O sindicato exige a suspensão
imediata das "reformas compulsivas" e cortes salariais nos órgãos de
comunicação detidos pelo Estado, em comunicado divulgado esta sexta-feira, (20.04).
Na nota, o Sindicato dos
Jornalistas Angolanos (SJA) atribui a situação financeira das empresas estatais
de comunicação à sua utilização passada como "instrumentos de luta
política".
A posição consta das conclusões
da assembleia de auscultação realizada na sexta-feira (20,04), em Luanda, pelo
SJA, convocada expressamente "para abordar as medidas em curso nos órgãos
de comunicação social públicos".
"Os jornalistas não são
responsáveis pelo estado atual deficitário das empresas de comunicação
social", lembrou, na leitura das conclusões, o presidente do SJA, Teixeira
Cândido, acrescentando que "foi o Governo" que "permitiu aos
anteriores gestores a contratação de funcionários sem critérios nem
transparência", bem como "a não deposição das contribuições"
para a Segurança Social.
"Foi o Governo quem fez das
empresas de comunicação social instrumentos de luta política, relegando a
questão da rentabilização para o segundo plano. É o Governo quem vem inibindo a
expansão da imprensa, cortando o crescimento de mais empregos", afirma o
mesmo comunicado.
Centenas de afetados
Contactado pela agência Lusa, o
presidente do sindicato admitiu que só a reforma compulsiva estará a afetar
"centenas" de profissionais em todo o país.
"Não estamos contra a
reforma dos trabalhadores. Estamos sim contra a forma, compulsiva, e numa
altura em que as empresas não têm um instrumento de carreira. Estamos
igualmente contra a reforma dos melhores profissionais, mais experimentados,
quando as empresas se propõem a serem rentáveis. Como conseguir isso sem
profissionais de qualidade?", questionou Teixeira Cândido.
Nas conclusões divulgadas após a
assembleia de sexta-feira, o SJA "exige a suspensão imediata das reformas
compulsivas", referindo-se igualmente à "aposentadoria e corte nos
salários" que afirmam estar a decorrer nas empresas estatais de
comunicação social, bem como "a definição de carreiras técnicas, com base
no qualificador ocupacional", processo que deverá ser conduzido com a
participação daquele sindicato, num prazo de 30 dias.
Sob nova administração
O Presidente angolano, João
Lourenço, exonerou a 09 de novembro as administrações de todas as empresas
públicas de comunicação social, tendo nomeado novos administradores para os
cargos designados pelo anterior chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, casos
da Televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições
Novembro (proprietária do Jornal de Angola) e Agência Angola Press (Angop).
Aos novos administradores,
empossados no Palácio Presidencial, em Luanda, João Lourenço disse que "devem
procurar encontrar uma linha editorial que sirva de facto o interesse público,
que dê voz, que dê espaço, aos cidadãos dos mais diferentes extratos
sociais", mas também que "dê espaço às organizações da chamada
sociedade civil".
Agência Lusa, cvt | Deutsche Welle
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