sábado, 19 de maio de 2018

Timor-Leste/Eleições | Fretilin apresenta recurso contra apuramento nacional de resultados


Díli, 19 mai (Lusa) - A Fretilin, segundo partido mais votado nas eleições de sábado em Timor-Leste, apresentou hoje no Tribunal de Recurso, em Díli, um recurso contra a ata de apuramento nacional dos resultados, confirmaram à Lusa fontes judiciais e do partido.

"O recurso foi entregue aqui hoje. Ainda está a ser considerado. O Tribunal tem 48 horas para se pronunciar, segundo a lei", confirmou à Lusa uma fonte do Tribunal de Recurso.

Fonte da Fretilin tinha confirmado também à Lusa a entrega do recurso, escusando-se no entanto a revelar o conteúdo do mesmo.

O assunto foi uma das questões abordadas hoje numa reunião do Comité Central da Fretilin (CCF) na sede do partido em Díli onde hoje se celebra.

Na quinta-feira, o líder da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e ainda primeiro-ministro, Mari Alkatiri confirmou que o partido estava a realizar investigações a supostas irregularidades durante a votação, particularmente centradas no enclave de Oecusse.

"Quando está a decorrer a investigação ninguém fale sobre ela. E eu não vou falar sobre isso. Não falo sobre isso porque deixo os investigadores fazer o seu trabalho", afirmou Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), em declarações aos jornalistas.

Questionado pela Lusa sobre se as investigações se centravam no enclave, Oecusse confirmou que "não é só nesse" caso, mas que as atenções se concentram "fundamentalmente" aqui.

Recorde-se que um dos resultados mais surpreendentes da votação de sábado ocorreu na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), em que a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) bateu a Fretilin de Mari Alkatiri - que geriu a região durante vários anos - por uma diferença de mais de 11.600 votos.

Apesar de líderes da Fretilin continuarem a gerir a região, o partido obteve apenas 10.800 votos contra os mais de 22.400 da AMP.

A derrota levou Arsénio Bano - que ficou a assumir o cargo de presidente interino da RAEOA em substituição de Mari Alkatiri, quando este assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2017 - a fazer um pedido de desculpa público no Facebook.

O escrutínio municipal e apuramento nacional confirmaram que a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas com mais de 305 mil votos, ou 49,6% do total, o que lhe dá 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional e a possibilidade de formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.

Em segundo lugar ficou a Fretilin, que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve mais de 213 mil votos, ou 34,2% do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.

No Parlamento estará também o PD, parceiro da Fretilin no VII Governo, e que perdeu dois deputados para cinco, tendo obtido mais de 50 mil votos ou 8,1% do total, e a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) que obteve 34 mil votos (5,5%) do total e 3 deputados.

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