@Verdade | Editorial
Hoje parece que ninguém tem
dúvidas que, quando os dirigentes são irresponsáveis, o povo é que paga. E paga
muito caro. O exemplo disso é a triste situação que se verificou na lixeira de
Hulene, arredores da cidade de Maputo, onde pelo menos 16 pessoas morreram e
outras cinco ficaram feridas em consequência do desmoronamento de uma montanha
de resíduos acumulados durante décadas. O lixo acumulado – já na altura de um
edifício de pelo menos três andares - desabou sobre algumas casas erguidas
paredes-meias da referida montanha, quando os proprietários se encontravam a
dormir. Quase todos os moradores foram apanhados de surpresa.
É importante que se diga, em
abono da verdade, que o desastre dessa natureza era previsível, pois a lixeira
já representava um autêntico atendado, não só à saúde pública, para as
populações circunvizinhas. Este é um problema de conhecimento da edilidade que
gere aquele espaço onde diariamente se depositam toneladas de lixo proveniente
de quase todas as partes da capital do país. Porém, o Conselho Municipal da
Cidade de Maputo limitava-se a ignorar o perigo que a lixeira representa(va).
Importa lembrar de que, aquando
do lançamento do Programa de Desenvolvimento Municipal de Maputo (PROMAPUTO
II), para período 2011-2015, por exemplo, o encerramento da lixeira de Hulene,
até 2014, era uma das bandeiras de David Simango e os seus títeres. A lixeira
é, na verdade, um dos maiores pesadelos do Município de Maputo que remonta há
sensivelmente 10 anos, mas nunca passou da ideia e do papel à prática.
O mais caricato é que o risco de
mais um desastre, desta vez de proporções avassaladoras, permanece, mas a
edilidade continua a encarar a situação de ânimo leve, defendendo que, neste
momento, as atenções devem estar viradas para o socorro das vítimas, em vez de
fazermos o debate da lixeira”, que poderá ser “feito em altura própria”. Mais
uma vez o Município de Maputo adia a solução para este espaço onde muitas
famílias pobres do bairro de Hulene e da periferia buscam meios de sustento.
Tudo indica que o Conselho
Municipal de Maputo está à espera de outra situação idêntica para tomar
medidas, sobretudo a transferência da lixeira. Portanto, o desastre que sucedeu
na lixeira de Hulene era evitável, se a edilidade fosse competente e
comprometida com a causa dos munícipes.
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