quarta-feira, 3 de maio de 2017

DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA, CONTRA OS DONOS DAS MANIPULAÇÕES E ARTIMANHAS


Este vai ser o Expresso Curto, por Luísa Meireles. É a própria que na sua peça,  repleta de boa cafeína, salienta que hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e faz o convite para que “reflita por um minuto neste começo do dia na importância que tem uma imprensa forte, livre e de qualidade”. Nem mais, o que se lamenta é que mesmo no antro dos jornalistas exista quem nem reflita nisso por um segundo. As razões são várias e uma delas é exatamente por ser escassa a liberdade de imprensa em certos e incertos tablóides, em rádios e televisões. É que a liberdade de imprensa fica maculada quando são elaboradas peças por frete, por encomenda, por subjugação a interesses que não são os de uma imprensa realmente livre. E tudo se encaminha para vir a ser muito pior. Os jornalistas sabem isso muito bem, o sindicatp também sabe, nós, os plebeus – pelo menos os mais esclarecidos e conhecedores dos meandros da informação – também temos conhecimento disso. 

Mas está bem, comemoremos o dia e aproveitemos para assinalar que há donos dos órgãos de comunicação social que são os donos das verdades que lhes convêm. Aproveitemos o dia para denunciar as artimanhas de donos das “verdades” que são mentiras e manipulações, donos que tudo fazem para trazer os jornalistas à trela, fazendo pressões inadmissíveis, mantendo os profissionais como “precários” e por aí adiante. Pronto, já está dito, novamente. O resto será da lavra da autora da peça cafeínada que dá pelo nome de Expresso Curto. Bom Dia Mundial da Liberdade de Imprensa… E lutem por isso, não se deixem acachapar mais.

O restante que aí vem aborda muitos assuntos, nacionais e internacionais. A abrir sai o São Ronaldo, com três golos que deram a vitória ao clube que lhe paga a peso de ouro. Boa. Aproveita agora, rapaz, porque o caminho para a “velhice” vem aí a passos largos. E muito obrigado pelos bons espetáculos.

Gulbenkian pela condução de Isabel Mota. Portugal deve muito à Gulbenkian. Agora ainda melhor será, perspetiva-se. Isabel Mota foi eleita por unanimidade presidente daquela Fundação. Espera-se muito dela. Da melhor, o melhor. Felicidades, ilustre Isabel.

Sabe o que significa “continuar a ler”? Pois é com isso mesmo que vai dar de caras. Clique e leia o Expresso Curto, que vale. Bom dia, se conseguir.

MM | PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Luísa Meireles | Expresso

E que tal falarmos de liberdade?

Porque hoje, caro leitor, é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que é como quem diz, na comunicação social em geral. Perdoe-me este começo um tanto corporativo, mas sabe como nestes tempos turbulentos a liberdade – na imprensa e não só – é visada. É-o sempre, é verdade, quando os ares do tempo são propícios ao autoritarismo. Quem diria que nos Estados Unidos, essa mesma liberdade estivesse e fosse posta em causa pelo próprio Presidente, ao semear a dúvida sobre a veracidade das notícias divulgadas pela imprensa, tão só porque lhe desagradam? Desta vez, porém, virou-se o feitiço contra o feiticeiro: não deixe de ver o anúncio dos 100 dias de Trump que a CNN se recusou a passar por conter mentiras.

As chamadas fake news são o último desafio. Cito: “o declínio dos jornais de um ponto de vista físico e a sua passagem para a internet coloca-os a todos dependentes de vastos fluxos de informação, fantasia, fugas de informação, teorias da conspiração, expressões de benevolência e ódio” (John Lloyd, Financial Times) e faz com que todos devamos estar mais alerta. O lema do dia é bem achado: “Mentes críticas para dias críticos” (aqui em espanhol, se estiver mais à vontade) É um dos motes para hoje. A jornada é assinalada pela UNESCO com uma conferência em Jacarta, na Indonésia, até 4 de maio.

Assim sendo, proponho que reflita por um minuto neste começo do dia na importância que tem uma imprensa forte, livre e de qualidade para que os nossos dias (os meus e os seus) corram melhor. Veja e ouça António Guterres falando sobre o assunto, repare nesta notável coleção de cartoons e anote o que está a ser preparado no mundo. Não perca o que o investigador dinamarquês Flemming Rose escreve sobre como a (nossa) Europa corre o risco de precipitar no abismo o sistema que garante a liberdade de expressão (sabia que na Turquia há mais jornalistas presos que em qualquer outro país do mundo – um terço do total – incluindo China, Coreia do Norte e Cuba?). As notícias são sombrias. Eduard Snowden, o homem que denunciou a espionagem da NSA e agora vive na Rússia, vai ser entrevistado hoje aqui. E, por favor, não se esqueça que só em 2016 morreram 57 jornalistas no exercício da sua profissão. Porque o jornalismo importa.

AGORA, AS NOTÍCIAS (POUCAS)

Liga dos Campeões, claro. Foi ontem no Santiago Bernabéu, já sabe. Real Madrid versus Atlético de Madrid. E foi RONALDO. Agora já sei o que é um hat-trick, porque ele o repetiu (há 15 dias, quando fiz o outro Curto, não sabia mas tive logo quem me explicasse, graças a Deus!) e marcou os únicos três golos da partida que derrotaram o vizinho Atlético. Viva Ronaldo! Pois claro - não perca a crónica da Lídia Paralta Gomes. Tim-tim-por-tim-tim está aqui o que foi o jogo.

Gulbenkian, finalmente uma mulher. Isabel Mota é o nome do dia. É ela a nova presidente da Gulbenkian, a partir de hoje. A primeira mulher em 60 anos . Foi eleita por unanimidade e, ao que se sabe, "conhece a casa como poucos".

CDS, jornadas parlamentares em Aveiro. Acabam hoje, duraram dois dias. A presidente do partido, Assunção Cristas, pediu "ambição máxima". O lider da bancada deixou um alerta cívico, ao falar de uma democracia simulada e de uma suposta "muralha de poder" em que se transformou a "muralha de aço" que é esta solução governativa.

CGD, populares não desistem em Almeida. A população continua os protestos e dão mais um dia à administração da Caixa para repensar a estratégia. Senão...

Ainda o relatório da dívida. Todos concordam que o documento preparado pelo PS e o BE é muito moderado. Engraçado é ter ouvido o António Vitorino dizer (SIC-notícias) que o Bloco aceita que a questão seja resolvida por negociação (e não unilateralmente) e ao mesmo tempo Francisco Louçã escrever que acha que é um grande avanço o PS comprometer-se com uma reestruturação. Quanto ao Banco Central Europeu, nunca comprou tão pouca dívida a Portugal.

Falando de dívida, sabia que os portugueses têm menos 30 mil euros do que os restantes europeus? Ao que dizem os números – e o Negócios explica – a família portuguesa típica não só tem menos dinheiro do que as do resto da Europa, como o distribui de maneira diferente. Por exemplo, tem mais casas (lei do arrendamento oblige) mas menos jóias e objetos valiosos. A diferença é mesmo de pasmar: 1 para 10 em Portugal, 1 para 2 na média europeia. A ler.

Exército, uma première. Um oficial no ativo, no caso o comandante operacional das forças terrestres, general Faria Menezes, criticou alto e bom som a decisão do poder político em sair do Kosovo. A ver no que vai dar esta "insubmisssão". A saída do Kosovo estava a ser equacionada há três anos. O CEMGFA e o ministro Azeredo Lopes vão ter que dizer mais do que "não comento notícias do facebook". Se a moda pega...

Autárquicas começam a aquecer os motores. O Presidente da República promulgou a 14 de abril o diploma do parlamento que simplifica a apresentação de candidaturas por grupos de cidadãos às eleições autárquicas. Os candidatos independentes vão agora reunir em encontro nacional, até ao fim do mês. Enquanto isso, o Parlamento prepara nova lei de financiamento dos partidos.

No rescaldo do 1º de Maio, não esquecer que se o Primeiro-ministro pode dormir para já descansado, há dois debates que se avizinham que prometem algum sobressalto: ainda segundo Vitorino, é preciso prestar atenção à questão dos salários e da contratação coletiva – matéria em que o governo não está precisamente a alinhar com o que querem as centrais sindicais. O aviso de Arménio Carlos de que o “o Governo não pode ser conduzido pelas finanças” promete. Para se inteirar do estado da arte, leia o que a Rosa Pedroso de Lima aqui escreveu. Quanto aos precários, os sindicatos vão ter poder para indicar precários que devem ser avaliados. E os números do desemprego continuam a descer. Portugal é o segundo país da UE onde o desemprego mais cai.

Airbnb, o que os portugueses ganham. Uma fortuna, dir-se-ia: 20 mil euros por hora é o que a plataforma para encontrar casas rende aos proprietários cá do burgo. Nada mau. Não? E que tal de impostos? Também ficámos a saber que 1 em cada 10 portugueses que viaja cá dentro não paga dormida – ou tem outra casa, ou fica em casa de familiares ou amigos, ou… não é declarado ao fisco.

Baleia Azul, não. Desta vez é grave, muito grave, e não se trata daquele joguinho que as crianças jogavam antigamente na play station entre duas pequenas baleias. É mesmo um jogo de incentivo ao suicídio. A Procuradoria está atenta e admite bloquear os links. Haja Deus! Não é tarde para ler os conselhos que a PSP dá. Para desanuviar, sempre tem esta versão: a baleia cor-de-rosa. Incentiva-o a fazer boas ações (-: big smile).

Fátima. Faltam dez dias para os cem anos. E com a Joana Vasconcelos é tudo em grande, já se sabe. Olhe este enorme terço que ela fez para expor no Santuário. Se quer um, saiba que ele também é reproduzido em sacos de pano de levar ao ombro (e brilha no escuro).

Maddie, 10 anos. Quanto tempo! Pedro do Carmo, diretor-adjunto da Polícia Judiciária quer por um ponto final na história e disse ao Hugo Franco que “os pais não são suspeitos”.

LÁ FORA

França, sim. Nunca na história da chamada V República um candidato da Frente nacional acedeu ao tradicional debate entre as duas voltas da eleição presidencial (e tão pouco não esteve presente um dos candidatos dos grandes partidos de governo). Pois bem, esse debate acontece hoje à noite, e oporá, como se sabe, Emmanuel Macron e Marine Le Pen. O Figaro antecipa os preparativos : Diz Macron: “quero ir ao corpo-a-corpo”. Diz Le Pen: “Se o Sr. Macron não estiver à vontade, pode sempre perguntar ao Sr. Hollande”. Promete alta tensão. A votação é no domingo e nada está garantido: aqui e aqui.

O leitor já leu com certeza muita coisa sobre um e outro, mais as eleições, eu escolhi este para si (traduzo eu): “Apresentando Presidente Valéry Giscard d’Estaing Macron”. Leu bem, há 43 anos, um outro jovem brilhante tecnocrata ministro da Economia (que por acaso agora vota nele) tentou fazer o mesmo, romper com os moldes da política francesa. E este: “A campanha vista de fora, na Alemanha um cenário familiar” (Como a CDU antes de Merkel, os Republicanos estão mergulhados em negócios. Como os sociais-democratas de antes de Schroeder, o PSF não tem visão nem coragem). E veja este vídeo de… François Hollande! Ele explica (e bem) por que é que estas eleições nos importam. Última: se ainda não viu, não perca também o vídeo português que já teve mais de um milhão de visualizações em França.

Brexit ainda. A tensão entre o presidente da Comissão Jean-Claude Juncker e Theresa May é tal que as equipas da Comissão não acham possível um acordo no prazo de dois anos e temem que a primeira-ministra esteja em estado de negação. May ripostou: “Sou um osso duro de roer”. O Politico resolveu por os dois no divã (terapia de casal). Depois da aprovação das orientações para as negociações no sábado passado pelo Conselho Europeu, hoje mesmo a Comissão vai publicar o seu programa de negociação, para ser ratificado pelo Conselho daqui a três semanas. As eleições no Reino Unido serão, recorde-se, a 8 de junho e, em março de 2019, é a data do fim oficial das negociações.

UE. Por falar nisso, esta semana assinala-se também o meio do mandato do Presidente da Comissão. Que se pode esperar da segunda metade, que não deverá ser menos espinhosa do que a primeira? O seu chefe de gabinete, o alemão Martin Selmayr é hoje entrevistado aqui. Se gosta do tema, sirva-se. Na UE ainda, mas relativamente ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que tem ainda mais dois anos e meio para cumprir. É o preferido da oposição para as presidenciais na Polónia de… 2020. Vem aqui. Quanto ao fecho das fronteiras de Schengen por causa da crise dos refugiados, a Comissão deu mais seis meses (e os últimos) a cinco países (Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega) para o prolongar.

Turquia e a propósito de Brexit. O Presidente Erdogan, investido dos seus novos poderes, ameaça agora fazer também um referendo ao estilo Brexit, mas para acabar com as negociações de adesão à União Europeia. Enfim, cairá a máscara, nada que já não suspeitássemos.

Alemanha. Chanceler Merkel em grande. Ontem esteve reunida com Putin - aqui pode ler o que a TASS previa sobre o encontro, o que resultou e o que ela pediu – não lhe propus que falássemos de liberdade? No fim-de-semana a chanceler alemã visitou a Arábia Saudita. Detalhe: não usou véu. O tema é pretexto para uma saborosa prosa da Margarida Mota.

Panamá Papers chegaram a Malta (a pequeníssima ilha-Estado que detém presentemente a presidência da União Europeia) e fizeram uma séria baixa – o próprio primeiro-ministro, Joseph Muscat, que agora convoca eleições antecipadas para 3 de junho porque, supostamente, ele e a mulher têm uma conexão com uma offshore.

Venezuela continua a ferro e fogo. E desta vez o lugar-comum é o termo certo. Está mesmo. As manifestações e mortos não param, o presidente Nicolas Maduro não desiste de levar a sua avante e a oposição também não. Resultado: Tudo vai ficar pior, antes de melhorar. Pelo menos é esta a opinião dos especialistas entrevistados pela Joana Azevedo Viana.

Brasil. Uma leitura fora de comum. O que fazem os presos da operação Lava-jato na prisão, já pensou? O que os outros detidos fazem: o ex-deputado Eduardo Cunha lava pratos, o célebre José Dirceu (espanto, o Supremo Tribunal deu-lhe ontem ordem de libertação, no mesmo dia em que o MP acusou o antigo ministro de Lula da Silva de ter recebido subornos no valor de 2,4 milhões de reais) arruma livros na biblioteca, o ex-diretor da Petrobras limpa as celas. Tomam anti-depressivos para aguentar a barra. Será verdade? Não sei. Vendo pelo preço que comprei, no Globo.

Angola, eleições dentro de três meses. A partir de hoje e até dia 21 os partidos devem apresentar as suas candidaturas para as eleições legislativas de 23 de agosto, informa o Jornal de Angola, que também diz que ontem o Presidente José Eduardo dos Santos partiu em visita privada para Barcelona - a sua estadia tinha sido interrompida devido ao falecimento de um irmão.

Não, não me esqueci do cantinho de Trump, só que desta vez é sobre a Hillary. Disse a ex-candidata que se as eleições tivessem sido 15 dias antes, teria ganho. “Teria” é a palavra-chave. Não vale a pena chorar sobre leite derramado. Em outra versão, aqui.

FRASES

"Uma democracia simulada, por algum tempo, até pode fazer um país mais otimista", Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, nas jornadas do partido.

"Uma comunicação social livre, diversificada e independente é indispensável para promover e proteger a democracia em todo o mundo", Federica Mogherini, Alta Comissária para os Negócios Estrangeiros da UE

"Ou elegemos mais senadores republicanos em 2018, ou mudamos as regras agora para 51%. O nosso país precisa de uma boa paralização em setembro para resolver a confusão", Donald Trump, presidente dos EUA

"Os adolescentes nunca deviam levar o telemóvel para o quarto à noite", Bárbara Dias, psicóloga, ao I.

O QUE COMECEI A LER E UMA PROPOSTA

Um livro que chegou à redação e que me pareceu um “apetite”. Chama-se “Duelo de Espiões – Libretto para agentes secretos” (LX Vinte oito) e é de um desconhecido autor: Pedro R. Esteves, supostamente – e nada me indica que deva duvidar – ex-funcionário do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) mas que o livro na contracapa explica como sendo Serviço de Inteligência Externo, coisa que não existe. Será gralha ou desinformação? É a primeira vez que vejo algum ex-funcionário de tais serviços assumir-se. Mas há sempre uma primeira vez, sobretudo para escrever um romance, também supostamente “inspirado numa certa realidade”, que por acaso condiz ponto por ponto com um certo processo e umas “certas e determinadas pessoas” (não é assim que se diz?) que inspiraram incontáveis artigos de jornais, inclusivamente alguns meus e do meu colega Micael Pereira. Promete. Ainda vou no início.

Se vive em Lisboa ou arredores, que tal ir ao cinema e ver um dos muitos filmes que passam no âmbito do festival IndieLisboa (cinema independente). Começa hoje e dura 10 dias.

Quanto a este Curto, cheguei ao fim. Tenha um excelente dia, aproveite esta Primavera de novo radiosa e com calor de Verão. Se quiser ligar-se, espreite o Expresso online a todas as horas e, à hora certa (18h), o Expresso Diário. Não se arrependerá!

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