Os
trabalhadores da Agência de Notícias LUSA estão preocupados com a situação da
empresa, nomeadamente as dotações orçamentais que lhe permitam realizar a
tarefa fundamental de recolher e distribuir informação.
Os
mais distraídos talvez não notem, mas é a LUSA que produz e distribui por todos
os restantes órgãos de comunicação social a actualidade diária que ocorre nos
mais variados sectores sociais e em todos os quadrantes geográficos do país e
da Lusofonia.
São
mais de 200 jornalistas espalhados pelo território nacional, pelos países de
língua portuguesa e em delegações nalgumas das principais capitais mundiais que
recolhem, tratam e distribuem as notícias do dia e as histórias consideradas
mais relevantes.
É
um trabalho fundamental para a sustentação de um regime democrático. Sem
informação não há Democracia e, por isso, a existência da LUSA torna-se
fundamental.
OS
ETERNOS PROBLEMAS DE FINANCIAMENTO
Acontece
que, ciclicamente, a agência noticiosa tem problemas de financiamento. Metade
do capital social está nas mãos de privados que em nada contribuem para o bom
funcionamento da agência. Para os “patrões da comunicação social” a LUSA serve
para escoar pessoal excedentário mas que não convém despedir. É assim que os
principais grupos de comunicação social têm lá colocado directores,
sub-directores e vice-directores, coordenadores e administradores, gente que
lhes prestou bons serviços ao longo de anos e que, por vínculos políticos ou
outros, não querem despedir. Assim, dão-lhes a oportunidade de mudar de emprego.
Os principais accionistas privados da agência noticiosa são a Impresa, a Global Media, o Jornal Público e O Primeiro de Janeiro.
Os principais accionistas privados da agência noticiosa são a Impresa, a Global Media, o Jornal Público e O Primeiro de Janeiro.
Outro
problema que inquina a vida da LUSA é que esses accionistas privados são, em
simultâneo, clientes da LUSA. Ora, um acionista que é cliente vive um dilema de
conflito de interesses que eles resolvem sempre para o lado das respectivas
empresas. É por isso que o custo dos serviços da LUSA se mantém praticamente
inalterado ao longo dos anos e é por isso que o Estado tem de continuar a pagar
integralmente o financiamento da agência noticiosa.
A
indemnização compensatória que o estado paga à LUSA pelo serviço público que a
agência presta está sempre em discussão e o Estado deseja pagar sempre menos
enquanto que as necessidades inerentes ao serviço prestado não diminuem.
TRABALHADORES
CRITICAM ADMINISTRAÇÃO E DIRECÇÃO DE INFORMAÇÃO
O
que se passa agora não é novo. A administração e a direcção de Informação são
órgãos muito dependentes da vontade política dos governos e tendem à subserviência,
o que é incompatível com o exercício do jornalismo.
Os
trabalhadores da Lusa, reunidos em plenário, consideraram a situação da empresa
“preocupante” por estar a funcionar em “sobrecarga e sem estratégia” e instaram
o Conselho de Administração e a Direcção de Informação a tomarem uma “posição
pública” sobre a situação da empresa e a necessidade de garantir um serviço
público informativo e noticioso de qualidade”, pode ser lido na moção aprovada
sobre a situação geral da empresa.
Qualquer
solução dos problemas da Lusa deve conjugar “de forma indissociável” as
questões do financiamento da empresa com as da sua estratégia e da sua
liderança, refere o documento.
Os
trabalhadores pretendem, ainda, que as contratações e nomeações futuras sejam
norteadas por critérios “técnicos, transparentes, objetivos e públicos”.
Vincando
a ausência de uma perspectiva de solução para os problemas, que não são de
agora e se arrastam, os trabalhadores lamentam a “oportunidade perdida” pelo
Governo actual “para corrigir com ganhos os cortes orçamentais superiores a 30%
que provocaram a saída de 10% dos trabalhadores, a degradação dos vínculos
laborais, designadamente da rede internacional, a redução da produção, a ameaça
de criação de um Portugal invisível e um funcionamento em sobrecarga da
estrutura restante”.
Por
esse motivo, criticam a “desorientação” do Governo, dada a sucessão de
“episódios infelizes e declarações e práticas contraditórias”.
Os
trabalhadores denunciam ainda a “passividade” da Direcção de Informação por
continuar a acreditar que lhe serão atribuídos os meios necessários e a sua
“falta de critério” evidenciada pelas alterações propostas na redacção.
Carlos
Narciso | Portugal Alerta
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