quinta-feira, 4 de maio de 2017

Angola | AGORA SIM, COMEÇOU A CORRIDA


Reginaldo Silva | Rede Angola | opinião

O MPLA e a UNITA foram esta terça-feira, 2 de Maio de 2017, os dois primeiros partidos a baterem a porta do Tribunal Constitucional com o trabalho de casa aparentemente todo feito, tendo em vista o cumprimento de todas as exigências que a lei impõe para que possam ter acesso ao boletim de voto, onde cerca de 9 milhões e meio de angolanos vão escolher no próximo dia 23 de Agosto o Presidente da República/Titular do Poder Executivo (TPE) mais o seu Vice-Presidente e a Assembleia Nacional.

Neste momento já parece até ser mais fácil ganhar a própria eleição, o que em tese se consegue com 26% dos votos se, por exemplo forem 4 concorrentes a disputar a eleição, do que cumprir com os requisitos para ser certificado como candidato.

Cada vez estamos mais convencidos que o modelo atípico do presidencialismo angolano foi efectivamente desenhado a pensar num grande objectivo estratégico e com dois cenários possíveis.

Estamos já como o segundo cenário transformado em realidade, após JES se ter afastado da corrida e ter indicado João Lourenço para o substituir.

Quem se referiu a este modelo como um “golpe constitucional”, acertou em cheio, sobretudo no que toca a amputação do direito fundamental do cidadão nacional poder ser Presidente deste país, sem outros critérios mais partidários.

O que está agora em marcha, tendo como endereço o Tribunal Constitucional, é uma verdadeira corrida de obstáculos que se traduz na compilação de milhares de folhas em dezenas ou mesmo centenas de pastas, que dão corpo a um quilométrico “dossier” que inclui todos os documentos exigidos que vão dos BIs/Atestados Criminais dos mais de 220 candidatos ao Parlamento, até às cópias dos cartões de eleitor dos 15 mil apoiantes que cada partido concorrente precisa de recolher.

Angola | MFUKA MUZEMBA: “UNITA É COISA DO PASSADO”


O antigo líder da JURA pode estar a um passo de abandonar o partido que representa há cerca de cinco anos no Parlamento, segundo informações avançadas pelo próprio.

O deputado e antigo líder da organização juvenil da UNITA, Mfuka Muzemba, considera que este partido faz parte do seu passado, um dia depois desta organização ter apresentado ao Tribunal Constitucional a relação dos candidatos a deputados nas eleições de Agosto próximo. ‘Em relação à candidatura do partido, tenho a dizer que inicialmente desinteressei-me em falar porque para mim isto é um passado’, garantiu o jovem político, revelando que está com os olhos postos no futuro.

‘ Também é verdade que eu já me tinha esquecido da UNITA ao longo deste tempo todo. Para mim, a UNITA já é coisa do passado. Não sei se para o país também não seja’. O político, que falava em exclusivo a OPAÍS, numa entrevista que será publicada na íntegra na edição de amanhã, diz ainda ter sido abordado por um grupo de dirigentes do partido, mas estes pretendiam saber até que ponto continua fiel à organização liderada por Isaías Samakuva. Muzemba, que tinha sido suspenso das suas actividades, ditando o seu afastamento da liderança do braço juvenil do partido fundado por Jonas Savimbi, conta igualmente que, mesmo ao nível da bancada parlamentar, tinha que lidar com interrogatórios e suspeitas constantes de estar directamente ligado a outras forças políticas.

Muzemba salienta que há muito que deixou de ter ambições políticas dentro da organização. Para ele, algumas pessoas só chegam nas posições em que se encontram por adoptarem posturas como a ‘bajulação’ e ‘engraxar perante alguns dirigentes do partido’. ‘Eu não aceito isso, não faço isso. É isto que queriam que eu fizesse’, garantiu, salientando que ‘pelo facto de eu não fazer pedidos de favor, não me humilhar nem bajular, a consequência ficou mais uma vez velada. A minha exclusão revela uma certa raiva em relação à minha pessoa’. Sem adiantar especificamente qual será o seu futuro político, o jovem revelou somente que estará ao serviço de Angola. ‘Há muita coisa por fazer’, garantiu.

O País

FINALMENTE…


Martinho Júnior | Luanda 

As escolas portuguesas começam a reagir no sentido da desmistificação da história que tem perdurado até aos nossos dias.

O 25 de Abril de 1974 não foi suficiente, por não ter em si garantido a maturidade em termos de consciência histórica, para se fazer essa desmistificação e isso prolonga o sopro da superestrutura doutrinária e ideológica do Estado Novo até aos nossos dias, em Portugal.

Este exemplo salutar que se cita, é ainda um caso isolado e não há esforços oficiais no sentido da desmistificação.

No meu entender há outro tema que se deveria associar, respondendo a uma pertinente questão; por que razão Portugal não integrou o pelotão dos europeus que foram realizando, no todo ou em parte, a Revolução Industrial e hoje realizam a nova Revolução Tecnológica!?

Os portugueses estão ainda condicionados ao “diktat”  estruturalista, doutrinário e ideológico conforme ao “Le Cercle” e aos vocacionados interesses de vassalagem do quadro da NATO : a“civilização cristã ocidental” tem de responder à “ameaça comunista”, (hoje também ao “terrorismo islâmico” conforme por exemplo a interpretação de Donald Trump), por que antes havia a “missão civilizadora” em relação ao resto do mundo, um termo que escondeu a escravatura e o colonialismo, em todos os seus processos abertos ou camuflados, desde então.

Quer dizer: é ainda muito útil a doutrina e a ideologia que animava o Estado Novo, que foi um dos estados fundadores da NATO, pois isso  é determinante no papel de Portugal hoje, em especial no papel de ambiguidade redundante duma vassalagem ideológica, económica e sócio-política que não teve fim!

Por isso é para mim tão necessário a todos nós, seres humanos, avaliar o impacto da revolução escrava no Haiti, a primeira revolução que levou à independência daquele país na América Latina, bem como os seus reflexos, inclusive na revolução cubana.

É importante a esse respeito ler-se Eduardo Galeano!

Fazer essa avaliação é ganhar consciência dum imenso resgate que há que realizar, de forma a lutar contra o subdesenvolvimento que, nos dois lados do Atlântico e particularmente na América Latina e em África, a hegemonia unipolar está a procurar, a todo o transe, manter a fim de garantir a exploração barata de matérias-primas, em relação às quais é determinante quanto aos preços praticados, o que por si justifica a “internacionalização” do dólar e das outras moedas fortes do cabaz essencial que compõe essa hegemonia (“As veias abertas”…).

Colectiva ou individualmente há que pagar uma dívida histórica, conforme uma ideia de carácter humanístico e geoestratégico de Fidel… quantos fazem a sua parte?

Posso responder: enquanto houver essa “internacionalização” forçada do cabaz de “moedas fortes ocidentais” (é também por causa disso que existem o Bilderberg, a Trilateral e o “Le Cercle”), a humanidade estará a ser orientada para a vertigem dum desequilíbrio que é fruto do poder dominante da aristocracia financeira mundial, os tais 1% que a todo o custo e à custa dos outros 99%, procuram dominar da forma mais perversa que é possível, por via do capitalismo neoliberal!

Assim à maior parte da humanidade, continua a ser negada a desmistificação da história, para que ela não seja partícipe na luta contra o subdesenvolvimento e por isso não seja possível à maioria ganhar consciência da ética e da moral que essa luta impõe ao homem como parte integrante do caminho certo entre as trevas!

A lógica com sentido de vida é de facto esse caminho e não o reconhecer nas suas implicações essenciais, é corresponder ao domínio da hegemonia unipolar e dar continuidade à maior das vassalagens.

Ler em Página Global

*Os títulos acima mencionados são da autoria de Fernanda Câncio no Diário de Notícias 

Portugal | TRABALHAR OITO ANOS PARA RECEBER UM MÊS


Paulo Baldaia | Diário de Notícias | opinião

Bem lembrava o Presidente da República, no 25 de Abril, que o país, além de ter de produzir mais, tem de distribuir melhor a riqueza que produz. Por isso, o DN faz manchete com algo que parece chuva no molhado. A notícia não é nova, o que surpreende é que nada mude ano após ano. Não me incomoda o salário de ninguém nem defendo leis que estipulem salários no privado, para lá daquela que existe para determinar um salário mínimo obrigatório.

Mas é olhando para uma empresa onde existe muita gente a ganhar pouco mais do que o ordenado mínimo que se percebe como há ainda um longo caminho a percorrer. Quem mais ganha, ganha cem vezes mais do que o ordenado médio da empresa. Se compararmos com o caixa do supermercado dessa empresa, a diferença será maior.

Para ver se percebemos! Mesmo para um defensor da iniciativa privada, como eu, não pode ser moralmente aceitável que na mesma empresa alguém precise de trabalhar oito ano para receber o vencimento do chefe máximo num só mês. Para evitar perigos como Trump, Le Pen e outros quejandos não é preciso procurar antídotos na retórica política. O que se joga nas democracias é a organização da sociedade, a satisfação do bem comum e uma certa ideia de justiça. Que alguém possa ganhar muito dinheiro com o seu trabalho é até desejável, que outros dentro da mesma empresa tenham de fazer das tripas coração para esticar o ordenado até ao final do mês diz muito sobre a sociedade que estamos a construir.

Em matéria de disparidade salarial, na União Europeia, só a Polónia, a Roménia e Chipre estão pior do que nós. No extremo oposto está a Bélgica no meio dos países nórdicos (Finlândia, Dinamarca e Suécia). Os dinamarqueses são, nem por acaso, os que se dizem mais felizes entre todos os europeus. Repartem melhor a riqueza produzida, gerem muito bem o tempo gasto a trabalhar, em lazer e com a família. Lá também há ricos, mas há uma repartição mais justa da riqueza.


Portugal | O TAL QUE MANDOU EMIGRAR


Ana Alexandra Gonçalves*

Passos Coelho decidiu assinalar o 1.º de Maio com a afirmação de que terá sido durante a vigência do seu mandato que o emprego mais subiu, proferindo palavras carregadas de azedume e que pretendiam concluir que este Governo está a colher aquilo que ele e os seus apaniguados terão semeado.

Passos Coelho, procurando a todo o custo contrariar a tese de que está morto politicamente, faz nova prova de vida (ou tenta) acusando do Governo de ser ridículo. E já que falamos em ridículo, regressemos, por momentos, ao passado:

Durante o Governo de Passos Coelho a desregulação do mercado de trabalho conheceu o seu auge. Durante aqueles mais de quatro anos infernais o emprego criado era não só parco como acentuadamente precário, tanto mais que foram adoptadas tímidas medidas para fazer face aos elevados números do desemprego e todos estarão recordados das aldrabices em torno desses números quer com estágios quer com formações inconsequentes. Durante o tempo em que Passos Coelho era primeiro-ministro as desigualdades cresceram exponencialmente afectando também os que trabalhavam. Durante esse tempo e mesmo agora o anterior primeiro-ministro recusava e recusa qualquer aumento do salário mínimo. E sobretudo durante o seu tempo Passos Coelho - mesmo que o negue agora - convidou os portugueses a emigrarem, num gesto absolutamente inédito entre os mais altos representantes políticos do país.

Portugal | QUE SE EXPLIQUE PASSOS COELHO


Passos Coelho tem de explicar porque prefere a demagogia à informação, o medo ao esclarecimento e a austeridade, essa sim rapa-tacho, à sensatez.

Mariana Mortágua*

"Querem deitar a mão às reservas do Banco de Portugal para rapar o fundo ao tacho". Foi assim que Passos Coelho se referiu à proposta do Grupo de Trabalho sobre a Dívida Pública para reduzir os futuros acréscimos de novas provisões do Banco de Portugal (BdP).

Pode ser que Passos não saiba do que está a falar, mas o mais provável é que esteja deliberadamente a recorrer a demagogia barata e desinformada para tirar ganhos políticos do medo que procura criar nas pessoas.

A matéria é complexa, mas vale a pena ser explicada.

O BdP tem fundos próprios: capital, reservas, contas de reavaliação e provisões para riscos gerais. Os dois primeiros estão definidos legalmente e ninguém lhes mexe, aumentam todos os anos, e as contas de reavaliação são decididas pelo BCE. Restam então as provisões para riscos gerais, cujo propósito não está definido.

A partir de 2015 o BCE decidiu pôr em prática um programa de estímulo que consiste em comprar títulos de dívida pública aos bancos, ajudando a sua situação financeira e diminuindo a pressão sobre os juros dessa dívida no mercado. Fê-lo por toda a Europa e, no caso português, comprou já 26 mil milhões. Esses títulos encontram-se no balanço do BdP.

A SOCIEDADE “DESENVOLVIDA” AO ESTILO DE BALEIA TÉTRICA


Baleia Azul é o tema de abertura do Curto de hoje, quem serve a cafeína é Pedro Candeias. Já sabe, candeia que vai à frente ilumina duas vezes. 

Sobre essa tal baleia assassina, fartamente criminosa, já aqui no PG dissemos de nossa lavra e trouxemos o que outros dizem. Neste momento queremos elogiar a ação rápida da PSP e da PJ, que se puseram logo em campo à caça da assassina. Claro que da PGR foi dito há dois ou três dias (mais?) que iam abrir um inquérito e… blá, blá. Essa dos inquéritos da PGR e de outros moluscos institucionais fazem-nos arrepiar e meter a boca no trombone porque sabemos da sistemática lentidão desses burgos. Temos toda a razão para pensar e sentir assim.

Mas a polícias estão em campo, a TSF transmitiu hoje um fórum que também abordava o tema. Daniel Sampaio, da psicologia, falou-nos sobre o que sabe. Até já conversou com muitos jovens sobre essa tal baleia. Recomenda que devemos falar e refalar sobre o assunto com os jovens. E os pais, amigos e professores que fiquem atentos e também falem disso. Anotem e façam-no. 

Saibam que é muito difícil caçar a baleia e os baleias que são designados por “mentores” ou “curadores”. Pela lei esses tais “artistas” podem incorrer numa pena de prisão que vai até aos 5 anos, salvo erro. Pois caçem-nos, que esta coisa da baleia é terrivel e mostra a sociedade apodrecida em que sobrevivemos. Chamam a isto “sociedade desenvolvida”? Balelas! É mais uma sociedade muito maldosa, estilo baleia tétrica. Arre!

Candeias, o servidor deste Expresso Curto, aborda muito mais que a baleia. Vai ver que sim, se continuar a ler. Interessa.

Por nós estamos servidos e com pressa, vamos de abalada. Bom dia, se conseguirem. Saúde, sorte e dinheiro para tudo. Mas nada de esbanjarem. Sejam felizes.

MM | PG

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