@Verdade | Editorial
A cidade de Nampula acolheu, na
última quarta-feira (24), a eleição intercalar do presidente do Conselho
Municipal e, como já era de se esperar, o grande vencedor do escrutínio foi a
Comissão Nacional das Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE). Estes dois organismos juntaram-se, mais uma vez, para manchar
um processo que deveria ser livre, justo, transparente e, acima de tudo,
imparcial.
Nesta quarta-feira, os
“nampulenses” foram surpreendidos com situações tendenciosas cuja finalidade
era sem dúvidas beneficiar, como sempre, o candidato do partido Frelimo. Ou
seja, a CNE e STAE garantiram a habitual desorganização, com o apoio da
Electricidade de Moçambique, que resultou não só em nova vitória da abstenção
em Nampula, mas também na vantagem do candidato da Frelimo.
A desorganização começou muito
antes da campanha eleitoral, com situações de alteração dos cadernos
eleitorais, facto esse que foi denunciado pelos partidos políticos. Já o
processo de votação foi marcado por atraso na abertura das mesas de votação,
passando pelos casos relacionados com a falta de nomes de eleitores nalguns
cadernos até à falta de uma orientação clara aos eleitores por parte dos
membros de mesa de votação, para além da situação em que alguns eleitores
viram-se obrigados a não votarem, não obstante exibirem um cartão de eleitor
válido.
Usando uma desculpa esfarrapada,
a CNE e o STAE alegaram a chuva intensa que caiu na noite de terça-feira (23)
pelos atrasos na distribuição dos kits com os materiais de votação. Porém, o
mais caricato é que vários membros de mesas de voto relataram que os kits não
estavam preparados nas primeiras horas de quarta-feira (24) e outros disseram
que aguardavam o subsídio de alimentação para se deslocarem as respectivas assembleias
de votação.
A forma como foi organizada a
eleição intercalar em Nampula mostra claramente que tanto a CNE quanto o STAE
estão à reboque da Frelimo, razão pela qual se desdobra para satisfazer os
caprichos daquele partido. É deveras revoltante quando num Estado de Direito
democrático situações dessa natureza acontece. É mais revoltante ainda quando
as autoridades competentes fazem de contas que nada aconteceu.
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