Temer,
Eunício e os escroques do Senado são coadjvantes. Como o sistema age,
há quarenta anos, para reduzir salários e direitos —
enquanto engorda os acionistas e executivos
Christian
Duarte e Carlos Salas * | Outras Palavras | Imagem: Eric
Drooker
–
Texto publicado originalmente no site do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit/Unicamp). Título original: “As novas e velhas máscaras da terceirização no capitalismo contemporâneo”
–
Texto publicado originalmente no site do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit/Unicamp). Título original: “As novas e velhas máscaras da terceirização no capitalismo contemporâneo”
–
Introdução
Em
artigo recente do Wall Street Journal (2 de fevereiro de 2017),
intitulado “O fim dos empregados”, se encontra a declaração de um diretor da
empresa Virgin Airways feita em uma reunião com investidores em março
de 2016: “vamos terceirizar cada um dos postos de trabalho que conseguirmos,
sempre que estes não se relacionem com o tratamento direto com o público”. Em
dezembro de 2016, quando a terceirização já se havia generalizado, a empresa
foi vendida. Hoje, a Virgin Airways terceiriza a venda de passagens
aéreas, o manejo das bagagens, as reparações maiores e a alimentação nos voos,
o que se traduz em maiores lucros por passageiro que a média das companhias
aéreas.
Este
exemplo não é um fato isolado. O processo acentuado de externalização inclui
hoje em dia numerosas empresas que aproveitam a flexibilidade da legislação
trabalhista e o ambiente anti-sindical nos Estados Unidos para diminuir custos
e aumentar os dividendos de seus acionistas. Como sempre ocorre nestas
circunstâncias, os prejuízos para os trabalhadores são dobrados, uma vez que a
diminuição dos custos e a piora das condições de trabalho afetam tantos aqueles
que passam a desempenhar as atividades subcontratadas quanto os que permanecem
nas empresas terceirizadas.
Este
processo de externalização das atividades não é um fenômeno novo no
capitalismo. A onda anterior mais recente havia sido a do chamado “enxugamento
das empresas” nos anos 1980 e 1990 do século passado. No entanto, a
terceirização, com seus altos e baixos, acompanha a história do capitalismo. A
situação atual de ofensiva dos grupos capitalistas para impor os custos de
recuperação e saída da crise sobre os trabalhadores é, portanto, mais um
capítulo da permanente disputa entre capital e trabalho, no qual a
terceirização desempenha um papel central.
Neste
texto se examina, de maneira geral, a história recente dos processos de
terceirização e como este processo vem acompanhado pelo deslocamento geográfico
da produção e dos serviços e pela consolidação de redes econômicas, as chamadas
cadeias de produção ou de valor. Será mostrado que estes processos seguem uma
lógica intrínseca de busca de maior rentabilidade – o que inclui redução de
custos diretos e indiretos. Segundo a lógica empresarial, estes custos
indiretos incluem sindicatos e impostos. Portanto, uma condição necessária para
o avanço nos processos de externalização produtiva é a mudança institucional e
das políticas públicas. Ademais, as recentes transformações produtivas e de
organização se acentuam apoiadas por mudanças e avanços importantes e diversos
na tecnologia, especialmente na tecnologia de transporte, informação e
comunicações.
Nas
seções a seguir serão analisados os efeitos destes processos sobre os
trabalhadores e, em particular, sobre as trabalhadoras, que constituem uma
parte significativa da mão de obra ocupada nos setores produtivos onde a
terceirização é mais expressiva. Finalmente, será destacado como a
terceirização – seja na forma de externalização simples ou de deslocamento
geográfico das atividades – traz consigo uma mudança na estrutura organizacional
das empresas e tem profundas consequências sobre a organização e as condições
de trabalho.
1.
O enxugamento (downsizing) empresarial no período 1980-2000
No
estudo da terceirização na sua expressão atual faz necessário considerar a
forma com a qual o capitalismo reestruturou as empresas a partir dos anos 1980,
em um processo duplo de fusões e aquisições, seguido de uma redução da planta
de trabalho.
De
fato, a nota jornalística citada no início deste artigo tem um importante
precedente em uma série de artigos publicados pelo New York Times em
1996 e que foram reunidos no livro The Downsizing of America (publicado
em 1996). Define-se downsize como a eliminação planejada de postos de
trabalho ou empregos, isto é, uma decisão consciente da empresa de cortar parte
da força de trabalho ou eliminar funções, níveis hierárquicos ou unidades
(Cascio, 1993).
O
início dos anos 1990 testemunhou um acentuado processo de eliminação de postos
de trabalho no setor manufatureiro dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que a ocupação
nas atividades de serviços crescia (Baumol et al., 2003). Este processo
não foi resultado de uma contração na demanda dos produtos manufaturados ou da
intensificação do progresso técnico. No período com os maiores cortes – entre
1983 e 1996 – a economia americana cresceu, em média, 3.5% ao ano, não havendo,
portanto, um suposto “ambiente recessivo” que justificasse as demissões em
massa.
As
demissões estiveram associadas, na verdade, a uma estratégia de reestruturação
corporativa que buscava incrementar os lucros líquidos das empresas e aumentar
seu valor acionário. No discurso dos executivos, as práticas de downsizing visavam
a redução de suas operações a fim de revitalizar a companhia e garantir sua
competitividade. De fato, a realidade era oposta: as empresas mantinham um
quadro executivo inchado, enquanto os salários dos trabalhadores de base eram
contraídos. A tendência de queda dos salários dos trabalhadores da produção se
relaciona com a abordagem mais agressiva que as corporações americanas adotaram
com relação à negociação salarial com os sindicatos . (Gordon, 1996).
Tal
processo se materializou em demissões generalizadas em algumas indústrias, as
quais nem sempre deram como resultado o alcance do objetivo buscado
(Baumol et al., 2003, Capítulo 9). A demissão irrestrita em áreas de
menores custos levou a perdas de produtividade, mas garantiu maiores lucros
líquidos e menores custos salariais. Entre os setores mais afetados estiveram o
de vestuário, o de eletrônicos de consumo, o de fabricação de brinquedos e o de
joalheria. Voltaremos mais tarde a examinar brevemente os dois primeiros
setores.
O
enxugamento da planta de trabalho nesses anos se soma às perdas de postos de
trabalho derivadas das fusões e aquisições dos anos 1980. Uma interessante
discussão sobre a origem e o impacto deste processo, que resulta em queda no
número de empresas e diminuição de postos de trabalho em muitas delas, pode ser
encontrada no texto de Gordon (1996), ironicamente intitulado Fat and Mean.
O argumento de Gordon é que, devido à crise de rentabilidade empresarial nos
anos 1970, a classe capitalista assumiu o caminho do crescimento liderado pelos
lucros (profit-led growth), isto é, dedicou seus esforços a controlar o
crescimento dos salários, combater os sindicatos e conseguir apoio
governamental para diminuir as proteções legais aos trabalhadores. Este
processo culmina com a eleição de Ronald Reagan e representa o início da era
neoliberal. É neste novo ambiente político que aparece a epidemia de fusões e
aquisições e que desemboca no movimento de demissões em massa do início dos
anos 1990.
As
demissões de pessoas ocupadas em uma empresa – quando não derivam de mudanças
substantivas na demanda do produto ou dos serviços proporcionados pela firma –
não estão diretamente ligadas com o progresso técnico poupador de trabalho, nem
tampouco com o ciclo de negócios. Atualmente, trata-se de um movimento motivado
pelo interesse de recuperar, no curto prazo, o valor acionário das empresas
para oferecer maiores lucros anuais distribuídos aos acionistas. Deve-se,
também, ao resultado de transformações na estrutura das empresas, orientadas
para ampliar os lucros em um horizonte temporal mais amplo.
O
foco dos gerentes americanos neste movimento de demissões em massa dos anos
1990 passou a ser demitir trabalhadores e distribuir rendas de forma a garantir
os preços das ações, o que gerou elevados retornos aos acionistas (seguindo o
princípio de governança de “maximização de valor ao acionista”) e também aos
gerentes, uma vez que o ganho com a valorização da ação se tornou uma parte
cada vez maior dos seus salários. Em outras palavras, os executivos aumentaram
a lucratividade e os retornos financeiros para si e para os acionistas em
detrimento dos rendimentos dos trabalhadores.
No
entanto, tais políticas nem sempre se transformam em resultados positivos para
as empresas, especialmente para as de menor tamanho. No caso das grandes
empresas, o impacto da lógica de curto ou longo prazo na rentabilidade pode
variar bastante. O impacto sustentado na rentabilidade é maior para aquelas
empresas que seguem uma lógica de longo prazo (McKinsey, 2017). Para algumas
firmas, os benefícios econômicos antecipados não se materializaram – como
redução dos custos, aumento dos lucros e do retorno sobre o investimento – e
nem os benefícios organizacionais de se operar com uma estrutura reduzida. Do
ponto de vista do emprego, houve declínio da estabilidade, queda do tempo de
permanência (aumento da rotatividade), baixos salários, elevada flexibilidade e
crescimento da desigualdade de renda e da riqueza. Muitas das vezes, os
resultados negativos se davam pela queda da produtividade do trabalho, uma vez
que a moral dos empregados era deteriorada pela permanente ameaça de desemprego
(Cascio, 1993).
Em
última instância, a reestruturação da planta de trabalho é sempre um
instrumento para aumentar a rentabilidade, se transformando em elemento para
ameaçar os trabalhadores e dissuadir os sindicatos (Baumol et al., 2003;
Gordon, 1996; Harrison, 1997). O discurso corporativo de que o downsize atende
às necessidades das empresas tornarem-se mais enxutas e eficientes para competir
nos mercados globais e nos novos setores mascara a realidade de um conflito de
apropriação da riqueza gerado pela empresa que opõem os acionistas e os
gerentes, de um lado, pelos ganhos de maiores dividendos e salários
(respectivamente), e os trabalhadores, de outro, que, através da insegurança no
emprego gerada pelas demissões em massa apresentaram, em média, salários reais
declinantes nos Estados Unidos nos anos 1980 e 1990 (Gordon, 1996).
Na
manufatura, a diminuição de postos de trabalho também está associada com os
processos de terceirização. De fato, a terceirização é uma estratégia usada
pelas empresas que têm uma longa história que corre paralela à do capitalismo.
Mecanismos de subcontratação podem ser identificados já na Alta Idade Média na produção
de vestuário a partir da lã através do sistema de putting out, ou seja, a
externalização para as áreas rurais de partes do processo de produção que era
levado a cabo nas oficinas artesanais das cidades.
As
primeiras formas deste sistema aparecem já no século XIV (Landes, 1969,
Capítulo 2), e se transformam em um sistema generalizado na Inglaterra durante
os séculos XVI e XVII (Littlefield e Reynolds, 1990). Este sistema de produção
– caracterizado por uma relação de dependência entre um mercador-empresário e
um trabalhador (ou trabalhadora) rural – representa um avanço na divisão do
trabalho. Ao mesmo tempo, contém a semente das formas de trabalho assalariado
que culminam com o Capitalismo Industrial, uma vez que diversas etapas da
produção são desenvolvidas por artesãos especializados, ainda que o mercador
capitalista mantenha a propriedade dos materiais ao longo de todas as etapas de
produção (Littlefield e Reynolds, 1990). Arranjos de subcontratação semelhantes
ao sistema de putting out persistem nas sociedades contemporâneas,
visíveis no trabalho de confecção e que renascem em economias como a dos
Estados Unidos, por exemplo (Rosen, 2002).
2. Da
externalização ao deslocamento para o exterior
A
história da indústria têxtil e do vestuário nos Estados Unidos exemplifica o
uso da externalização nas primeiras etapas da industrialização devido,
principalmente, à existência de oficinas de pequeno porte, sobretudo nas
atividades de elaboração do vestuário. Muitas destas oficinas eram de caráter
familiar, com força de trabalho basicamente feminina. Com isso, as más
condições de trabalho e a exploração eram a regra. As indústrias têxteis e de
vestuário mais importantes dos Estados Unidos localizaram-se no Nordeste do
país, entre Nova Iorque e Massachusetts. Não obstante, as oficinas familiares
de costura existiam ao longo do território norte-americano, particularmente nos
estados do Sul. O fato de que no Nordeste a estrutura destas indústrias fosse
dominada por grandes unidades favoreceu o processo de organização de seus
trabalhadores, elemento que ganhou importância depois da Segunda Guerra Mundial
e levou a importantes ganhos de salários e condições de trabalho, bem como a
quase extinção das oficinas mais precárias. Contudo, a situação política
internacional do pós-guerra – com a necessidade de reconstruir o Japão e
combater o avanço da esquerda no Sudeste Asiático – levou a um processo de
estímulo à produção têxtil e de vestuário no Japão, Coreia, Hong Kong e,
posteriormente, Taiwan (Rosen, 2002). Assim se inicia o crescimento explosiva
da indústria têxtil e do vestuário no leste da Ásia.
A
entrada destas mercadorias nos Estados Unidos começou a colocar pressão sobre
as empresas do Nordeste, as quais confrontaram uma intensa competição com as
atividades de elaboração de vestuário, concentrada nas empresas do Sul,
caracterizadas por menores salários, quase total ausência de sindicatos e forte
presença de pequenas unidades e oficinas familiares. Assim, no fim dos anos
1970, observa-se o fenômeno de relocalização geográfica com um movimento do
Norte em direção ao Sul e à Califórnia, que leva à generalização dos sweat
shops: oficinas precárias, sem medidas de segurança ocupacional, baixos
salários e longas jornadas, que trabalhavam como terceirizadas de grandes empresas.
Depois de uma notável melhoria nas condições de trabalho no Norte dos Estados
Unidos no período do Pós-Guerra, já nos anos 1990 a produção de vestuário
nestas oficinas havia reaparecido, em particular em Nova York.
Em
suma, a transformação das atividades têxteis e de vestuário nos Estados Unidos
obedece a um processo mais complexo que a simples busca por menores custos
trabalhistas. Esta foi resultado da geopolítica que surgiu depois da Segunda
Guerra Mundial de contenção do avanço das forças de esquerda no mundo, em
particular na Ásia. Ao apoiar a capacidade produtiva das indústrias têxteis
primeiro e depois da indústria do vestuário, o governo dos Estados Unidos
conseguiu recriar as condições para um desenvolvimento industrial nos países
asiáticos, mas, simultaneamente, colaborou com a perda de importância da
indústria têxtil e do vestuário no próprio país, ainda que tenha terminado
reforçando o papel das empresas comercializadoras destes produtos.
Apesar
do progresso técnico ter facilitado a operação de plantas têxteis modernizadas
nos Estados Unidos – com a subsequente perda de empregos – uma parte importante
do processo produtivo do vestuário não pôde ser modernizado ou automatizado. A
busca de espaços onde a produção de vestuário fosse mais barata e sem a
presença de sindicatos levou à expansão desta indústria para a costa Oeste.
Este movimento não parou aí, chegando aos países da Ásia no início dos anos
1960, ao México em meados dos anos 1970 e à América Central nos anos 1980,
dando origem a uma onda de deslocamento produtivo.
Este
deslocamento rapidamente abarcou a indústria de eletrônicos de consumo, de
sapatos, de brinquedos e de joalheria. Todo o processo de mudança na
distribuição geográfica destas atividades produtivas esteve marcado por uma forte
presença da força de trabalho feminina com baixos salários e más condições de
trabalho (Elson e Pearson, 1981; Safa, 1981). Na década de 1980, a introdução
da produção flexível e a fabricação em lotes (Piore e Sabel, 1984) eram vistas
como elementos que eliminariam grandes blocos de força de trabalho pouco
qualificada na indústria global do vestuário. No entanto, tal processo não
ocorreu de forma generalizada nesta atividade, tampouco na eletrônica de
consumo ou na produção de joias. O motivo é que os ganhos de produtividade
derivados de mudanças tecnológicas não eram suficientemente grandes para
justificar a eliminação dos trabalhadores menos qualificados.
Ainda
que uma parte do processo, como a produção de insumos, pôde ser automatizada
com êxito, outras resistiriam à completa mecanização. A indústria têxtil passou
por um intenso processo de modernização a partir dos anos 1970 com a
generalização das fibras artificiais, enquanto a indústria do vestuário mudou o
processo de design de roupas e o corte dos padrões e a indústria eletrônica
automatizou os processos de produção de componentes básicos. Não obstante, os
processos de acabamento, costura ou montagem não foram automatizados. Assim, a
opção por externalizar os processos produtivos intensivos em trabalho e,
posteriormente, deslocá-los ao exterior dependia de numerosos fatores, como: a
abertura comercial e as necessidades de investimento estrangeiro da economia
receptora; as condições institucionais de baixa regulação e estabilidade
política dos países recebedores; a possibilidade de monitorar o processo
produtivo; e os custos e a facilidade de transporte.
A
crise mundial iniciada em 1973 abriu espaço para a queda das barreiras
comerciais como resultado dos processos de reestruturação global que se desencadeiam
na busca de uma renovada rentabilidade (Armstrong et al., 1991; Gordon,
1995). A agenda mundial de livre comércio se acentua a partir dos anos 1980,
quando se vive a crise da dívida em muitos países de menor grau de
desenvolvimento e dos subsequentes programas de ajuste estrutural orientados
pelo Banco Mundial (Beneria, 1999; Armstrong et al., 1991). Nestes
programas enfatizou-se que as barreiras comerciais fossem diminuídas ou
desmanteladas enquanto se buscava maior investimento estrangeiro direto. Estes
processos acentuaram a globalização da produção de vestimentas para o mercado
dos Estados Unidos, situação que também foi incentivada pelos grandes grupos de
comércio varejista (Rosen, 2002). Assim, o atual processo de deslocamento
produtivo inicia-se como resultado da busca de vantagens na produção, de
menores custos de trabalho e menos regulações trabalhistas, objetivo que se
soma com as metas geopolíticas da Guerra Fria de criação de mercados para os
produtos asiáticos e, obviamente, para os produtos dos Estados Unidos.
O
processo de expandir a terceirização para fora das fronteiras nacionais onde
residem as empresas controladoras requer uma série de condições básicas. Entre
elas, destacam-se a possibilidade de supervisionar à distância estes processos,
de contar com transporte barato e eficiente e de dispor de uma estrutura
organizacional flexível e capaz de responder de imediato a mudanças nos
mercados e se adaptar às condições institucionais dos países para onde se
desloca a produção. Entre os componentes tecnológicos destas necessidades
destacam-se os meios de transporte baratos e eficientes. De fato, um dos
elementos que facilitou o transporte de grandes volumes de mercadorias a baixo
custo foi a uniformização dos contêineres (Levinson, 2016) tanto em termos de
design quanto de volume, o que facilitou o transporte, a carga e a descarga de
mercadorias. Esta homogeneização é um fato relativamente recente na história
dos transportes: a primeira viagem de um contêiner padrão foi feita entre Newark
e Galveston em 1956.
Os
outros elementos que permitiram o deslocamento da produção foram avanços na
eletrônica e nas comunicações, como a microeletrônica, os computadores e as
comunicações confiáveis e de alta velocidade. Sob estas condições a produção de
vestuário se fragmentou geograficamente de forma importante: deslocou-se para
Japão, Coreia, Taiwan, Índia, Bangladesh e Vietnam, e também para o México e
América Central. Esta mudança aconteceu ao mesmo tempo em que muito do setor de
eletrônicos de consumo abandonou o território dos Estados Unidos e seguiu o
caminho da Ásia e, posteriormente, do México. No caso do Japão, Coreia e
Taiwan, a produção de propriedade local destas indústrias consolidou-se ao
ponto de que atualmente – no caso do setor de eletrônicos de consumo – a
maioria das grandes empresas do setor são asiáticas (Chandler, 2005) ou
produzem seus equipamentos fora dos Estados Unidos – como é o caso da Apple, HP
e Dell, que terceirizam sua produção para empresas asiáticas.
3. A
análise da geografia da produção global
Nas
seções anteriores foi exposto o caminho que as empresas dominantes seguiram no
Pós-Guerra e que culmina na mundialização capitalista (Chesnais, 1997), na qual
os processos produtivos dispersam-se ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que
se criam novos espaços de consumo (Coe e Hess, 2013). Estes movimentos nos
processos produtivos são iniciados por empresas multinacionais (Dicken, 2011)
que se movem pelo mundo sem problemas aparentes. Uma perspectiva popularizada
por comentaristas como Thomas Friedman imagina o mundo como um espaço plano
onde as mercadorias correm livremente entre produtores e consumidores
“globalizados” com preferências altamente homogêneas (Friedman, 2007). Esta
imagem simplista deixa de lado as complexidades das relações entre o produtor
final e as empresas fornecedoras dos insumos, e entre aquele e o consumidor.
Isto
não é um acidente, já que quando se observa de perto esta relação material
consumidor-produto-insumo aparecem não apenas as empresas produtoras, distribuidoras
e os fornecedores, mas também os trabalhadores, as relações sociais mais
amplas, o Estado e as relações entre Estados. Em outras palavras, as análises
simplistas abstraem do espaço social onde ocorrem as transações comerciais e os
processos produtivos. Ao considerar a complexidade dos processos produtivos
globais, é necessário um instrumental que dê conta das inter-relações entre
empresas, governo e contexto social. Assim, nas últimas décadas, a análise da
produção global e, consequentemente, do comércio internacional foi marcada pelo
uso do conceito de cadeias globais, seja de produção, seja de valor e, mais
recentemente, pela ideia de redes globais de valor (Bair, 2008).
Bair
(2008) apresenta, no capítulo inicial de seu livro, uma genealogia do conceito
de cadeia global, que vai desde a ideia inicial de Gary Hamilton e Immanuel
Wallerstein de cadeias globais de mercadorias, passando pelo conceito de Cadeia
Global de Produção até a ideia de Sturgeon de Cadeia Global de Valor. A ênfase
pode mudar, mas a ideia é que se deve analisar a produção de bens e serviços –
desde o início de um processo que servirá de um insumo a outros até o momento
do consumo final – com adições relativas aos processos de coordenação
globalizados que governam estas trocas desde a base até o consumo final.
Trata-se, assim, de uma análise onde um de seus elementos centrais refere-se a
quais empresas participam no processo e, sobretudo, quem comanda o resultado
final. Em qualquer caso, trata-se de uma análise linear, quase do tipo
insumo-produto.
Como
uma forma de levar em conta que todo processo produtivo é parte de uma série de
redes de produção, cada uma das quais contribui para o resultado final, nos
últimos anos aparece a ideia de redes globais de valor. Apesar da contribuição
destas análises para compreender a evolução recente da produção globalizada, é
importante assinalar o papel quase ornamental que têm os trabalhadores nas
primeiras análises de Cadeias Globais. Apenas recentemente se discutiram
alternativas de análises da estrutura da economia globalizada na qual se insere
claramente o papel do trabalho (Coe, 2012).
Existe,
portanto, uma necessidade importante de examinar estas cadeias e redes de
maneira que o trabalho tenha um papel relevante e não seja considerado como um
agente passivo (Selwyin, 2011). Neste sentido, deve-se enfatizar a imperiosa
necessidade de recuperar a ideia de que estas cadeias são formadas muitas vezes
a partir de processos de terceirização e deslocamento produtivo. Ao estudar a
maneira com a qual o capitalismo contemporâneo implantou a produção em diversas
regiões, aparece também a necessidade de destacar o papel do espaço nestas
formas de reorganização produtiva. Dicken (2011) dá conta da maneira em que os
processos globais e locais se articulam de maneira que a geografia da produção
se transforma em um elemento explicativo de como se constroem as cadeias
globais.
O
exemplo mais clássico é o do chamado “Vale do Silício”, que se transforma de
uma área de produção industrial de produtos eletrônicos e computadores em uma
área que concentra as empresas que controlam enormes cadeias globais no setor
de eletrônicos de consumo e de comunicações, mas que não contam mais com esta
produção industrial, transferida para a Ásia ou para o México (Lüthje et al.,
2013). De qualquer forma – como mostra o estudo do conglomerado da indústria
eletrônica de Guadalajara no México (Gallagher e Zarsky, 2007) – a construção
das cadeias globais correspondentes dependeu de decisões que levaram em conta a
localização espacial, a facilidade de transporte e de comunicação e o ambiente
institucional, e não apenas as características de proximidade ou a existência
de abundante mão de obra qualificada.
4. Externalização
e deslocamento produtivo atual: o papel das finanças
A
partir dos anos 1970, o comércio mundial intensificou-se, primeiro pela
recuperação da produção na Ásia e depois por um intenso movimento de
fragmentação de atividades produtivas que foram levadas para fora dos países
capitalistas mais desenvolvidos, em particular para fora dos Estados Unidos.
Este processo, iniciado nas atividades têxteis e de vestuário, rapidamente
englobou a indústria de eletrônicos de consumo, de produção de sapatos e de
brinquedos. Encabeçado por empresas transnacionais, o deslocamento produtivo
levou à criação ou consolidação de atividades industriais nos países que
receberam estes novos investimentos. A etapa seguinte foi a relocalização das
atividades de serviços, como o atendimento a clientes – os chamados call
centers – para outros países. O último avanço nesta área dos serviços está
representado pelo deslocamento das atividades de contabilidade, serviços de
consultoria e, sobretudo, de criação e adaptação de tecnologias da informação
(Lazonick, 2009).
Tem-se
assistido a um duplo processo de desindustrialização no capitalismo
desenvolvido e industrialização no capitalismo em desenvolvimento. A
deslocalização da indústria de transformação e o deslocamento de determinadas
etapas do processo produtivo das empresas dos países desenvolvidos para a
periferia do capitalismo, em especial a Ásia, transformaram esta região numa
importante recebedora de investimento direto, o que acarretou na difusão
acelerado do progresso técnico. Os exemplos mais claros são os Estados Unidos e
o Reino Unido e a Coreia e Bangladesh. Os dois lados da moeda do deslocamento
das atividades e serviços entre países levaram a uma discussão sobre os
benefícios potenciais dos países emissores e dos países receptores destes
deslocamentos (Paus, 2009). Não obstante, o deslocamento da produção e dos
serviços parece apenas beneficiar às empresas que continuam sendo as
controladoras (Milberg e Winkler, 2013), ainda que nem sempre a externalização
produtiva resulte em grandes benefícios para as empresas (Berggren e Bengtsson,
2004).
Para
o caso do Estados Unidos, revelou-se que grandes empresas que externalizaram
sua produção ou suas atividades de serviço – mesmo quando têm maiores margens
de lucro – não usam seus excedentes para o reinvestimento produtivo e sim para
o investimento em ativos financeiros ou para recomprar seus próprios títulos e
aumentar o valor de suas ações ou os pagamentos aos seus acionistas (Milberg e
Winkler, 2009). O resultado é um esforço de financeirização da economia e uma
menor taxa de investimento produtivo (Milberg e Winkler, 2013). Para as
empresas nos países receptores de investimento a situação é de bonança (Nelson,
2014), mas não para os trabalhadores. Assim, a economia global, hoje, conta com
uma crescente atividade do setor financeiro e uma financeirização das empresas
produtivas que se retroalimentam entre si, no marco de uma estagnação na maior
parte das economias capitalistas desenvolvidas e de uma precarização
significativa do trabalho.
5. Conclusões
Não
seções anteriores foi visto como a economia global tem transformado o comércio
internacional e a produção através das cadeias globais (e, às vezes, locais) de
produção. Estas cadeias contêm empresas que estão sendo terceirizadas por
outras, empresas autônomas que oferecem seus produtos em mercados que não estão
restritos a apenas um comprador, e empresas que estão em localizações distantes
dos mercados finais. A construção e manutenção destas redes é um processo que
envolve não apenas as empresas. Envolve também os trabalhadores e o contexto
institucional de cada país ou região que participa nestes processos. Não
obstante, o estudo particular de como os trabalhadores são afetados pela
externalização e pela deslocalização produtiva não tem estado presente nas
pesquisas sobre cadeias de valor.
Apenas
a partir do esforço recente de alguns pesquisadores (Milberg e Winkler, 2013;
Peck, 2017) é que se tem buscado sanar sistematicamente esta omissão. No
entanto, existem exemplos na literatura de uma preocupação clara em relação aos
efeitos da desigualdade gerados pelo deslocamento produtivo. Harrison (1994)
adverte sobre os efeitos da terceirização tanto na empresa contratante quanto
nas empresas contratadas. O autor destaca que o uso de trabalhadores temporais
ou de jornadas reduzidas – inclusive no interior de grandes empresas – se
traduz em incentivo para a diminuição do custo salarial e, consequentemente,
abertura do leque salarial. Quando Harrison escreveu este texto, o modelo de
empresa que terceirizava estava nas atividades de produção de vestuário ou
calçado. No início da década de 2000, por sua vez, o novo modelo de emprego que
se deriva a partir da emulação daquilo que é feito nas empresas de alta
tecnologia – notadamente as do Vale do Silício – parece destacar o emprego
temporário e com salários estagnados, contribuindo para o crescimento da
instabilidade do trabalho e maior desigualdade econômica (Lazonick, 2009).
A
terceirização e o deslocamento produtivo têm tido um grande impacto sobre a
força de trabalho feminina, uma vez que as principais atividades afetadas se
relacionam com indústrias ou serviços altamente feminizados (Beneria, 2015).
Mesmo quando os processos atuais afetam atividades de serviços com
significativa presença masculina, as mulheres – particularmente aquelas que
vivem nos países capitalistas menos desenvolvidos – continuam sendo as
principais afetadas pela redistribuição geográfica das atividades econômicas.
Estas tendências apenas acentuam aquelas já presentes nos grandes movimentos de
fusões e aquisições e no enxugamento de empresas que ocorrem a partir dos anos
1980 nos Estados Unidos e em outros países de capitalismo desenvolvido. Isto
mostra que a busca de maior rentabilidade possível e de maior controle do
processo de trabalho segue sendo uma prioridade do capitalismo atual,
globalizado ou não (Newsome et al., 2015). Trata-se, assim, de uma
repetição de uma antiga história, que deve ser contada a partir dos matizes
derivados do estudo global e suas interações com os processos locais (Peck,
2017a).
A
terceirização, longe de ser um simples mecanismo para o melhor aproveitamento
dos recursos disponíveis em uma economia globalizada, orientada para o aumento
da produtividade e cujos benefícios se distribuem entre os trabalhadores
participantes, se converte em ameaça para os trabalhadores do mundo
capitalista, desenvolvido ou não (Levy, 2005). Particularmente porque a lógica
das empresas globalizadas é, em geral, uma lógica de curto prazo que usa parte
dos excedentes monetários em atividades financeiras (Millberg, 2013), o que significa
um menor nível de investimento produtivo e um apoio importante ao domínio do
capital financeiro, sobretudo de caráter especulativo. Nas condições atuais de
baixo crescimento global, a busca de uma saída para a crise parece se
concentrar em conseguir que novamente os trabalhadores arquem com os custos. Os
acontecimentos políticos recentes tanto no Brasil como no Reino Unido e nos
Estados Unidos revelam evidências que corroboram este ponto. Este avanço da
direita que traz consigo fortes retrocessos nos processos de democratização
representa um enorme desafio para os trabalhadores.
—
Referências
Referências
Armstrong,
P., Glyn, A., Harrison, J., & Harrison, J. (1991). Capitalism since
1945 (Vol. 20). Oxford: Basil Blackwell.
Bair,
Jennifer (2008). Frontiers of Commodity Chain Research. Stanford
University Press.
Barker
K. Drucilla y Susan A. Feiner (2004), Liberating Economics: Feminist
Perspectives on Families, Work and Globalization, Ann Arbor, University of
Michigan Press.
Baumol
William J. , Alan S. Blinder, Edward N. Wolff (2003), Downsizing in
America: Reality, Causes, and Consequences, Nueva York, Russell Sage Foundation
Benería,
L. (1999). Structural adjustment policies. The Elgar Companion to Feminist
Economics, Edward Elgar, pp 687-95.
Beneria
L. Günseli Berik y Maria Floro (2016). Gender, Development and
Globalization: Economics as if All People Mattered 2nd Edition, Londres,
Roudlege.
Berggren,
C., & Bengtsson, L. (2004). Rethinking outsourcing in manufacturing: A tale
of two telecom firms. European Management Journal, 22(2), 211–223.
http://doi.org/10.1016/j.emj.2004.01.011
Cascio,
W. F. Downsizing: What do we know? What have we learned. The Academy of
Management, 7(1): 95-104. 1993
Chandler,
Alfred D. (2005), Inventing the Electronic Century: The Epic Story of the
Consumer Electronics and Computer Industries, (Harvard Studies in Business
History), Cambridge, Harvard University Press
Chesnais,
F.(1997), La mondialisation du capital, new edition,Paris: Syros.
Coe,
N. M. (2012). Geographies of production III: Making space for
labour. Progress in Human Geography, 37(2), 271–284.
http://doi.org/10.1177/0309132512441318
Coe,
N. M., & Hess, M. (2013). Global production networks, labour and
development. Geoforum, 44, 4–9.
http://doi.org/10.1016/j.geoforum.2012.08.003
Dicken,
Peter (2015), Global Shift, Seventh Edition: Mapping the Changing Contours
of the World Economy, The Guilford Press 7th Edition
Elson,
D., & Pearson, R. (1981). “Nimble Fingers Make Cheap Workers”: An Analysis
of Women’s Employment in Third World Export Manufacturing. Feminist Review, 7(1),
87–107. http://doi.org/10.1057/fr.1981.6
Friedman,
Thomas L (2007), The World Is Flat: A Brief History of the Twenty-first
Century. Farrar, Straus and Giroux.
Gallagher
Kevin P y Lyuba Zarsky (2007). The Enclave Economy: Foreign Investment and
Sustainable Development in Mexico’s Silicon Valley (Urban and Industrial
Environments). MIT Press.
Gordon,
David (1996), Fat and Mean. The Corporate Squeeze of Working Americans and
the Muth of Managerial “Downsizing”, Nueva York, The Free Press.
Harrison,
Bennett (1994) “The dark side of flexible production.” National
Productivity Review, vol. 13, no. 4, 1994, p. 479+. Academic OneFile,
go.galegroup.com/ps/i.do?p=AONE&sw=w&u=capes&v=2.1&id=GALE%7CA16062737&it=r&asid=bedfa8a0614e9b63eee6de910a1482cc.
Accessed 1 Mar. 2017.
Harrison,
Bennet (1997) Lean and Mean: Why Large Corporations Will Continue to
Dominate the Global Economy. The Guilford Press
Landes,
D. S. (1969). The unbound Prometheus: Technological change and industrial
development in Western Europe from 1750 to the present. Cambridge: Harvard
University Press.
Lazonick,
W. H. (2009). What is New, and Permanent, about the “New Economy”? In Sustainable
Prosperity in the New Economy? Business Organization and High-Tech Employment
in the United States (pp. 1–38). Upton Institute for Employment Research.
Levinson,
Marc (2016) The Box: How the Shipping Container Made the World Smaller and
the World Economy Bigger, Princeton University Press; 2 edition
Levy,
D. L. (2005). Offshoring in the new global political economy. Journal of
Management Studies, 42(3), 685–693.
http://doi.org/10.1111/j.1467-6486.2005.00514.x
Littlefield,
A., & Reynolds, L. T. (1990). The putting-out system: Transitional form or
recurrent feature of capitalist production? The Social Science Journal, 27(4),
359–372. http://doi.org/10.1016/0362-3319(90)90013-A
Lüthje
Boy; Stefanie Hürtgen; Peter Pawlicki and Martina Sproll (2013) From
Silicon Valley to Shenzhen. Global Production and Work in the IT Industry.
Rowman and Littlefield
McKinsey
Global Insitute 2017. (2017). Measuring the Economic Impact of Short-Termism.
Milberg,
W., & Winkler, D. (2009). Financialisation and the dynamics of offshoring
in the USA. Cambridge Journal of Economics, 34(2), 275–293.
http://doi.org/10.1093/cje/bep061
Milberg,
William y Deborah Winkler (2013), Outsourcing Economics: Global
Value Chains in Capitalist Development, Cambridge
Neilson,
J., Pritchard, B., & Yeung, H. W. (2014). Global value chains and global
production networks in the changing international political economy: An
introduction. Review of International Political Economy, 21(1), 1–8.
http://doi.org/10.1080/09692290.2013.873369
Paus,
E. (2007). Gloabal Capitalism Unbound. Winners and Losers from Offshore
Outsourcing. (Palgrave Macmillan, Ed.). New York.
Peck,
J. (2016). Uneven regional Development. The Wiley-AAG International
Encyclopedia of Geography, 1–22. http://doi.org/10.2307/3520374
Peck,
J. (2017). Pluralizing labor geography Jamie Peck. In M. G. & D. W. (eds)
GL Clark, MP Feldman (Ed.), The New Oxford handbook of economic geography (pp.
1–27). Oxford: Oxford University Press.
Piore,
Michael J., y Charles F. Sabel. (1984). The second industrial divide:
possibilities for prosperity. New York, Basic Books.
Rosen,
E. (2002). Making Sweatshops The Globalization of the U.S. Apparel
Industry. Berkeley: University of California Press.
Selwyn,
B. (2012). Beyond firm-centrism: Re-integrating labour and capitalism into
global commodity chain analysis. Journal of Economic Geography, 12(1),
205–226. http://doi.org/10.1093/jeg/lbr016
The
New York Times (1996), The Downsizing of America, Three Rivers Press; 1st
edition
Wall
Street Journal (2017), “The end of employees” February 2
*
Christian Duarte Caldeira é doutorando em Economia pelo Instituto de
Economia/Unicamp Carlos Salas Páez é professor do Instituto de Economia/Unicamp
Sem comentários:
Enviar um comentário