quinta-feira, 13 de julho de 2017

SÉCULOS DE SOLIDÃO – IV



 Martinho Júnior | Luanda

Hoje pelas 18H00 é lançado o terceiro livro em que comparticipo,, desta feita com Leopoldo Baio, que foi o Director do desaparecido semanário “ACTUAL”.

O livro “Angola – Séculos de solidão – do colonialismo à democracia – cronologia histórica baseada numa pesquisa analítica” vai ser lançado em Angola pela Editora LeArtes, com uma tiragem de 1000 exemplares, com produção duma gráfica de Luanda e em resultado de alguns financiamentos locais.

Foi graças ao esforço e à tenacidade de Leopoldo Baio que o livro dá à estampa.

O livro enquadra-se, em época eleitoral, na necessidade de reforçar as linhas progressistas do MPLA, tendo em conta muitas lições que nos acodem não só do seu passado de luta, mas também e inclusive da contemporaneidade.

Para quem pensava que num quadro democrático, de forma aberta e em busca de harmonia em função de teorias que se prendem ao “mercado” neoliberal, se poderia melhor aproveitar o sector dos diamantes em benefício do estado angolano e dos privados nacionais e estrangeiros, a existência de factores de desagregação como o Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe está aí, interligando-se a outros factores promotores contínuos de desestabilização em Angola.

Os múltiplos braços do “lobby” dos minerais e os interesses do cartel, apesar das contrariedades deste último, continuam a espreitar em Angola, movendo enlaces internacionais que incluem“caixas-de-ressonância” internacionais ao nível por exemplo do Bilderberg e seu peso mediático (por exemplo em Portugal, sob a batuta de Francisco Ponto Balsemão), duma DW, na Alemanha, ou duma VOA nos Estados Unidos…

É evidente que as potências, nos seus relacionamentos para com Angola, não estão indiferentes a isso.

Em época de terapia (2002/2017), após o choque neoliberal (1992/2002), Angola está vulnerável e pelas fissuras “transversais” estão a crescer tendências que põem em causa além do mais as parcas conquistas em prol da identidade nacional, da paz e da premente necessidade de luta contra o subdesenvolvimento.

Angola | JOÃO MELO: O FIEL ESCUDEIRO DO OUTRO JOÃO, O PRESIDENCIAL



Raul Diniz | opinião

João Melo além de profeta é igualmente soldado do regime para todo tipo de serviço sobretudo, no de engessar a verdade do momento politico que o país vive. Essa é a razão explicativa que leva o politico JM não ter vontade de capacitar-se para entender que esse MPLA atual não é benigno e muito menos representa o todo da nossa militância. Cada vez mais fica evidenciado a existência de um fosso que separa o povo dessa cambada de gatunos que se diz governo.

Tenho plena convicção que somente João Melo não conseguiu discernir que o MPLA tem surfado por turbulentas ondas corrosivas da corrupção a mais de 42 anos. Essa situação comprova a necessidade do MPLA ter que virar a pagina, caso não vire a pagina, a pagina vira sem ele.

Por outro lado, não faz sentido nenhum o deputado João Melo colocar toda militância na mesma situação inépcia da bajulação inconsumível em que ele próprio se encontra lambuzado.

Entendo que é difícil um politico profissional como JM entender que os ventos mudaram de direção e agora sopram forte na direção errada a que segue a ditadura corrupta conduzida pelo MPLA.

A maior parte dos experts formadores de opinião foi surpreendida e ficou mesmo pasma com a dinâmica farsante do texto horripilante de João Melo de apoio ao candidato do MPLA João Lourenço, escrito recentemente pelo não menos horripilante escritor, jornalista e deputado profissional João Melo do MPLA.

Não é pecado o João Melo sonhar e ter o beneplácito desejo de fazer de João Lourenço uma grande liderança da mudança, mas, essa inverdade de mudança desejada por JM residi apenas na mente do deputado. A realidade demonstra claramente o contrario da afirmação de JM e indica que o poder ficando nas mãos de João Lourenço o país estacionará numa incógnita gravosa para os angolanos.

Brasil | LULA A PRESIDENTE EM VEZ DE PRESIDIÁRIO





Lula da Silva responde a condenação com anúncio de candidatura à presidência do Brasil

O ex-Presidente do Brasil Lula da Silva anunciou esta quinta-feira que vai solicitar ao Partido dos Trabalhadores para ser o candidato desta força política às eleições presidenciais de 2018. Numa conferência de imprensa depois de ter sido condenado a nove anos e meio de prisão, Lula anunciou que vai recorrer e denunciou aqueles que “estão a destruir a democracia” brasileira.

"E agora quero dizer ao meu partido, que até agora não tinha reivindicado mas vou reivindicar, o direito de me colocar como postulante à Presidência da República em 2018", anunciou na conferência de imprensa.

O ex-Presidente do Brasil denunciou aqueles que “estão a destruir a democracia do Brasil” e prometeu recorrer. "Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro", insistiu.

O anúncio de Lula da Silva surge depois de o juiz Sérgio Moro o ter condenado na noite de quarta-feira a nove anos e meio de prisão, pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro no âmbito do processo Lava Jato.

RTP | Título PG

Brasil | A CONDENAÇÃO DE LULA



Um juiz formado nos seminários da USAID e íntimo da Embaixada dos EUA no Brasil, sr. Sergio Moro, condenou o sr. Lula a 9,5 anos de prisão . A sentença foi lavrada em 12 de Julho.

Deste episódio podem-se extrair algumas lições: 

1) De nada valeram todas as capitulações do sr. Lula frente à classe dominante brasileira ("A burguesia nunca ganhou tanto dinheiro como no meu governo", declarou ele certa vez) e frente ao imperialismo; 

2) Frente à depressão económica mundial em curso, o Imperialismo e a classe dominante local querem descarregar, o mais depressa possível, todo o peso da crise sobre os ombros dos trabalhadores; 

3) Por essa razão quer reverter as conquistas sociais do povo brasileiro reenviando-o para a situação em que estava no século XIX com a liquidação da legislação trabalhista e previdenciária em vigor ("É preciso enterrar o getulismo", disse uma vez o ex-presidente F.H.Cardoso); 

4) Está assim acabada, ingloriamente, a política social-democrata desenvolvida pelo lulismo de fazer apaziguamento social mediante a distribuição aos trabalhadores de algumas migalhas do rendimento nacional; 

5) É enganosa a palavra-de-ordem "Diretas já!" propalada pelo PT pois: a) eleições presidenciais realizadas nas actuais condições não podem ser democráticas; e b) mesmo se vitorioso, o sr. Lula teria de pagar o preço de manter e até agravar todas as suas capitulações frente à classe dominante; 

6) A democracia burguesa está podre no Brasil e a triste herança do lulismo não permite saídas boas a curto prazo.

Resistir.info - Na foto: Lula - Sérgio Moro

Portugal | A LEI DA SELVA NA PT



Pedro Filipe Soares | Diário de Notícias | opinião

Assistimos a um corrupio de privatizações nas últimas décadas. Setores estratégicos, funções essenciais, monopólios naturais... muito pouco ficou a salvo desta rapina. A cada privatização era aclamado o exemplo da gestão privada, a introdução de inovação, a garantia da manutenção dos centros de decisão em Portugal e um serviço à economia e às pessoas redobrado. Uma gigante mentira como vemos atualmente.

Uma das grandes empresas privatizadas foi a Portugal Telecom (PT). A gigante das telecomunicações mudou de mãos no turno de António Guterres, para gáudio dos privados e garantia de rendimentos chorudos. O que se seguiu é digno de um filme de terror. Nas décadas posteriores assistimos ao desmantelar da empresa, espartilhada entre interesses de acionistas e o crime de gestores.

Ainda se lembra de Zeinal Bava, o supergestor que se engasgou em direto na comissão de inquérito do BES? Foi um dos autores da gestão danosa na PT: quando ele entrou para a gestão, a empresa estava avaliada em 12 800 milhões de euros; quando ele saiu da PT a empresa valia menos de 1500 milhões de euros. E enquanto se cometiam os crimes na PT os acionistas calavam-se, rendidos ao jackpot de dividendos distribuídos, de 9500 milhões só desde 2006. Outros acionistas eram intervenientes na gestão danosa: as vendas de ativos foram feitas para garantir a liquidez de acionistas contra o interesse da própria empresa.

O engodo da manutenção dos centros de decisão no país é agora inequívoco. Os acionistas nacionais da PT foram engolidos pela sofreguidão do lucro fácil e consequente descapitalização da empresa. Agora, manda apenas a Altice, um fundo abutre que faz negócios especulativos com empresas de telecomunicações em dificuldades. Pelo meio, desapareceu a Golden Share que prometia a participação pública em decisões estratégicas, atropelada pelo desprezo que Passos Coelho e Assunção Cristas tinham do que era público.

TAMANHOS | IGAI pode ter responsabilidades no aumento dos excessos policiais denunciados



Tamanhos, abordagem do jornalista do Expresso neste Curto. "O meu é maior que o teu". Não é nada disso. O referido é sobre a ajuda do jornalista para que os leitores "vejam" melhor o tamanho daquilo que referem no caso de uma área ardida, por exemplo. A "cena" dos tamanhos é de Ricardo Marques, no Curto. Vão lá.

Sobre tamanhos podemos pegar no tamanho das "tangas" do IGAI e da sua complacência nos excessos policiais. Por essas e outras chegámos onde chegámos e a instituição PSP acaba por ficar de rastos porque tem nas suas fileiras uns quantos agentes que não prestam e já o provaram. Mas o tamanho da tolerância do IGAI é enorme e por isso pode ter responsabilidades no aumento dos excessos policiais. IGAI é cousa da Administração Interna que fiscaliza as polícias e as protege quando não deve, foi provado e é publico. Leiam aqui COVA DA MOURA | IGAI reconstituiu detenção na rua errada, trabalho de Valentina Marcelino no Diário de Notícias, a seguir a este Expresso Curto, se continuar a ler.

Bom dia, bom resto de semana. Como as desgraças nunca vêm sós temos abordagens várias sobre as ditas.

CT | PG

COVA DA MOURA | IGAI reconstituiu detenção na rua errada



O MP concluiu que não merecia credibilidade a versão da PSP sobre a detenção no bairro de um dos jovens agredidos

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) fez a reconstituição da detenção de Bruno Lopes, um dos seis jovens depois agredidos na esquadra de Alfragide em 2015, na rua errada da Cova da Moura. De acordo com a investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Amadora e da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ, essa detenção aconteceu num local e de modo diferente ao descrito pela PSP e foi a versão dos agentes desta força de segurança que a IGAI deu como certa para a reconstituição.

Esta detenção, a 5 de fevereiro de 2015, viria depois a desencadear as restantes detenções de outros quatro jovens que se dirigiram à esquadra para saber do amigo, acabando por ser vítimas, de acordo com a acusação, conhecida nesta semana, do Ministério Público contra 18 agentes da PSP pelos crimes, entre outros, de tortura, sequestro, ofensas à integridade física, motivados por ódio racial, bem como denúncia caluniosa e falsos testemunhos.

No âmbito dos processos disciplinares e a pedido da defesa dos polícias, a IGAI deslocou-se à Cova da Moura cerca de nove meses depois desses incidentes para reconstituir a primeira intervenção policial na Avenida da República, onde a PSP contara que uma viatura policial tinha sido atingida por pedras atiradas por um grupo de dez jovens, entre os quais o detido, tendo sido partido um dos vidros e ferido um agente. A reconstituição, relatou o Correio da Manhã na altura, contava com um procurador do MP e um aparato de segurança com 27 polícias, os quais "foram expulsos à pedrada" por desconhecidos, obrigando ao seu cancelamento.

PORTUGUESES SÃO MENOS RACISTAS? | “Os polícias disseram que nós, africanos, temos de morrer”



Joana Mortágua* | jornal i | opinião

Recuse-se esta memória construída de um passado benevolente em que fomos menos racistas do que os outros. Ela impede a sociedade de enfrentar a evidência de que as fraturas sociais e a reprodução da pobreza andam lado a lado com o racismo

“Os polícias disseram que nós, africanos, temos de morrer.” A afirmação marca o chocante relato de seis jovens da Cova da Moura sobre a violência de que foram vítimas numa esquadra da Amadora, onde tinham ido saber do Bruno, um amigo que fora levado do bairro pela polícia. Numa acusação inédita em Portugal, 18 agentes da PSP foram acusados pelo Ministério Público de crimes de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física qualificada, com a agravante de terem sido motivados por ódio e racismo.

“Bateram-me com o cassetete, davam pontapés”, conta Bruno. “Diziam-me para me candidatar ao Estado Islâmico. Chamavam pretos, macacos, que iam exterminar a nossa raça.”

A decisão é histórica, mas não pensemos que com ela se compra o perdão – sequer o esquecimento – de todas e todos os outros jovens negros que ao longo dos anos têm sido arrastados para esquadras, invadidos nas suas casas ou parados na rua pelo simples facto de serem jovens, negros e viverem no bairro.

Angola | PROPOSTAS ELEITORAIS



Víctor Carvalho | Jornal de Angola, opinião

Para o cidadão comum, sobretudo o menos comprometido com fidelidades partidárias, os últimos dias têm sido marcados pela expectativa que resulta da tomada de contacto sobre aquilo que tem sido expresso pelas diferentes forças que se perfilam para disputar as eleições de 23 de Agosto.

De um lado está o partido que governa, curiosamente o único que apresenta uma aposta verdadeiramente nova para a liderança do país e, do outro, cinco formações que teimam em não alterar aquilo que tem sido o seu discurso político, com caras “velhas” e fazendo da exclusão o seu exclusivo tema de campanha.

Curiosamente, os que tudo fazem para perpetuar as suas lideranças são os que mais falam na necessidade de mudança, fazendo desta palavra um chavão no qual nem eles mesmo acreditam e que, como se tem visto, os enreda em intrigas palacianas posicionando-se para uma corrida por um protagonismo político que nada até agora fizeram por verdadeiramente merecer.

O MPLA, a única formação que apresenta caras novas como proposta para o comando da governação, tem sabido gerir habilmente essa condição, indo ao encontro daquilo que é a curiosidade do eleitorado menos comprometido com forças políticas mobilizando multidões de gente por onde o seu candidato a Presidente da República passa.

O périplo que, nesta pré-campanha eleitoral, João Lourenço efectuou de Cabinda ao Cunene e do mar ao Leste foi coroado pela resposta que as respectivas populações deram para satisfazer a sua curiosidade em ouvir um discurso positivo e prenhe de propostas, tendo por base um programa atempadamente delineado e apresentado e que contempla aquilo que é a ambição generalizada dos angolanos.

SÉCULOS DE SOLIDÃO – III



 Martinho Júnior | Luanda

Aproxima-se a data do lançamento do terceiro livro em que comparticipo, desta feita com Leopoldo Baio, que foi o Director do desaparecido semanário “ACTUAL”.

O livro “Angola – Séculos de solidão – do colonialismo à democracia – cronologia histórica baseada numa pesquisa analítica” vai ser lançado em Angola pela Editora LeArtes, com uma tiragem de 1000 exemplares, com produção duma gráfica de Luanda e em resultado de alguns financiamentos locais.

Foi graças ao esforço e à tenacidade de Leopoldo Baio que o livro dá à estampa.

O livro enquadra-se, em época eleitoral, na necessidade de reforçar as linhas progressistas do MPLA, tendo em conta muitas lições que nos acodem não só do seu passado de luta, mas também e inclusive da contemporaneidade.

O prolongamento de “Séculos de solidão” até aos nossos dias é motivo de constante reflexão:

Como Angola poderá ir saindo do subdesenvolvimento crónico a que tem sido secularmente votada?

Como Angola poderá sair da cauda dos Índices de Desenvolvimento Humano para onde tem sido relegada, tendo em conta os trágicos resultados da última guerra injusta que teve que travar no âmbito do choque neoliberal protagonizado por Savimbi?

Quantas cedências, os angolanos vão continuar a fazer, face aos impactos nocivos da terapia neoliberal que aumenta o fosso das desigualdades humanas, a injustiça social ao ponto de se atingir, em algumas zonas urbanas, bolsas de “apartheid” e a ausência de respeito para com a Mãe Terra?

Que opções se devem tomar tendo em conta o estado do mundo e o quadro da globalização, remetido a dois focos de tensão entre o conceito e a prática da hegemonia unipolar e o conceito e a prática da emergência multipolar?

Como vamos equacionar a defesa da paz, do aprofundamento da democracia e a busca pela justiça social, num universo tão conturbado?

Para além das lições que o conteúdo do livro estimula, há uma vastidão de inquietações cujas respostas urge equacionar.

"REFORMA" TRABALHISTA | A CARA DO CAPITALISMO REAL



Temer, Eunício e os escroques do Senado são coadjvantes. Como o sistema age, há quarenta anos, para reduzir salários e direitos — enquanto engorda os acionistas e executivos

Christian Duarte e Carlos Salas * | Outras Palavras | Imagem: Eric Drooker

Texto publicado originalmente no site do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit/Unicamp). Título original: “As novas e velhas máscaras da terceirização no capitalismo contemporâneo”

Introdução

Em artigo recente do Wall Street Journal (2 de fevereiro de 2017), intitulado “O fim dos empregados”, se encontra a declaração de um diretor da empresa Virgin Airways feita em uma reunião com investidores em março de 2016: “vamos terceirizar cada um dos postos de trabalho que conseguirmos, sempre que estes não se relacionem com o tratamento direto com o público”. Em dezembro de 2016, quando a terceirização já se havia generalizado, a empresa foi vendida. Hoje, a Virgin Airways terceiriza a venda de passagens aéreas, o manejo das bagagens, as reparações maiores e a alimentação nos voos, o que se traduz em maiores lucros por passageiro que a média das companhias aéreas.

Este exemplo não é um fato isolado. O processo acentuado de externalização inclui hoje em dia numerosas empresas que aproveitam a flexibilidade da legislação trabalhista e o ambiente anti-sindical nos Estados Unidos para diminuir custos e aumentar os dividendos de seus acionistas. Como sempre ocorre nestas circunstâncias, os prejuízos para os trabalhadores são dobrados, uma vez que a diminuição dos custos e a piora das condições de trabalho afetam tantos aqueles que passam a desempenhar as atividades subcontratadas quanto os que permanecem nas empresas terceirizadas.

Este processo de externalização das atividades não é um fenômeno novo no capitalismo. A onda anterior mais recente havia sido a do chamado “enxugamento das empresas” nos anos 1980 e 1990 do século passado. No entanto, a terceirização, com seus altos e baixos, acompanha a história do capitalismo. A situação atual de ofensiva dos grupos capitalistas para impor os custos de recuperação e saída da crise sobre os trabalhadores é, portanto, mais um capítulo da permanente disputa entre capital e trabalho, no qual a terceirização desempenha um papel central.

LULA DA SILVA CONDENADO A NOVE ANOS E MEIO DE PRISÃO



Dilma diz que condenação de Lula da Silva é um "escárnio"

A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse que a condenação de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, foi um "escárnio e um um absurdo jurídico que envergonham o Brasil".

A declaração consta de um comunicado oficial divulgado por Dilma Rousseff, no qual a ex-chefe de Estado afirma que a condenação foi determinada "sem provas", sublinhando que Lula a Silva "é inocente" e a sua condenação "fere profundamente a democracia" brasileira.

"Sem provas, cumprem o roteiro pautado por setores da grande Imprensa. Há anos, Lula [da Silva], o Presidente da República mais popular na história do país e um dos mais importantes estadistas do mundo no século XXI, vem sofrendo uma perseguição sem quartel", destacou a ex-presidente.

Quarta-feira à tarde, Lula da Silva foi considerado culpado de ter recebido vantagens ilícitas da construtora OAS num processo que investiga a propriedade de um apartamento de luxo no Guarujá, cidade do litoral de São Paulo.

A sentença foi dada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os julgamentos em primeira instância da Operação Lava Jato.

O magistrado considerou que Lula da Silva recebeu o apartamento como vantagem indevida para favorecer os interesses da OAS junto do Governo brasileiro.

Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil duas vezes, em 2010 e 2014, pela mesma sigla de Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT).

O seu último mandato foi abreviado e Dila Roussefffoi destituída em agosto de 2016 pelo Congresso do Brasil num julgamento polémico no qual a ex-presidente foi considerada culpada da prática de crimes fiscais.

Jornal de Notícias | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Portugal | O ESTADO DANAÇÃO



Vítor Santos* | Jornal de Notícias | opinião

António Costa colocou, ontem, durante o debate do estado da nação, aquilo que parece ser um ponto final na crise do Governo, ao anunciar uma pequena reformulação, que hoje apresentará a Marcelo Rebelo de Sousa. O desnorte durou meia dúzia de dias. Veremos, no futuro, como será, porque a partir de agora a estrada encolheu bastante para o primeiro-ministro. Qualquer desvio pode ser fatal.

Certo é que, "obviamente", António Costa não demite nenhum dos seus ministros. Também, era o que faltava... Se quanto ao trágico incêndio de Pedrógão Grande ainda não conseguimos chegar a conclusões e, portanto, a responsabilidades inequívocas, no anedótico, e preocupante, assalto a Tancos percebemos à primeira, como se pode ver na edição de hoje do "Jornal de Notícias", que a culpa está longe de ser do ministro da Defesa. Se assim fosse, qualquer cidadão que deixa a janela aberta e vê a casa ser assaltada poderia exigir a demissão chefe da esquadra mais próxima. Como bem sabemos, as coisas não podem ser tratadas assim, apesar de as cabeças já terem rolado há muito nas redes sociais e, sobretudo, ao nível do comentário político. Assumir as falhas fica-nos bem a todos, ainda mais aos titulares de cargos públicos, mas só faz sentido quando verdadeiramente somos responsáveis por elas. Ora, seguramente no caso de Tancos, a tutela de Azeredo Lopes só por má-fé ou interesse político pode ser colocada em causa. O mesmo não se pode dizer em relação às cúpulas do edifício militar.

O tema foi, claro está, passado a pente fino no debate de ontem. Com todo aquele "swing" parlamentar, o estado da nação até parecia o Estado danação. De um lado, o Governo e a defesa dos que o seguram, do outro a oposição, com Cristas e Passos Coelho ao ataque. Do Executivo já falamos, resta perceber o desempenho da alternativa. Não sendo extraordinário, é animador. Pelo menos, no que respeita ao líder do PSD. O ex-primeiro-ministro continua a evoluir. E isso é bom para o país. Constato que está, pelo menos, melhor aconselhado, bebendo inspiração em fontes credíveis e com mensagens descontaminadas. Como Poiares Maduro, evidentemente. Se pensarmos que, no rescaldo dramático de Pedrógão, Passos Coelho se apoiou nas indicações fornecidas pelo provedor da Misericórdia local para revelar informações falsas sobre pessoas que se suicidaram por falta de apoio psicológico, desta vez socorreu-se de um post no Facebook do seu ex-ministro Poiares Maduro, para discursar no Parlamento. Foi uma ótima ideia, porque, pelo menos desta vez, não terá de pedir desculpa ao país.

* Editor-executivo-adjunto

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