Paulo Baldaia | Diário de Notícias
| opinião
O Ministério Público (MP)
descobriu que o ministro das Finanças pediu dois convites ao Benfica para ver
um jogo de futebol. Por coincidência, descobriu igualmente que o filho do
presidente do Benfica tinha pedido ajuda ao pai para acelerar a concretização de
uma isenção de um imposto municipal, a que por lei tinha direito. O processo
avançou e o filho agradeceu ao pai. Como se tratava de um imposto e os impostos
têm que ver com as Finanças, alguém no MP chegou à rápida conclusão de que aqui
havia marosca. A conclusão foi demasiado rápida e o mal estava feito.
Na velha lógica de que onde há
fumo há fogo foi aberto um inquérito criminal e ordenada uma busca às
instalações do Ministério das Finanças. Rápida correu a sentença a condenar
Mário Centeno, porque se o crime parecia pequeno, a vergonha apresentava-se
grande. Nas redes sociais, mas também na pena de muitos comentadores e jornalistas,
Centeno estava metido num grave sarilho. Se fosse constituído arguido tinha de
se demitir. Logo em Bruxelas descobriram que em Portugal se discutia a conduta
pouco ética, quem sabe criminosa, do presidente do Eurogrupo. A conclusão
voltava a ser demasiado rápida e o mal continuava a ser feito.
Como todo este caso era demasiado
estúpido, era inevitável que tivesse o destino que acabou por ter: o
"arquivamento por inexistência de crime". E como é que o MP chegou a
esta conclusão? Recolhendo "a prova documental e pessoal necessária ao
apuramento dos factos". O MP explicou-nos ainda que a instauração de um processo-crime
foi determinada por notícias na comunicação social. São muito ciosos da sua
autonomia em relação ao poder eleito, mas andam a toque de caixa no circo
mediático, à boleia de suposições de alguém que escreve na comunicação social.
Colocaram o Parlamento Europeu a admitir uma discussão sobre o assunto apenas
porque, segundo o MP, o jogo da bola e a isenção do imposto ocorreram,
"segundo tais notícias, no mesmo período temporal". Só falta saber
onde se arquiva a vergonha que nos fizeram passar!
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