Imagens
nas redes sociais mostram polícia moçambicana a torturar garimpeiros das minas
de rubis em Namanhumbir, Montepuez, na província nortenha de Cabo Delgado.
Poderá ser um caso de violação dos direitos humanos.
As
imagens foram postas a circular nas redes sociais e é notório o nível de
tortura a que os garimpeiros nas minas de rubis de Namanhumbiri foram
sujeitos. Para os defensores dos direitos humanos, a imagem de Moçambique
fica mais uma vez manchada neste cenário.
São
imagens chocantes que, para o presidente da Comissão Nacional dos Direitos
Humanos, Custódio Duma, independentemente das irregularidades que os
garimpeiros cometeram, "aquele tipo de atitudes são hoje condenáveis. Não
se percebe [estas atitudes], em pleno século XXI". Considera que a polícia
devia ter agido de outra forma: "independentemente da situação que
aconteceu no local aquele não é o tratamento que se deve dar àqueles
cidadãos".
Este
caso é mais uma batata quente para o Ministério Público. Aliás, Custódio Duma
não tem dúvidas de que os polícias não receberam ordens para praticar aqueles
atos. Por um lado, "eles mesmos quebraram o código disciplinar e, por
outro, aquilo que está a acontecer ali é tortura",
classifica, acrescentando que por se tratar de um crime "o comando
terá de aplicar medidas disciplinares”.
Direitos
humanos são um desafio em Moçambique
Estes
atos revelam que Moçambique ainda enfrenta muitos desafios sob o ponto de vista
da defesa dos direitos humanos, diz ainda Custódio Duma. "O que temos de
fazer é evitar que estas situações aconteçam e ao acontecerem estão a criar
mais espaços para a crítica e a colocar o país numa situação não muito
favorável”, alerta.
A
presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabote, apesar de ainda não ter
tido acesso às imagens, refere que não surpreendem porque a polícia sempre
recorreu ao uso excessivo da força, com a qual discorda. "Isso
preocupa-nos. Eles acham-se os donos da terra e a melhor forma de retirar as
pessoas é usar armas excessivamente, é complicado.”
Leis
obrigam à diminuição do excesso de repressão
Alice
Mabote refere que o país gosta de ser manchado internacionalmente no que diz
respeito aos direitos humanos. Acredita que "uma das melhores formas que
se podia fazer é questionar o ministro da Justiça e Assuntos Constitucionais,
tendo em consideração que a revisão periódica da legislação recomenda a algumas
medidas para diminuir o uso excessivo da força”, sugere.
Este
cenário acontece numa altura em que a Comissão dos Direitos Humanos e
Legalidade do Parlamento moçambicano iniciou nesta terça-feira (18.07) um
debate sobre a revisão da legislação penal.
A
revisão visa inserir a preocupação com a dignidade humana e o respeito pelos
direitos humanos em Moçambique.
Romeu
da Silva (Maputo) | Deutsche Welle
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