Ana
Alexandra Gonçalves*
O
Brexit é facto consumado: o Reino Unido já evocou o famigerado artigo 50 e
todos os procedimentos estão a decorrer para que a saída efectiva do país se
concretize. Por estas páginas já se disse que se considera o Brexit um erro com
consequências manifestamente negativas para todas as partes envolvidas.
Sendo
certo que as instituições europeias e seus protagonistas não devem adoptar uma
postura nem demasiado condescendente, nem demasiado rígida, também não é
necessário, nem tão-pouco profícuo, que o Presidente da Comissão se refira à
opção britânica ou ao apoio americano a essa opção como se referiu. Já por
demasiadas ocasiões líderes europeus se referiram ao assunto com uma ligeireza
que não se admite a este nível diplomático.
Para
quem não esteve atento, Jean-Claude Juncker afirmou que se o Presidente
americano está feliz com o Brexit, apoiando inclusivamente outros
Estados-membros no sentido de seguirem o exemplo do Reino Unido, então ele,
Juncker, talvez devesse "promover a independência do Ohio e de Austin, no
Texas".
Ora,
o que é que a UE ganha, objectivamente, com estas palavras quezilentas? E
apesar dos americanos terem optado por colocar um bronco da pior espécie na
Casa Branca, de que forma é que estas palavras provocatórias contribuem
positivamente para as relações entre UE e EUA?
O
Brexit é um erro cujas consequências ainda mal se sentem, sobretudo para o
próprio Reino Unido. A Administração americana é, ela própria, uma asneira de
dimensões incomensuráveis. Mas ainda assim, a má educação, as provocações e
respostas na mesma moeda não levarão a Europa a lado nenhum e Juncker deveria
sabê-lo.
Ana Alexandra
Gonçalves – Triunfo da Razão
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