Foi Primeiro-Ministro durante 15
anos, saiu do poder em 2016 mas nunca deixou de estar no centro do debate
político. De passagem por Tenerife, onde participou numa conferência sobre os
oito anos da Cimeira de Mindelo, organizada pelo Campus África, José Maria
Neves falou em exclusivo ao Expresso das Ilhas e à Rádio Morabeza. Está tudo
nestas páginas: TACV, evacuações médicas, SOFA, liderança do PAICV e a
“provável” candidatura presidencial.
Oito anos depois da Conferência
de Mindelo, em que ponto está a Macaronésia?
Foi um processo muito complexo.
Primeiro, porque Cabo Verde é um Estado soberano e os outros três arquipélagos
são regiões ultraperiféricas da União Europeia. Por outro lado, há questões
que têm a ver com o financiamento do desenvolvimento desses arquipélagos. Enquanto os três arquipélagos, regiões autónomas, têm um forte financiamento da
União Europeia, via Fundo de Desenvolvimento Regional, Cabo Verde tem um outro
mecanismo de relacionamento, apesar da Parceria Especial, que é o Fundo Europeu
de Desenvolvimento. Os recursos são desproporcionais e era necessário construir
esta ideia, a nível da União Europeia. Nós discutimos muito esta questão com a
Comissão Europeia, designadamente com o comissario do Desenvolvimento e com o
então presidente da Comissão, Durão Barroso, discutimos também com o actual
presidente, na altura Primeiro-Ministro de Luxemburgo, Juncker, e discutimos
com os dois chefes de Governo, de Portugal e Espanha, Sócrates e Zapatero. A
partir daí, foi possível viabilizar a ideia de uma cimeira entre os quatro
arquipélagos. Criámos a Conferência dos Arquipélagos da Macaronésia, para
irmos trabalhando a ideia e, gradualmente, transformarmos esta plataforma de
cooperação em região, para se poder beneficiar de outros envelopes de financiamento.
As metas preconizadas foram
cumpridas?
Há alguns ganhos. Há mais
intercâmbio a nível cultural e do turismo, há mais ligações aéreas entre as
ilhas. Temos mais intercâmbio a nível do ensino superior e da ciência.
Vamos analisar alguns temas da
actualidade nacional e começamos pela TACV. Depois de mais um momento
conturbado na companhia aérea, que ficou novamente sem aviões, como é que olha
para o processo de privatização em curso?
A TACV nunca foi um dossier
simples. Quando assumi o Governo, estava numa situação de falência técnica, com
graves problemas de funcionamento. Tivemos que tomar algumas medidas.
O actual Governo desmente essa
versão e diz que a situação da TACV era, à data, muito mais favorável.
Não, não era, até porque nem
tinha conselho de administração. Tinha uma comissão provisória de gestão e a
situação era extraordinariamente difícil. Aliás, ao assumir, em 2001, os
trabalhadores fizeram uma carta a apresentar a situação catastrófica em que
estava a empresa, com dívidas avultadíssimas à ASA. Tivemos que resolver essa
situação, num primeiro momento, transferindo património à ASA. Imediatamente
aprovámos um decreto-lei de privatização, mas aconteceu o 11 de Setembro. Procurámos
muitas parcerias que não foram possíveis, porque a TACV, além de ser uma
pequena companhia, não tinha activos quer permitissem uma forte parceria.
Tivemos que fazer um longo trabalho, tivemos que modernizar todo o sistema de
aeronáutica civil, liberalizámos o transporte aéreo, já estávamos a trabalhar a
problemática dos céus abertos, a questão dos voos charter, conseguimos a
categoria 1 no domínio da aviação civil.
Mas nada disso impediu que a TACV
continuasse com os seus problemas...
Sim. Passámos a ter também
certificado ICAO, mas continuámos a ter problemas.
O que falhou?
Nos finais da primeira década de
2000, contratámos a Sterling para fazer a reestruturação da TACV.
Sintomaticamente, a empresa apresentou a proposta que agora veio a ser
apresentada [do hub]. Na altura, fizemos a análise e chegámos à conclusão que,
com a construção dos aeroportos de São Vicente, Boa Vista e Praia, com quatro
aeroportos internacionais, já não fazia sentido falar de hub no Sal. A nossa
ideia era falar de Cabo Verde como um hub e continuar a fazer os voos para os 4
aeroportos internacionais. Fala-se em problemas de gestão, mas a TACV tem
muitos aspectos intangíveis que não são contabilizados.
Por exemplo?
A TACV fazia voos para todas as
ilhas, mesmo em rotas deficitárias, garantia o transporte ou escoamento dos
passageiros quando havia grandes actividades culturais ou económicas numa das
ilhas e fazia a evacuação dos doentes em todas as circunstâncias, fazia o
transporte de cargas. Muitas vezes, não era compensada por estes serviços, que
eram custos mas também ganhos intangíveis para a sociedade cabo-verdiana.
Pensa que o Estado se demitiu,
durante esse período, de algumas das suas responsabilidades em relação à TACV,
nomeadamente ao não subsidiar as rotas que não eram rentáveis?
Foi isso que aconteceu. Houve
alguns problemas de gestão mas houve também uma, não diria demissão, mas uma
não compensação da empresa.
Porquê?
Acho que foi toda uma inércia,
que já vinha de há muitos anos. Desde sempre a TACV não foi compensada por
esses serviços. O que é que fizemos? Fizemos os estudos e eram essas as
conclusões. Em Fevereiro de 2016, nós aprovámos uma resolução a dizer o
seguinte: as rotas deficitárias serão todas subsidiadas. Fomos mais longe, para
garantir uma maior integração das ilhas, e aprovámos uma outra proposta no
sentido de os transportes aéreos inter-ilhas serem subsidiados. Para além da
subsidiação das rotas deficitárias, subsidiar os transportes inter-ilhas
através do Fundo do Turismo. Os passageiros pagariam metade do custo e a outra
metade seria compensada com o Fundo do Turismo, para garantir maior mobilidade
entre as ilhas. Tínhamos vários cenários sobre a mesa. O cenário mais provável
era a criação da TACV Inter-ilhas, TACV Internacional, uma empresa de
manutenção e uma empresa de handling. A empresa de handling foi criada e transferida
para a ASA para pagar a globalidade das dívidas e para garantir a
competitividade do sector. Esses eram os cenários e todos esses estudos foram
deixados ao actual Governo. Estávamos num ano pré-eleitoral e essas medidas
exigem um grande consenso.
Então pergunto-lhe por que razão
foi necessário esperar pelas vésperas das eleições para propor essas medidas?
A situação dos TACV sempre foi
uma situação difícil. Num primeiro momento, estávamos à procura de parceiros e
não conseguimos esses parceiros para implementar essas medidas.
Foram sendo experimentadas
diversas soluções.
Diferentes soluções. Tínhamos a
Sterling, não deu certo, não por causa das soluções ou das medidas, mas pela
excessiva politização do processo, não só da oposição, mas também dentro da
própria maioria.
Havia resistências do próprio
PAICV?
Basta ver os jornais da época, as
entrevistas de vários deputados e dirigentes do PAICV que eram contra aquele
processo de reestruturação.
Nalgum momento esteve em cima da
mesa fechar a companhia?
Houve várias propostas neste
sentido mas eu sempre disse que não, porque considerava que a TACV era um
grande activo do nosso país.
As empresas que há pouco
identificou, que resultariam da reestruturação da TACV, teriam capital privado?
Numa parceria entre o sector
público e o sector privado. Eu nunca considerei, apesar de ter sido posto sobre
a mesa, o monopólio privado nos transportes inter-ilhas. Os transportes
inter-ilhas e regionais são estratégicos para o futuro de Cabo Verde. Considero
que o maior erro do actual Governo foi ter desmantelado a TACV inter-ilhas e
ter permitido o monopólio [privado] nos transportes aéreos inter-ilhas. Se
analisarmos toda a situação dos transportes, podemos considerar que vivemos
piores momentos do que antes. A TACV era um dossier complexo, mas acho que
deveria haver maior ponderação e maior consistência nas políticas públicas.
A questão das evacuações médicas.
O actual Governo deveria ter negociado melhor com a Binter?
Claro. Havia um sistema de
evacuação montado. A TACV era obrigada a fazer as evacuações. Não havendo o
avião da Guarda Costeira, assumia imediatamente a evacuação. Em caso de falha
da TACV e da Guarda Costeira, a Cabo Verde Express entrava imediatamente. Havia
um sistema mínimo. Tentámos outras soluções, designadamente helicópteros, mas
não conseguimos por causa dos custos iniciais e da manutenção.
Porque é que os helicópteros
nunca chegaram?
Eu nunca disse que os
helicópteros estavam prestes a chegar. Eu disse que estávamos a negociar e que
poderíamos ter os helicópteros. Elaborámos o projecto e pedimos um programa à
China. Quando recebemos o programa para dois helicópteros, eram muito custosos
e constatámos que não tínhamos condições. Depois negociámos com Angola a
possibilidade de Angola pôr um destacamento em Cabo Verde, com dois
helicópteros. Um destacamento militar para garantir apoio, não só à Guarda
Costeira, mas também à evacuação de doentes. Não foi possível viabilizar, pois
teríamos que ter um acordo militar, autorização do parlamento angolano. Foi um
processo complexo, apesar da vontade inicial do então presidente José Eduardo
dos Santos. Em 2013, apresentámos esse dossier aos Estados Unidos, um dossier
muito mais amplo, de modernização da Guarda Costeira, que implicava formação de
engenheiros nas diferentes especialidades, de pilotos, de comandantes de meios
aéreos e navais, incluindo três helicópteros. Houve uma grande abertura dos
Estados Unidos mas entendemos que teríamos que ter um SOFA para desenvolver
este processo.
Já lá vamos ao SOFA. O governo
apresentou há duas semanas uma solução, em parceria com uma empresa portuguesa,
com dois Aviocar e um avião transitório. O que lhe parece?
Há uma grande assimetria de
informações. Todos os dados, todas as informações não são colocadas em cima da
mesa. Não tenho neste momento todos os dados para fazer esta avaliação mas
estranho, porque Cabo Verde tem no hangar do aeroporto da Praia um Dornier que
vai fornecer para ter os dois aviões CASA [Aviocar], que são aviões da década
de 70, descontinuados, que são vendidos como sucata.
Por aquilo que conhece é uma
opção que não subscreveria?
Não. Neste momento, eu avançaria
para a manutenção do Dornier, criaria as condições para que garantisse a
evacuação em casos especiais, estabelecia um contrato com a Binter para
garantir as evacuações em situação de complementaridade e desenvolveria um
programa de modernização da Guarda Costeira, incluindo a aquisição de
helicópteros para as evacuações e para todo o sistema de controlo e vigilância
das nossas águas.
Corre o risco de ser questionado
pelo partido no poder sobre a razão de ter não ter feito em 15 anos aquilo que
agora propõe.
Seria uma perspectiva muito
reducionista das políticas públicas. Eu perguntaria ao Governo anterior, do
MpD, que esteve 10 anos no poder, o motivo pelo qual não criou universidades.
Ou então ao primeiro Governo da República o motivo pelo qual não construiu
liceus. O primeiro Governo teve que garantir o acesso ao ensino básico. Depois,
o governo do MpD encontrou ensino básico democratizado, com acesso a todos, mas
havia uma explosão do ensino secundário e desenvolveu os liceus. Quando
assumimos, havia uma grande explosão do ensino secundário, que era preciso
consolidar, mas tínhamos que desenvolver a universidade. As políticas públicas
são assim, um processo. Neste momento, o actual governo está a financiar o
desenvolvimento das estradas de penetração, mas porquê? Porque encontrou as
grandes vias construídas. O que devemos perguntar, num balanço global, é: em
2016, Cabo Verde estava ou não muito melhor, em termos de desenvolvimento, do
que em 2000?
Este exercício a que agora é
sujeito é um exercício que também fez quando estava no Governo…
Eventualmente. Mas veja que nós
evoluímos. Cabo Verde hoje é um outro país, consolidou a sua democracia, é um
país mais policêntrico. A grande riqueza da democracia é a possibilidade de
dissenso, de haver um pensamento divergente, mas neste momento este discurso é
um discurso que acaba por tentar cercear esse pensamento divergente. Sempre que
você critica ou coloca uma ideia diferente é como se não tivesse direito a
fazê-lo porque esteve no Governo. A democracia tem o seu lado subversivo e é
preciso entender essa dimensão subversiva da democracia. Não podemos ser democratas
com um pensamento totalitário.
A Binter não começou a operar
mais cedo por vontade própria ou por decisão do Governo?
Por decisão da própria Binter,
que já tinha o certificado transitório de operador aéreo. Portanto, já tinha as
condições para iniciar as suas operações provisoriamente, até que tudo
estivesse cumprido, para ter certificado definitivo. Estávamos nessa situação,
mas várias mensagens me chegaram no sentido de que a Binter quereria estar numa
situação de monopólio.
A Binter propôs-lhe isso?
Não directamente, mas deu a
entender e eu sempre disse que não. Cheguei a propor à Binter uma parceria no
quadro dos TACV e disseram-me que a cultura dos TACV era uma cultura muito
deficitária, que não levava à eficiência.
Então acha que quando a Binter
começou a operar, no final de 2016, já teria a garantia de que a TACV se
retiraria da operação?
A Binter só começou a operar com
a garantia da retirada dos TACV.
Muito se tem falado sobre o
acordo militar com os Estados Unidos e a mim parece-me que algumas das críticas
resultam de algum desconhecimento do âmbito do acordo. A si, o que lhe parece?
Acho que devíamos avançar com um
acordo SOFA com os Estados Unidos. Nós estávamos a fazer esta negociação, que já
vinha desde há oito anos, sensivelmente. Formalmente, a proposta do acordo foi
feita em 2008. Depois da apresentação dessa proposta, criámos uma comissão
interministerial e houve um conjunto de pareceres, das Alfândegas, da
Direcção-Geral de Contribuições e Impostos, da ANAC [Agência Nacional de
Comunicações], de juristas e de todos os outros sectores envolvidos, porque o
acordo tem várias valências. Alguns juristas apresentaram
inconstitucionalidades em algumas disposições e outros propuseram adaptações.
Estávamos no final de 2015, início de 2016. Acontece que chega o actual
Governo, praticamente põe de lado estas questões, assume o draft tal
e qual foi apresentado pelo Governo dos Estados Unidos e assina o acordo.
O Governo reagiu a essa notícia e
disse que não.
Só que não há alterações,
praticamente. Pode dizer que não, mas praticamente assume o draft. Era
preciso, eventualmente, um esforço maior para, aproveitando todo o trabalho
feito, garantir maior conformidade. Do meu ponto de vista, a questão não tem a
ver com as cláusulas, tem a ver com a liderança do processo. Essas questões
deveriam ser discutidas com as comissões especializadas do Parlamento.
Discutidas e consensualizadas com os dois principais partidos e também com
personalidades importantes da vida política nacional, além de um forte
envolvimento do Presidente da República.
No seu entender, o que está em
causa é a falta de diálogo?
Há falta de diálogo. A política
ainda é matéria bruta em Cabo Verde. A política ainda é feita não só de forma
muito partidarizada, mas numa relação de amigo/inimigo.
Gostava de ver o actual
Primeiro-Ministro mais vezes no Parlamento?
É uma opção dele. Eu, se fosse
Primeiro-Ministro, iria mais vezes ao Parlamento. Aliás, todos os meses ia ao
Parlamento. A minha agenda era feita considerando a semana das sessões
parlamentares.
Como é que acha que o PAICV se
tem saído na oposição?
Eu estive 15 anos à frente do
PAICV e do Governo. Não gostaria de fazer uma avaliação, até para não ser
mal-entendido.
Mal-entendido por quem, pelo
PAICV?
Pelo PAICV e pelos seus
principais líderes. Eu diria que a liderança está a procura do seu caminho, da
sua afirmação e tem procurado fazer o seu trabalho.
Este ainda é o tempo para a
liderança do PAICV procurar o seu caminho?
O PAICV perdeu como perdeu as
legislativas, logo de seguida, perdeu como perdeu as autárquicas. Portanto,
está numa situação difícil. Há um desgaste de 15 anos de Governo, o facto de
termos experimentado uma solução de transição, com um Primeiro-Ministro que não
era presidente do partido, etc. É natural que, depois deste processo, ainda
esteja à procura de uma forte afirmação da nova liderança.
A solução transitória funcionou
mal?
Era uma experiência nova.
E se fosse hoje?
Se fosse hoje, procuraria outros
cenários.
Teria, por exemplo, saído mais
cedo do Governo, deixando a líder como Primeira-Ministra?
Não sei qual seria o resultado,
porque estaremos sempre a falar de especulações. Na altura, a situação era
muito complexa. Tínhamos saído das eleições presidenciais [de 2011] numa
situação de forte divisão, era necessário juntar as diferentes partes para
garantir estabilidade governativa e garantir que chegávamos ao fim da
legislatura. Aquela disputa em 2014 [pela liderança do partido] veio acicatar
os ânimos e reabrir algumas feridas. Com a experiencia e com os dados que tenho
hoje, optaria por um cenário diferente.
Acha que quem perdeu as eleições
legislativas em 2016, perdeu as autárquicas, num partido que se afastou das
presidenciais, tem condições para voltar a disputar as mesmas eleições em 2020
e 2021?
Se fosse eu, não faria esse
percurso.
Ter-se-ia demitido depois de
perder as eleições?
Teria tomado outras medidas. Mas
não posso colocar-me na posição da actual líder. Ela faz a sua avaliação,
analisa e toma as melhores decisões conforme entender.
E acha que a actual liderança vai
chegar à disputa eleitoral de 2021?
Acho que essa é a perspectiva da
actual liderança e deve estar a trabalhar nesse sentido.
Com condições reais para vencer
as eleições?
Eu não tenho os dados concretos
neste momento. Talvez seja ainda cedo. As eleições dependerão da situação
política na altura…
Não é assim tão cedo, já estamos
a meio da legislatura…
O próximo ano é o ano
pré-eleitoral, teremos as eleições autárquicas em 2020 e o processo político é
extremamente dinâmico. Vai depender do que acontecer no próximo ano e nas
autárquicas.
Como é que decorre a preparação
da sua candidatura presidencial?
(risos) Muito sinceramente, ainda
não tomei nenhuma decisão sobre se serei ou não candidato.
Não tomou uma decisão ou não nos
quer dizer que já tomou a decisão?
Ainda não tomei uma decisão sobre
as eleições presidenciais. Eventualmente, em 2019, inícios de 2020, ainda antes
das eleições autárquicas. Eu não tenho obsessão em ser Presidente da República.
Mas apetece-lhe ser Presidente da
República?
Eu gostaria imenso de continuar a
contribuir politicamente para o desenvolvimento do meu país. A avaliação que
faço é que posso contribuir - e muito - para o desenvolvimento político,
económico e social do país.
Como Presidente da República, por
exemplo?
Como Presidente da República, por
exemplo. Mas isso não depende só de mim, depende das circunstâncias políticas.
Depende da sua vontade de ser
candidato…
Claro. Eu acho que, na política,
uma candidatura deve ser uma questão de vontade. Eu desconfio daqueles
políticos que dizem que não têm ambição ou que estão na política por
sacrifício. A política tem que ser feita com muita alegria, com grande
satisfação e tem que haver uma vontade de servir o bem comum.
Posso concluir que quer ser
candidato e só não me diz que sim porque quer esperar para ver se as
circunstâncias, de facto, tornam isso possível?
Não, o que eu estou a dizer é que
posso ser candidato a Presidente da República. É uma possibilidade.
É uma possibilidade com alto
nível de probabilidade?
Com alto nível de probabilidade.
Mas ainda não tomei essa decisão. Vai depender de um conjunto de circunstâncias,
como já lhe disse.
Texto originalmente publicado na
edição impressa do Expresso das Ilhas nº 871 de 07 de Agosto de 2018.
Nuno Andrade Ferreira em
entrevista ao ex-primeiro-ministro de Cabo Verde | em Expresso das Ilhas
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