quarta-feira, 3 de maio de 2017

PORTUGAL À SOMBRA DE AMBIGUIDADES AINDA NÃO ULTRAPASSADAS – III


Martinho Júnior | Luanda 

Em saudação aos 60 anos do MPLA, aos 52 anos da passagem do Che por África e aos 43 anos do 25 de Abril… e assinalando os 50 anos do início do “Exercício ALCORA” e os 50 anos do início da Guerra do Biafra. 

5- A ambiguidade dos sucessivos Governos portugueses pós o 25 de Novembro de 1975 teve“cultores” que actuaram “por inércia” em função do passado histórico em relação a África, aproveitando as experiências do âmbito da internacional fascista e entre elas a que se refere ao Exercício ALCORA, o que explica o facto de nenhum dos signatários desse acordo o ter publicitado em tempo, muito menos os governos que o poderiam e deveriam fazer, por que poderiam e deveriam ter-se preocupado no anúncio efectivo de sua caducidade, livrando-se dos efeitos que se lhes seguiriam.

É evidente que em relação a Portugal o peso das “redes stay-behind” da NATO, assim como a vassalagem em relação aos Estados Unidos, as “obrigações” para com a União Europeia e até a vassalagem recriada na moderna esteira do âmbito da aliança anglo-lusa de 1373, explicam-no e justificam-no e por isso, por exemplo, muitos dos velhos diplomatas que serviram o Estado Novo não tiveram suas carreiras postas em causa com o 25 de Abril.

Explicam-no também as actuações na base da democracia cristã, em conformidade com os interesses mentores do “Le Cercle”: como os interesses não só se mantiveram, mas se avolumaram, a democracia cristã teve a garantia dum “terreno fértil” que pode ser observado por exemplo nos“Jogos Africanos” de Jaime Nogueira Pinto.

A democracia cristã conforme ao “Le Cercle”, soube aproveitar-se em tempo do maoismo, demarcando o seu campo absorvente de sua “estratégia de tensão” na sua “luta contra o comunismo”e, quando o neoliberalismo vitorioso se assumiu mais tarde (depois do 25 de Abril de 1974) em função desde logo das experiências encetadas pela administração republicana de Ronald Reagan, veio a garantir a introdução de elementos doutrinários e ideológicos não só da própria teoria de Milton Friedman, mas a de outros filósofos estado-unidenses como os que tenho vindo a citar: Gene Sharp (“Manual de autoajuda para os golpes de Estado suaves”) e o neoconservador Leo Strauss(sobretudo em “Jews philosophy and the crisis of modernity”, “What is political philosophy” e “Liberalism ancient – modern”).

Angola | OS PARTIDOS POLÍTICOS


Jornal de Angola | editorial

Os partidos políticos e coligações de partidos legalizados começaram ontem a apresentar as suas candidaturas para as eleições gerais, que se vão realizar no nosso país em Agosto próximo. Os partidos políticos são associações indispensáveis nos regimes democráticos.

Enquanto associações de cidadãos que pretendem a conquista e exercício do poder, os partidos políticos são, em período de eleições, organizações que mexem com a vida de qualquer sociedade que optou pela Democracia. A existência de partidos políticos é inerente à vida democrática e a participação destas associações na vida política e em eleições periódicas permite aos eleitores que tenham várias opções na hora da escolha dos governantes.

Numa democracia em que avulta uma pluralidade de partidos políticos surgem naturalmente vários projectos de governação, dando aos cidadãos a possibilidade de os comparar e de decidir sobre qual deles deve depositar a sua confiança. Não é por acaso que as formações políticas se preocupem em épocas de eleições, em dar a conhecer aos potenciais eleitores os seus programas de governo, no sentido de convencerem os que estão em condições de votar. 

Angola já organizou desde l992 três eleições multipartidárias e hoje a sociedade angolana já tomou consciência da importância dos partidos políticos na consolidação da nossa Democracia. Independentemente deste ou daquele partido ser de massas ou de quadros, o certo é que as formações políticas se organizam com o objectivo principal de atingirem o poder ou de o preservar. Os angolanos estão habituados à competição política entre partidos políticos, e à medida que os anos vão passando, os cidadãos vão aumentado a sua cultura política, e têm percebido que a sua participação nos pleitos eleitorais é fundamental para que o regime democrático em Angola continue a ser uma realidade. Todos nós angolanos queremos que a democracia em Angola se consolide. Os pleitos eleitorais são marcados por debates e é isso que faz com que os potenciais eleitores possam ter a possibilidade de escolher os programas de governo, que julguem poder resolver os seus problemas.

AUMENTA VAGA DE REFUGIADOS CONGOLESES RUMO A ANGOLA


Enquanto o ACNUR fala em 11 mil refugiados na Lunda Norte, a AJUDECA dá conta de mais de 15 mil famílias. Comida, água e roupa são as principais carências.

Os conflitos étnico-políticos na região de Kasai, na República Democrática do Congo, já provocaram, desde meados de 2016, um milhão de deslocados. 11 mil congoleses, entre elas quatro 4 mil crianças, procuraram refúgio em Angola, nomeadamente na província da Lunda Norte, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

No entanto, o número de refugiados poderá ser bem maior. "Estamos na ordem de 15 mil famílias. Um bom número diz respeito a famílias alargadas, na ordem de 13 a 14 pessoas”, afirma  Manuel Pembele, diretor da AJUDECA (Associação Juvenil para o Desenvolvimento Comunitário de Angola), que esteve recentemente na província da Lunda Norte, no nordeste de Angola.

O movimento de refugiados congoleses rumo a Angola deverá continuar. "Os refugiados continuam a chegar através da fronteira norte. Na segunda-feira (01.05) e no domingo (30.04), houve quase 400 novas chegadas. De acordo com os relatos dos refugiados, há mais pessoas a caminho de Angola", adianta Markku Aikomus, porta-voz do ACNUR para a África Austral.

"Os refugiados chegam exaustos e muitos com sinais de violência. Trazem muito poucos recursos com eles. Muitas crianças sofrem de diarreia, febre e malária", descreve Markku Aikomus.

PARA AFOGAR A BALEIA AZUL


Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Quantas vezes ouvimos a expressão, feita reprimenda ou comparação em relâmpago-directo da boca dos nossos pais ou de familiar a quem nem reconhecíamos especial autoridade: "E se ele se atirasse abaixo da ponte, também te atiravas, era?". Em casos sem gravidade, a resposta esmagadora, "é claro que não". Mas há umas quantas décimas medidas por muita gente inteira que, em conflito interior, sibilam "sim, talvez" entre dentes. Ou que, por vezes, não dizendo palavra, são seduzidas por uma imagem de morte naquele momento redentora, alívio libertador dos piores males. Talvez pensem "sim, talvez" porque talvez pensem demais. Se comovam demais, se envolvam demais. Desencontram-se em demasia com o mundo que os cerca, como se esse mundo os afundasse numa bolha que não abraça ninguém. Uma redoma que questiona as virtudes, desagrega. A deles, num mundo que não dominam nem compreendem. Não há fraqueza na depressão, há doença.

O jogo russo da Baleia Azul é uma derivação virtual da roleta. Aparentemente, pode seduzir qualquer pessoa a quem o "mentor" reconheça requisitos mínimos para a tormenta, automutilação ou suicídio. Agrega-se à navegação da adolescência por uma primeira mensagem que convoca a 50 provas secretas, num misto de terror psicológico e chantagem, acompanhamento motivacional para a superação do desafio interno, ordens de automutilação e incitação última ao suicídio. O carácter criminoso deste "incitamento assistido" - que monitoriza diariamente os passos das vítimas - é assustador, ignóbil e perverso. Mas é também assustador como, abruptamente, assistimos a um condomínio-social de espanto pela descoberta de uma realidade que nunca foi conveniente ao olhar: a automutilação e o suicídio na adolescência sempre existiram, sempre estiveram justos ao horizonte castrado dos olhos, sempre viveram por cima dos ombros das histórias que a maioria ouviu ou sentiu por reflexo através da sua porta ao lado ou da janela do vizinho de baixo.

O suicídio é provavelmente a derivação mais complexa da morte. Não procuremos então reduzir o contexto do problema a um jogo que coloca à prova do algodão a relação primordial entre a sociedade e os seus filhos. Podemos continuar a varrer para debaixo do tapete e simplificar, fingindo que a depressão não existe e que a doença só merece atenção diferida. Isto, enquanto enchemos os nossos filhos de excessos ou de omissões. Podemos querer esquecer que a transição hormonal e o desequilíbrio químico acompanham os primeiros impactos e bloqueios, as primeiras emoções de mão cheia. Ajudar a resolver é resistir à tentação de correr a fechar as portas do armário dos filhos ou de encriptar o acesso a meia dúzia de passwords. Porque se um dia conseguirmos fechar a Web, iremos perceber que o que verdadeiramente nos falta é a rede.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e advogado

PSP explica Baleia Azul, dá conselhos de atuação e o que fazer em caso de suspeita | com vídeo


VER VÍDEO
A Polícia de Segurança Pública divulgou esta quarta-feira, no Facebook, um vídeo explicativo e com conselhos para lidar com o jogo 'Baleia Azul', que coloca desafios aos participantes através das redes sociais; o objetivo final é levá-los ao suicídio.

"O desafio Baleia Azul consiste numa sequência diária de 50 tarefas, cujo objetivo é conduzir a vítima ao suicídio", explica a PSP. "Jovens com tendências depressivas são os mais vulneráveis e, por isso, necessitados de maior acompanhamento".

A PSP explica que a adesão ao jogo se faz "através de conversações nas redes sociais" e que um "curador" passa depois a interagir com a vítima, fingindo compreendê-la. "Na verdade ele está somente a enganá-la, envolvendo-a numa mentira, fisicamente autodestrutiva e psicologicamente desestruturante". Perante uma eventual desistência da vítima, o curador "amedronta-a, fazendo-a acreditar que é vigiada pessoalmente". "Denuncia à polícia", incentiva a PSP, que passa depois a explicar as consequências do jogo.

"Em Portugal, qualquer curador/moderador incorre num dos crimes mais graves da nossa legislação: crimes contra a vida. Em concreto, o crime de incitamento ou ajuda ao suicídio, prevê uma pena de prisão até três anos se a vítima for adulta e, pelo menos, tentar o suicídio. Se a vítima for menor, a prisão pode ir até aos cinco anos. As polícias conseguem encontrá-los e os tribunais condená-los. O seu criador já foi preso, juntamente com outros curadores/moderadores", esclarecem as autoridades.

A apresentação em vídeo da PSP termina com as respostas à pergunta "O que fazer?" perante um adolescente que aderiu ao jogo. A polícia incentiva "amigos, pais e professores" a estarem atentos aos sinais, nomeadamente inscrições na palma das mãos, sinais de automutilação, interesse repentino por filmes de terror, atividades no meio da madrugada, exposição ao perigo com vistas e locais altos, desenhos de baleia ou ficar sem conversar por longos períodos. Na presença destes indícios, quem suspeite de um participante no jogo deverá informar a polícia e procurar para a vítima apoio psicológico especializado.

Diário de Notícias

PSP AO ESTILO DO SALAZAR-FASCISMO PROTEGE OBRA ILEGAL E DETÉM CONTESTATÁRIOS


Era comum no período salazar-fascista ver a PSP agredir e deter manifestantes por reclamarem o cometimento de ilegalidades por parte de quem representava o sistema ou nele tinha soberba influência. 43 anos depois do 25 de Abril de 1974 ainda vimos isso. Quem diria. Há burgos onde a liberdade e a democracia não chegou. E isso acontece demasiado neste país, Portugal.

Parece que um comissário absoluto pôs e dispôs numa contestação absolutamente pacífica. Há os que dizem que no burgo de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, a PSP tem luz verde e costas quentes para o que der e vier de desagrado à autarquia. 

Que se saiba a PSP tem na sua definição Segurança Pública, não de esbirro de uma qualquer autarquia, muito menos se é essa autarquia (deve ser) que está a proceder à construção de uma obra ilegal. Os portugueses não querem ver assim a polícia, com laivos salazar-fascistas, absoluta. Muito menos ver representantes da instituição a faltar à verdade ou com “a sua verdade”, que não corresponde à verdade. Ainda menos que se comporte como esbirro de uns quaisqueres fulanos com “influência” no sistema. O quer, posso e mando já lá vai. Ou por outra: parece que pela região do concelho de Cascais tal não acontece. Principalmente se a cor política não for consonante com o laranja ou o azul partidários. 

Carlos Carreiras presidente da autarquia, um democrata passista, tanto quanto deixa perceber deve ter de rever os manuais do Portugal democrático, de pós 25 de Abril. Convém. E, já agora, também alguns elementos da PSP devem fazê-lo. É que estamos a voltar ao “antigamente”. Aproveitem o ensejo e revejam a formação que facultam ao agentes...

MM | PG

BALEIA AZUL FAZ MAIS UMA VÍTIMA EM PORTUGAL | JUSTIÇA A PASSO DE CARACOL


Mais um caso. Automutilação às ordens de “curador” da Baleia Azul. Conhecidos são três os casos em Portugal. Por enquanto, que se saiba, não se registaram suicídios comprovados. Mas já existem mazelas graves nos registos.

A tal justiça, a PGR, anunciou a abertura de um inquérito que era para ontem mas que muito provavelmente só daqui por uns meses vai estar concluído. A lentidão foi herdada por uma geração de caracóis e caracoletas que por lá esteve e que deixou os seus ovos a incubar. E lá vão incubando, partindo muito lentamente a casca e saltando perna ante perna cá para fora, semelhantes na falta de agilidade às preguiças que abundam pela amazónia. É a justiça em Portugal, caros contribuintes néscios e pagantes de algo muito caro que não vale um caracol. E depois? Pagamos e não bufamos. Talvez, talvez, quando alguém morrer os caracóis e as caracoletas se apressem… a passo de caracol, já se sabe. É a justiça que temos e que tudo faz para perdurar. É a que convém ao sistema desviante da democracia e da liberdade das populações, dos que pagam com língua de palmo e não bufam. E se bufarem há sempre modo de reprimir com agressões que metem medo.

Ainda ontem vimos isso na Cascais do Carlos Carreiras. “Ou estás quietinho ou levas no focinho.” É o lema. Um vereador foi brutalmente agredido por agentes da PSP. Outros que se manifestavam foram molestados, arrastados. Foi na Cascais de Carlos Carreiras, presidente da Câmara do PSD. Ah! E o agredido com maior gravidade é vereador do PCP.  Tinha de ser. Pois. No burgo de Carreiras, se contestam, se bufam, levam!

Noutra lauda lá iremos a esse assunto, em Cascais.

Carreiras, um democrata ao estilo dos perdidos Passos que nos laranjas abundam. Uma corja política que até se fazem possuidores de canudos de cursos dito superiores que afinal nada valem, nem para substituírem o papel higiénico servem. De Carreiras nada há a apontar nesse aspeto, que se saiba, mas que no PSD há disso… lá isso há. Relvas, por exemplo. E no PS também há. São estes Chicos Espertos que são marmanjos das elites. E assim vai Portugal…

Mais sobre a Baleia Azul tem já aqui no PG.

MM | PG

DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA, CONTRA OS DONOS DAS MANIPULAÇÕES E ARTIMANHAS


Este vai ser o Expresso Curto, por Luísa Meireles. É a própria que na sua peça,  repleta de boa cafeína, salienta que hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e faz o convite para que “reflita por um minuto neste começo do dia na importância que tem uma imprensa forte, livre e de qualidade”. Nem mais, o que se lamenta é que mesmo no antro dos jornalistas exista quem nem reflita nisso por um segundo. As razões são várias e uma delas é exatamente por ser escassa a liberdade de imprensa em certos e incertos tablóides, em rádios e televisões. É que a liberdade de imprensa fica maculada quando são elaboradas peças por frete, por encomenda, por subjugação a interesses que não são os de uma imprensa realmente livre. E tudo se encaminha para vir a ser muito pior. Os jornalistas sabem isso muito bem, o sindicatp também sabe, nós, os plebeus – pelo menos os mais esclarecidos e conhecedores dos meandros da informação – também temos conhecimento disso. 

Mas está bem, comemoremos o dia e aproveitemos para assinalar que há donos dos órgãos de comunicação social que são os donos das verdades que lhes convêm. Aproveitemos o dia para denunciar as artimanhas de donos das “verdades” que são mentiras e manipulações, donos que tudo fazem para trazer os jornalistas à trela, fazendo pressões inadmissíveis, mantendo os profissionais como “precários” e por aí adiante. Pronto, já está dito, novamente. O resto será da lavra da autora da peça cafeínada que dá pelo nome de Expresso Curto. Bom Dia Mundial da Liberdade de Imprensa… E lutem por isso, não se deixem acachapar mais.

O restante que aí vem aborda muitos assuntos, nacionais e internacionais. A abrir sai o São Ronaldo, com três golos que deram a vitória ao clube que lhe paga a peso de ouro. Boa. Aproveita agora, rapaz, porque o caminho para a “velhice” vem aí a passos largos. E muito obrigado pelos bons espetáculos.

Gulbenkian pela condução de Isabel Mota. Portugal deve muito à Gulbenkian. Agora ainda melhor será, perspetiva-se. Isabel Mota foi eleita por unanimidade presidente daquela Fundação. Espera-se muito dela. Da melhor, o melhor. Felicidades, ilustre Isabel.

Sabe o que significa “continuar a ler”? Pois é com isso mesmo que vai dar de caras. Clique e leia o Expresso Curto, que vale. Bom dia, se conseguir.

MM | PG

Mais lidas da semana