Invocar
o nome de deuses até acontece com os hereges, logo mais em baixo irão entender. Por
isso não pomos mais na escrita. Da guerra e da paz no mundo ou em Portugal são
feitas as notícias. E também de eleições, em Timor-Leste. Esta é a nossa
abordagem ao Expresso Curto, por Ricardo Marques, trabalhador por conta do tio
Balsemão/Impresa – que é diferente desse tio Bilderberg que está para durar.
Expresso
Curto depois do almoço cai muito bem, principalmente se almoçou à portuguesa
farta. Se for acompanhado de um bom digestivo, então, é ouro sobre azul. Já
sabe que para isso, dependendo de onde vai almoçar, pode preparar 20 a 25 euros…
E não é nada demais. Poderá ser é demasiado para si. Alegre-se, há uns quantos privilegiados
para quem isso são trocos. A maioria nem sequer ganha isso por cada dia de
trabalho no duro. É assim, é a democracia deles. Pronto, tomem lá que já
almoçaram, provavelmente uma barrigada de fome made in os que nos tramam.
Sem
delongas é bem fazer aqui ressaltar as eleições presidenciais em Timor-Leste. Começou
há horas a campanha eleitoral. São 8 candidatos. O vencedor é o candidato
apoiado por Xanana Gusmão (nunca falhou). O felizardo, desta vez, é Lu Olo,
atual dirigente da Fretilin. Da Fretilin? Interrogam os mais desatualizados. Sim,
é verdade. Xanana e a Fretilin voltaram a ser unha com carne, ou os tim-tins. Andam
sempre juntos. “Tão amigos que nós somos.” Cantam. Ou se cantassem diria a gota
com a perdigota.
Este
período eleitoral para a Presidência da RDTL vai ser morno, prevê-se. E oxalá
que não haja confrontações e complicações provocadas por uns quantos rapazolas
das chamadas artes marciais. “Tenham juízo, rapaziada”. Apetece dizer. Eles até
são bons tipos mas de vez em quando parece que se “passam dos carretos” e só
fazem trampa… por nada. Que coisa!
Sabem,
Timor-Leste, está em alta no índice asiático do exercício da democracia. Assim
afirmam organizações internacionais. Bem, mas não consideraram a corrupção
existente, a fome ou desnutrição avantajada, nem aquilo que lá é chamado Pensão
Vitalícia para os políticos – deputados e outros cargos dessa índole. Curioso,
aquilo é de cota elevada de democracia mas a maioria dos timorenses são contra
a Pensão Vitalícia. E no Parlamento os deputados vão arrastando a durabilidade
da dita pensão que os torna exclusivistas e detentores de garantias da velhice
com somas exorbitantes para a maioria dos cidadãos de lá. Haverá no interior do
país muitos timorenses que na vida não ganharão o que um deputado ganha num ano
com aquela Pensão Vitalícia. Ou seja: a maioria dos timorenses estão tramados.
Injustamente tramados porque a igualdade é só treta. Faça-se notar que há duas
semanas, mais coisa menos coisa, os partidos no Parlamento deram um ar de sua
graça e aprovaram uma maquilhagem na tal dita pensão. Uns pós aqui e outros ali…
Tudo fizeram para nunca ficarem a perder e assim manterem a vantagem injusta
relativamente aos outros cidadãos… É, minha gente! Nada de mais. Em Portugal e
em todo o mundo é assim. Os diretamente interessados legislam a seu favor e
abusam que se fartam. É a vida. Não é a democracia.
Já
vai longa esta conversa. Timor-Leste cativa, até nas prosas. E tanto que havia
para escrever.
Basta.
Apesar de Timor-Leste cativar, basta. Há mais mundo no mundo e disso trata o
Expresso Curto, a seguir. Por hoje já chega de jogar com as letras e compor
palavras. Daqui, da parte do PG, é tudo.
Tome
lá o seu expresso curtinho… Parece que não, pois já está aí com umas seis
laudas ou mais. Olhem, paciência. Disso é que precisam para ler isto tudo. Não
esqueçam, usem a cabeça. Melhor dito: usem o cérebro. Até porque não dói nada.
Deixem-se de ser uns “Maria-vai-com-as-outras”. A manipulação é inimiga da
inteligência e de muito mais coisas. É nossa inimiga. Ponham-se a pau. – MM / PG
Guerra
e palavras
Ricardo
Marques - Expresso
Há
dias em o Expresso Curto nos sai do pelo. A sério. Por melhores que
pareçam as previsões, o mais certo é falharmos monumentalmente. E por isso
é impossível não nos sentirmos tentados, de quando em vez, a invocar,
ainda que em vão, o nome de Deus. É um verdadeiro milagre, e não dos de
Fátima, chegar ao fim da última frase e saber que só em circunstâncias
muito especiais, e insustentáveis numa base diária a longo prazo, é
possível colher da enorme e fértil árvore de que é feita a atualidade o
fruto certo e decisivo para servir, pela fresca, aos nossos leitores.
Hoje
é um desses dias. De guerra.
A
Suécia vai restabelecer o serviço
militar obrigatório e, a partir de 1 de julho, mais de 13 mil jovens nascidos
em 1999, homens e mulheres, vão alistar-se e realizar provas. Quatro mil começam
a recruta no dia 1 de janeiro de 2018. Este é o fio. Agora vamos à meada.
Há
duas razões estratégicas e outras duas conjunturais para explicar a medida,
como se pode ler neste artigo,
em inglês, de um jornal sueco. Começando pelas últimas: o fim do
recrutamento obrigatório foi apenas há sete anos e, talvez por isso, a opinião
pública está a favor da medida. A nível estratégico, verifica-se que, apesar
das campanhas, não há voluntários em número suficiente e, certamente por
isso, os recursos começam a ser escassos para os desafios. O mais sério é a
situação no Báltico – onde a presença russa é cada vez mais
forte (exemplo
1, exemplo
2, exemplo
3). Sueco prevenenido...
Sem
esquecer a esquecida Ucrânia, basta
subir um pouco à arvore da atualidade para perceber que a Rússia gera tanta
preocupação a oriente como a ocidente – e há informações de que mais
mil soldados deverão seguir em breve para o arquipélago das Curilas,
disputado pelo Japão. Esta semana, o primeiro-ministro japonês disse que não
está disposto a poupar nos gastos com a Defesa – será o quinto ano consecutivo
de aumento no orçamento militar, muito por culpa dos russos, dos testes
balísticos da Coreia do Norte e das movimentações chinesas no mar da China.
(Pequim, de
repente, deu conta que está
entre os mísseis norte-coreanos e os misseis americanos que os sul-coreanos
querem instalar).
O
discurso japonês é semelhante ao alemão – soube-se,
há dias, que ideia é gastar mais e ter mais soldados - e muito pouco
diferente do anunciado por
Donald Trump: mais 9% para a Defesa.
Recordando
que há uma guerra em curso há mais de uma década no Médio Oriente,
regressamos à Suécia, mais precisamente à Signalistgatan 9, Solna, em
Estocolmo, onde funciona o SIPRI – o Instituto Internacional de
Investigação para Paz… de um país que vai voltar a chamar os jovens para a
tropa. Dizem os investigadores suecos, em relatório publicado há
cerca de duas semanas, que desde o final da Guerra Fria que não se vendiam
tantas armas no mundo.
Aqui
chegados, os mais pessimistas poderão recordar as palavras de Adelino
Mendes escritas há precisamente um século, na primeira página de “A Capital” de
3 de março de 1917.
“Tudo
indica que estamos a aproximar-nos do ultimo momento. A situação escurece
cada vez mais. A tragédia adensa-se constantemente. A guerra aperta sem
cessar, em volta do pescoço de todos os povos, a sua garra de ferro em brasa.”
Assustador?
Sim. Mas na mesma página, logo após a assinatura, há duas linhas capazes
de fazer sorrir até um rapaz sueco de 18 anos que previa, com a graça de Deus,
gastar o dinheiro que lhe saíra do pelo a ganhar numas milagrosas férias de
curto prazo em Lisboa, em janeiro do ano que vem.
“Querem
lanchar bem e cear melhor? Vão à Argentina, Rua 1.º de Dezembro, 75”
OUTRAS
NOTÍCIAS
Vamos
antes a um breve guia para levar esta sexta-feira até à hora da ceia com
toda a tranquilidade.
Fique
a saber desde já que se assinalam hoje os seguintes dias: Internacional
do Omega 3, Internacional dos Cuidados do Ouvido, Internacional da Vida
Selvagem e Mundial da Oração.
Se
estiver perto da televisão, o ministro dos Negócios Estrangeiros é
entrevistado na SIC Notícias dentro de minutos. A relação com Angola deverá
ser um dos temas da conversa com Augusto Santos Silva.
Comecemos
devagar. A discussão sobre o milagre do défice - que motivou uma
estranha e quasi teológica troca de recados entre Teodora
Cardoso, presidente do Conselho de Finanças Públicas, Marcelo
Rebelo de Sousa e António
Costa – poderá ter alguns desenvolvimentos durante o dia de hoje.
O
mais provável, porém, é que as conversas se mantenham centradas nos
milhões que voaram para offshores, o assunto preferido da classe política e
que veio logo a seguir à discussão sobre os
SMS do ministro das Finanças, coisa de que agora já não se fala tanto.
A
confirmar-se, tem aqui um bom ponto de partida. Pacheco Pereira, comentador
residente do programa “Quadratura do Círculo” e ex-deputado do PSD, acha que
Paulo Núncio, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo PSD-CDS,
“proferiu uma sucessão de mentiras”. Já Manuel Ferreira Leite, antiga
ministra das Finanças do PSD, considera que “ainda
está tudo por explicar”.
Nuno
Melo, do CDS, quer o
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, a dizer em
Bruxelas tudo o que sabe sobre transferências financeiras para o Panamá, no
âmbito da comissão de inquérito em Bruxelas aos Panamá Papers. Isto depois de
Rocha Andrade, que, com o novo Governo, sucedeu a Paulo Núncio na secretaria de
Estado, ter revelado que muitas
das transferências para offshores em 2014 foram feitas para o Panamá. O
Diário de Notícias fala de 2,6 mil milhões de euros.
[A
propósito do Panamá, convém que lembrar que é muito mais do que um
offshore com um canal por onde passam barcos grandes. Não só vão
recuperar um enorme parque verde, com um orçamento de 5 milhões de dólares,
como esperam ter o terminal 2 do aeroporto de Tocumen concluído dentro do
prazo e, segundo o governo, o PIB deverá crescer 5,8 % este ano. Há muito
para ler aqui – inclusive que
foi recusada fiança
aos senhores Mossak e Fonseca. Lembra-se deles?]
Como
isto está tudo ligado, parece que parte considerável do dinheiro que voou
de Portugal tinha origem no universo BES. É o que diz o Jornal Económico,
hoje, em primeira página.
Mais de metade dos 10 mil milhões ocultos e a maior parte do dinheiro foi
movimentada por empresas, não por particulares. Ora, Ricardo Salgado, que ontem
esteve na capa de duas revistas, disse ao Ministério Público que nada sabia
sobre as sociedades offshore que movimentaram o dinheiro suspeito de ter
saído do “saco azul” do GES para Helder Bataglia, que acabaram na conta do
amigo de José Sócrates. Só quando viu no Expresso.
E
hoje é dia de ver o fim do Assalto ao Castelo, a grande reportagem SIC
sobre o Banco de Portugal e os dias do fim do BES.
Prossegue
hoje em Guimarães, no quartel dos bombeiros, o julgamento da Operação
Fénix, relacionada com a atividade ilícita de segurança privada. Um caso com 57
arguidos, entre os quais está o presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge
Nuno Pinto da Costa, e um administrador da SAD do Porto, Antero
Henrique.
Está prevista uma greve
da Soflusa, mas fora da hora de ponta. Os trabalhadores vão parar no Cais
do Barreiro, durante a tarde, para discutir em plenário o Acordo de Empresa e a
falta de navios.
No
mar agitado da alta finança, o Snapchat fez a estreia em bolsa e com uma
valorização de 40%, para níveis quase nunca antes alcançados – exceto pelo
Facebook, em 2012. O pequeno fantasma branco que vive nesse quadradinho
amarelo que todos os miúdos têm no telemóvel está, por isso, bem-disposto.
Assim como os seus fundadores, agora ainda mais milionários.
Sim,
é agora. A trapalhada do momento com Donald Trump envolve russos e o homem que
o presidente escolheu para Procurador-Geral dos EUA. Trump manteve-se firme ao
lado de Jeff Sessions e garantiu que o Procurador não iria manter-se à margem
do inquérito que visa apurar a ingerência russa na última eleição presidencial. Isto
foi depois de ter sido revelado que Sessions tinha mantido encontros com
responsáveis russos – e depois de Sessions ter dito o contrário no Senado.
No fim, depois de Trump ter dado o peito ás balas, Sessions, que fizera
uma tentativa de negar as notícias, confirmou que, afinal, se encontrara mesmo
com o embaixador russo, em setembro. Por isso, Sessions não vai ter
qualquer intervenção no
referido inquérito. Simples como um penteado complicado.
Começa
hoje em Timor-Leste a campanha para as eleições presidenciais de 20 de
março. Há oito
candidatos e três eurodeputados portugueses entre
os observadores internacionais.
A
propósito, o bispo D. Ximenes Belo, Prémio Nobel da Paz em 1996, vai
ser homenageado esta
tarde em Lisboa, numa organização da Associação Académica de Direito da
Universidade Católica Portuguesa, em parceria com a Associação de Estudantes de
Teologia e a Associação de Estudantes Timorenses em Lisboa.
DESPORTO
“Um
susto terrível”, diz o jornal Marca,
sobre o que sucedeu ontem a Fernando Torres. O jogador do Atlético de
Madrid caiu inanimado no relvado durante o encontro com o Deportivo da
Corunha. As últimas notícias dão conta de que nada de grave terá sido
detetado. “Fernando Torres sofreu traumatismo cranioencefálico e foi
transportado a um hospital para realizar exames médicos. O nosso jogador, que
se encontra estável, sofreu um golfe forte na cabeça e teve de ser retirado de
ambulância”, explicou, ao final da noite, o clube de Madrid.
Menos
tranquila está a arbitragem portuguesa e ontem, horas depois de ter sido
vandalizado o restaurante da família do árbitro Jorge Ferreira, a APAF pediu calma
e responsabilidade a todos os que giram à volta da bola que gira. Há um
jornal que fala disso (é já a seguir).
A
campanha eleitoral no Sporting acaba esta noite e a votação decorre
durante todo o dia de amanhã, em Alvalade. O novo presidente, que pode ser o
atual ou o estreante, Bruno de Carvalho ou Pedro Madeira Rodrigues, será conhecido às dez
da noite de sábado.
MANCHETES
DN:
“115 mil fiadores chamados a pagar dívidas a bancos”
JN:
“Câmaras avaliam casas e passam a definir o IMI”
Público:
“Governo tentou repartir Novo anco entre BCP e CGD”
Correio
da Manhã: "Linha SOS protege árbitros"
I:
“Manuel Alegre: Na minha segunda candidatura, o apoio do PS foi uma armadilha.
O PS ajudou Cavaco a ganhar”
O
QUE ANDO A LER
Há
pouco mais de dois meses, o Expresso publicou na revista E um ensaio de Daniel
Oliveira sobre o futuro do mercado do trabalho e as consequências desta quarta
revolução industrial que estamos a viver.
Lembrei-me
desse trabalho porque, há dias, o Financial Times voltou à carga com um
artigo que merece cada um dos longos minutos que leva a ler.
Dizem
os manuais de jornalismo que os leitores olham primeiro para o título – e
este vale a pena “Do Androids dream of personal deductions?”. Depois, espreitam a
fotografia e a legenda – uma simpática jovem japonesa chamada Kodomoroid, um
robot fabricado pela empresa Hiroshi Ishiguro. Atentam ainda nas pequenas caixas
de informação – há duas: uma diz que a maioria dos 5,6 milhões de empregos
perdidos entre 2000 e 2010 aconteceu devido à automação; a outra é uma conta,
segundo a qual um robot (que pode ser uma máquina ou um programa informático)
custa à empresa 8 dólares por hora, enquanto um humano custa 25 dólares.
Chegamos,
por fim, ao artigo, que pode ler aqui.
O ponto de partida? Bill Gates sugeriu que seja criado um imposto para
robots, de modo a compensar os enormes custos humanos que resultarão da
crescente automação do mercado de trabalho. Mas há quem defenda o contrário,
argumentando que a carga fiscal pode enfraquecer a tecnologia que vai criar os
empregos do futuro.
Robots
e humanos, escreve Richard Walters, poderão um dia sentir-se seguros nas suas
respetivas esferas de emprego. Mas isso não significa que será fácil
repartir o esforço fiscal.
Nunca
é fácil. Nada é fácil.
Não
se esqueça do guarda-chuva e do casaco. E se por acaso lhe perguntarem, ou
se surgir em
conversa, pode dizer que Manuel Salustiano Damasceno Monteiro foi
presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1854 e 1858.
Há Expresso
Diário às seis da tarde e Expresso nas bancas amanhã bem cedo.
Até lá, basta passar por aqui para
saber tudo o que precisa.
Tenha
um bom dia e um excelente fim de semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário