Pedro
Silva Pereira* | Jornal de Notícias | opinião
Parece
que um ruidoso grupo de políticos e comentadores espertalhaços, com o próprio
senhor Dijsselbloem à cabeça, queriam que o Governo português tivesse pedido a
demissão do presidente do Eurogrupo em plena reunião dos ministros das Finanças
da Zona Euro, precipitando uma votação logo ali, mesmo antes de os chefes de
Estado e de Governo terem consensualizado a necessária alternativa política
para a liderança daquela instituição. Felizmente, o Governo não caiu nessa
esparrela. Como é óbvio, provocar uma votação entre os ministros das Finanças
quando a solução para o futuro do Eurogrupo ainda está em construção entre os
líderes europeus seria uma grave precipitação, que corria até o risco de
produzir o efeito contrário ao desejado, oferecendo ao senhor Dijsselbloem, de
mão beijada, o balão de oxigénio de que tanto precisa para amenizar estes seus
derradeiros dias à frente do Eurogrupo.
Era
o que mais faltava que fosse o senhor Dijsselbloem a ditar a estratégia que
devem seguir os que pretendem o seu afastamento, tal como era o que mais
faltava que fossem os que sempre tiveram uma atitude de total subserviência em
Bruxelas - e sabemos bem quem são - a querer agora dar lições de como se pode,
e deve, ser forte e bravo no Eurogrupo!
A
verdade é que o Governo está a fazer, com firmeza e paciência, exatamente o que
deve ser feito: exigiu, como se impunha, de forma clara e inequívoca, ao mais
alto nível, a demissão do senhor Dijsselbloem e fê-lo imediatamente a seguir às
suas intoleráveis declarações sobre os países do Sul; teve a coragem de,
através do secretário de Estado Mourinho Félix, confrontar, cara a cara, o
senhor Dijsselbloem e exigir-lhe um pedido de desculpas em plena reunião do
Eurogrupo; finalmente, e mais importante, está a trabalhar ativamente na sede própria,
junto das lideranças políticas europeias, na construção de uma alternativa para
a liderança do Eurogrupo. Chama-se a isto levar a água ao seu moinho.
*
Eurodeputado
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