segunda-feira, 2 de abril de 2018

Portugal do Curto | VIVEMOS NUMA DEMOCRACIA? OLHE QUE NÃO, OLHE QUE NÃO


Bom dia. Boa semana… se não estiver desempregado(a) e nem o subsídio de desemprego vê, ou se estiver reformado e receber a miséria de uns trocos que mantêm os prontos a morrer à meia-tona da vida a que eles chamam “puta de vida”.

Já deu por isso, certamente, esta é a abertura PG do Expresso Curto, hoje saído da forma Pedro Santos Guerreiro, que no burgo Balsemão Impresa Bilderberg da Marinha é diretor. E há lá mais, destes de sub e etc. Gente fina é outra coisa. Adiante e também bom dia aos xarás lá daquele burgo!

A cultura é pomo de pronúncia do Curto de hoje. Tira-se da prosa que o ministro Centeno corta na Cultura com aparador de relva muito afiado e lâminas duplas. Pois. Mas não é só nisso de cultura. Afinal o que querem os críticos? Um país com cultura ou um país de burgessos, de bestas inqualificáveis e manipuláveis? Estúpidos. Calhaus. Isso tudo e não é demais. O que querem? Olhem para o futebol e logo vêem o triste espetáculo e a falta de chá. Essa coisa da espécie falta de cultura interessa ao sistema e Balsemão Impresa sempre ganhou com isso. Olhem a SIC e vejam o festival de (in)cultura, de alienação, de charopadas de telenovelas que até nos faz doer os dentes, as unhas e os tintins. É com cada pontapé na cultura!

O melhor é avançar, mas deixar aqui muito claro que o autor do Curto de hoje tem muita razão na sua observação sobre a cultura e o que o governo não disponibiliza. Cuidado, porque também nessa existem os que se abafam a cacaus (notinhas) e de cultura nada sai.

Curioso é o facto de ver tanta prosa sobre cultura e tão pouca sobre a pobreza mais ou menos extrema – alguma gritante – em que vivem dois milhões de portugueses, sendo que depois os outros que não sobrevivem na pobreza classificada de extrema rondam mais dois milhões ou para lá caminham. Essa será uma boa prosa e o tio Balsemão devia interferir, opinar, aconselhar, a que os rapazes façam trabalho sério sobre os imensos que trabalham mas que não saem da pobreza nem por nada deste mundo porque existem negreiros que põem e dispõem no mercado de trabalho e até se insurgem por uns quantos terem sido aumentados por via do salário mínimo, enquanto eles arquitetam as fugas dos dinheiros da exploração dos seus escravos, das “lavagens”, corrupções e outras negociatas, para paraísos fiscais. Vá, façam essa, a fundo. Mesmo a fundo. Depois olhem-se ao espelho e achem-se democratas. Babem-se, que é razão para isso.

E agora uma pergunta, ou mais: então o Centeno é um “fominha” com as finanças… Mas e no governo anterior PSD/CDS o que eram? Morreu gente por falta de cuidados médicos, por não aguentarem a miséria extrema da crise e suicidarem, gente que passou muita fome e que agora a passa assim-assim. E então, agora vão elaborar caldinhos para o Rui Rio? Para elevar o PSD e esta sistema de capitalismo selvagem, inumano? Rio ou Passos, que diferença? Porque um tem mais calo no traseiro que o outro? É mais expedito e menos parasita, calhau ou chico-esperto que Passos? É? Mas Rio quer cortes, já disse. Quer menos défice, ainda. Quer reformar... talvez a Constituição e os direitos de todos nós, menos deles e capangas. Rio e a pobreza... Não diz nada. Aumentos dos salários é o que Rio diz, o que o incomoda? Não. Ora cá está mais um Mais do Mesmo.

E insiste o Banco Mundial nos cortes, em salários mais baixos para os que estão na pobreza, de acordo com o FMI e a UE... O que fazer? Pois, só dando um pontapé nisto tudo, um murro na mesa e tornar o Costa e o PS muito menos chuchalista.

Bom dia. Leia o que vem neste Curto. Trabalho de respeito. Afinal interessa sempre aprender e saber como funciona este esquema de sociedade construtora do fosso social a que assistimos mansamente e a julgar que Portugal tem por regime político uma democracia de facto. “Olhe que não, olhe que não”. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O chá das cinco da manhã

Pedro Santos Guerreiro | Expresso | opinião

Está tudo bem: a estação espacial chinesa caiu esta madrugada no Oceano Pacífico. A Tiangong-1, que estava fora de controlo desde 2016, desintegrou-se quase por completo na reentrada para a atmosfera. Não foi desta que o céu nos caiu em cima da cabeça.

Anda o país a celebrar o baixo défice orçamental de 2017 e o ministro das Finanças a exultar, como fez em entrevista ao Expresso, que ele “reflete o extraordinário estado da saúde da economia portuguesa”. E depois isto. “Isto?” Isto da Cultura. “Ah, aquilo”. Sim, isto próximo que parece aquilo distante a quem vê a Cultura como chá das cinco da manhã, que é quando estão a dormir.

“Somos todos Centeno” é o autocolante de automóvel do ano para os ministros. O pai da frase foi Adalberto Campos Fernandes, da Saúde, mas tem outros cunhados. Como o ministro da Cultura, que como todos os antecessores mendiga aumentos anuais num orçamento sempre miserável. O primeiro-ministro bem disse (e disse bem) no passado que a Cultura está em toda a governação, está em toda a economia e política, está na vida do país porque sem ela o país não é bem um país vivo. Está em todo o lado, sim. Só não está no Orçamento.

“Isto da Cultura” são as críticas em peso do setor artístico ao governo, depois de terem sido divulgados os resultados provisórios do Concurso ao Programa de Apoio Sustentado 2018-2021 da Direção-Geral das Artes, que financia grande parte da atividade artística em Portugal. Atores, encenadores e programadores exigem uma reunião com o primeiro-ministro e o PSD fala em “fracasso da política cultural”. Não tarda leremos colunistas e ouviremos economistas a falar da casta da “subsídio-dependência” que “tem de ser posta na ordem”, nessa espécie de ímpeto disciplinador que nunca justifica o concreto e se embaraça no geral.

Talvez esse seja o maior retrocesso deste processo: em face da retirada de apoios a companhias que os recebiam há anos, e que sem eles podem fechar, o debate público andou 15 anos para trás e centrou-se exclusivamente no dinheiro distribuído e não distribuído. Pensávamos já ter ultrapassado a exiguidade febril do discurso da “subsídio-dependência”, mas não se ouviu ninguém explicar a política para a cultura nem explicar para que ela serve e deve servir. Digam-me um político que saiba explica a cultura ao país, eu não ouvi nenhum.

O ministro da Cultura não disse nada e desta vez disse nada sem falar. O secretário de Estado Miguel Honrado tentou explicar que dar oportunidades a novos criadores implica deixar de apoiar outros, não justificando as escolhas. Algumas estarão certas, outras erradas, mas a quadrícula parece ser “não sabe/não responde”, pois não conseguimos perceber se faz sentido ou não deixar de apoiar esta ou aquela companhia, porque a explicação infalível é de que “não há dinheiro”. Sim, são todos Centeno.

Com uma nova geração muito mais cosmopolita e mais culta (infelizmente, não mais lida), a cultura entrou nos hábitos de públicos mais vastos e na política central de várias cidades do país. Isso gerou não apenas mais projetos, como “cidades-projeto”, como mais “eventos” que concentram pessoas e paradoxalmente as desviam do que não é ou parece ser pop ou trendy. Ao Estado cabe preparar terreno para os criadores, claro. O governo não deve sequer promover cultura, deve ser cultura. E, sobretudo, não ser a vírgula de um orçamento nem a casa decimal da atenção. Afinal, isto interessa a quem? “Isto?” Isto da Cultura. “Ah, aquilo”.

OUTRAS NOTÍCIAS

Dinheiro há para 14 colégios do grupo GPS, cujos principais administradores foram acusados pelo Ministério Público de corrupção, peculato, falsificação de documento agravada, burla qualificada e abuso de confiança. Estes gestores chegaram a gastar 824 euros por refeição, revela o Jornal de Notícias.

“Os gastos em viaturas do Estado aumentaram 52% em 2017”, revela o Negócios, que contabiliza quer as compras, quer os alugueres operacionais de veículos. No total, foram 11,9 milhões no ano passado. O Estado tem mais de 25 mil veículos, número que tem vindo a reduzir-se ao longo dos anos. GNR e a PSP são as entidades com maior número de veículos, seguidas do Exército.

Começou este domingo a campanha do IRS deste ano e o Correio da Manhã garante que 200 mil já entregaram o formulário no primeiro dia. Tem dois meses para entregar a declaração. O Eco explica o que muda este ano. E começou também o prazo de pagamento do IMI.

Há mais 20 taxas e impostos anunciadas para as empresas, contabiliza o Eco. Uma delas é a taxa de rotatividade. Em 2019 a medida já estará em vigor mas as empresas poderão corrigir os seus comportamentos, uma vez que é só no final do ano que a empresa pagará. O valor está ainda em discussão, sendo a referência até 2% Tudo isto explica Miguel Cabrita, secretário de Estado do Emprego, ao Negócios e à Antena 1.

Na mesma entrevista, o governante diz que o governo tem “a expectativa” que PCP e BE aprovem alterações à lei laboral.

Só três hospitais não pioraram contas no ano passado, escreve o Diário de Notícias.

Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, gostaria “de ver Centeno num próximo Governo do PS”, como afirma numa entrevista à Renascença/Público, onde promete “a mesma solução governativa”, mesmo que o PS tenha maioria em 2019. “Nunca tivemos um ministro das Finanças tão bem aceite pelos portugueses”, afirma.

“Rui Rio está, neste momento, entre a espada e a parede, com uma oposição interna que não o deixa ser líder da oposição”, afirma ainda Ana Catarina Mendes, que sublinha que o novo líder do PSD se mostra “muito mais disponível para o diálogo. Mas não nos enganemos muito.”

“O que é preciso é juízo. O partido não vai entrar num caminho suicidário”, diz Guilherme Silva, do PSD, em entrevista ao i.

Marques Mendes também sabe ler pessoas: “No seu íntimo Costa não descarta a hipótese de um bloco central”, disse ontem na SIC. No seu comentário dominical, Mendes elogiou o governo pelo défice de 2017 e afirmou que CGD “é uma questão escandalosa” que “mete políticos e gestores” – e que devíamos todos saber para onde foi o dinheiro que obrigou à injeção de tantos milhares de milhões pelo Estado.

A circulação de comboios será afetada hoje por uma greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal. Já os trabalhadores dos bares dos comboios suspenderam a greve que estava marcada para hoje. A Federação dos Sindicatos da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal pediu ma reunião “para prosseguir negociações”. A greve do fim de semana dos tripulantes da Ryanair terá tido a adesão de 91%, com mais de metade dos voos cancelados, garante o sindicato, que denunciou abusos dos direitos dos trabalhadores.

“O meu forte não são as contas”, afirma Isabel dos Santos citada no Público sobre as polémicas na Unitel. Como o Expresso revelou no sábado, a Oi e a Sonangol aliaram-se contra a empresária por alegado uso da empresa de telecomunicações de que são todos acionistas em benefício próprio da filha de José Eduardo dos Santos.

Patrulha portuguesa foi atacada na República Centro-Africana. Os militares portugueses na missão da ONU realizavam uma patrulha de rotina quando foram alvejados por tiros de armas ligeiras, disparados por um grupo armado que “utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudo humano” para se proteger, diz uma nota do Estado-Maior General das Forças Armadas, que refere que “todos os militares encontram-se bem, não existindo baixas a lamentar”.

Os “exércitos” prosseguem os seus passos na guerra comercial. No setor automóvel, os Estados Unidos querem melhores condições para exportar automóveis para a União Europeia, que por sua vez quer acesso de automóveis europeus aos concursos públicos americanos. Como explica o El Pais, a UE tem apenas um mês para convencer a administração norte-americana.

A China riposta ao anúncio de tarifas para importações americanas ao aço e alumínio e lança a partir de hoje tarifas sobre a importação chinesa de 128 produtos americanos, desde fruta a carne de porco. A notícia está no Le Monde.

Ontem, Donald Trump disparou uma série de tweets “pascais” - em que também voltou a retirar esperanças a imigrantes sem documentos que chegaram aos Estados Unidos em crianças (os chamados “dreamers”, sonhadores) e ameaçou mais uma vez terminar o acordo de comércio com o México e Canadá.

Carlos Alvarado, candidato de centro-esquerda, foi eleito presidente da Costa Rica.

Morreu o general José Efraín Ríos Montt, ex-ditador da Guatemala.

Todos os cidadãos ingleses deviam receber uma “herança mínima universal” de 10 mil libras quando fizessem 25 anos, para investirem no seu futuro, recomenda um estudo do Institute for Public Policy Research, um “think tank” britânico. O objetivo seria combater a desigualdade, detalha o The Guardian.

“A Grécia é uma prisão de devedores”, afirma Yanis Varoufakis, em entrevista publicada ontem no The Guardian.

A ETA quer conseguir “cobertura internacional” para credibilizar a sua declaração de dissolução, anunciada para entre o final de maio e o fim da primeira quinzena de junho, noticia o El Pais.

A empresa mineira brasileira Vale não divulga o valor dos salários dos seus gestores, para protegê-los de possíveis raptos. Notícia da Bloomberg, citada no Negócios.

Steven Bochco, criador da série televisiva dos anos 80 “A Balada de Hill Street”, morreu este domingo. Tinha 74 anos.

O filme “Colo”, de Teresa Villaverde, foi premiado em Paris.

Não acredite em tudo o que lê nas redes sociais. Sobretudo se lhe apresentam “notícias” de sites que não são órgãos de comunicação social. Depois do escândalo da Cambridge Analytica, a Comissão Europeia está a preparar um plano contra as empresas de redes sociais acusadas de distribuir “fake news”, que “subvertem os sistemas democráticos”, noticia o Financial Times. As preocupações começam já com a “desinformação” nas eleições do próximo ano para o Parlamento Europeu.

Na sexta feira foi conhecido um memorando de 2016 assinado por um alto diretor do Facebook, Andrew Bosworth, que defendia o crescimento da rede social a qualquer custo, mesmo se um ataque terrorista organizado na plataforma causasse mortes, revelou o New York Times. “Talvez alguém morra num ataque terrorista coordenado nas nossas ferramentas. E mesmo assim nós ligamos pessoas. A verdade feia é que nós acreditamos em ligar pessoas tão profundamente que qualquer coisa que nos permita ligar mais pessoas mais frequentemente é de facto bom.”

Este memorando não é mentira de 1 de abril. Nem ele nem estas dez histórias reunidas pela BBC que parecem partidas – mas não são.

FRASES

“O trabalho noturno e por turnos aumenta em 40% o risco de depressão”. Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, no i.

“Passos Coelho chocava os portugueses com a consolidação orçamental que aí viria. António Costa faz uma consolidação chocante dizendo que não há austeridade”, escreve Manuel Esteves no Negócios.

“Desisti no 11º ano porque ia para a escola tentar ser miúdo e só perguntavam: 'E o balneário? E o João Pinto? E o Nuno Gomes?'”. Moreira, guarda-redes do Estoril Praia, em entrevista na Tribuna Expresso.

“A economia do Reino Unido não entrou em colapso [com o Brexit], ao contrário das previsões”. Wolfgang Münchau, no Diário de Notícias.

O QUE EU ANDO A LER

A reportagem “Radiografia de um genocídio”, da jornalista Margarida Mota e fotografia de Kevin Frayer no Expresso, sobre o êxodo humano dos rohingya. “Há um genocídio em curso no mundo e — por ignorância, indiferença ou desinteresse — não se vislumbra esforço para o travar”.

A reportagem multimédia “Mouraria. Há 10 anos a fazer o clique para o outro", da jornalista Catarina Santos, na Rádio Renascença. “Em 2008, um grupo de moradores cansou-se de ver definhar o bairro mais multicultural de Lisboa. Dez anos depois, a associação Renovar a Mouraria é um modelo de integração, procurado por países europeus com pressões migratórias bem mais elevadas.”

A entrevista de Nassim Nicholas Taleb no El Mundo, intitulada “A paranoia é a melhor estratégia para sobreviver”. O matemático-filósofo, autor do livro “O Cisne Negro”, que se tornou mundialmente famoso, diz que “a única função dos bancos é pagar milhões aos seus gestores. Mas se fazem asneira, paga o contribuinte. Devem desaparecer”.

O “Cisne Negro” é um dos livros da Biblioteca Expresso, que nasce no sábado com a publicação de sete obras fundamentais para entender o nosso tempo. O primeiro, nas bancas dia 7, é “A Ordem Mundial”, de Henry Kissinger, com prefácio de Miguel Monjardino.

Tenha um dia bom. E uma excelente semana

Sem comentários:

Mais lidas da semana