sábado, 15 de abril de 2017

Brasil: NOS ÚLTIMOS 30 ANOS NINGUÉM FOI ELEITO SEM DINHEIRO ILEGAL DA ODEBRECHT


O atual presidente do Brasil, Michel Temer, recebeu dinheiro por baixo da mesa da maior empresa de construção civil do país, a Odebrecht, para as suas campanhas eleitorais.

A construtora ajudou ainda, de forma ilícita, todos os ex-presidentes vivos do Brasil a ganhar eleições - Dilma Rousseff, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Collor de Mello e José Sarney.

Segundo Emílio Odebrecht, antigo presidente da empresa, nos últimos 30 anos ninguém se elegeu no Brasil sem dinheiro da Odebrecht doado ao saco azul dos partidos ou dos comités de campanha dos candidatos.

Ele, Emílio, e o filho Marcelo Odebrecht, que o sucedeu à frente dos destinos da construtora, são dois dos 77 executivos da companhia que aceitaram assinar um acordo de delação com a polícia brasileira no âmbito da Operação Lava-Jato.

Além dos ex-presidentes citados, a maioria dos favoritos à próxima eleição, em 2018, como Lula, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros, foram citados pelos delatores como beneficiários do esquema. Fora oito ministros do atual governo, 11 governadores de estado, três prefeitos, um terço dos senadores e duas dezenas de deputados.

Mas são os detalhes das delações que mais chocam o país: segundo o ex-quadro da Odebrecht Henrique Valadares, sindicalistas foram pagos pela empresa para silenciar greves em obras. Polícias para deixar a construtora agir livremente fora de lei.

No Brasil, o povo costuma dizer a brincar "este país não tem solução, vamos devolvê-lo aos índios". Mas talvez seja melhor rever a frase: Segundo o mesmo delator, até índios, como Antenor Karitário, chefe de uma tribo na Rondônia, recebia mesadas para não fazer queixas ambientalistas contra obras da Odebrecht.

João Almeida Moreira | TSF

Portugal. O “SUCESSO” DE MANUEL DIAS LOUREIRO


Querer arvorar-se em vítima e dizer que foi alvo de um processo que revela o ódio dos portugueses pelo sucesso só pode ser uma anedota.

Manuel Carvalho | Público | opinião

Em mais um notável harakiri, a Justiça abriu a página ao milagre da transformação de Dias Loureiro de vilão em vítima. O responsável por negócios ruinosos que hoje estão a ser pagos pelos contribuintes, não foi acusado no âmbito de um inquérito que durou oito anos porque, "não obstante as diligências realizadas, não foi possível reunir prova suficiente". Mas, para que não ficássemos a pensar que a impotência da investigação se deve à incompetência dos que a conduziram ou, quiçá, do próprio sistema de Justiça, o despacho de arquivamento entra em delírio ao sinalizar que "subsistem as suspeitas, à luz das regras da experiência comum" que apontam para o facto de que “o objectivo dos negócios foi tão só o enriquecimento ilegítimo de terceiros à custa do prejuízo do BPN, nomeadamente de si e do Dr. Oliveira e Costa..." Foi o suficiente para que meio mundo se empenhasse a vituperar (com razão) a Justiça e a manifestar dor e dó (sem causa) pela triste sina de Dias Loureiro.

Não há que duvidar: num estado de Direito, só os tribunais podem determinar culpabilidade ou inocência face ao que estipula a lei. E como entre uma e outra condição não pode haver zonas cinzentas, o despacho do Ministério Público é uma aberração. Mas na vida pública há muita vida para lá da que a esfera da lei aceita ou proíbe. Há margem para que cada um de nós formule juízos sobre ex-ministros baseados nos danos causados pelos seus actos à comunidade. E, principalmente, há margem para que cada um de nós possa fazer um juízo moral sobre as cavalgadas de políticos que ficam subitamente milionários e passam a fazer negócios com empresários misteriosos (para sermos simpáticos) com interesses em Marrocos ou em Porto Rico. Dias Loureiro é inocente à face da lei, mas é culpado pelo seu envolvimento em operações obscuras que fazem parte de uma tragédia, a do BPN, que vai custar ao país seis ou sete mil milhões de euros. Ignorar esta realidade é alimentar a cultura de relativismo e condescendência que ajudou a criar a desgraça em que vivemos.

Ao deixar no ar a ideia de que foi apenas a complexidade dos procedimentos ou os labirintos processuais a determinar o arquivamento do inquérito, o Ministério Público investe-se do papel de um zelador dos costumes empenhado em orientar o rebanho para uma sentença cívica ou moral. Um abuso das suas competências e, obviamente, uma estupidez. Dias Loureiro percebeu-o. E numa entrevista ao Diário de Notícias, onde teve todo o espaço do mundo para se fazer de vítima e quase espaço nenhum para explicar os negócios da Biometrics ou da Redal, tratou de explorar esse flanco. “O efeito que se pretende é que a opinião pública [me] continue a condenar”, disse. E condenar porquê? Porque “em Portugal há um pecado que não tem perdão, que é o ter sucesso”, acrescenta Dias Loureiro. Sucesso? Que sucesso?

Dias Loureiro fez o seu percurso depois de se formar e até ao momento em que telefonou ao pai a dizer que era ministro, nada indica que lhe tenham faltado empenho, trabalho árduo e mérito. Mas, um pouco à semelhança de outras criaturas do cavaquismo deslumbrado (nem é preciso falar de Duarte Lima), Dias Loureiro quis ter muito “sucesso”. Coisa que, bem se sabe, exige tempo e custa a conquistar. A menos que lhe fosse possível usar o capital político acumulado para gravitar nessa densa e estranha galáxia dos jogos de influência. Aí, o “sucesso” foi tanto que entre 2000 e 2007 Dias Loureiro conseguiu já arrecadar a simpática conta de 12,4 milhões de euros, lê-se no despacho de arquivamento do DCIAP citado por Luís Rosa no Observador. Estava portanto na hora de dar o salto. Qualquer arrivista ou candidato a arrivista gostaria de pisar os tapetes da grande arena da velhacaria nacional em que se transformou a banca e foi esse o destino de Dias Loureiro. À época, recorde-se, Oliveira e Costa ou Ricardo Salgado eram deuses que qualquer manga-de-alpaca com gula e rins para jogadas de risco gostavam de venerar.

OS BRAVOS DO EUROGRUPO


Pedro Silva Pereira* | Jornal de Notícias | opinião

Parece que um ruidoso grupo de políticos e comentadores espertalhaços, com o próprio senhor Dijsselbloem à cabeça, queriam que o Governo português tivesse pedido a demissão do presidente do Eurogrupo em plena reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro, precipitando uma votação logo ali, mesmo antes de os chefes de Estado e de Governo terem consensualizado a necessária alternativa política para a liderança daquela instituição. Felizmente, o Governo não caiu nessa esparrela. Como é óbvio, provocar uma votação entre os ministros das Finanças quando a solução para o futuro do Eurogrupo ainda está em construção entre os líderes europeus seria uma grave precipitação, que corria até o risco de produzir o efeito contrário ao desejado, oferecendo ao senhor Dijsselbloem, de mão beijada, o balão de oxigénio de que tanto precisa para amenizar estes seus derradeiros dias à frente do Eurogrupo.

Era o que mais faltava que fosse o senhor Dijsselbloem a ditar a estratégia que devem seguir os que pretendem o seu afastamento, tal como era o que mais faltava que fossem os que sempre tiveram uma atitude de total subserviência em Bruxelas - e sabemos bem quem são - a querer agora dar lições de como se pode, e deve, ser forte e bravo no Eurogrupo!

A verdade é que o Governo está a fazer, com firmeza e paciência, exatamente o que deve ser feito: exigiu, como se impunha, de forma clara e inequívoca, ao mais alto nível, a demissão do senhor Dijsselbloem e fê-lo imediatamente a seguir às suas intoleráveis declarações sobre os países do Sul; teve a coragem de, através do secretário de Estado Mourinho Félix, confrontar, cara a cara, o senhor Dijsselbloem e exigir-lhe um pedido de desculpas em plena reunião do Eurogrupo; finalmente, e mais importante, está a trabalhar ativamente na sede própria, junto das lideranças políticas europeias, na construção de uma alternativa para a liderança do Eurogrupo. Chama-se a isto levar a água ao seu moinho.

* Eurodeputado

XANANA, MARCELO E AS SOBERANIAS DOS PAÍSES DO G+7


M. Azancot de Menezes, Díli | opinião

Há um acontecimento recente relacionado com Timor-Leste e com Portugal que suscitou a minha atenção. Objectivamente, refiro-me à visita que o ministro do Planeamento e Investimento Estratégico realizou a Portugal, integrado numa delegação de países do G7+, bem como, o encontro que se seguiu, no dia 6 de Abril, com o presidente da República Portuguesa.

A viagem de sucesso que o líder histórico da resistência timorense realizou à antiga colónia portuguesa, integrado numa delegação dos países do grupo G7+, demonstrou, por um lado, o permanente protagonismo internacional de Kay Rala Xanana Gusmão, visto pela comunidade internacional como o homem forte de Timor-Leste. Por outro, revela a agressividade diplomática que Portugal parece estar a recuperar, e assumir, depois da eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, na procura conjunta de soluções para a resolução de alguns dossiês considerados complexos e delicados.

G7+

O G7+ é uma organização criada em 2010, que reúne 20 Estados-membros, entre os quais, Timor-Leste, países considerados frágeis e em situações de conflito ou pós-conflito.

O encontro que envolveu Xanana Gusmão e Marcelo Rebelo de Sousa, em conjunto com representantes de países desta organização internacional, assim como as reuniões realizadas com os presidentes da Assembleia da República e da Câmara Municipal de Lisboa tiveram um resultado concreto, muito positivo, a promessa do G7+ passar a ter uma sede em Lisboa, com todas as vantagens daí inerentes.

SENADOR NORTE-AMERICANO CONFIANTE NO FUTURO DE TIMOR-LESTE


Washington, 10 abr (Lusa) - O senador norte-americano Jack Reed afirmou à Lusa que Timor-Leste terá um "futuro pacífico e próspero", elogiando o trabalho feito pelas elites timorenses na construção do país.

Em declarações à Lusa, o democrata Jack Reed, que recebeu há semanas a Medalha da Ordem de Timor Leste - a maior condecoração que um estrangeiro pode receber do país - em reconhecimento pela sua contribuição para a causa da independência, afirmou que foi alertado, nos anos 1990, para os problemas de direitos humanos no país pela comunidade portuguesa no seu estado, Rhode Island.

"À época, era congressista e um grupo de luso-americanos, cidadãos preocupados, juntaram-se a alunos e professores da Universidade de Brown para levantar a questão das violações de direitos humanos em Timor Leste e do seu movimento independentista", recorda.

Hoje, 20 anos depois de se ter tornado num dos grandes advogados da situação timorense na política norte-americana, Jack Reed está otimista: "Tenho esperança de que Timor vai continuar a construir um futuro pacífico e próspero".

E mostrou-se sensibilizado com a homenagem do governo timorense: "É uma honra além da minha compreensão".

Nos anos 1990, quando percebeu a situação do país, Reed começou a defender a causa da independência na Câmara dos Representantes; pouco tempo depois, visitou o país para recolher mais informação, uma viagem que viria a repetir várias vezes ao longo dos anos.

TIMOR-LESTE QUER BANCO DE DESENVOLVIMENTO LUSÓFONO


Nova Iorque, 13 abr (Lusa) - O ministro do Planeamento e do Investimento Estratégico de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje que o país apoia a criação de um banco de investimento dedicado aos países lusófonos.

"Estamos a investir [no desenvolvimento económico dos países de expressão portuguesa], no sentido de facilitar a abertura de um banco internacional, em Timor-Leste, que permitiria ter agências em alguns países e facilitar créditos", disse o governante timorense à Rádio ONU.

Xanana Gusmão sublinhou que a cooperação económica entre os países da CPLP "não é um problema fácil, é um problema complexo, dada a colocação de cada país em regiões diferentes", mas que um banco poderia facilitar esse trabalho.

"Temos o Brasil, com os seus problemas. Portugal, com os seus problemas. Temos o problema dos cinco países africanos, com diferentes problemas, políticos, financeiros, de instituições (...), mas creio que iniciámos [esse trabalho de cooperação] no ano passado com o fórum económico da CPLP", explicou.

Xanana Gusmão disse, no entanto, "que só economistas de grande renome podem falar melhor" sobre o projeto, que ainda está na fase inicial.

Um banco deste género poderia seguir o exemplo de instituições internacionais, como o Banco do Sul, lançado por Hugo Chávez e que, além da Venezuela, agrega a Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e o Brasil, ou o banco que reúne as antigas colónias britânicas pertencentes à Commonwealth.

AYS // JLG

Moçambique: PRECISA-SE DE CIDADÃOS


@Verdade, Editorial

Vergonhosamente, o Governo da Frelimo tem vindo, algumas vezes em silêncio e em segredo, a impingir aos moçambicanos as dívidas contraídas ilegalmente com o aval do Estado pelas empresas EMATUM, Proindicus e MAM. Esta quinta-feira (13), os moçambicanos serão crucificados com as dívidas, ou seja, os empréstimos passarão oficialmente a Dívida Pública, uma vez que, de forma impune, foram incorporadas, pelo Governo da Frelimo, na Conta Geral de Estado de 2015.

A turma dos “camaradas” que, com aquele ar de meros empregados públicos cientificamente preparados para dizer “sim” a todo tipo de documento, escrito num idioma parecido com o português para aldrabar incautos, prepara-se para legitimar a maior e das piores situações de corrupção pós-independência. Aliás, não se pode esperar outra posição da banca parlamentar da Frelimo, até porque os deputados cravados na Assembleia da República estão ali para subscrever documentos que visam deixar a população na penúria. Este grupo, na sua habitual chatice congénita, continua a demonstrar desprezo absoluto por alguns princípios básicos da democracia, valendo-se da maioria absoluta parlamentar. Os deputados da Frelimo prosseguem indiferentes ao eleitor, ao povo e à opinião pública.

Os últimos acontecimentos mostram-nos de que o país precisa de cidadãos. Precisa de cidadãos capaz de reagir as situações de corrupção e trapaça que tomaram proporções alarmantes. O país precisa de cidadãos que se recusam a aceitar que a impunidade dirija as naus do destino desta nação. O nosso país precisa de cidadãos que saiam às ruas, exibindo dísticos e panfletos, exigindo a prestação de contas e a responsabilização dos indivíduos que roubaram o país e colocaram os moçambicanos numa situação de total desespero.

O que temos assistido é indivíduos que fingem que o problema não lhes diz respeito e não querem se envolver por julgarem que não há solução. Temos assistido a uma Sociedade Civil apática, incapaz de mobilizar os cidadãos moçambicanos, à semelhança do que temos vindo a assistir na vizinha África de Sul. Moçambique não precisa de indivíduos que somente ficam a reclamar nas redes sociais ou sentados na poltrona das suas casa. Moçambique precisa de cidadãos no verdadeiro sentido da palavra. Precisa-se, portanto, de indivíduos que conhecem os seus direitos e que tenham iniciativa, se sintam comprometido e provoque uma mudança revolucionária.

Moçambique. MAGISTRADOS PEDEM PROTEÇÃO


Vários homens ligados à justiça foram assassinados

A passagem do primeiro aniversário da morte do procurador Marcelino Vilanculos reabriu o debate sobre a necessidade ou não da protecção de magistrados, alguns dos quais têm sido mortos por falta de segurança.

Vilanculos foi morto a tiro no dia 11 de Abril do ano passado e os magistrados do Ministério Público decidiram homenageá-lo.

Eles aproveitaram o acto para pedir ao Governo no sentido de reforçar as medidas de segurança pessoal, incluindo a indicação de ajudantes de campo e a protecção das suas residèncias.

O presidente da Associação Moçambicana dos Magistrados do Ministério Público, Eduardo Sumana, explicou que as medidas poderiam ser selectivas, no caso de magistrados que se ocupam de processos judiciais complicados.

O analista Francisco Matsinhe entende que os magistrados estão expostos a riscos, mas sublinha que a sociedade não se deve preocupar apenas com a segurança dos juízes.

Contudo, o jurista, José Machicame entende que a protecção é necessária, sobretudo para os magistrados que lidam com processos sensíveis.

Sumana considerou que Vilanculos foi morto por falta de segurança e, na opinião da Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Alice Mabota "isso ocorreu porque há uma impunidade total".

Em Dezembro do ano passado, a Procuradoria-Geral da República instaurou um processo autónomo contra três indivíduos indiciados de autoria moral e material na morte de Marcelino Vilanculos, mas explicou que dois dos indiciados estão a monte e nunca mais se disse nada sobre o assunto.

Entre as outras mortes mais mediatizadas de juristas em Moçambique, ainda não esclarecidas, figuram as de Dinis Silica e de Giles Cistac.

Ramos Miguel – Voz da América

ANTIGOS COMBATENTES ANGOLANOS VIVEM NA MISÉRIA


Muitos ex-soldados angolanos que combateram contra o colonialismo português e na guerra civil que terminou em 2002 enfrentam hoje sérias dificuldades. Os baixos subsídios que recebem não chegam para as despesas diárias.

O feriado é assinalado todos os anos em Angola. O dia 4 de fevereiro de 1961 é considerado um marco importante no combate ao colonialismo português em África. Mas a data não reúne consenso entre o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a Frente de Libertação Nacional de Angola (FNLA), dois dos três movimentos que lutaram pela libertação de Angola. O MPLA defende que foi a 4 de fevereiro que começou a luta armada. A Frente de Libertação Nacional de Angola diz que foi a 15 de março.

Polémicas à parte, em comum todos têm  uma questão: a valorização dos ex-militares. Cinquenta e seis anos depois do início da luta armada, muitos antigos combatentes vivem praticamente na miséria.

Luís José Vatas, de 67 anos, foi guerrilheiro do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), o antigo braço armado da FNLA.

Reclama uma maior dignificação dos veteranos da luta armada e considera irrisórios os vinte mil kwanzas (cerca 111 euros) que recebe do Estado.

Angola. NEGÓCIO DO LIXO - Sérgio Piçarra




Sobre o autor: Sérgio Piçarra - Luanda, 1969. Autor de BD e cartoonista, é pioneiro e impulsionador destas artes em Angola. Tem livros publicados e participação em exposições colectivas, obteve um Diploma de mérito do Ministério da Cultura.

Rede Angola

Angola. Jornalista da LAC suspeita que o MPLA tenha influenciado o seu despedimento


Carlos Alberto foi despedido verbalmente e sem justificação e relaciona a saída com o facto de nunca ter elogiado o MPLA e o presidente JES.

O jornalista Carlos Alberto suspeita que o MPLA esteja por detrás do seu despedimento da Rádio Luanda Antena Comercial (LAC).

Dispensado ontem pelo director José Rodrigues, por via verbal, o radialista acredita que o facto de nunca ter elogiado o partido do poder e o presidente José Eduardo dos Santos tenha motivado a sua saída.

“Desconfio, mas não tenho provas, que o MPLA sempre andou atrás de mim. E hoje, mais uma vez, influenciou a cabeça do José Rodrigues para me dispensar. É por isso que ele não consegue dizer quais as razões objectivas para me despedir”, disse, em declarações à Rádio Despertar.

Carlos Alberto lembrou que as suas passagens pela Rádio Nacional de Angola (RNA), Televisão Pública de Angola (TPA) e RTP foram curtas porque “o partido do poder não gostava das minhas abordagens”.

O jornalista disse ainda aguardar pela carta de despedimento, onde espera que a LAC assuma as responsabilidades pelo facto de algumas das suas peças de rádio terem sido censuradas.

O Rede Angola pediu um comentário ao Sindicato dos Jornalistas de Angola (SJA). Em resposta, o SJA disse que irá inquirir a direcção da LAC sobre o caso e só depois irá pronunciar-se.

Rede Angola | Foto Ampe Rogério

MPLA LIDEROU MALANDROS QUE FALIRAM O BESA - com lista de nomes dos 67 malandros


O regime que considera Angola o MPLA e o MPLA Angola, tudo está a fazer para continuar a delapidar os cofres do dinheiro público, gerir mal os destinos de Angola, sem rigor, responsabilidade e sentido patriótico, depois das eleições gerais de Agosto de 2017.

Os dados sobre como foram delapidados os cofres de dois bancos comerciais (CAP – Caixa Agro Pecuária e BESA – Banco do Espírito Santo Angola), principalmente, este último, BESA, são arrepiantes.

“Num outro país ou com dirigentes mais comprometidos com o país e o seu povo, o que aconteceu com o BESA daria, seguramente, a queda do governo e a prisão da maioria dos governantes, como no Brasil, face à podridão e ao volume da roubalheira”, disse em exclusivo ao F8, A.M.P.F, um antigo homem forte do BESA, que por razões de segurança pediu o anonimato.

Não se percebe, como altos dirigentes e militantes de um partido político, o MPLA, ousaram levar à falência bancos comerciais, sem que houvesse consequências criminais, tão pouco a indignação da oposição e ou da sociedade civil.

Colocado perante esta evidência, a fonte afirmou: “Não compreendo a indignação de muitos, quando tudo isso só aconteceu por ter havido ordens expressas do senhor Presidente da República, ao Álvaro Sobrinho, para a concessão dos créditos, aos dirigentes do MPLA, aos seus filhos, irmãos e outros próximos, que tinham sempre um prévio OK, para em caso de crise o gabinete presidencial garantir que assumiria. E foi o que para surpresa geral veio a ocorrer e assim, nunca mais ninguém vai devolver esse dinheiro e a dívida pública angolana vai aumentar”.

A culpa dos milhões e milhões de dólares, sub-repticiamente, roubados, por uns poucos, são responsáveis pela existência dos 21 milhões de angolanos pobres, que vivem abaixo do limiar da pobreza, sem medicamentos, assistência médica condigna, hospitais públicos decentes, enfermeiros competentes, escolas verdadeiras, professores estimulados, saneamento básico, água, luz e o sonho de terem oportunidades que lhes leve a projectar um futuro melhor.

GUINEENSES FALAM EM OTIMISMO E FRUSTRAÇÃO TRÊS ANOS APÓS AS ELEIÇÕES - reportagem


A 14 de Abril de 2014, a Guiné-Bissau voltava à normalidade constitucional, mas crise política continua

A Guiné-Bissau assinalou na quinta-feira, 13, o terceiro ano da realização das eleições gerais de 2014, que puseram fim a um conturbado período de transição, fruto de um Golpe de Estado, liderado pelo então Chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, António Indjai.

O vencedor das eleições legislativas foi o PAIGC, que indicou para primeiro-minsitro o seu líder Domingos Simões Pereira.

José Mário Vaz, também com o apoio do PAIGC, foi eleito Presidente da República.

A VOA saiu às ruas de Bissau para ouvir as pessoas.

Para muitos foram três anos de algum sinal de optimismo, mas, a maioria, fala em frustações.

Feitas as contas, todas as expectativas criadas à volta das eleições de 2014, não passaram de ilusões, segundo muitos entrevistados.

Outros, no entanto, compreendem a situação e acreditam no futuro do país.

Acompanhe a reportagem:


Lassana Casamá – Voz da América

GUINÉ-BISSAU. À ATENÇÃO DO PRESIDENTE DO SENEGAL, MACKY SALL – Abdulai Keita


Sobre a Guiné-Bissau, dirigido via email ao presidente do Senegal, Macky Sall, com quem o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve na sua visita ao Senegal, ainda há poucos dias. Talvez também por isso Abdulai Keita, nosso colaborador, partilha connosco o que se destina à atenção do presidente do Senegal, país vizinho e preponderante para a obtenção de uma paz douradora, para o entendimento e estabilidade, na Guiné-Bissau. Assim poderá acontecer se existir colaboração afincada, os bissau-guineenses merecem-no.

O texto está expresso em francês, escrito por Abdulai Keita. Não é atualmente a língua mais comum dos portugueses mas vamos respeitar a colaboração sempre pertinente e avisada de Keita. Que seja lida e interpretada pelos que dominam a língua de Balzac e outros. Curiosamente, há décadas, a língua francesa era muito mais frequente ser do domínio comunicacional dos portugueses que o inglês. Até mesmo no ensino oficial. E culturalmente, nas artes e na música, nas revistas da juventude e de outras idades – ex. Salut les Copains*. Atualmente predomina a anglofonia, sabiamente imposta por interesses de um império em expansão. Idioma e expressões idiomáticas comummente usados por aqueles que têm a responsabilidade de participar na defesa da língua portuguesa mas que não o fazem como devem, os jornalistas e outros assimilados da anglofonia global que nos domina e coloniza. Sinais dos tempos e de outras gerações com o complexo de pequenez injustificável, esquecendo que foi Portugal que proporcionou muitos mundos ao mundo e não o contrário.

Aqui, a seguir, o trabalho de Abdulai Keita, para os entendedores. Isso, depois de uma nota da Wikipédia sobre um marco dos anos 60 e seguintes, não só em França como em Portugal e noutras partes do mundo: *Salut les copains, renommé Salut ! par la suite, est un magazine d'abord mensuel puis bimestriel pour la jeunesse, paru de 1962 à 2006. Lancé par Frank Ténot et Daniel Filipacchi comme prolongement écrit de l'émission radiophonique éponyme, il est centré sur les artistes de musique pop. (MM / PG)

FRANÇA: A ESQUERDA VIVE, QUANDO NÃO SE RENDE


Jean-Luc Mélénchon sacode as eleições presidenciais e está a um passo de segundo turno. Segredo: fustigar regressão neoliberal e propor reformas democráticas radicais

Jon Henley | Outras Palavras | Tradução Cauê Ameni e Inês Castilho

Um avanço dramático, de 7 pontos percentuais nas pesquisas, paraece levar inesperadamente o candidato de esquerda, Jean-Luc Mélenchon para uma disputa entre quatro candidatos, que decidirão o primeiro turno das eleições presidenciais francesas.

A dez dias das votações, em 23 de abril, o candidato de centro, Emmanuel Macron, e a líder direitista Marine Le Pen, ambos com 23-24% de intenção de votos, ainda são os favoritos para seguirem adiante no segundo turno. [Uma nova pesquisa, divulgada nesta sexta-feira, por Le Monde, indica que a diferença caiu para apenas dois pontos. Macron e Le Pen tem 22% dos eleitores; Mélenchon subiu dois pontos e tem agora 20%. (nota de Outras Palavras)]

A ascensão do Mélechon — um político ácido, com uma plataforma radical sobre impostos e gastoús pblicos — ocorre num momento em que  que mais de um terço dos eleitores estão indecisos. Não há duas pesquisas totalmente iguais, por isso é impossível dizer com certeza quem seguirá para o segundo turno.

Jesus: a morte de um preso político e não um “sacrifício religioso” ou “expiatório"


Sexta-feira da Paixão é como é conhecido o “miolo” do Tríduo Pascal cristão, situada entre a última refeição de Jesus com seus discípulos, quando ele reafirma seu ensinamento decisivo, o caminho do amor, e a virada do sábado para o domingo, momento de esperança de uma vida renovada. A sexta é dia de contemplar  a prisão, tortura, julgamento, pena (crucifixão) e morte de Jesus, destino comum ao de milhares, milhões de presos políticos antes e depois dele.

A cena é descrita em detalhes no Evangelho de João (Jo 18,1-19,42) e antecipada, na Primeira Leitura, pelo último Canto do Servo Sofredor ( o 4º), no qual o profeta Isaías antecipava, mais de 500 anos antes, que um Servo seria preso e torturado: “tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos”. O profeta anunciava que ele seria desprezado,  esmagado e que, em sua entrega amorosa, radical e desafiadora do sistema, iria mostrar a nós, “ovelhas desgarradas” e acovardadas, o caminho da resistência e da justiça (Is 52,13 – 53,12).

Há uma maneira de encarar a caminhada decisiva de Jesus, resultado de suas escolhas ao longo da vida, com um pietismo adocicado-azedado e carregado de um falso moralismo, como se sua morte fosse culpa individual de cada pessoa simplesmente por termos nascido. Seria um “sacrifício religioso” expiatório para nos absolver, num ciclo que se torna punição eterna, sem absolvição, pois aprisiona os homens e mulheres a uma culpa sempre renovada, nunca purgada, sempre a necessitar o perdão do padre, do bispo da Igreja.

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