Paulo Baldaia | Diário de Notícias
| opinião
A política aos olhos dos
eleitores é uma coisa e aos olhos dos eleitos é outra coisa completamente
diferente. Não é de agora, mas a chegada de Rui Rio à liderança do PSD veio
lembrar-nos a todos que o bem comum é sempre superior ao interesse de cada um.
Rui Rio não tem tido uma
afirmação fácil. Do ponto de vista dos seus adversários internos, ele até já é
um falhanço confirmado. Mas Rio não está na política para receber medalhas e as
suas convicções só podem ser postas à prova pela aderência dos eleitores, nunca
pelas jogadas de bastidores.
Rui Rio acredita que é preciso
estar ao lado do PS, ou melhor, que é preciso trazer o PS para o lado do PSD,
para fazer de Portugal um país viável a médio e longo prazo. Saber o caminho
que é preciso percorrer não faz automaticamente de Rui Rio, no entanto, a
pessoa certa para o lugar que ocupa. Neste ponto, ele vai ter de provar que
entre a teoria e a prática, com ele a liderar o maior partido da oposição, a
distância é inexistente.
Contra o poder que estava
instalado na São Caetano à Lapa, Rio cedo fez saber - em plena campanha
eleitoral interna - que queria desencostar os socialistas da ortodoxia da
esquerda parlamentar, para mudar o que tem de ser mudado no país.
O estudo de opinião da
Eurosondagem para o Expresso e para a SIC diz-nos que uma larga maioria dos
portugueses não só defende os acordos de regime que estão em cima da mesa como
quer que os dois partidos vão mais longe. Os portugueses não querem o Bloco
Central a governar o país, mas querem que o PSD e o PSD garantam a viabilidade
do Serviço Nacional de Saúde. E que se entendam também na Justiça, na Segurança
Social, na Educação e noutras matérias em que todos podemos ficar a ganhar.
Da fase em que o PS de Costa e o
PSD de Passos Coelho estavam, à partida, em desacordo para esta nova fase, há
uma evidência que parece transtornar os que só têm tempo para pensar nos seus
próprios interesses: a maioria dos portugueses está de acordo com os pactos de
regime.
*Paulo Baldaia é diretor do Diário de Notícias
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