Um Curto quase sem palavras da
nossa parte. Essa ausência justifica-se em memória das vítimas dos fogos na Grécia.
Pode ler no Expresso muito do que lá aconteceu e continua a acontecer naquela
tragédia que é grega, como no ano passado foi portuguesa. Honremos as vítimas
com o nosso respeito. (PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
A nossa tragédia grega
Vítor Matos | Expresso
Bom dia!
“E outro homem contou-me ter visto uma rapariga também a subir a um penhasco. Quando chegou ao cimo, caiu e morreu à frente dele”. Um horror é um horror em qualquer lado. Não conseguimos entender o que é um terror destes, como se vivessemos uma guerra em tempo de paz e para isso nunca se está preparado. É o impensável que volta a abalroar-nos. As histórias de Mati, na Grécia, são como as que vivemos em Pedrógão Grande e depois dos fogos de outubro, que nos deixaram chocados, enraivecidos e impotentes perante tragédias injustificadas numa sociedade dita desenvolvida. E que são uma exacta consequência de sermos sociedades desenvolvidas. Maria Papavlachou, uma jornalista do canal televisivo grego Alpha TV, disse a frase que abre este texto num testemunho ao Expresso, sobre o que viu e ouviu, em reportagem, nos momentos mais dramáticos dos incêndios gregos. Mais uma vez, impensável.
Gente de pijama que correu da cama para o mar para se salvar das chamas. Uma estrada cheia de carros ardidos, e 26 pessoas encontradas mortas, algumas abraçadas. Parece que o mal gosta da repetição. O corpo de uma criança no chão. Mães com filhos no colo mar adentro, quase afogados para não morrerem queimados, a subirem para barcos da guarda costeira e encontrarem a salvação no porto de Rafina, conta Maria Papavlachou. Pais à procura de filhos que estavam de férias. Desespero, morte, mas também o alívio dos que conseguiram fugir das chamas.
Os últimos números nos rodapés das televisões, à hora a que escrevo este Expresso Curto, dão 77 mortos, mais de 200 feridos e um número indeterminado de desaparecidos. A guarda costeira conseguiu salvar mais de 700 pessoas que fugiam das chamas para a praia. Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego, declarou três dias de luto nacional. E o procurador do Supremo Tribunal grego pediu uma investigação à lentidão do Estado na resposta de emergência e pelo facto de não haver uma resposta de emergência, escreve a edição do jornal Ekathimerini em inglês (sim, os gregos têm jornais com edições em inglês). Onde é que já vimos isto?
Nádia Piazza, presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, escreveu um texto para o Expresso Diário com a propriedade da dor de quem sabe como o fogo nos leva o mais querido: no caso, um filho de cinco anos: “O fogo não escolhe classes, nacionalidades, etnias nem credos. Arde onde há desleixo. Ardeu a pobreza de Pedrógão Grande, ardeu a riqueza de Mati. E arderá todos os sítios onde o desleixo e a incúria reinarem. Aprendamos por fim”.
A foto de uma mulher, com um braço entrapado, a olhar para um carro calcinado. A consternação. Mati, acabou. A estância de férias do Mar Egeu, com hotéis, restaurantes, clubes noturnos, cinemas ao ar livre e marinas com iates, acabou. Uma catástrofe de “proporções bíblicas”, como pode ler aqui. O desordenamento urbanístico, a construção desenfreada e sem licença em área florestal, e a falta de planos de emergência são para já os primeiros culpados pela tragédia. Mais uma vez, onde é que já ouvimos isto? “Portugal não é a Grécia”, repetíamos em 2011: o Pedro Guerreiro, diretor do Expresso, escreve sobre este novo paralelo trágico entre portugueses e gregos.
As imagens são assustadoras. A diferença é que em Portugal temos os problemas do interior e, pelo visto, na Grécia, os problemas são do litoral, como também escreve o Público. O Observador explica as semelhanças entre a Grécia e Portugal. O Guardian publica mais uma reportagem impressionante: “É terrível ver a pessoa ao nosso lado a afogar-se e não conseguirmos ajudar”, diz uma testemunha ao jornal inglês. Na Suécia, onde houve fogos gravíssimos esta semana, e para onde o Governo português até mandou meios, a tragédia não teve proporções humanas como estas. Será que o nível de desenvolvimento conta?
Um aviso: numa altura em que a Europa Ocidental é atingida por uma onda de calor e a Grécia e a Suécia são afetados por incêndios, os meteorologistas antecipam um agravamento das condições climatéricas durante esta semana. Segundo o site AccuWeather, as temperaturas máximas vão aumentar em Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Suécia na próxima quinta e sexta-feira. Portugal, até agora, mal tem tido verão.
“E outro homem contou-me ter visto uma rapariga também a subir a um penhasco. Quando chegou ao cimo, caiu e morreu à frente dele”. Um horror é um horror em qualquer lado. Não conseguimos entender o que é um terror destes, como se vivessemos uma guerra em tempo de paz e para isso nunca se está preparado. É o impensável que volta a abalroar-nos. As histórias de Mati, na Grécia, são como as que vivemos em Pedrógão Grande e depois dos fogos de outubro, que nos deixaram chocados, enraivecidos e impotentes perante tragédias injustificadas numa sociedade dita desenvolvida. E que são uma exacta consequência de sermos sociedades desenvolvidas. Maria Papavlachou, uma jornalista do canal televisivo grego Alpha TV, disse a frase que abre este texto num testemunho ao Expresso, sobre o que viu e ouviu, em reportagem, nos momentos mais dramáticos dos incêndios gregos. Mais uma vez, impensável.
Gente de pijama que correu da cama para o mar para se salvar das chamas. Uma estrada cheia de carros ardidos, e 26 pessoas encontradas mortas, algumas abraçadas. Parece que o mal gosta da repetição. O corpo de uma criança no chão. Mães com filhos no colo mar adentro, quase afogados para não morrerem queimados, a subirem para barcos da guarda costeira e encontrarem a salvação no porto de Rafina, conta Maria Papavlachou. Pais à procura de filhos que estavam de férias. Desespero, morte, mas também o alívio dos que conseguiram fugir das chamas.
Os últimos números nos rodapés das televisões, à hora a que escrevo este Expresso Curto, dão 77 mortos, mais de 200 feridos e um número indeterminado de desaparecidos. A guarda costeira conseguiu salvar mais de 700 pessoas que fugiam das chamas para a praia. Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego, declarou três dias de luto nacional. E o procurador do Supremo Tribunal grego pediu uma investigação à lentidão do Estado na resposta de emergência e pelo facto de não haver uma resposta de emergência, escreve a edição do jornal Ekathimerini em inglês (sim, os gregos têm jornais com edições em inglês). Onde é que já vimos isto?
Nádia Piazza, presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, escreveu um texto para o Expresso Diário com a propriedade da dor de quem sabe como o fogo nos leva o mais querido: no caso, um filho de cinco anos: “O fogo não escolhe classes, nacionalidades, etnias nem credos. Arde onde há desleixo. Ardeu a pobreza de Pedrógão Grande, ardeu a riqueza de Mati. E arderá todos os sítios onde o desleixo e a incúria reinarem. Aprendamos por fim”.
A foto de uma mulher, com um braço entrapado, a olhar para um carro calcinado. A consternação. Mati, acabou. A estância de férias do Mar Egeu, com hotéis, restaurantes, clubes noturnos, cinemas ao ar livre e marinas com iates, acabou. Uma catástrofe de “proporções bíblicas”, como pode ler aqui. O desordenamento urbanístico, a construção desenfreada e sem licença em área florestal, e a falta de planos de emergência são para já os primeiros culpados pela tragédia. Mais uma vez, onde é que já ouvimos isto? “Portugal não é a Grécia”, repetíamos em 2011: o Pedro Guerreiro, diretor do Expresso, escreve sobre este novo paralelo trágico entre portugueses e gregos.
As imagens são assustadoras. A diferença é que em Portugal temos os problemas do interior e, pelo visto, na Grécia, os problemas são do litoral, como também escreve o Público. O Observador explica as semelhanças entre a Grécia e Portugal. O Guardian publica mais uma reportagem impressionante: “É terrível ver a pessoa ao nosso lado a afogar-se e não conseguirmos ajudar”, diz uma testemunha ao jornal inglês. Na Suécia, onde houve fogos gravíssimos esta semana, e para onde o Governo português até mandou meios, a tragédia não teve proporções humanas como estas. Será que o nível de desenvolvimento conta?
Um aviso: numa altura em que a Europa Ocidental é atingida por uma onda de calor e a Grécia e a Suécia são afetados por incêndios, os meteorologistas antecipam um agravamento das condições climatéricas durante esta semana. Segundo o site AccuWeather, as temperaturas máximas vão aumentar em Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Suécia na próxima quinta e sexta-feira. Portugal, até agora, mal tem tido verão.
OUTRAS NOTÍCIAS
Rui Rio, líder do PSD, deu ontem à TVI a sua primeira entrevistadesde que está à frente do partido. Perdeu uma boa oportunidade. Não trouxe qualquer novidade, não surpreendeu, quase não deu notícia. Foi de tal forma que o que sobrou foi a intenção de formar um Governo com o CDS no caso de o Orçamento do Estado não passar com os votos da “geringonça”, desafiando António Costa a viabilizar essa solução, mas mesmo esse cenário o próprio desvalorizou: "Estamos aqui a falar de uma história da carochinha, eles vão entender-se". No mesmo dia, Assunção Cristas já tinho dito à TSF, distanciando-se de Rio sem adivinhar o que ele ia dizer ànoite, que poderia apoiar um Governo do PSD sem participar com ministros, só a partir de um acordo de base parlamentar, caso não houvesse “convergência suficiente” com os sociais-democratas. Que se saiba, Cristas e Rio só falaram uma vez desde que este chegou a líder.
No entanto, apesar de o Expresso já ter escrito que o PSD vai votar contra o OE e que Rio está preparado para eleições, continua sem dizer como votará o partido. “Como posso dizer que voto contra uma coisa que nem existe?”, disse na entrevista.
Esperava-se que tivesse preparado alguma coisa para dizer e marcar o arranque das férias políticas. Mas não. As diferenças em relação ao Governo pareceram mais de tom: seria mais austeroque António Costa até porque não governaria com a esquerda, é contra as 35 horas, mas mais uma vez nunca criticou o primeiro-ministro diretamente. Se perder as Europeias, diz, não sairá da liderança, mas deixa já para memória futura uma parte da responsabilidade que lhe será imputada: “Se o PSD tiver um resultado mais fraco, é mau. Se não subir, é mau. Se ganhar, aí é que é bom.” Uma lógica imbatível. Rio quer crescer no eleitorado pela “credibilidade”.
Apesar de os trabalhos parlamentares já terem fechado, a Assembleia da República ainda não foi para férias e Tancos continua a dar polémica. Neste caso, a eventual audiência do chefe do Estado Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, está a ser boicotada e dificultada pelo PS, escreve o Expresso. O líder da bancada do CDS, Nuno Magalhães, acusa Ascenso Simões, do PS, de estar a travar a ida do CEME ao Parlamento. Diz que é gravíssimo, que o deputado socialista foi de "férias" e que o PS está a fazer um "veto de gaveta" e a branquear o escrutínio do caso da “discrepância” entre as armas furtadas e recuperadas. O CDS ameaça recorrer a Ferro Rodrigues e invocar o irregular funcionamento da Assembleia da República e dá aos socialistas um prazo: esta manhã. Ascenso nega estar de férias. Rovisco Duarte continua disponível para ir falar aos deputados e Marco António Costa, presidente da comissão, confirma que só falta a luz verde do PS para se chamar o general.
Depois de uma resolução para se transladarem os restos mortais de Mário Soares para o Panteão Nacional, eis que a concelhia do PSD de Lisboa propõe que se faça o mesmo ao fundador do partido, Francisco Sá Carneiro.
Mas se a vida não é feita apenas de grandes tragédias e de intriga política, na vida dos portugueses há pequenas tragédias que se traduzem na dificuldade de viver com baixos rendimentos, o que também tem tudo a ver com política. O desemprego está a cair, mas há 764,2 mil trabalhadores em Portugal que ganham o salário mínimo, escreve o Expresso, segundo os dados declarados à Segurança Social, relativos a março deste ano e citados no 9º Relatório de Acompanhamento do Acordo sobre a Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG). O relatório foi apresentado por Vieira da Silva, ministro Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, aos parceiros sociais. Segundo o Público, houve uma quebra no número de trabalhadores a receber a remuneração mínima para o emprego criado no arranque de 2018, o que mostra que a maior parte dos novos postos de trabalho registados neste período ficou acima dos 580 euros.
O mundo do trabalho não é fácil, e profissões que já tiveram algum glamour estão para lá de proletarizadas. Voar era uma delas. Desde fim de março que a Autoridade para as Condições de Trabalho está a investigar legalidade da atuação da low cost Ryanair durante a última greve. Esta quarta-feira há nova paralisação e a Inspeção diz que está “pronta a intervir”, mas nada concluiu ao fim de quatro meses de investigação, escreve no Expresso a Rosa Pedroso Lima.
Em relação ao caso da ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs, que tanto deu que falar, há novidades: a Provedora de Justiça europeia (Ombudsman) encerrou finalmente o seu inquérito à contratação do ex-presidente da Comissão Europeia, confirmando a constatação de que a Comissão geriu mal o assunto e mantendo as suas recomendações e sugestões de melhoria, anunciaram ontem os serviços da provedoria.
Rui Moreira, presidente da câmara do Porto, reuniu-se com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, com que falou sobre a transferência do Infarmed para o Porto, um processo que considera não estar a ser tratado da melhor forma.
Emmanuel Macron tem viagem marcada para Lisboa na sexta-feira para uma cimeira com o primeiro-ministro português e o presidente do Governo espanhol, sobre as interligações energéticas europeias, mas vamos ver se não terá de ficar em Paris. O Governo do Presidente francês enfrentará nos próximos dias a primeira moção de censura, com poucas possibilidades de passar, originada pelo escândalo desencadeado pelo seu ex-chefe de segurança, que espancou manifestantes que fingiam ser polícias.
Estamos a 25 de julho e para Donald Trump é um dia como outro qualquer, ou seja, as notícias são sempre surpreendentes sobretudo pelo insólito. Não bastava que fosse tão fácil comprar armas nos Estados Unidos, agora será ainda mais fácil fabricá-las em casa, através de uma tecnologia que está em desenvolvimento, mas que promete mudar o mundo num futuro próximo. A administração Trump autoriza fabricação de armas de fogo por impressão 3-D, escreve aqui o Luís M. Faria: “A administração Trump chegou a acordo com Cody Wilson, um homem que em 2012 pôs na internet os planos e o software necessários para produzir o Liberator, a primeira arma imprimida em 3-D.Após mais de cem mil descargas, o governo bloqueou o site por infringir as regras sobre exportações internacionais. Wilson foi a tribunal, invocando o seu direito à liberdade de expressão, e agora o governo cedeu.” Faça download e atire.
Ficámos também a saber que a marca de Ivanka Trump vai fechar. A filha de Donald Trump, vai acabar com a sua marca de roupa e acessórios destinados a mulheres jovens porque se quer dedicar a tempo inteiro ao seu trabalho como uma das principais conselheiras da Casa Branca. As suspeitas de conflito de interesses, dizem os críticos, também terão pesado na sua decisão.
Mais um passo na questão coreana: os EUA pediram ao Governo do líder norte-coreano, Kim Jong-Un, que autorize a presença de observadores durante o processo de desmantelamento da base de mísseis de Sohae, no noroeste do país.
Um óbito inesperado: Oksana Shachko, de 31 anos, ativista do grupo feminista Femen, foi encontrada morta no seu apartamento em Paris.
Na economia, duas notícias de resultados positivos: o BPI viu o resultado líquido consolidado subir de um prejuízo de 101,7 milhões de euros para 366,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2018; e a Impresa (proprietária do Expresso), anunciou um lucro de 2,5 milhões, contra 85 mil euros no período homólogo.
AS MANCHETES DO DIA
Público: “Maioria do emprego criado este ano ficou acima do salário mínimo”
JN: “Razia nas caixas multibanco desde a chegada da troika”
I: “Somos todos gregos”
Correio da Manhã: “Banca trava crédito à habitação”
Negócios: “Banco CTT faz compra de 100 milhões”
O QUE ANDO A LER
Rui Rio, líder do PSD, deu ontem à TVI a sua primeira entrevistadesde que está à frente do partido. Perdeu uma boa oportunidade. Não trouxe qualquer novidade, não surpreendeu, quase não deu notícia. Foi de tal forma que o que sobrou foi a intenção de formar um Governo com o CDS no caso de o Orçamento do Estado não passar com os votos da “geringonça”, desafiando António Costa a viabilizar essa solução, mas mesmo esse cenário o próprio desvalorizou: "Estamos aqui a falar de uma história da carochinha, eles vão entender-se". No mesmo dia, Assunção Cristas já tinho dito à TSF, distanciando-se de Rio sem adivinhar o que ele ia dizer ànoite, que poderia apoiar um Governo do PSD sem participar com ministros, só a partir de um acordo de base parlamentar, caso não houvesse “convergência suficiente” com os sociais-democratas. Que se saiba, Cristas e Rio só falaram uma vez desde que este chegou a líder.
No entanto, apesar de o Expresso já ter escrito que o PSD vai votar contra o OE e que Rio está preparado para eleições, continua sem dizer como votará o partido. “Como posso dizer que voto contra uma coisa que nem existe?”, disse na entrevista.
Esperava-se que tivesse preparado alguma coisa para dizer e marcar o arranque das férias políticas. Mas não. As diferenças em relação ao Governo pareceram mais de tom: seria mais austeroque António Costa até porque não governaria com a esquerda, é contra as 35 horas, mas mais uma vez nunca criticou o primeiro-ministro diretamente. Se perder as Europeias, diz, não sairá da liderança, mas deixa já para memória futura uma parte da responsabilidade que lhe será imputada: “Se o PSD tiver um resultado mais fraco, é mau. Se não subir, é mau. Se ganhar, aí é que é bom.” Uma lógica imbatível. Rio quer crescer no eleitorado pela “credibilidade”.
Apesar de os trabalhos parlamentares já terem fechado, a Assembleia da República ainda não foi para férias e Tancos continua a dar polémica. Neste caso, a eventual audiência do chefe do Estado Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, está a ser boicotada e dificultada pelo PS, escreve o Expresso. O líder da bancada do CDS, Nuno Magalhães, acusa Ascenso Simões, do PS, de estar a travar a ida do CEME ao Parlamento. Diz que é gravíssimo, que o deputado socialista foi de "férias" e que o PS está a fazer um "veto de gaveta" e a branquear o escrutínio do caso da “discrepância” entre as armas furtadas e recuperadas. O CDS ameaça recorrer a Ferro Rodrigues e invocar o irregular funcionamento da Assembleia da República e dá aos socialistas um prazo: esta manhã. Ascenso nega estar de férias. Rovisco Duarte continua disponível para ir falar aos deputados e Marco António Costa, presidente da comissão, confirma que só falta a luz verde do PS para se chamar o general.
Depois de uma resolução para se transladarem os restos mortais de Mário Soares para o Panteão Nacional, eis que a concelhia do PSD de Lisboa propõe que se faça o mesmo ao fundador do partido, Francisco Sá Carneiro.
Mas se a vida não é feita apenas de grandes tragédias e de intriga política, na vida dos portugueses há pequenas tragédias que se traduzem na dificuldade de viver com baixos rendimentos, o que também tem tudo a ver com política. O desemprego está a cair, mas há 764,2 mil trabalhadores em Portugal que ganham o salário mínimo, escreve o Expresso, segundo os dados declarados à Segurança Social, relativos a março deste ano e citados no 9º Relatório de Acompanhamento do Acordo sobre a Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG). O relatório foi apresentado por Vieira da Silva, ministro Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, aos parceiros sociais. Segundo o Público, houve uma quebra no número de trabalhadores a receber a remuneração mínima para o emprego criado no arranque de 2018, o que mostra que a maior parte dos novos postos de trabalho registados neste período ficou acima dos 580 euros.
O mundo do trabalho não é fácil, e profissões que já tiveram algum glamour estão para lá de proletarizadas. Voar era uma delas. Desde fim de março que a Autoridade para as Condições de Trabalho está a investigar legalidade da atuação da low cost Ryanair durante a última greve. Esta quarta-feira há nova paralisação e a Inspeção diz que está “pronta a intervir”, mas nada concluiu ao fim de quatro meses de investigação, escreve no Expresso a Rosa Pedroso Lima.
Em relação ao caso da ida de Durão Barroso para o Goldman Sachs, que tanto deu que falar, há novidades: a Provedora de Justiça europeia (Ombudsman) encerrou finalmente o seu inquérito à contratação do ex-presidente da Comissão Europeia, confirmando a constatação de que a Comissão geriu mal o assunto e mantendo as suas recomendações e sugestões de melhoria, anunciaram ontem os serviços da provedoria.
Rui Moreira, presidente da câmara do Porto, reuniu-se com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém, com que falou sobre a transferência do Infarmed para o Porto, um processo que considera não estar a ser tratado da melhor forma.
Emmanuel Macron tem viagem marcada para Lisboa na sexta-feira para uma cimeira com o primeiro-ministro português e o presidente do Governo espanhol, sobre as interligações energéticas europeias, mas vamos ver se não terá de ficar em Paris. O Governo do Presidente francês enfrentará nos próximos dias a primeira moção de censura, com poucas possibilidades de passar, originada pelo escândalo desencadeado pelo seu ex-chefe de segurança, que espancou manifestantes que fingiam ser polícias.
Estamos a 25 de julho e para Donald Trump é um dia como outro qualquer, ou seja, as notícias são sempre surpreendentes sobretudo pelo insólito. Não bastava que fosse tão fácil comprar armas nos Estados Unidos, agora será ainda mais fácil fabricá-las em casa, através de uma tecnologia que está em desenvolvimento, mas que promete mudar o mundo num futuro próximo. A administração Trump autoriza fabricação de armas de fogo por impressão 3-D, escreve aqui o Luís M. Faria: “A administração Trump chegou a acordo com Cody Wilson, um homem que em 2012 pôs na internet os planos e o software necessários para produzir o Liberator, a primeira arma imprimida em 3-D.Após mais de cem mil descargas, o governo bloqueou o site por infringir as regras sobre exportações internacionais. Wilson foi a tribunal, invocando o seu direito à liberdade de expressão, e agora o governo cedeu.” Faça download e atire.
Ficámos também a saber que a marca de Ivanka Trump vai fechar. A filha de Donald Trump, vai acabar com a sua marca de roupa e acessórios destinados a mulheres jovens porque se quer dedicar a tempo inteiro ao seu trabalho como uma das principais conselheiras da Casa Branca. As suspeitas de conflito de interesses, dizem os críticos, também terão pesado na sua decisão.
Mais um passo na questão coreana: os EUA pediram ao Governo do líder norte-coreano, Kim Jong-Un, que autorize a presença de observadores durante o processo de desmantelamento da base de mísseis de Sohae, no noroeste do país.
Um óbito inesperado: Oksana Shachko, de 31 anos, ativista do grupo feminista Femen, foi encontrada morta no seu apartamento em Paris.
Na economia, duas notícias de resultados positivos: o BPI viu o resultado líquido consolidado subir de um prejuízo de 101,7 milhões de euros para 366,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2018; e a Impresa (proprietária do Expresso), anunciou um lucro de 2,5 milhões, contra 85 mil euros no período homólogo.
AS MANCHETES DO DIA
Público: “Maioria do emprego criado este ano ficou acima do salário mínimo”
JN: “Razia nas caixas multibanco desde a chegada da troika”
I: “Somos todos gregos”
Correio da Manhã: “Banca trava crédito à habitação”
Negócios: “Banco CTT faz compra de 100 milhões”
O QUE ANDO A LER
É impossível ir ao Museu do Prado
e ficar indiferente às pinturas negras do pintor espanhol de Francisco de Goya
(1746-1828). Por isso estou a ler dois ensaios sobre o tema. "Pinturas
negras de Goya", explica de forma canónica esta parte mais intrigante da
obra do artista. Mais interessante é "Goya y el Abismo del Alma",
um livro de um especialista húngaro em estética e teoria da arte, László
f. Foldényi, que conta como o quadro "Saturno a devorar o seu
filho" o impressionou. Isso é pouco. O quadro ia acabando com ele. Imaginemos
um homem que está a estudar a obra de um pintor, caso deste estudioso. Que olha
para o quadro, enquanto o quadro olha para ele, um velho desgrenhado, de olhos
enlouquecidos, a comer a carne humana do filho, porque lhe ameaçava o poder. A
composição teve um tal efeito no homem que ele quase se deixou deprimir
(deprimiu-se mesmo) e deixou de conseguir trabalhar. Foi salvo por um sonho,
que conta no ensaio, uma baleia gigante a olhar para ele com uns olhos que
podiam ser os do velho da pintura do mestre espanhol. É uma forma interessante
de como uma obra de arte pode ter tanto poder e efeito sobre nós, e conclui
assim um dos capítulos, colocando-se no lugar de Saturno, o Deus enlouquecido:
"Se Deus é o outro, então eu, que acreditava ser Deus, serei talvez o
Diabo?"
Outra leitura que recomendo, para quem gosta de Banda Desenhada e já tem saudades dos heróis da infância. Alix, o romano vai voltar aos álbuns, recriado pela dupla David B. e Giorgio Albertini, e o tema faz a capa da Le Figaro Magazine. Os autores, que se dedicavam a uma BD alternativa longe dos cânones franco-belgas, contam como era a sua relação com a obra de Jacques Martin. Os textos da revista não falam apenas de banda desenhada, mas colocam o tema sob a perspetiva histórica, com a opinião de vários historiadores sobre a forma como Martin tentava recriar o mundo romano com um realismo que nada tem a ver com as paródias de Astérix e Obélix.
Bom, este Expresso já está a ficar demasiado longo, por isso espero que tenha um bom dia, mesmo num dia triste como este.
Imagem em Expresso, Anadolu Agency/Getty Images
Outra leitura que recomendo, para quem gosta de Banda Desenhada e já tem saudades dos heróis da infância. Alix, o romano vai voltar aos álbuns, recriado pela dupla David B. e Giorgio Albertini, e o tema faz a capa da Le Figaro Magazine. Os autores, que se dedicavam a uma BD alternativa longe dos cânones franco-belgas, contam como era a sua relação com a obra de Jacques Martin. Os textos da revista não falam apenas de banda desenhada, mas colocam o tema sob a perspetiva histórica, com a opinião de vários historiadores sobre a forma como Martin tentava recriar o mundo romano com um realismo que nada tem a ver com as paródias de Astérix e Obélix.
Bom, este Expresso já está a ficar demasiado longo, por isso espero que tenha um bom dia, mesmo num dia triste como este.
Imagem em Expresso, Anadolu Agency/Getty Images
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