quarta-feira, 25 de abril de 2018

PORTUGAL | Não, não é este 25 de Abril de hoje que comemoramos, este é falso


Mário Motta | Lisboa

Comemora-se hoje o 25 de Abril de 1974. Esse. Porque os seguintes, de ano para ano que passou, tiveram sempre muito menos razão para se comemorar. A PIDE assassina e torturadora não foi julgada, muitos outros salazaristas e fascistas não foram julgados, muitos empresários do mesmo jaez limitaram-se a abandonar o país indo para o Brasil da ditadura dos coronéis e outros países em que o fascismo, encapotado ou não, lhes garantia bem-estar, impunidade, e prosseguimento das suas técnicas de exploração parasitária dos povos - em que assenta o capitalismo selvagem e escabroso. Esses, salazaristas e fascistas, reformularam-se e com o tempo regressaram, impunes, e tomaram os seus pequenos ou grandes impérios com o beneplácito dos partidos de direita no poder. Então já no poder. E a exploração continuou, continua. A direita tudo faz para continuar a regressar a esses tempos desbragados da exploração, semeando a fome e a miséria seja onde for. Em Portugal também. E não é pouco. Cria os chamados lobies, que ajeitam leis e regulamentações a partir da Assembleia da República, do legislador, comprando deputados, comprando dirigentes políticos influentes, comprando os poderes e políticos inescrupulosos, mantendo um regime avançado de exploração e repressão, de manipulação a partir dos órgãos de comunicação social que possui em grupos cartelizados. Tudo a funcionar sob a capa da falsa democracia. O resultado é um terço da população portuguesa na miséria e na pobreza, com a fome por certa e a dignidade de rastos…

Não. Não é este o 25 de Abril que comemoramos. É o que em 1974 foi desenhado como rumo à liberdade, à justiça, à democracia de facto e não a que falsamente nos querem impingir e é exercida e controlada por políticos, empresários, banqueiros, judiciários e outros setores e elementos da sociedade comprovadamente ladrões, criminosos de fuga de capitais obtidos pela exploração desbragada e breu de negócios, por corruptos, nepotistas e de seitas indesejáveis a um Estado de Direito efetivamente democrático, cumpridor dos Direitos Humanos de que Portugal é signatário na ONU.

Não. Não é este 25 de Abril de hoje que comemoramos. É o de 1974. Os restantes, de ano para ano, definharam. Estão a vender-nos gato por lebre.

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