Filipe Nyusi anunciou esta
quinta-feira que reiniciou conversações com o principal partido da oposição. As
duas partes estão esperançadas na finalização em breve do processo de
descentralização e desarmamento da RENAMO.
O Governo e a Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO) retomaram o diálogo de paz ao mais alto nível que
tinha sido interrompido, na sequência da morte
do líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, no dia 3 de maio.
A nova liderança da RENAMO tem à
cabeça Ossufo
Momade, que foi eleito coordenador da Comissão Política do partido, na
sequência da morte
de Afonso Dhlakama.
"Espero que se finalize o
pacote legal de descentralização [cuja proposta já se encontra depositada no
Parlamento] com a maior celeridade possível, o que implicará uma revisão
pontual da constituição da república", afirmou o Presidente da República,
Filipe Nyusi, durante um banquete de Estado em honra do seu homólogo do Uganda,
Yoweri Museveni, de visita a Moçambique.
Divergências em torno dos
administradores
O porta-voz da RENAMO, José
Manteigas, confirmou a DW África a retoma dos contactos, manifestando a
expectativa de que o processo termine o mais rapidamente possível. Segundo José
Manteigas, a RENAMO acredita que todo o Parlamento está disponível, ou pelo
menos manifesta a intenção, de corresponder às expectativas do país e aos
entendimentos alcançados entre o Presidente Nyusi e Afonso Dhlakama.
Recentemente, a chefe da bancada
parlamentar da RENAMO, Ivone Soares, afirmou que mantinham-se as divergências
quanto à indicação do administrador do distrito. Enquanto o maior partido da
oposição exige que seja nomeado pelo governador de província, a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) defende a sua nomeação ao nível
central pelo titular do pelouro.
Nesta retomada do diálogo com o
Presidente da República, o pacote
sobre descentralização "é o ponto principal", diz José
Manteigas, "porque era o único ponto não consensual" na altura da
morte do líder da RENAMO.
"Esperamos que ao longo
destes dias consigamos, de facto, alcançar um consenso ou, pelo menos, um
entendimento", adianta o porta-voz à DW África.
Questões militares para breve
Outro ponto na agenda das
negociações são as questões militares. "Esperamos em simultâneo finalizar
os assuntos militares, que comportam o desarmamento, desmobilização e
reintegração dos elementos armados da RENAMO, processo que já possui bases suficientes
para ser iniciado", afirmou o Presidente Filipe Nyusi.
O porta-voz da RENAMO confirmou
que existem já elementos suficientes para que as questões militares tenham o
seu desfecho. No entanto, lembrou que Nyusi e Dhlakama tinham acordado que os
processos de descentralização e de desarmamento "tinham de andar",
embora um pudesse "ser mais veloz que o outro".
O atual diálogo entre o
Presidente Nyusi e a nova liderança da RENAMO decorre num ambiente positivo,
segundo José Manteigas. "Até aqui não temos motivo de queixa, há
receptividade de ambas as partes e estamos esperançados que o ambiente vai
continuar cordial e saudável como tem acontecido até aqui",
disse."Ainda não houve um encontro tête-à-tête com o Presidente da
República, mas através das pessoas que têm tido o papel de mediar e os
contactos telefónicos [entre o Presidente e o coordenador da Comissão Política
da RENAMO, Ossufo Momade] revela-se um bom ambiente e isso é muito
positivo", concluiu o porta-voz da RENAMO.
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche
Welle
Fotos: 1 – Filipe Nyusi; 2 - Ossufo
Momade
Sem comentários:
Enviar um comentário