Hoje
também há Expresso Curto, o servidor é um homem do Expresso, Ricardo Marques. Abertura
com prosa romanceada, apetitosa. Versa a tempestade que aí vem para sul e que
no norte de Portugal já está a fazer estragos.
Ler
a abertura deste Curto deu para pensarmos que “hoje livramo-nos do Trump e de
sua trupe”. Qual quê! Nem pó! Trupe de Trump vem logo a seguir. Outra
tempestade.
Mais
palavreado para quê? Vão diretos à cafeína. Está muito bem tirado, com espuma e
tudo. Beberriquem com sorvos controlados. Só isso.
Bom
dia e boa noite. Descansada, apesar das tempestades que temos de aguentar. É
que entre mortos e feridos alguns de nós hão-de escapar. Já não é mau.
MM
/ PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Ricardo
Marques – Expresso
A
culpa é do Jürgen
Hoje acordei
cedo, fui até à praia e fiquei na areia a olhar para o mar com a
ingenuidade de quem espera perceber o mundo. Não está famoso.
O vento levou a areia que falta ao fundo das escadas, como se nos escapasse o chão debaixo dos pés. As arribas, outrora sólidas como convicções, parecem frágeis montes de barro. O mar calmo dos dias quentes de agosto, que convida a entrar para um mergulho, está feito um pequeno monstro que tudo expulsa e empurra para fora. Imprevisível e imparável. Umaonda trás da outra, um golpe de cada vez, sem olhar a consequências, capazes de levar tudo à frente com estrondo. Rochas velhas de milénios e os molhes feitos pelo homem valem o mesmo: nada.
Quando olhamos para o horizonte, em direção ao outro lado do Atlântico, de onde virá o perigo, só vemos mais do mesmo. Céu cinzento, carregado de nuvens altas como águias e algumas a fazer lembrar penteados estranhos. Dá para ver que não está bom, mas ainda é cedo para saber até que ponto será mau. As gaivotas voam desvairadas por cima do areal sem saber para onde ir. Parou há pouco de chover e sopra um vento frio. O mundo não está famoso. O tempo também não. E vai piorar.
Ficarão os destroços.
O vento levou a areia que falta ao fundo das escadas, como se nos escapasse o chão debaixo dos pés. As arribas, outrora sólidas como convicções, parecem frágeis montes de barro. O mar calmo dos dias quentes de agosto, que convida a entrar para um mergulho, está feito um pequeno monstro que tudo expulsa e empurra para fora. Imprevisível e imparável. Umaonda trás da outra, um golpe de cada vez, sem olhar a consequências, capazes de levar tudo à frente com estrondo. Rochas velhas de milénios e os molhes feitos pelo homem valem o mesmo: nada.
Quando olhamos para o horizonte, em direção ao outro lado do Atlântico, de onde virá o perigo, só vemos mais do mesmo. Céu cinzento, carregado de nuvens altas como águias e algumas a fazer lembrar penteados estranhos. Dá para ver que não está bom, mas ainda é cedo para saber até que ponto será mau. As gaivotas voam desvairadas por cima do areal sem saber para onde ir. Parou há pouco de chover e sopra um vento frio. O mundo não está famoso. O tempo também não. E vai piorar.
Ficarão os destroços.
Há um nome a reter: Jürgen. Fique a saber que um alemão, o tal Jürgen Karsten, pagou 199 euros para batizar esta baixa pressão que lá do alto nos vai cair mesmo em cima da cabeça (ainda há algumas tempestades à espera de nome no Instituto de Meteorologia de Berlim).
A
Jürgen é uma depressão formada no Atlântico que viajou toda a noite a uma
velocidade de 65km/h em direção à Península Ibérica. Se olhar pela janela neste
momento poderá ter uma pequena ideia do que está para vir nas próximas
horas: chuva intensa, vento forte (com rajadas de 80km/h no litoral e 100km/h
nas terras altas).
A
partir da tarde, e por algumas horas, haverá uma breve trégua em terra.
Mas o mar estará apenas a acordar. Entre o meio-dia de hoje e as três da
tarde de amanhã as ondas poderão atingir os 14 metros a norte do Cabo da Roca,
vindas de Oeste e empurradas pelo vento que vai soprar da mesma direção –
perpendicular à costa. A preia-mar é às seis da tarde, o pico da ondulação
também e é provável que a maior parte das notícias sobre o mau tempo chegue por
essa hora.
Prepare-se
para um dia inteiro a ouvir falar da cor dos alertas e espreite aqui e aqui algumas das zonas já proibidas.
Ontem
à tarde conversei com Pedro Viterbo, Diretor do Departamento de
Meteorologia e Geofísica do IPPMA (Instituto Português do Mar e da
Atmosfera, I.P). “É algo parecido com a situação que tivemos entre
dezembro de 2013 e março de 2014, embora nessa altura tenha sido de uma forma persistente”,
explicou o meteorologista referindo-se à tempestade Hercules (cujos estragos ultrapassaram os 20 milhões de euros).
O
risco maior, acrescentou Pedro Viterbo, está nas arribas e na violência com que
o mar as vai atingir. Portanto, mantenha-se longe da beira-mar,
conduza com todo o cuidado e vá espreitando os avisos nas página do IPMA e da Proteção Civil.
Acima
de tudo, não desespere. “A partir da tarde de domingo prevê-se uma
melhoria significativa do estado do tempo”, prevê Pedro Viterbo.
E
do estado do mundo?
OUTRAS
NOTÍCIAS
Rex
Tillerson, o ex-homem-forte da Exxon Mobil, é o novo Secretário de Estado
dos Estados Unidos da América, o 69.º da história, mas a eleição no Senado foi a que contou com mais votos
contra. Tillerson será o rosto da política externa de Washington, que já
teve dias mais fáceis. A batalha seguinte do 45.º Presidente dos EUA será
a confirmação do juiz Neil M. Gorsuch para o Supremo Tribunal. E a parada
está alta, como escreve o New York Times.
É
uma espécie de mau tempo político e há duas semanas que não se fala de
outra coisa.
Esta
manhã, a novidade vem da Austrália: parece que o primeiro-ministro Malcolm
Turnbull discutiu a sério com o presidente dos EUA durante um telefonema no
sábado. A história está esta manhã nos principais jornais.
O
secretário-geral da ONU criticou as medidas anunciadas pela nova administração
norte-americana que visam travar a entrada no país de cidadãos de
sete países de maioria muçulmana. “Esta não é a melhor forma de proteger
os Estados Unidos ou qualquer outro país em relação às sérias preocupações
relativamente a possíveis infiltrações terroristas”, afirmou António Guterres.
Ontem
à noite na televisão discutia-se a fotografia em que o novo inquilino da
Casa Branca aparece de mão dada com Theresa May, a primeira-ministra britânica.
Mil palavras já foram ditas sobre a imagem, mas se a conversa regressar
durante o dia talvez seja útil ler mais esta explicação.
Sobre o homem que sucedeu a Obama, o conservador Ben Shapiro escreve na National Review que não há nenhum grande plano.
A propósito de Theresa May, o Parlamento britânico deu luz verde ao governo para iniciar o processo de saída da União Europeia. Do lado de lá da Mancha, há muita gente a fazer contas às contas que vão comandar a negociação entre Bruxelas e Londres.
Sobre o homem que sucedeu a Obama, o conservador Ben Shapiro escreve na National Review que não há nenhum grande plano.
A propósito de Theresa May, o Parlamento britânico deu luz verde ao governo para iniciar o processo de saída da União Europeia. Do lado de lá da Mancha, há muita gente a fazer contas às contas que vão comandar a negociação entre Bruxelas e Londres.
Milhões
e mais milhões. Ou millones, como se diz aqui ao lado. O El Mundo divulgou a
lista das 200 pessoas mais ricas de Espanha. Para ver com toda a calma do mundo, sem pressa. Comece por Sandra
Ortega Mera, cujas empresas investiram esta ano 50 milhões de euros na
Península de Tróia e siga sem parar à descoberta dos cofres mais cheios da
Península Ibérica.
Atravessando
os Pirinéus, mas sem deixar de falar de dinheiro, a corrida ao Eliseu não está
a ser fácil para François Fillon. Problema atrás de problema, como ondas em dia de mar revolto. Depois do
alegado falso, e bem pago, emprego da mulher, o ex-primeiro-ministro e
candidato da direita vê-se agora em problemas com um seu emprego, real e igualmente
bem remunerado.
A
eleição presidencial em França está marcada para abril. A líder da Frente
Nacional, Marine Le Pen – que recusa devolver 300 mil euros ao Parlamento Europeu -, é
a candidata mais bem colocada nas sondagens, a par de Fillon. Este artigo já tem uns meses, e é um pouco longo, mas
ajuda a explicar um pouco a força crescente da extrema-direita europeia.
A
chanceler Angela Merkel está de visita à Turquia e, como escrevem os jornais alemães, o clima entre os
dois países não é o melhor.
Na
Hungria, onde o partido Jobbik (extrema-direita e anti-semita) cresceu 5 %
nas eleições do ano passado (de 16% para 21%), está o presidente russo
Vladimir Putin, para discutir com o primeiro-ministro Viktor Orban o reforço da
cooperação económica. A presença de Putin em Budapeste está a ser um
verdadeiro teste aos nervos dos restantes países da União Europeia.
O Egipto,
que derrotou ontem na meia-final o Burkina Faso treinado pelo português
Paulo Duarte, é o primeiro finalista na Taça das Nações Africanas, que decorre no Gabão. Gana
e Camarões disputam hoje a segunda meia-final.
(O Manchester
United, de José Mourinho, empatou com o Hull City, de Marco Silva. Zero a zero. O Barcelona foi a Madrid ganhar 2-1
ao Atlético e o derby Porto-Sporting já mexe)
Em
África está o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Manuel
Heitor termina hoje uma visita de quatro dias à Nigéria. Além de uma
reunião com o seu homólogo nigeriano, Ogbonnaya Onu, o ministro vai
visitar a Agência Nacional de Investigação Espacial e Desenvolvimento e a Agência
Nacional de Desenvolvimento em Biotecnologia.
Manuel
Heitor não deverá estar no Conselho de Ministros, que começa dentro de pouco
mais de uma hora.
Quem já está a trabalhar é a nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Paulo Macedo e Rui Vilar aproveitaram o primeiro dia em funções para escrever aos funcionários. Querem a ajuda de todos para cumprir os objetivos traçados: capitalização, reestruturação e rentabilidade do banco público.
No Parlamento, depois da discussão de ontem sobre a eutanásia, hoje estará debate o acesso dos administradores judiciais ao registo informático das execuções, às bases de dados tributárias e da segurança social. E também as alteraçõespropostas pelo governo (e contestadas por todos) à lei sindical da PSP.
Sem acesso a medicamentos para tratar, por exemplo, infeções respiratórias e pneumonias, estão vários hospitais portugueses. O Infarmed já recomendou uma gestão cuidada dos stocks.
Quem já está a trabalhar é a nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Paulo Macedo e Rui Vilar aproveitaram o primeiro dia em funções para escrever aos funcionários. Querem a ajuda de todos para cumprir os objetivos traçados: capitalização, reestruturação e rentabilidade do banco público.
No Parlamento, depois da discussão de ontem sobre a eutanásia, hoje estará debate o acesso dos administradores judiciais ao registo informático das execuções, às bases de dados tributárias e da segurança social. E também as alteraçõespropostas pelo governo (e contestadas por todos) à lei sindical da PSP.
Sem acesso a medicamentos para tratar, por exemplo, infeções respiratórias e pneumonias, estão vários hospitais portugueses. O Infarmed já recomendou uma gestão cuidada dos stocks.
A
terra tremeu ontem à noite, pelas 23h20, em Porto de
Mós, Leiria. Sem estragos nem vítimas.
E
nos Açores.houve uma espécie de antevisão do temporal que vamos
ter hoje.
MANCHETES
Correio
da Manhã: “Justiça aperta Sócrates com milhões da PT"
Diário
de Notícias: “Gestores de falências vão ter acesso a todos os dados de
devedores”
Jornal
de Notícias: “Segurança Social culpada por mortes em lar ilegal”
Público: “Líder
da UGT não garante nova subida do salário mínimo”
I: “Homens
suicidam-se três vezes mais do que as mulheres”
Visão: “Ganhar
dinheiro com as casas”
Sábado: “Mário
Soares: A família desconhecida"
O
QUE ANDO A LER
Um
pouco de tudo, mas sem páginas nem papel. Apenas alguns artigos a
partir dos quais vai nascendo uma história. A viagem pelas sugestões será
breve, até porque o tempo, já vimos, não está para grandes passeios.
O
roteiro é simples, tão simples como este mapa que mostra a Internet em 1973.
Damos um
salto rápido ao fim do mundo, literalmente, para perceber como é que os mais ricos e
poderosos dos nossos dias se preparam para o fim dos dias. Pode ser num silo à
prova de tudo algures no meio do nada, ou à beira-mar na Nova Zelândia.
Voltamos
a África para descobrir que o mundo acaba todos os dias. Doze milhões de
pessoas com fome.
E acabamos
onde tudo começou, à procura de esperança em 165 anos de anúncios de casamento publicados no New York Times.
“In
good times and in bad…”
Tenha
um bom dia de mau tempo.
Há Expresso
Diário às seis, informação disponível a qualquer hora em Expresso.pt e amanhã cá estará o Nicolau Santos para
servir o último Curto desta semana.
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