Enquanto
o ACNUR fala em 11 mil refugiados na Lunda Norte, a AJUDECA dá conta de mais de
15 mil famílias. Comida, água e roupa são as principais carências.
Os
conflitos étnico-políticos na região de Kasai, na República Democrática do
Congo, já provocaram, desde meados de 2016, um milhão de deslocados. 11 mil
congoleses, entre elas quatro 4 mil crianças, procuraram refúgio em Angola,
nomeadamente na província da Lunda Norte, segundo o Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
No
entanto, o número de refugiados poderá ser bem maior. "Estamos na ordem de
15 mil famílias. Um bom número diz respeito a famílias alargadas, na ordem de
13 a 14 pessoas”, afirma Manuel Pembele, diretor da AJUDECA (Associação
Juvenil para o Desenvolvimento Comunitário de Angola), que esteve recentemente
na província da Lunda Norte, no nordeste de Angola.
O
movimento de refugiados congoleses rumo a Angola deverá continuar. "Os
refugiados continuam a chegar através da fronteira norte. Na segunda-feira
(01.05) e no domingo (30.04), houve quase 400 novas chegadas. De acordo com os
relatos dos refugiados, há mais pessoas a caminho de Angola", adianta
Markku Aikomus, porta-voz do ACNUR para a África Austral.
"Os
refugiados chegam exaustos e muitos com sinais de violência. Trazem muito
poucos recursos com eles. Muitas crianças sofrem de diarreia, febre e
malária", descreve Markku Aikomus.
Os
refugiados registados têm sido acomodados pelas autoridades angolanas em
centros nas imediações de Dundo, a capital da Lunda Norte.
No
entanto, "as condições nos centros são muito pobres. Os centros de
acolhimento estão sobrelotados e não têm capacidade para receber novos
refugiados, que ficam de fora, nesta época de chuva".
"As
grandes carências, neste momento, são a nível de alimentação, água, vestuário e
alojamento", sublinha Manuel Pembele, da AJUDECA. "Aqueles
[refugiados] que estão ainda a nível da fronteira ficam ao relento, outros
ficam em tendas próprias e outros dormem ao abrigo de casas até poderem apanhar
um carro que os leve para Dundo", acrescenta Pembele.
Faltam
recursos
"O
Governo de Angola forneceu inicialmente comida, mas não é suficiente",
Markku Aikomus, porta-voz do ACNUR para a África Austral. Os refugiados
aguardam a distribuição de ajuda humanitária, que já terá chegado ao país num
avião ao serviço do ACNUR.
O
ACNUR diz que necessita de 5,5 milhões de dólares para dar assistência aos
refugiados que todos os dias chegam a Angola.
Em
Angola, a alocação de recursos para os refugiados poderá ser afetada por outras
questões internas. "Surge o problema de refugiados, por um lado, mas por
outro, o país está preocupado com as eleições. Então são dois aspectos que
colocam o governo provincial numa equação, sem saber onde alocar os
recursos", observa Manuel Pembele, diretor da AJUDECA.
Angola
acolhe atualmente quase 57 mil refugiados e requerentes de asilo, dos quais
cerca de 25 mil são da República Democrática do Congo.
A
Polícia Nacional angolana garantiu estar a tomar medidas de contenção para que
não haja penetração de forças armadas no país.
Glória
Sousa | Deutsche Welle
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