Moçambique registou melhorias na
área dos direitos humanos nos últimos 20 anos, mas "há ainda muito por
fazer", defende o bastonário da Ordem dos Advogados. Sobrelotação das
cadeias é um dos principais problemas.
"A situação dos direitos
humanos em Moçambique ainda deixa muito a desejar", disse o bastonário da
Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), à margem do lançamento do relatório
dos direitos humanos no país de 2016.
Entre os principais desafios,
Flávio Menete destacou a sobrelotação
das cadeias, que atingiu os 222,1% em 2017, segundo os últimos dados da
Procuradoria-Geral da República (PGR).
A OAM entende que a sobrelotação dos
estabelecimentos penitenciários é provocada por uma tendência de dar prioridade
à prisão preventiva, considerando que se os moldes de aplicação da pena
preventiva fossem alterados as cadeias teriam apenas metade da população que
possuem no momento.
"Encontramos uma série de
concidadãos nossos que estão ilegalmente na prisão em virtude de terem
extrapolado os prazos de prisão preventiva ou na situação de ter sido instruído
o processo, mas não ter sido possível realizar o julgamento em tempo
útil", acrescentou o bastonário.
No relatório, a OAM recomenda que
se decrete a prisão preventiva exclusivamente nas situações em que a lei assim
define ou que seja necessário para garantir os interesses do processo.
"Temos de ser rigorosos na aplicação da prisão preventiva, só quando
necessário. Isso irá descongestionar os estabelecimentos penitenciários",
declarou o bastonário.
Indústria extrativa
A questão da indústria extrativa
também é citada no relatório, que aponta situações de violação de direitos
humanos, com destaque para o não cumprimento das regras do reassentamento.
"Não são cumpridas as regras do reassentamento e algumas vezes há
mesmo violência contra os membros das comunidades nas zonas onde ocorre esta
actividade", lembra Flávio Menete.
Na área da saúde, segundo a OAM,
o país continua com os desafios de infraestrutura e recursos humanos para
assistência das populações, além do défice de medicamentos, "embora
relatórios oficiais digam o contrário".
O ministro da Justiça, Assuntos
Constitucionais e Religiosos, Joaquim Veríssimo, citado pelo jornal "O
País", admitiu que o Governo está ciente dos desafios na área dos direitos
humanos, mas sublinhou que tem havido avanços nesta matéria, resultantes
da implementação do plano quinquenal do Governo.
Agência Lusa, ms | em Deutsche
Welle
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