quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Chefe do Governo de Macau considera "ser impossível" calar vozes da oposição

Macau, China, 20 dez (Lusa) - O chefe do Governo de Macau afirmou hoje "ser impossível" calar as vozes da oposição, numa referência ao caso do deputado pró-democracia Sulu Sou, cujo mandato foi suspenso para ser julgado por desobediência qualificada.

Chui Sai On falava aos jornalistas antes do início da cerimónia comemorativa do 18.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), a 20 de dezembro de 1999.

Perante a pergunta se "o julgamento de Sulu Sou é uma forma de calar a oposição", o chefe do Governo respondeu: "É impossível calar as vozes opostas. Mas também é para o bem de Macau haver opiniões diferentes".

O responsável acrescentou ser "natural que numa sociedade em desenvolvimento existam vozes diferentes", escusando-se a comentar o caso de Sulu Sou quando está em curso um processo judicial.

"Não tenho problemas com vozes da oposição, como podem ver pelos últimos 18 anos. Aceito e respeito os diferentes canais de opinião. É normal. Como Governo esperamos apenas poder corresponder às expetativas da população", disse.

No início deste mês, a Assembleia Legislativa aprovou a suspensão do mandato do mais jovem deputado de Macau, permitindo que avançasse o processo judicial por desobediência qualificada, na sequência de uma manifestação realizada em maio de 2016.

Segundo as autoridades, os manifestantes não cumpriram o percurso autorizado, "ocuparam ilegalmente as vias públicas" e recusaram responder à ordem de dispersão, durante um protesto contra a atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de reminbis (13,7 milhões de euros ao câmbio da altura) à Universidade de Jinan, na China.

Mais de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, e 1.100, de acordo com a polícia, saíram então à rua para pedir a demissão do líder do Governo.

Sulu Sou, de 26 anos, foi eleito deputado nas eleições de setembro passado através de uma lista afiliada da maior associação pró-democracia do território, a Novo Macau.

Nas declarações aos jornalistas, o chefe do Governo de Macau desvalorizou ainda o resultado de uma sondagem da Universidade de Hong Kong, divulgada na terça-feira, de acordo com a qual o seu nível de popularidade é o mais baixo registado desde 2009, ano em que assumiu o cargo.

"Desde o estabelecimento da RAEM tenho constatado bastantes inquéritos, em diferentes fases, sobre o trabalho do Governo e quer a popularidade seja baixa ou alta é sempre preciso trabalhar para melhorar", afirmou.

Chui Sai On lembrou que a sondagem foi realizada em setembro, logo a seguir à passagem pelo território do tufão Hato, que causou dez mortos e mais de 240 feridos.

"Para mim, o mais importante é tentar melhorar a prevenção e resposta a estas calamidades. Vou tentar fazer o meu melhor no resto do meu mandato [que termina em 2019] e servir a população", sublinhou.

A sondagem, realizada no final de setembro, mostra uma queda no índice de popularidade do chefe do Governo de Macau de 11,2 pontos para 49.5. Em 2016, o índice era de 60,7.

Também a taxa de satisfação relativamente ao Governo de Macau registou uma quebra de 19 pontos percentuais para 25%, de acordo com o mesmo estudo.

A Universidade de Hong Kong utilizou uma amostra de 505 residentes de Macau, que responderam ao inquérito por telefone.

EJ (DM/FV/ISG) // FPA

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