segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O CHE E A SUA POALHA HUMANA!...


Martinho Júnior | Luanda  

O homem, esse passou como um cometa em vida, um cometa plasmado duma mensagem de liberdade milenar e a nós cidadãos do mundo, honra-nos em vida seu exemplo, sua clarividência e sua coragem, própria dum resgate de milenar dignidade e identificada com as mais justas aspirações de toda a humanidade!

1- A primeira coisa que há a avaliar quando a referência é o Che, é a exigência a cada um de nós, cidadãos do mundo: até onde e até que ponto se interiorizaram a memória e os ensinamentos essenciais do Che, de forma a transformá-los em prática?... Até que ponto ousamos sonhar face aos imensos resgates que se nos impõem, mais ainda quando o capitalismo neoliberal assola todos os obscuros rincões do mundo?...

Se em África fizéssemos uma viagem de moto, para ler ao vivo nas veias abertas do continente, provavelmente os percalços seriam ainda maiores dos que os vividos pelo Che, por que às feridas sociais que se colocavam então na América, juntar-se-iam as feridas antigas de África e as de hoje, levadas a cabo pelas portas escancaradas pelo neoliberalismo, sem qualquer visível obstrução!

Minha própria vida tem sido vivida na poalha do Che, de sua passagem por África, em especial com sua guerrilha no Congo (esse assunto inesgotável que África tarda em coerentemente decifrar), por que a IIª coluna do Che faz parte da história do MPLA e a estreita aliança de Cuba Revolucionária com Angola tem perseguido, com muitos momentos decisivos, essa poalha do Che, também interpretada pelos maiores da Luta de Libertação em África, por Amílcar Cabral, por Agostinho Neto, por Samora Machel, por Sam Nujoma, por Mugabe, por Oliver Thambo, por Nyerere, por Laurent Kabila, por Thomas Sankara…

Essa poalha tornada vida é própria até de muitos companheiros que sobreviveram ao Che e, entre eles, destaco os exemplos de Rafel Moracén e de Viktor Drecke…

POLÍTICAS DO "ARCO DA GOVERNAÇÃO" INCENDEIAM IMPUNEMENTE PORTUGAL






Mário Motta, Lisboa

O inferno voltou a emergir em Portugal, mais concretamente na região centro, novamente, para além de aqui e ali no retângulo luso. Por esta hora o balanço é de 35 mortos e mais de 50 feridos, alguns graves.

A fotografia documenta de modo dantesco o que é o inferno nas zonas mais afetadas pelos fogos. A imagem é referente a Vieira de Leiria, de autor que não conseguimos apurar mas que pela sua expressão realista foi adotada pela ONU numa das suas páginas online. Ao fundo o Pinhal de Leiria, monumento nacional que foi devastado em 80% da riqueza natural de pinheiro bravo e manso. A importância deste pinhal na contribuição da construção de naus que zarpavam rumo ao desconhecido e a que chamaram os descobrimentos foi crucial. Dos pinheiros foi fruto a madeira que navegou contra ventos, marés e tempestades dos marinheiros portugueses que deram mundos ao mundo.

Muito se diz sobre a origem dos fogos. Há relatórios a despencar após eleboração de várias entidades. Há responsabilidades que não são de agora mas de há mais de 20 anos. Estes fogos infernais são o resultado das alterações climáticas, de incendiários, da EDP (como pode ler no título a seguir), disto e daquilo, mas principalmente das políticas erradas de três partidos políticos que têm sido sempre governo interpoladamente: o CDS, o PSD, o PS. Têm sido ministros e secretários de Estado seus (arco da governação) que conduziram ao descalabro e abandono, à anarquia, a que a floresta portuguesa tem estado votada. Abandono, puro e duro. Insensibilidade. Incompetência. Medidas economicistas que também abandonaram os cuidados a ter com as populações que circulam ou residem e laboram nas redondezas das florestas.

Antes, em Pedrógão, há dois meses, o saldo foi de 64 mortos e vários feridos. Hoje o saldo é de mais 35 mortos - um bebé de um mês incluído - 99 mortos no total. E os números ainda são provisórios relativamente aos fogos de ontem e de hoje. Bem podem declarar dias de luto nacional, e conferências de imprensa. Bem pode a atual oposição parlamentar e política "ladrar" a fim de retirar dividendos. Bem pode o PS, atual governo, dizer assim e assado... que de nada vale perante os portugueses que foram literalmente esturricados e pereceram perante as labaredas incontroláveis. De nada vale o que disserem e fizerem aqueles três partidos políticos ou os seus dirigentes e militantes aduladores. O que urge fazer é repensar a defesa da floresta e das populações com os que sabem como fazê-lo, sem lugar a boys e girls das simpatias partidárias dos que foram ou atualmente são governo.

Foram os governos anteriores dos chamados partidos políticos do "arco da governação" que acenderam os fogos que consomem o país e os portugueses que tiveram mortes horríveis. Impunemente, já se sabe. Porque as culpas, o apuramento das responsabilidades com reais consequências, morre sempre solteira. Só a impunidade não arde nas chamas dos incendiários que definiram erradamente, por vezes criminosamente, as políticas a aplicar na gestão e defesa das florestas e das populações vizinhas.

A tristeza e o repúdio mora em casa dos portugueses que ainda distam alguns quilómetros do teatro das chamas que dançam macabramente por muitos hectares do país. Ainda mais tristeza, saudade, dor e revolta, invade os que perderam os seus familiares. Que importa isso se a impunidade é absoluta e até premeia os que são responsáveis por hecatombes de fogos, de pontes caídas, da corrupção e do que mais vier de mal para vitimar os cidadãos portugueses. 

E assim vai Portugal, uns quantos vão bem e muitos milhões vão mal. Estão mal, ainda mais porque acreditam em políticos que se enquadram em molduras criminosas. E votam neles, em busca das desgraças que ainda mais nos hão-de vitimar. É sempre a mesma coisa... nas escolhas, no voto, nas eleições. E daí também há responsabilidade dos eleitores, dos cidadãos.

Abram os olhos, mulas. Diziam os da antiguidade. Pois.

Pedrógão: EDP na origem das chamas e um segundo fogo fora dos registos oficiais



São as conclusões de relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna à Universidade de Coimbra sobre o incêndio de Pedrógão Grande.

Uma linha de média tensão da EDP esteve na origem do grande incêndio de Pedrógão Grande e um dos dois fogos que esteve na origem dessas chamas nem sequer aparece nos registos oficiais. A conclusão é do relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna à Universidade de Coimbra.

O documento com quase 250 páginas (que está a ser lido pela TSF) é muito critico quanto ao combate a este fogo que matou 64 pessoas. Um incêndio que segundo estes especialistas começou numa linha elétrica.

A equipa da Universidade de Coimbra garante que o incêndio mais grave daquele dia, 17 de junho, nasceu de duas ignições que terão sido causadas por contactos entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão. E logo aí começa o tom critico do relatório ao sublinhar que essa origem das chamas revela, desde logo, "uma deficiente gestão de combustíveis na faixa de proteção da linha, por parte da entidade gestora"a EDP.

Os especialistas são claros a dizer que as faixas de proteção da rede elétrica de média tensão EDP não estão "devidamente cuidadas" pelo que a empresa deve aumentar a fiscalização.

Outro problema grave foi o combate inicial ao fogo que afinal nasceu de duas ignições. Uma, já se sabia, em Escalos Fundeiros e outra em Regadas, sendo em Regadas que está um dos maiores mistérios deste fogo.

O relatório garante que este fogo foi "menosprezado", "tendo até à junção com o incêndio de Escalos Fundeiros, apenas um meio pesado de combate terrestre", ou seja, um camião dos bombeiros. Ainda mais estranho: o relatório garante que não há qualquer registo oficial deste incêndio que segundo os especialistas foi de grande relevância para a devastação causada em Pedrógão Grande.

"Várias entidades desconheciam mesmo que o incêndio de Regadas tivesse existido".

Nuno Guedes | TSF

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