Macau,
China, 20 dez (Lusa) - O chefe do Governo de Macau afirmou hoje "ser
impossível" calar as vozes da oposição, numa referência ao caso do
deputado pró-democracia Sulu Sou, cujo mandato foi suspenso para ser julgado
por desobediência qualificada.
Chui
Sai On falava aos jornalistas antes do início da cerimónia comemorativa do 18.º
aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau
(RAEM), a 20 de dezembro de 1999.
Perante
a pergunta se "o julgamento de Sulu Sou é uma forma de calar a
oposição", o chefe do Governo respondeu: "É impossível calar as vozes
opostas. Mas também é para o bem de Macau haver opiniões diferentes".
O
responsável acrescentou ser "natural que numa sociedade em desenvolvimento
existam vozes diferentes", escusando-se a comentar o caso de Sulu Sou
quando está em curso um processo judicial.
"Não
tenho problemas com vozes da oposição, como podem ver pelos últimos 18 anos.
Aceito e respeito os diferentes canais de opinião. É normal. Como Governo
esperamos apenas poder corresponder às expetativas da população", disse.
No
início deste mês, a Assembleia Legislativa aprovou a suspensão do mandato do
mais jovem deputado de Macau, permitindo que avançasse o processo judicial por
desobediência qualificada, na sequência de uma manifestação realizada em maio
de 2016.
Segundo
as autoridades, os manifestantes não cumpriram o percurso autorizado,
"ocuparam ilegalmente as vias públicas" e recusaram responder à ordem
de dispersão, durante um protesto contra a atribuição, por parte da Fundação
Macau, de um subsídio de 100 milhões de reminbis (13,7 milhões de euros ao
câmbio da altura) à Universidade de Jinan, na China.
Mais
de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, e 1.100, de acordo com a polícia,
saíram então à rua para pedir a demissão do líder do Governo.
Sulu
Sou, de 26 anos, foi eleito deputado nas eleições de setembro passado através
de uma lista afiliada da maior associação pró-democracia do território, a Novo
Macau.
Nas
declarações aos jornalistas, o chefe do Governo de Macau desvalorizou ainda o
resultado de uma sondagem da Universidade de Hong Kong, divulgada na
terça-feira, de acordo com a qual o seu nível de popularidade é o mais baixo
registado desde 2009, ano em que assumiu o cargo.
"Desde
o estabelecimento da RAEM tenho constatado bastantes inquéritos, em diferentes
fases, sobre o trabalho do Governo e quer a popularidade seja baixa ou alta é
sempre preciso trabalhar para melhorar", afirmou.
Chui
Sai On lembrou que a sondagem foi realizada em setembro, logo a seguir à passagem
pelo território do tufão Hato, que causou dez mortos e mais de 240 feridos.
"Para
mim, o mais importante é tentar melhorar a prevenção e resposta a estas
calamidades. Vou tentar fazer o meu melhor no resto do meu mandato [que termina
em 2019] e servir a população", sublinhou.
A
sondagem, realizada no final de setembro, mostra uma queda no índice de
popularidade do chefe do Governo de Macau de 11,2 pontos para 49.5. Em 2016, o
índice era de 60,7.
Também
a taxa de satisfação relativamente ao Governo de Macau registou uma quebra de
19 pontos percentuais para 25%, de acordo com o mesmo estudo.
A
Universidade de Hong Kong utilizou uma amostra de 505 residentes de Macau, que
responderam ao inquérito por telefone.
EJ
(DM/FV/ISG) // FPA
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