Os cinco partidos com
representação parlamentar demarcaram-se esta terça-feira da primeira reunião
convocada por Artur Silva para discutir a formação de um Governo de consenso na
base do Acordo de Conacri.
Augusto Olivais, do PAIGC, era
apontado pela CEDEAO como a figura de consenso nas negociações decorridas em
Conacri para resolver a crise política na Guiné-Bissau. Mas o Presidente
guineense, José Mário Vaz, nomeou Artur Silva como primeiro-ministro.
A própria CEDEAO considerou em
comunicado emitido em Bissau, que a nomeação de um primeiro-ministro de
consenso não foi respeitada. Exige o cumprimento do acordado em Conacri, tendo
ainda afirmado que sem essas premissas não estarão reunidas as condições para que
as próximas eleições legislativas sejam credíveis.
Esta terça-feira (06.02), com a
ausência dos partidos à convocação do novo primeiro-ministro no palácio do
Governo para discutir o futuro Executivo, Artur Silva teve de se deslocar às
sedes partidárias para as auscultações. Não se sabe o que foi discutido ao
certo com as formações políticas, uma vez que a agenda dos encontros não foi
divulgada. E ainda não há qualquer data prevista para a formação do Executivo.
Um ponto de cada vez
Agnelo Regala, porta-voz do
Coletivo dos Políticos Democráticos, que agrupa quatro das cinco formações
partidárias com assento parlamentar, afirma que não se pode ir discutir com
Artur Silva a formação de um Governo de consenso sem que se tenha respeitado a nomeação
de um primeiro-ministro de consenso, que seria o ponto um do Acordo de Conacri,
assinado em 2016.
"Por questões de coerência,
nós dissemos ao primeiro-ministro indigitado que não poderíamos ir discutir o
ponto dois, quando o ponto um ainda não estaria resolvido”, explica, em
declarações à DW África.
Para Regala, "seria
necessário resolver o problema do primeiro-ministro do consenso e em seguida
discutir a formação de um Governo inclusivo, em função daquilo que está
estabelecido no acordo”.
Artur Silva acredita na formação
de um Executivo
Mesmo com as críticas de que foi
alvo por aceitar assumir o cargo de primeiro-ministro, gerando contestação no
seio das formações partidárias, Artur Silva ainda acredita que será capaz de
formar um Governo dentro do espírito do Acordo de Conacri.
"Temos de aceitar as
críticas, que são sempre bem-vindas”, sublinha.
"Vamos tentar formar um
Governo com todos os partidos parlamentares e tentar sentar à mesma mesa para
negociar a participação com os signatários do Acordo de Conacri na base do
mesmo roteiro proposto pela CEDEAO”, diz o primeiro-ministro.
Executivo contará com 15 expulsos
do PAIGC?
Apesar de o grupo dos quinze
deputados expulsos do PAIGC ter acusado o novo primeiro-ministro de violar as
leis do país, ao mandar retirar as forças de segurança da sede do PAIGC,
permitindo a realização do congresso, Artur Silva garante que vai contar com o
grupo no seu Governo.
Por sua vez, o porta-voz do
Partido da Renovação Social afirma em declarações à DW África que se o seu
partido receber convite para participar no Governo, a decisão terá que ser
tomada na reunião da Comissão Política do partido.
"É regra do PRS alinhar-se
ao cumprimento dos estatutos. Quando formos convidados para o Governo teremos
que levar o nome à comissão política, que terá sempre a ultima palavra”, frisou
Vítor Pereira.
O Presidente guineense, José
Mário Vaz, nomeou, na semana passada, o ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros,
para o cargo de Primeiro-ministro. Artur Silva é o sexto chefe do
Executivo nomeado pelo actual Presidente guineense no espaço de três anos, e
terá como primeiro objetivo a preparação e realização de eleições legislativas
nos próximos meses.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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