sábado, 31 de março de 2018

UNITA diz que Angola vive 'segunda libertação'


Maior partido da oposição angolana diz que criminalização de figuras importantes no país representa avanço significativo. UNITA avalia que luta contra corrupção tornou-se política oficial do Presidente João Lourenço.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, diz que o país vive uma "segunda libertação". O motivo para tal afirmação é a "luta contra a corrupção" que está a ser uma "política oficial" do Presidente angolano, João Lourenço, declarou em partido em nota enviada esta sexta-feira à agência de notícia Lusa.

"A UNITA regozija-se pelo fato de verificar que a sua luta contra a corrupção tornou-se agora política oficial do titular do poder executivo. A UNITA constata que a sua mensagem sobre a corrupção, segundo a qual o Estado angolano funda-se na corrupção, alimenta-se da corrupção e sobrevive na corrupção, lançou finalmente as sementes para a segunda libertação do país", lê-se na mesma declaração.

A declaração política foi enviada à Lusa na sequência da reunião extraordinária do Comité Permanente da Comissão Política, realizada na quinta-feira, em Luanda.

O partido liderado por Isaías Samakuva, refere acompanhar "com bastante interesse as mediáticas denúncias que nos últimos dias têm dominado a opinião pública, desta vez saídas de dentro das estruturas do próprio partido-Estado", sobre alegados crimes de peculato, quadrilha, corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais imputados a servidores públicos "a todos os níveis".

"A dimensão moral e material desta endemia que se instalou na génese do partido-Estado e arruinou a estrutura da economia nacional está finalmente a ser compreendida pela grande maioria dos cidadãos. A UNITA espera que os angolanos compreendam que a única solução para a endemia da corrupção é a mudança. E mudança significa alternância de poder", sublinha ainda a mensagem.

Processos da PGR

Esta semana, a Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR) confirmou oficialmente que figuras como José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, e Valter Filipe, ex-governador do Banco Nacional de Angola, foram constituídos arguidos numa investigação à transferência ilegal de 500 milhões de dólares para o exterior.

Num outro processo, a PGR confirmou que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general do Exército Sachipendo Nunda, e o porta-voz nacional do MPLA, Norberto Garcia, foram constituídos arguidos numa investigação à alegada tentativa de burla ao Estado angolano, no valor de 50 mil milhões dólares.

"A UNITA encoraja todos os cidadãos honestos a manterem uma atitude de coragem, denunciando todos os atos criminosos que delapidaram a nossa economia, agravaram a situação de penúria da maioria dos angolanos e ofenderam os nossos valores civilizacionais", aponta o partido. 

O maior partido da oposição em Angola ainda sublinhou que os órgãos competentes do Estado devem assegurar "a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, incluindo os princípios do acusatório e do contraditório, primando sempre pelo rigor processual no escrupuloso respeito pelo princípio da supremacia da Constituição e legalidade".

O maior partido da oposição angolana, que nas últimas eleições gerais, em agosto, viu a sua representação parlamentar quase duplicar, reitera ainda a exigência "de uma sindicância, inquérito, inspeção ou auditoria à dívida pública" de Angola, que se aproxima dos 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. 

Agência Lusa | em Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana