quarta-feira, 5 de abril de 2017

UE TENCIONA RECORRER A ISRAEL PARA ASSEGURAR SEU ABASTECIMENTO DE GÁS



Ruptures

Segunda-feira, 3 de Abril, a Comissão Europeia, ladeada por representes de três Estados membros da UE – Itália, Grécia e Chipre – assinou um plano com Israel que prevê a construção de um gasoduto indo deste país para as costas da Europa do Sul.

No horizonte de 2025, o gasoduto, que teria 2 200 km, transportaria até 16 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano dos campos marítimos israelenses e cipriotas para a Itália e a Grécia. Segundo o ministro israelense da Energia, esta obra, avaliado em 6 mil milhões de euros, é encarada com muito entusiasmo pelos bancos americanos Goldman Sachs e JP Morgan.

Por sua vez, o comissário europeu para a Energia, Miguel Arias Canete, presente em Tel Aviv para a assinatura, não escondeu que este projecto visava concorrer com um outro gasoduto em construção, o North Stream II, que poderá trazer até 55 mil milhões de metros cúbicos de gás russo para a Alemanha passando debaixo do Báltico.

Este projecto germano-russo nunca foi do agrado de Bruxelas e é asperamente combatido pela Polónia, pelos países bálticos e pelos escandinavos, porque permitiria a Moscovo vender seus hidrocarbonetos sem transitar pela Ucrânia.

"Parceiro mais fiável"

No clima oficial pouco favorável a Moscovo, Arias Canete não deixou de afirmar que Israel seria um parceiro muito mais fiável do que a Rússia.

Trata-se realmente de uma afirmação mais ideológica do que factual: quer no tempo da URSS ou no período posterior a 1991, o fornecimento de gás russo aos países da UE não foi interrompido nem uma única vez. Em contrapartida, vários conflitos gasistas opuseram o fornecedor russo Gazprom à Ucrânia, em que esta última não cumpriu as entregas efectuadas.

Mas isso não importa: para Bruxelas, a perspectiva de depender de Israel seria uma contribuição mais indiscutível em matéria de segurança de abastecimento.

Esta profissão de fé repousando sobre a boa vontade do Estado judeu – de que se sabe o desinteresse total e que, evidentemente, não está no cerne de qualquer jogo estratégico – acontece apenas alguns dias depois de o enviado especial da UE em Israel ter apontado mais uma vez os confiscos de terra palestinas, as "transferências forçadas de população", as expulsões em massa e o bloqueio da ajuda humanitária – além da constatação de factos nos territórios ocupados que são "contrários ao direito internacional".

Este relatório foi validado pelos embaixadores dos vinte e oito países. E imediatamente arrumado numa gaveta, como de costume.

Se a UE depender um dia de Tel Aviv para o seu gás, ela deverá provavelmente economizar este tipo de inquérito.


Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/

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