Quarenta por cento das empresas
do ramo da construção civil estão à beira da falência, em tempos de crise no
país. Empreiteiros apontam também o dedo à concorrência das empresas chinesas.
O setor da construção civil é um
dos que mais está a ser prejudicado pela crise económica e financeira que
Moçambique enfrenta. A este cenário junta-se a concorrência das empresas
chinesas que, por apresentarem opções de baixo custo, ganham muitas obras no
país.
Na capital Maputo, a cada esquina
erguem-se obras de grande envergadura. Trata-se de edifícios para escritórios,
habitação e serviços de iniciativa privada. À primeira vista, estas obras criam
oportunidades para os empreiteiros nacionais. Mas, no terreno, nota-se que elas
são erguidas por empresas estrangeiras. Muitas destas construções são feitas
por chineses que ganham concursos por terem opções de baixo custo. Este cenário
só prejudica os empreiteiros moçambicanos.
O empreiteiro Lucas Barbosa refere
que a solução para o problema é colocar as empresas moçambicanas a prestarem
serviços, por exemplo, no setor da indústria extrativa: "É dar
oportunidade de acesso as áreas de prospeção e pesquisa”, considera.
"Se entrarem num concurso
com grandes empresas, estas têm mais vantagens do que as moçambicanas. As
empresas moçambicanas aparecem com o seu asset, o título mineiro, e depois
disso podem fazer parcerias com empresas que têm mais capacidades financeiras”,
explica.
Para Lucas Barbosa, os
empreiteiros devem estar preparados para ganharem concursos para a prestação de
serviços, arranjando "condições técnicas e financeiras para, num prazo de
três meses, iniciarem os trabalhos de prospeção e pesquisas nessas áreas”.
"Naturalmente, aqueles que
não tiverem capacidade financeira e técnica poderão associar-se às empresas
grandes com essa capacidade para avançarem com o trabalho”, sublinha.
Problemas legais
Rogério Mambo, também
empreiteiro, aponta para a melhoria do quadro legal. Antes, a lei protegia os
empreiteiros nacionais para construírem edifícios habitacionais. Agora, nem por
isso: "Na verdade, há uma fraca implementação ou ineficiência, senão
desajustamento do quadro legal que orienta estas diferentes etapas das respostas
que estamos à procura”, explica.
Rogério Mambo reconhece que os
empreiteiros devem estar munidos de meios financeiros para ganharem concursos e
executarem os trabalhos com eficiência. Mas não é fácil adquirir meios sem
apoio do Governo ou da banca.
A solução, considera, passa
"pela definição dos meios em função da sua eficiência e dos respetivos
custos de aquisição e de exploração". "Quanto nos custam os meios e
de onde vêm esses recursos?”, questiona.
Programas concretos
O pelouro da construção civil na
Confederação das Associações Económicas, CTA, reconheceu que a situação está
insustentável, e o responsável por este setor, Nelson Muianga, afirma que o
problema "tem de ser revertido com programas concretos”.
"Não podemos deixar a nossa
classe empresarial e a nossa indústria em particular cair porque fica difícil
recuperar”, considera.
O porta voz da CTA atira culpas
ao Governo e frisa que "as empresas de construção civil têm observado com
regularidade o atraso no pagamento de facturas, criando problemas de cash
flow e, como consequência, muitas empresas estão endividadas.”
Romeu da Silva (Maputo) |
Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário