Após
cúpula em Hamburgo, todos os países-membros do grupo exceto os EUA consideram
Acordo de Paris irreversível. Merkel diz que decisão de Washington de abandonar
pacto climático é "lamentável".
A
declaração final acordada neste sábado (08/07) pelos líderes do G20 reunidos em
Hamburgo, na Alemanha, reflete uma divisão entre os Estados Unidos e os
demais membros do grupo em relação ao Acordo do Clima de Paris.
"Tomamos
nota da decisão dos Estados Unidos de se retirarem do Acordo de Paris",
diz a declaração, em referência ao pacto que visa combater as mudanças
climáticas. "Os líderes dos demais Estados-membros do G20 afirmam que o
acordo é irreversível."
A
chanceler federal alemã, Angela Merkel, anfitriã da cúpula de dois dias do
grupo das 20 maiores economias do mundo, disse estar satisfeita com a posição
de todos os membros exceto os EUA, que se comprometeram a implementar o Acordo
de Paris rapidamente.
"Acho
que está muito claro que não chegamos a um consenso, mas as diferenças não
foram escondidas, mas sim claramente apontadas", disse Merkel ao final do
encontro. Ela disse não compartilhar da visão da primeira-ministra britânica,
Theresa May, que nesta sexta-feira disse acreditar que Washington pudesse
decidir retomar o Acordo de Paris.
Aprovado
no final de 2015, o pacto climático visa limitar o aumento da temperatura
global ao teto máximo de 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial.
Abandonar o Acordo de Paris era uma das promessas de campanha do presidente
americano, Donald Trump.
Esta
foi a primeira cúpula do G20 da qual o líder americano participou, tendo se
reunido com Merkel, trocado algumas palavras com o presidente brasileiro,
Michel Temer, e conversado
pela primeira vez cara a cara com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Neste
sábado, Trump parabenizou Merkel pela condução do encontro de chefes de Estado
e de governo em Hamburgo. "Você foi incrível e fez um trabalho fantástico.
Muito obrigado, chanceler", disse Trump.
Merkel: "bons
resultados"
Merkel
destacou que, apesar da divisão em relação às mudanças climáticas, de
discussões "difíceis" e da decisão "lamentável" dos EUA de
abandonarem o Acordo de Paris, "bons resultados em algumas áreas"
foram alcançados durante a cúpula.
Quanto
ao comércio, outro tema-chave durante a cúpula de dois dias em Hamburgo, os
líderes concordaram em "combater o protecionismo, incluindo todas as
práticas comerciais injustas, e reconhecer o papel de instrumentos legítimos de
defesa do comércio". O comunicado final afirma que o comércio deve sempre
trazer vantagens mútuas.
Comunicados
emitidos pelo G20 expressam intenções e depende de cada governo se estas serão
seguidas. Ainda assim, os documentos acordados pelas 20 maiores economias do
mundo dão o tom para a formulação de políticas globais e permitem que pressão
seja exercida quando o que foi acordado não é cumprido.
Outros
acordos fechados durante o encontro incluem um acordo para pressionar
provedores de internet para detectarem e remover conteúdo extremista, visando o
combate ao terrorismo.
A
cúpula em Hamburgo também foi marcada por protestos
anticapitalismo e antiglobalização. Apesar de a maioria dos manifestantes
protestar de forma pacífica, alguns milhares provocaram caos na cidade,
erguendo e incendiando barricadas, saqueando supermercados e atacando forças de
segurança. Mais de 200 policiais ficaram feridos.
LPF/rtr/ap
| Deutsche Welle
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