Primeiro-ministro exonerado do
cargo pelo Presidente da Guiné-Bissau, diz ter cumprido 70% do programado.
Aponta que pediu demissão para deixar José Mário Vaz à vontade para encontrar a
solução para crise no país.
Exonerado das funções nesta
quarta-feira (17.01), Umaro Sissoco Embaló disse à DW-África que não guarda
"rancores” do Presidente a quem agradece pela confiança depositada na sua
pessoa. Mas, lamenta o comportamento do ministro do Interior no desentendimento
sobre a direção da secreta guineense.
"Ele que me convidou para
ser primeiro-ministro, eu não ganhei as eleições. Não posso sentir mágoa de uma
pessoa que me fez bem”, afirma Embaló.
Embaló sublinha que chegou
a uma altura em que ele não podia mais continuar :"É o Acordo de Conacri,
é o acordo de não sei de quê. Preferi deixar o senhor Presidente da
República”.
Umaro Sissoco liderou, durante
quinze meses, um Governo que não viu ser aprovado pelo Parlamento o seu
programa de governação e Orçamento Geral do Estado, devido as divergências
políticas que impediram o normal funcionamento da Casa Parlamentar há dois
anos.
70% do programa cumprido
O chefe do Governo que passa a
gerir os assuntos correntes do Estado até a tomada de posse do novo executivo,
disse que conseguiu resgatar o país no plano internacional, reorganizar as
finanças públicas e cumpriu com cerca de 70% daquilo que foi traçado.
"Resgatei a Guiné-Bissau.
Desciplinei as finanças públicas. No contexto internacional, as pessoas
sentiram a força desta equipa!”, assegurou o primeiro-ministro exonerado.
Embaló lamenta procedimento do
ministro do Interior
No dia 05 de janeiro, o
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou um novo responsável dos
Serviços de Informação e Segurança (SIS, a 'secreta' guineense) em Conselho de
Ministros extraordinário e inteirou-se dos incidentes ocorridos um dia antes, em
Bissau.
A nomeação do coronel Alfredo Vaz
para o cargo de diretor-geral interino do SIS, foi a principal decisão do
Conselho de Ministros, o segundo a ser presidido por José Mário Vaz, e que
serviu para analisar o que o Governo considerou de "falha de
comunicação" entre o ex - primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, e o
ministro do Interior, Botche Candé. Na hora de despedida, Umaro Sissoco lamenta
o procedimento do ministro do Interior, atual homem "forte" do
Presidente.
"Eu lamento muito a
situação, porque sei que é uma instituição do Estado. Lamento o que
aconteceu. O comportamento do ministro do Interior em relação a
secreta. Mas, uma coisa eu sei, o meu pedido de
demissão não tem nada a ver com esse assunto”, sublinhou Embaló.
CEDEAO já está em Bissau
Encontra-se em Bissau uma missão
da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) para avaliar o
processo da implementação do Acordo de Conacri, assinado pelos atores políticos
para acabar com a crise político-institucional guineense.
A missão interministerial da
CEDEAO chefiada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Togo, integra o
presidente do Conselho de Ministros da CEDEAO, os chefes da diplomacia do
Senegal, da Guiné-Conacri e da Serra-Leoa, bem como o próprio presidente da
comissão da CEDEAO, Marcel Alain de Souza.
A delegação que não tem uma
agenda oficial, reuniu-se apenas com o Presidente do país, a quem transmitiu a
mensagem enviada pelos Chefes de Estados da Sub-região, como disse aos
jornalistas o porta-voz, Robert Dussey, igualmente ministro dos Negócios
Estrangeiros do Togo.
Até amanhã, quinta-feira (18.01),
a delegação da CEDEAO deverá manter encontros com as autoridades e com
partidos políticos, para o cumprimento do acordo de Conacri com vista a por fim
à crise que assola o país há mais de dois anos.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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