tão importante que o Reino Unido incluiu estimativas sobre prostituição e venda de drogas para aumentar as taxas de crescimento. Considerando o tipo de vida que estamos construindo, eles talvez estejam certos.

Necessitamos de um choque de realidade. A desventura da terra não vai desaparecer, levantar paredes e cercas não vai resolver nada, o desastre climático não vai ser interrompido (a não ser se alterarmos nosso mix de tecnologia e energia), o dinheiro não vai fluir aonde deveria (a não ser que o regulemos), as pessoas não criarão uma força política forte o suficiente para apoiar as mudanças necessárias (a não ser que estejam efetivamente informadas sobre nossos desafios estruturais). Enquanto isso, as Olimpíadas e MSN (Messi, Suarez, Neymar para os analfabetos) nos mantêm ocupados em nossos sofás. Como ficará, com toda a franqueza, o autor destas linhas. Sursum corda.

* Ladislau Dowbor é professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas. Seus artigos estão disponíveis online em http://dowbor.org

Falta de postos de carregamento e custo elevado atrasam entrada de autocarros elétricos em Macau



Macau, China, 24 ago (Lusa) -- A entrada em circulação de autocarros elétricos em Macau continua sem calendário, principalmente devido ao seu elevado custo e à falta de postos de carregamento, indicaram hoje Governo e transportadoras, na véspera de mais um período de testes.

Tal como aconteceu em 2013, na quinta-feira começam a circular, durante 30 dias, dois autocarros elétricos, naquela que é a segunda fase de testes a este tipo de transporte. Apesar dos bons resultados obtidos há três anos, não há ainda decisões sobre a sua efetiva e generalizada entrada em vigor.

Atualmente só existem postos de carregamento para autocarros na oficina do Pac On. "No futuro vamos tentar generalizar e reservar algum espaço para o carregamento", disse o chefe substituto da divisão de gestão de transportes, António Ho, indicando que existem, no total, nove parques de estacionamento com postos de carregamento para veículos elétricos, mas nenhum destes é destinado autocarros públicos.

"Temos de ponderar as circunstâncias concretas das vias e os equipamentos de carregamento. Temos de saber em quais paragens e estações é possível a instalação desses postos de carregamento", afirmou o responsável da TCM, uma das três empresas que prestam serviço público de autocarros.

Também a Nova Era manifestou preocupação com a questão do abastecimento, não só devido à ausência de postos, mas também porque para um dia de circulação, cada autocarro tem de carregar entre três a quatro horas.

TCM e Nova Era estão a testar dois autocarros diferentes, um de fabrico chinês, outro australiano. No primeiro a bateria tem uma duração de 180 quilómetros, no segundo chega pelo menos aos 300, segundo os Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), apesar de a própria empresa, a Avass, publicitar cerca de mil quilómetros.

O custo é também um fator inibidor: segundo as duas transportadoras, um autocarro elétrico custa entre duas a três vezes mais que um autocarro movido a gasóleo.

"Estes autocarros têm um custo mais elevado", admitiu o Governo. "Tanto do autocarro como do seu funcionamento, mas claro que temos que ver as informações facultadas pelas companhias e depois decidimos se há outras políticas para apoiar a sua implementação", disse António Ho, sem esclarecer se a subsidiação faz parte dessas políticas.

Apesar de garantir que as transportadoras "têm intenção" de introduzir autocarros com "combustíveis novos", não foi estabelecido um prazo para tal, com o Governo a exigir apenas que as empresas estudassem a viabilidade destes veículos. Quando "a situação for madura" será pedido que "concretizem alguns dos planos prometidos".

"O Governo tem de ver o resultado técnico, agora não temos condições suficientes. Até agora não temos um calendário, temos de aproveitar todos os recursos obtidos neste teste de 30 dias e depois fazemos um estudo", indicou o responsável.

Os dois autocarros vão fazer 11 viagens por dia e percursos mais desafiantes, em relação aos de 2013 -- vão atravessar a ponte da Taipa para Macau, percorrer trechos inclinados e levar mais passageiros.

O teste de 30 dias com autocarros alugados vai ser pago pelo Governo, no valor de 600 mil patacas (66 mil euros).

O representante da transportadora Nova Era, disse ainda que, apesar do aumento de 8% no número de motoristas, estes ainda não são suficientes para responder às necessidades. São precisos, disse, mais 40 a 50 motoristas para elevar o total de 460 que a empresa tem agora.

A Nova Era debate-se também com o envelhecimento dos seus condutores, cuja idade média é de 53 anos, sendo que "3% já ultrapassam os 60 anos" e são poucos os que têm menos de 40 anos.

A par dos croupiers dos casinos, a profissão de motorista só pode ser realizada por portadores do Bilhete de Identidade de Residente de Macau, não sendo possível contratar trabalhadores estrangeiros.

ISG // JMR

CHINA CONTRA PROGRAMA NUCLEAR E DE MISSEIS DA COREIA DO NORTE - MNE



A China é contra o programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis norte-coreano, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, horas após Pyongyang ter testado o lançamento de um míssil balístico na direção do Japão.

"A China opõe-se ao processo de desenvolvimento de capacidade nuclear e de mísseis, pela Coreia do Norte, e é contra ações que geram tensão na península coreana", afirmou Wang aos jornalistas, após um encontro com os seus congéneres da Coreia do Sul e Japão, em Tóquio.

Referindo-se à resolução aprovada em março pelas Nações Unidas, que condena as ações militares da Coreia do Norte, incluindo o lançamento de mísseis, Wang acrescentou que "a China é contra qualquer ação que viole a resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU".

A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e é responsável por 90% do comércio externo daquele país. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como "unha com carne".

O míssil balístico lançado hoje pela Coreia do Norte, a partir de um submarino, entrou na zona de identificação aérea do Japão pela primeira vez, denunciou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

"Esta é a primeira vez que um míssil da Coreia do Norte foi lançado a partir de um submarino para a zona de identificação aérea do nosso país", disse Abe aos jornalistas, de acordo com a televisão pública NHK.

Shinzo Abe qualificou o ato de "imperdoável", considerando que constitui uma "grave ameaça" para a segurança do Japão e indicou que, apesar de ambos os países não manterem relações diplomáticas, Tóquio apresentou o seu protesto formal a Pyongyang através da sua embaixada em Pequim.

O míssil caiu em águas que correspondem à zona de identificação aérea (ADIZ) - área em que o Estado titular da mesma exige identificação às aeronaves estrangeiras que a atravessem.

Lusa

CHINESES “SEM QUALQUER VIA PARA CONSEGUIREM JUSTIÇA”, diz ONU



Pequim, 24 ago (Lusa) - O Governo chinês está a reduzir a sociedade civil de "forma dramática", deixando os cidadãos sem qualquer via para se defenderem, perante a violação dos seus direitos políticos, sociais ou económicos, denunciou na terça-feira a ONU.

Philip Alston, o relator especial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos e Pobreza Extrema, fez duras críticas às recentes políticas adotadas por Pequim, durante uma conferência de imprensa realizada na capital chinesa.

O responsável considerou "crucial" que as autoridades do país estabeleçam um mecanismo eficaz para investigar as denúncias dos seus cidadãos e julgarem os responsáveis.

No final da sua viagem à China, Alston retratou um panorama difícil para os cidadãos chineses que procuram justiça para qualquer tipo de problema, desde a expropriação de terrenos, até aos danos causados pela poluição.

O principal sistema - o envio de cartas para um organismo criado por Pequim - trata-se de "um mecanismo burocrático, sem os resultados que seriam de esperar", em que aqueles que o utilizam "raramente conseguem um resultado favorável", disse.

No sistema judicial, "a realidade é que não se espera, nem a realidade permite, que os advogados desafiem as políticas do Governo", assinalou Philip Alston.

O especialista recordou ainda a recente campanha contra advogados dos Direitos Humanos, que resultou na detenção e condenação à prisão de vários ativistas e dissidentes, acusados de "subversão".

As pequenas manifestações são "castigadas" por Pequim, mas se "são suficientemente grandes, o Governo tenta chegar a um acordo", detalhou Alston.

"A principal via para resolver uma disputa não deveria ser protestar", realçou.

A outra opção é aceitar uma "sociedade civil dinâmica", algo que as últimas ações do Governo chinês impossibilitam, defendeu.

O responsável exemplificou com a lei, aprovada este ano, que permite às autoridades controlarem as ONG estrangeiras a atuar no país, e que põe em perigo a sua continuidade, através de várias medidas restritivas.

"Se combinarmos a campanha contra os advogados e as novas leis para as ONG estrangeiras e as instituições de caridade, entre outras, o que vemos é uma redução dramática do espaço para a sociedade civil", apontou.

Para a ONU, "a chave para o Governo é identificar as vias pelas quais os cidadãos podem procurar uma compensação, de forma efetiva, em todos os contextos em que os seus direitos não foram respeitados".

Alston, que enalteceu as conquistas da China na redução dos níveis de pobreza extrema, concluiu que "não se pode centrar só nos grandes resultados, mas também na garantia de que os direitos humanos estão a ser respeitados no processo".

JOYP // FV

PESCADOR FILIPINO GUARDAVA DEBAIXO DA CAMA PÉROLA DE 30 QUILOGRAMAS



Um pescador filipino escondeu debaixo da cama, durante uma dezena de anos, uma pérola com 34 quilogramas, que poderá ser a maior do mundo.

O homem descobriu a pérola no interior de uma ostra-gigante, na qual a âncora do barco tinha ficado presa, contou Cynthia Amurao, responsável do turismo de Palawan, a maior ilha a oeste do país.

Desconhecendo que a sua descoberta - com 30 centímetros de espessura e 60 de comprimento - poderia valer milhões de euros, o pescador guardou a pérola como um talismã, sob a cama de madeira, na pequena cabana de teto de colmo.

Em julho, o sobrinho deu a pérola a uma tia e pediu que a guardasse.

"Fiquei espantada quando vi a pérola em cima da mesa da cozinha. Propus ao pescador expor a pérola", contou Amurao.

A pérola encontra-se, desde segunda-feira, numa vitrina da câmara de Puerto Princesa, capital de Palawan. Os responsáveis da ilha esperam a avaliação de gemólogos.

A "pérola de Alá" ou "pérola de Lao Tzu" era considerada até agora, com 14 quilogramas, a maior do mundo. Foi encontrada também ao largo de Palawan, na década de 1930, e avaliada em dezenas de milhões de dólares.

"O pescador não assinou qualquer documento de doação à cidade", sublinhou um responsável de Puerto Princesa, Ricard Ligad. "A pérola continua a pertencer-lhe", acrescentou.

EJ // EL - Lusa

Human Rights Watch denuncia ataques da Renamo contra hospitais em Moçambique



A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje ataques de homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, contra hospitais e clínicas no centro de Moçambique.

Um comunicado da HRW refere que elementos da Renamo atacaram pelo menos dois hospitais e duas clínicas, levando medicamentos e equipamento médico.

"Os ataques da RENAMO a hospitais e clínicas de saúde ameaçam o tratamento médico de milhares de pessoas em Moçambique. A liderança da Renamo deve parar estes ataques contra instalações de saúde imediatamente", disse Daniel Bekele, diretor para a África da HRW, citado no comunicado.

No ataque mais recente referido pela HRW, a 12 de agosto, uma dezena de homens armados que se identificaram como membros da Renamo entraram na cidade de Morrumbala, na província central da Zambézia, libertaram detidos e saquearam o hospital distrital local.

A HRW denunciou também ataques semelhantes registados em 30 e 31 de julho nas aldeias de Mopeia, na província da Zambézia e de Maiaca, na província de Niassa.

As autoridades moçambicanas dizem que homens armados da Renamo realizaram também ataques em julho contra clínicas em Sofala, Manica e Tete, no centro de Moçambique, relatos que a HRW refere não ter ainda confirmado.

CSR // JMR - Lusa

PR moçambicano pede a artistas para usarem as suas armas contra "atrocidades" da Renamo



O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, pediu hoje aos artistas do país para usarem as artes como arma de repulsa contra a "ação desestabilizadora" e as "atrocidades" da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição.

"Como o fizeram no passado recente, os artistas mostram o quanto as artes constituem uma arma poderosa de denúncia e repulsa das atrocidades e dos atos contrários ao projeto coletivo de promoção do bem-estar e fortalecimento da nossa pátria", afirmou Filipe Nyusi, numa alusão à Renamo, no seu discurso de abertura do nono Festival Nacional da Cultura, que arrancou hoje na cidade da Beira.

Referindo que os moçambicanos vivem "momentos conturbados pela ação desestabilizadora movida pela Renamo", o chefe de Estado sustentou que o seu Governo destaca "a centralidade da cultura como fator de identidade" de Moçambique.

As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear o lugar onde supostamente se encontra, algures na serra da Gorongosa.

No seu discurso na Beira, província de Sofala, no centro do país, e que tem sido uma das mais atingidas pela violência política, Filipe Nyusi referiu-se às "ricas tradições culturais" de Moçambique como forma de partilha de saberes milenares e também de incutir e cimentar a unidade nacional.

"Estão de parabéns por nos lembrarem que tudo o que pretende contradizer a nossa unidade, a nossa cultura e a nossa vontade de viver como um só povo, uma só nação, não passa de água debaixo da ponte, que passa e raramente volta", afirmou o Presidente da República, numa mensagem dirigida aos artistas.

A inauguração do novo Festival Nacional de Cultura, que decorre até domingo sob o lema "Celebrando a diversidade cultural pela consolidação da paz e desenvolvimento", insere-se no terceiro dia da visita de Filipe Nyusi à província de Sofala.

Em simultâneo decorrem negociações de paz entre Governo e Renamo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, mas não são ainda conhecidos avanços.

HB // EL - Lusa

Organizações da sociedade civil moçambicana voltam às ruas para exigir paz



Organizações da sociedade civil anunciaram hoje a realização de uma marcha no próximo sábado em Maputo, exigindo a cessação imediata das confrontações militares entre as forças dominantes em Moçambique.

"Queremos exigir que o processo negocial seja mais flexível e, uma vez mais, queremos uma paz duradoira", disse Salomão Muchanga, presidente do Parlamento Juvenil, uma das organizações que está na organização da marcha, falando durante uma conferência de imprensa em Maputo.

A marcha, que decorrerá sob o lema "O Povo já não aguenta", iniciará às 07:30 de Maputo (06:30 em Lisboa) e vai percorrer algumas das principais avenidas do centro da capital.

Lusa

Angola. CORTE DE ENERGIA EM LUANDA DEIXA PRESAS EM ELEVADORES 40 PESSOAS



Um corte de eletricidade deixou presas 40 pessoas em elevadores na cidade do Kilamba e do Sekele, em Luanda, que foram resgatadas pelos bombeiros, informou hoje o porta-voz da corporação da capital angolana.

Segundo o porta-voz do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, Faustino Minguêns, disse que o incidente ocorreu na terça-feira, das 11:00 às 18:00, período em que se registou o corte de energia elétrica, que afetou grande parte da cidade de Luanda.

Faustino Minguêns, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, disse que foram realizadas 13 operações de resgate em vários edifícios das duas centralidades.

NME // JMR - Lusa

Angola. O PAÍS TEM DONO?



Luísa Rogério – Rede Angola, opinião

Numa altura em que o país tentava perceber os factores que concorreram para a brutal morte de Rufino Marciano António, de 14 anos, outro direito fundamental acaba de ser banalizado. Os acontecimentos foram, supostamente, desencadeados pelos mesmos actores da tragédia que abalou o elementar direito à vida negado ao adolescente do Zango 3. Em busca de melhor entendimento do caso ainda envolto numa aura de impunidade, repórteres do jornal Noza Gazeta deslocaram-se à área atingida pela onda de demolições. Postos no terreno a natureza dos acontecimentos alterou a sua condição de repórteres para vítimas. Igualmente vitimizadas foram a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, o direito à informação e demais garantias conexas ao exercício da actividade jornalística consagradas na Constituição da República de Angola.

A inesperada reportagem encaixa-se sob medida num eventual manual de práticas com vista amordaçar a imprensa. O redactor Onélio Santiago, o repórter fotográfico Manuel Tomás e o motorista Segunda de Oliveira conheceram a materialização do termos momentos de terror. Durante mais de quatro horas ficaram sob custódia dos militares que fazem o asseguramento da zona de demolições no Zango III, em Luanda. Foram agredidos verbalmente, um deles foi esbofeteado. Os três estiveram temporariamente sem as máquinas fotográficas, agendas e blocos de anotações. Telemóveis, carteiras com documentos, dinheiro e os passes de serviço não foram poupados. Até os atacadores dos calçados foram obrigados a tirar. Por último, segundo a narração detalhada do sucedido, os militares lhes obrigaram a carregar blocos de cimento para construção civil. Como se não bastasse terem sido impedidos de fazer o seu trabalho, acrescentaram a humilhação numa clara demonstração desproporcional de força e de poder.

O relato dos acontecimentos na manhã de 10 de Agosto aflora um misto de indignação e incredulidade. O envolvimento das Forças Armadas Angolanas (FAA) e de efectivos da Polícia Militar (PM) suscita o questionamento público do papel destes órgãos cuja principal vocação é a defesa do Estado. De tanto o aparato sobrepor-se à componente humana que dá corpo ao Estado como entidade jurídica, é comum ma nossa realidade ocorrer de modo mais ou menos solene a omissão de que os cidadãos de um país são a componente que funda e sustenta o Estado. Sim, o cidadão vivo e individualmente considerado. Que tem fome, precisa de um ligar para viver, cumpre os seus deveres, mas espera que as instituições do Estado estejam ao serviço de todos.

Impossível conter arrepios de indignação na passagem do relato que descreve o militar a ameaçar espetar lapiseira “confiscada” no pescoço do repórter. “Tá brincar de maluco? Não brinca, rapaz! Sabes quem nos meteu aqui? Quem nos meteu aqui é o dono do país”. Essas são expressões atribuídas literalmente ao militar pelas vítimas do abuso. A utopia dos direitos iguais não poderia ter sido maculada de forma mais contundente.

O Secretário Geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) denunciou o abuso de autoridade, tendo demandado do Chefe de Estado Maior General das FAA um esclarecimento, na forma institucional apropriada, em relação ao comportamento dos militares envolvidos no episódio. O jornal manifesta a intenção de avançar uma queixa-crime.

O facto de o provedor de Justiça ter sido impedido por militares do Posto Comando Unificado (PCU) de visitar o bairro Walale logo a seguir a morte do adolescente de 14 anos e o flagrante atentado ao exercício da actividade jornalística atestam a falta de alinhamento da acção dessas forças com a existência de direitos e instituições, além das ordens que supostamente recebem em parada. A concentração de militares na Zona Económica Especial Luanda-Bengo assim como a particularidade destes fazerem valer a sua autoridade com o recurso a “lei da bala” não se justificaria nem num estado de excepção constitucional. Por que razão são militares a resolver sobreposições no aproveitamento da terra, contrapondo interesses empresariais ao direito à habitação, com a agravante de o fazerem com força letal?

Por outro lado, deve dar espaço a pertinentes reflexões a alusão ao “dono do país”, ao que tudo indica uma figura superior, quase mitológica, perante a qual todas as normas e instituições parecem ficar esvaziadas das funções que têm no quadro do estado democrático e de direito. De repente o Provedor de Justiça vira “provador”. A morte de uma criança é reduzida a mero acidente sem lugar nem nas notas de rodapé dos maiores discursos da actualidade política. Enquanto república aos militares precisa de ser incutida a cultura de que Angola é de todos e de cada um dos seus filhos, ao serviço dos quais estão as forças armadas. É a lei que define o exercício e os limites desse poder.

ANGOLANOS LUTAM POR FRANGOS NO SUPERMERCADO. A LUTA CONTINUA





Luta por frangos no supermercado

O investimento na avicultura pode estar a aumentar nos últimos meses, como o governo tem anunciado, mas nos supermercados os clientes têm de se despachar se quiserem levar uma frango para casa, principalmente se ele é posto à venda em saldo no supermercado.

O narrador deste vídeo fala em mais de 300 frangos a serem comprados em poucos minutos no Shoprite.

Rede Angola – Título PG com RA

CONGRESSO DO MPLA? NÃO, OBRIGADA



Mariana Mortágua* - Jornal de Notícias, opinião

Depois do XVII Congresso, José Eduardo dos Santos mantém-se à frente do MPLA e, por consequência, de Angola. Nada de novo, é assim desde 1979, quando o poder lhe caiu no colo, em parte por se ter pensado que seria o mais fraco dos potenciais sucessores de Agostinho Neto. Como se enganaram. Sem nunca ter ido nominalmente a votos, o presidente acumulou, distribuiu riqueza pelos seus e criou um regime oligárquico que prospera enquanto o país empobrece.

A fortuna da família Dos Santos é incontável, a começar por Isabel dos Santos, dona de várias empresas portuguesas, que enriqueceu sendo intermediária entre o Estado angolano e o capital estrangeiro que ali se queria localizar. O seu irmão José Filomeno dos Santos foi nomeado para presidir ao Fundo Soberano de Angola, que gere 5000 milhões de euros e é, em conjunto com Isabel, um forte candidato à sucessão na Presidência. Mais, na orla de José Eduardo há ainda os generais, entre eles Kopelipa, Dino Fragoso e Manuel Vicente, indiciado por corrupção ativa em Portugal.

Mas não é apenas a alteração do regime eleitoral e a acumulação de riqueza que marcam o caráter ditatorial do regime angolano. É também a asfixia democrática, a perseguição política, a prisão de jovens apenas pelo exercício da liberdade de expressão e pensamento, e o medo.

Neste contexto, e sendo tudo isto do conhecimento público, é difícil perceber a extensa e importante delegação política portuguesa no Congresso do MPLA. Altos dirigentes do PS, PSD, CDS e PCP estiveram presentes, para além, é claro, de Paulo Portas, convidado especial do partido. Não são cerimónias oficiais do país, não se trata de nenhum encontro institucional ou diplomático. Só pode ser lido então como um apoio ao regime de José Eduardo dos Santos. Seja, nuns casos, por velhas afinidades ideológicas ou, na maioria, por mero interesse económico-financeiro, é incompreensível e lamentável a viagem a Angola para saudar e legitimar tudo aquilo em que se tornou o MPLA. Mais lamentáveis ainda são as palavras de Hélder Amaral, do CDS, que entende que a proximidade ao MPLA é um sinal de adaptação e modernidade. Parece-me que modernidade seria privilegiar os direitos humanos e a democracia em relação aos interesses económicos, mas o mundo que eu e o deputado Hélder Amaral queremos construir é bem diferente.

*Deputada do BE

A TERRA TREMEU E O GOVERNO RECUOU



Abrimos hoje o PG abdicando de não abrir comentando o Expresso da cafeína assinado por Helena Pereira, parece que é uma estreia nesta de tirar e servir o Expresso Curto. Vão ler a seguir. Ontem não houve PG da respetiva data, desculpem qualquer coisinha. Maldito período de férias. Tenham uma quarta-feira bestial, saúde, sorte e dinheiro para gastos. Que o sol vos abençoe e ilumine. Bye, bye. (PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Helena Pereira – Expresso

A terra tremeu e o Governo recuou

O Estado vai poder injetar 2,7 mil milhões de euros na Caixa Geral de Depósitos. Finalmente, houve luz verde. A recapitalização do banco público foi aprovada esta terça-feira pela Comissária Europeia da Concorrência, Margrethe Vestager sendo que, no total das operações financeiras permitidas, a recapitalização da CGD poderá atingir os 4,6 mil milhões. Agora, já será possível que a nova administração (cerca de metade dos nomes propostos ao BCE) tome posse em breve.

Entretanto, nesta novela surreal que é a CGD, o Governo prepara-se para recuar na intenção verbalizada pelo secretário de Estado Mourinho Félix de alterar a lei sobre o regime bancário, que permitiu ao BCE chumbar oito administradores da equipa de António Domingues. O decreto-lei de 2014, que transpôs uma diretiva comunitária, foi longe demais, acha agora o Ministério das Finanças. Mas com os avisos do Presidente da República e os parceiros da geringonça de que seria inadmissível mudar uma lei para contornar o chumbo do BCE António Costa não arriscará uma guerra com Marcelo. O JN avança mesmo na edição em papel desta manhã queAntónio Costa já assegurou ao Presidente que não haverá mexida na lei em vigor. Os administradores chumbados podem agora vir a integrar um novo órgão a ser criado, o Conselho Consultivo. O processo da Caixa é “espécie de manual do que não se deve fazer num Estado democrático”, criticou nos Açores o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

Durante a noite, um sismo de 6,2 graus de magnitude na escala de Richter atingiu o centro de Itália, com centenas de réplicas sentidas ao longo da madrugada. Autarca de Amatrice diz que"metade da cidade desapareceu". As imagens são de devastação e há centenas de pessoas presas nos escombros. Ao início da manhã, a contagem apontava para 11 mortos. Em Roma, a 160 quilómetros de distância do epicentro, edifícios abanaram durante 20 segundos, avança o "La Repubblica".

OUTRAS NOTÍCIAS

Ainda o caso da agressão de um jovem de 15 anos em Ponte de Sor que chocou o país. A SIC transmitiu ontem a entrevista na íntegra aos agressores, dois filhos do embaixador do Iraque em Portugal e que por isso gozam de imunidade diplomática. Estesadmitiram que deram "murros" a Ruben Cavaco e que quando este caiu no chão continuaram "com pontapés" e que, pasme-se, "não tiveram a intenção de ferir alguém daquela forma" ("a situação descontrolou-se"), que estavam alcoolizados e que estão prontos para assumir as responsabilidades e responder perante a justiça portuguesa.

Para o embaixador Francisco Seixas da Costa, a agressão a Ruben Cavaco, que saiu ontem dos cuidados intensivos, aponta para um“típico abuso” da imunidade diplomática por parte dos filhos do representante do Iraque em Portugal. O diplomata português fala “numa certa cultura de privilégio” que fere “as claras vantagens” da Convenção de Viena, como explica a Manuela Goucha Soares.

O embaixador iraquiano foi chamado a Bagdade, mas o seu Governo ainda não tomou a decisão de levantar a imunidade diplomática aos filhos do embaixador - a decisão que as autoridades portuguesas aguardam. Entretanto, permanece ainda o mistério sobre a queixa que a embaixada do Iraque em Lisboa garante ter sido apresentada contra o grupo de Ruben Cavaco. É que o Ministério Público não tem registo de qualquer queixa.

Os incêndios voltaram. O fogo que começou ontem em Abrantes e que obrigou à evacuação de algumas casas alastrou sem controlo durante a noite ao concelho vizinho do Sardoal. Os 50 habitantes da aldeia de São Simão tiveram também que abandonar as casas devido ao incêndio que esta manhã estava a ser combatido por 700 bombeiros.

O Governo vai aumentar as deduções de despesas com educação no IRS do próximo ano através de uma alteração ao Orçamento do Estado para 2017. A notícia surge na sequência de um manifesto apresentado pela Deco na terça-feira que pede que todas as despesas escolares, sem exceção, possam ser deduzidas no IRS. Atualmente, apenas contam as despesas com taxa de 6% ou isentas de IVA. Segundo as Finanças, que não especifica para já as mudanças, o atual regime de deduções de custos de educação em sede de IRS "revelou um conjunto de desigualdades na lei que o Governo entende não justificáveis".

Uma notícia menos boa e alarmante é que ainda há crianças sem escola atribuída a três semanas do início das aulas. Isto está a passar-se, por exemplo, em Lisboa, a poucos metros do Ministério da Educação. O jornal i, por seu lado, dá conta que faltam cerca de mil funcionários nas escolas para assegurar o normal funcionamento.

A líder do BE, Catarina Martins, que admitira em entrevista ao Público que em muitos momentos se "arrependia da geringonça" voltou a reiterar a ideia sublinhando que isso só traduz a seriedade política do seu partido. "Houve um primeiro-ministro que dizia que nunca tinha dúvidas. Não sei se alguém tem saudades desse tipo de forma de olhar a política, mas, quem é sério naquilo que faz, naturalmente assume as dificuldades com que vive", numa alusão a declarações do antigo primeiro-ministro e ex-chefe de Estado Cavaco Silva. A frase inicial, está bom de ver, não foi um deslize de linguagem.

A polémica lista de pedófilos, que entrou em vigor em novembro, tem 5618 nomes de condenados pela prática de crimes contra a autodeterminação sexual e a liberdade sexual de menores.

Ontem, o Conselho de Ministros aprovou um pacote de 17 medidas para apoiar os produtores de leite como a criação de linhas de crédito no valor global de 20.000 euros, redução dos pagamentos à Segurança Social, atribuição de uma ajuda excecional à vaca leiteira ou rotulagem do leite com origem do produto.

E a fatura cresce, cresce, cresce. A primeira tentativa falhada de vender o Novo Banco no ano passado custou 9,7 milhões de euros, sabe-se agora. O número é revelado no relatório e contas do Fundo de Resolução de 2015. O valor exorbitante resultou essencialmente dos custos com as assessorias financeira (6 milhões de euros) e jurídica (3,5 milhões).

Passando para o Desporto, o FC Porto apurou-se para a fase de grupos da Champions, ao vencer à Roma por 3-0. O Pedro Candeias explica por que é que estes romanos são loucos e os dois ataques de estupidez a que assistimos em campo. Aqui fica a análise ao onze do FC Porto feita pelo blogue Lá em Casa Mando Eu: "O Super-Homem do Brasil, o Panoramix e a burrice do Adrian".

João Lourenço, anote o nome. Este homem pode vir a ser o próximo Presidente de Angola. É o atual ministro da Defesa e foi eleito vice-presidente do MPLA. Com esta decisão, Manuel Vicente, atual número dois do Governo e ex-patrão da Sonangol, deixa de fazer parte dos cálculos de José Eduardo dos Santos para a sua sucessão.

Na Alemanha, o Governo de Merkel pondera reintroduzir o serviço militar obrigatório, que tinha terminado em 2011, no âmbito do novo conceito de defesa civil. O Conselho de Ministros analisa esta quarta-feira o documento que aconselha ainda os alemães, pela primeira vez desde a Guerra Fria, a armazenarem comida e água e estarem preparados para uma eventual situação de emergência a nível nacional, um passo que alguns deputados da oposição já criticaram por espalhar o medo entre a população.

Por causa do receio de atentados em Paris, o turismo de Paris teveprejuízos de 750 milhões de euros. Os números são da região de turismo, que tenciona fazer uma campanha para atrair novos visitantes.

Em Espanha, o Ciudadanos entendeu limitar o seu entendimento sobre os casos em que se está perante corrupção política para chegar a entendimento com o PP. Esta era uma das primeiras arestas a limar.

Em Itália, o Governo socialista de Matteo Renzi vai dar 500 euros aos jovens que nasceram em 1998 (ou seja, que completem agora 18 anos) para gastar em cultura, entrar em museus, comprar livros, ir a concertos, etc. São 290 milhões de euros que beneficiarão cerca de 574 mil jovens. Um exemplo a seguir por cá no Orçamento de Estado para 2017? Por falar em Itália, já viu o novo carro que quer tornar a Ferrari verde de inveja? É japonês. E vale a pena espreitar.

O QUE ANDO A LER

Regressei esta semana de umas maravilhosas férias com as crianças. E o que li eu durante umas férias em família? O projeto de verão de The Huffington Post UK sobre parentalidade, Thriving Families.

O guest editor é o chef britânico Jamie Oliver, que foi pai pela quinta vez no início deste mês. Há temas clássicos como as regras e a disciplina que é ou não necessária, as mães tardias ou artigos sobre um problema pouco discutido, a depressão em crianças. E mais: será que não está na altura de pararmos de ler artigos sobre parentalidade? Afinal, "independentemente da forma como criamos os nossos filhos, haverá sempre um artigo a dizer que estamos a fazê-lo de forma errada, carregado de sondagens e percentagens assustadoras". Ok, mas mesmo assim não sei se vou parar de ler.

No campo da ficção, terminei "O luto de Elias Gros" de João Tordo, editado há mais de um ano e em que ainda não tinha pegado. É uma história sobre a perda e a dor, a fé e também a amizade. Não sei se foi por lê-lo ao sol, mas foi um luto regenerador.

Tenha uma boa quarta-feira! Tudo faremos para que ao longo do dia continue bem informado com o Expresso online, com o Expresso Diário às 18h e com o novo site dedicado ao desporto, Tribuna. Amanhã, terá um Expresso Curto servido pelo Ricardo Costa. Até já!

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